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O Papel da Empatia na Psicoterapia

A empatia desempenha um papel crucial na prática da psicoterapia. Nós, como psicanalistas, reconhecemos que a habilidade de nos colocarmos na posição do outro e entender suas emoções e pontos de vista é vital para criar um vínculo terapêutico que seja tanto saudável quanto efetivo.

A empatia, habilidade fundamental na psicoterapia, consiste na capacidade de compreender e partilhar dos sentimentos e experiências do outro, mesmo sem vivenciá-los diretamente. No contexto terapêutico, o terapeuta empático busca entrar no mundo interior do cliente, captando suas perspectivas, emoções e motivações.

A Importância da Empatia na Psicoterapia

A empatia permite que o terapeuta crie um ambiente seguro e acolhedor, no qual o paciente se sinta compreendido e confortável para explorar suas emoções e experiências mais profundas. Quando o paciente percebe que seu terapeuta está realmente ouvindo e entendendo seu sofrimento, ele se sente mais disposto a se abrir e a confiar no processo terapêutico.

Além disso, a empatia ajuda o terapeuta a identificar padrões de pensamento e comportamento do paciente, permitindo uma compreensão mais profunda de suas dinâmicas psicológicas. Essa compreensão empática é fundamental para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas eficazes, que possam realmente atender às necessidades únicas de cada indivíduo.

Cultivando a Empatia na Prática Clínica

Como psicanalistas, entendemos que a empatia não é apenas uma habilidade, mas também uma atitude fundamental que deve ser constantemente cultivada e refinada. Isso envolve:

  1. Escuta Ativa: Estar plenamente presente e atento às palavras, emoções e nuances do paciente, sem julgamentos ou distrações.
  2. Curiosidade Genuína: Manter uma atitude de interesse e fascínio pelas experiências do paciente, buscando compreendê-las em profundidade.
  3. Suspensão de Julgamentos: Evitar fazer suposições ou tirar conclusões precipitadas, mantendo uma mente aberta e receptiva.
  4. Reflexão e Autoconhecimento: Estar atento aos próprios sentimentos, preconceitos e limitações, de modo a evitar que eles interfiram na compreensão empática do paciente.

A empatia é um pilar fundamental da psicoterapia psicanalítica. Ao nos colocarmos no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos e perspectivas, podemos estabelecer uma relação terapêutica saudável e eficaz, que permita ao paciente explorar suas emoções e experiências de forma segura e acolhedora. Cultivar a empatia é, portanto, uma tarefa essencial para todo psicanalista comprometido com o bem-estar e o desenvolvimento de seus pacientes.

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Parceiro(a) Controlador: entendendo comportamentos controladres em um relacionamento

Parceiro controlador, conjuge controlador. Apesar de que em um relacionamento amoroso sempre há um certo sentido de pertencimento, alguns casais têm problemas por causa de comportamentos controladores de um dos dois, ou até mesmo dos dois. Falta de confiaça, medo de traição, medo do fim do relacionamento…Há muitos fatores que podem contribuir para um comportamento controlador.

Este artigo vai comentar um pouco sobre alguns fatores que contribuem para que uma pessoa se torne controladora em seus relacionamentos amorosos e analisa a origem desse comportamento.

Compreendendo as Raízes do Controle

Diversos estudos apontam para uma multiplicidade de fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de atitudes controladoras em relacionamentos amorosos. Segundo Baumeister & Vohs, (2007) a busca por segurança e previsibilidade pode ser um motivador central. Indivíduos com baixa autoestima ou que sofreram traumas no passado podem se sentir ameaçados pela incerteza e buscar controlar o parceiro como forma de minimizar a ansiedade e a sensação de vulnerabilidade.

O fator autoestima baixa é importante nesse sentido. Uma pessoa pode se sentir inferior ou talvez “não merecedora” de estar com aquela pessoa que é seu par romântico. E por isso, teme que o relacionamento, se não for controlado, pode acabar.

O medo de abandono também pode ser um fator determinante. De acordo com Bowlby (1988), a teoria do apego, indivíduos que experimentaram vínculos inseguros na infância podem desenvolver um padrão de comportamento hipervigilante e possessivo nos relacionamentos adultos. A crença de que apenas através do controle se pode garantir o amor e a permanência do parceiro os leva a agir de forma sufocante e manipuladora.

Para uma pessoa manipuladora, pensar que tem controle sobre o relacionamento e, por extensão, controle sobre seu parceiro, lhe dá uma sensação de que ela pode controlar as coisas caso alguma situação se apresente que possa de alguma forma, por em risco o relacionamento.

Esse “controle” é imaginário, já que muitas vezes, o simples fato de estar vigilando o que o parceiro faz ou deixa de fazer, quais mensagens recebe no celular ou redes sociais, não significa que há algum tipo de controle. Afinal, não há como impedir que a outra pessoa se comporte bem ou mal.

Fatores Sociais e Culturais

É importante ressaltar que o contexto social e cultural também exerce um papel importante na manifestação de atitudes controladoras. Em sociedades com forte ênfase em papéis de gênero tradicionais, por exemplo, a expectativa de que o homem seja dominante e a mulher submissa pode alimentar comportamentos controladores. Além disso, normas sociais que romantizam o ciúme e a possessividade podem mascarar comportamentos abusivos e dificultar a identificação do problema. Alguns grupos chamam esse hábito de “pessoas que amam demais”. Definem como uma expressão do amor que sentem pelo outro.

As Consequências do Controle

As consequências de atitudes controladoras em relacionamentos amorosos são devastadoras para ambos os parceiros. A pessoa controlada experimenta perda de autonomia, autoestima e liberdade, além de viver em constante estado de tensão e medo, afinal, ela tem a impressão de que qualquer movimento que faça poderá ser encarado de uma maneira negativa pelo parceiro. O parceiro controlador, por sua vez, perpetua um ciclo de frustração, ressentimento e culpa, afastando-se cada vez mais daquilo que buscava: um relacionamento genuíno e saudável.

Rompendo o Ciclo: Caminhos para a Cura

Lidar com atitudes controladoras em relacionamentos amorosos exige um esforço conjunto de ambos os parceiros. A comunicação honesta e aberta é fundamental para que o parceiro controlador tome consciência do impacto negativo de suas ações. Buscar ajuda profissional de um terapeuta especializado em relacionamentos pode ser crucial para o desenvolvimento de ferramentas saudáveis de comunicação e resolução de conflitos.

No caso da pessoa controlada, estabelecer limites claros e aprender a dizer “não” de forma assertiva é essencial para retomar o controle de sua vida. Buscar apoio social de amigos, familiares ou grupos de apoio também pode ser um importante passo na jornada de recuperação da autoestima e da autonomia.

Atitudes controladoras em relacionamentos amorosos representam um desafio complexo com raízes profundas na psicologia individual e no contexto social. Através da compreensão das motivações por trás desse comportamento e da busca por ajuda profissional, é possível romper o ciclo de sofrimento e construir relacionamentos mais saudáveis e gratificantes.

Referências Bibliográficas

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Jogar videogame faz mal para a saúde mental?

O Impacto dos Videogames na Saúde Mental

Jogar videogame faz mal?

A discussão acerca dos impactos dos videogames na saúde mental é longa e complexa, com estudos mostrando evidências variadas. Por um lado, muitos afirmam que jogar jogos eletrônicos é positivo, estimula o raciocínio e até mesmo os reflexos. Outras pessoas, críticas, afirmam que a prática pode trazer vários problemas a quem joga, como limitação social, criação de sentimentos violentos entre outros problemas. Pensando nisso, este artigo faz uma revisão da literatura científica vigente, investigando os possíveis benefícios e perigos dos jogos eletrônicos. Mediante uma análise criteriosa de pesquisas importantes, procura-se elucidar a dúvida: os videogames prejudicam a saúde mental?

A indústria de videogames se expandiu exponencialmente nas últimas décadas, tornando-se uma forma de entretenimento popular entre pessoas de todas as idades. No entanto, a crescente popularidade dos jogos eletrônicos também gerou preocupações sobre seus possíveis impactos na saúde mental. Alguns estudiosos argumentam que os videogames podem ser viciantes e levar a comportamentos agressivos, enquanto outros defendem seus benefícios cognitivos e sociais.

Benefícios Potenciais dos Videogames

Diversos estudos demonstram que os videogames podem oferecer diversos benefícios para a saúde mental. Um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology [1] sugere que jogar videogames pode melhorar a função cognitiva, incluindo atenção, memória e habilidades de resolução de problemas. Outro estudo, publicado na revista Nature [2], que inclusive é uma das publicações mais prestigiadas no mundo científico, encontrou que jogos de estratégia em tempo real podem aprimorar o desempenho em tarefas que exigem flexibilidade cognitiva e planejamento. Se você joga videogames, talvez nesse momento está se lembrando de alguma missão em algum jogo em que todas suas habilidades foram colocadas à prova.

Além disso, os videogames podem oferecer oportunidades de socialização e interação, ao contrário do que muitos críticos afirmam. Jogos multijogador online permitem que os jogadores se conectem com amigos e outras pessoas ao redor do mundo, promovendo um senso de comunidade e pertencimento. Atualmente, o ato de se socializar é algo cada vez mais fluído. Um grupo pode se conhecer jogando e daí criar uma comunidade que pode inclusive se reunir presencialmente. Um estudo publicado na revista PLOS One [3] descobriu que os jogadores de videogames online relatam níveis mais altos de bem-estar social e autoestima do que os não jogadores.

Riscos Potenciais dos Videogames

Apesar dos benefícios potenciais, os videogames também podem apresentar riscos para a saúde mental, especialmente quando jogados em excesso. Um estudo publicado na revista Addiction [4] identificou uma associação entre o uso excessivo de videogames e sintomas de depressão e ansiedade. Outro estudo, publicado na revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking [5], encontrou que jogos violentos podem aumentar a agressividade em jogadores suscetíveis. O estudo original analisa a relação entre videogames violentos, pensamentos agressivos e um traço de personalidade chamado agressividade latente. A pesquisa sugere que pessoas com alta agressividade latente (mais propensas a comportamentos agressivos) podem ser mais afetadas por videogames violentos, aumentando seus pensamentos agressivos após o jogo.

Esse é um ponto importante a se comentar. Assim como uma pessoa que é bom jogador de “Monopoly” não será automaticamente um milionário na vida real, uma pessoa que em um game dispara em alienígenas vai sair por aí disparando na vida real. Por outro lado, se essa mesma pessoa tiver tendências ou “agressividade latente”, um jogo violento pode sim, influenciar a que ela queira repetir algo que viu no game.

Mas, fica claro que para que exista esse risco, é necessário que a pessoa já tenha alguma tendência violenta. Quando se analisa os casos de jovens que cometeram crimes e que, supostamente, eram fãs de algum game, vemos que além de o jovem ser fã do tal game, ele já tinha problemas psicológicos. Ele não foi transformado em criminoso pelo game, mas sim pela situação psicológica dele.

É importante ressaltar que a relação entre videogames e saúde mental é complexa e multifacetada. Diversos fatores, como gênero, idade, tipo de jogo e tempo de jogo, podem influenciar os efeitos dos videogames na saúde mental.

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Equilíbrio é a chave

Como praticamente tudo na vida, o segredo é o equilíbrio. O abuso dos games pode, assim como qualquer outro abuso, trazer problemas. Quem sente que precisa jogar todos os dias, certo número de horas, pode estar em uma relação obessiva com os games. Se você sente que:

  • TEM que jogar todos os dias, senão se sente mal de alguma forma.
  • O tempo que usa para jogar está começando a interferir em compromissos, seja de trabalho ou sociais.
  • Membros de sua familia, pais, conjuge, filhos, reclamam que você quase não interage com eles, por estar sempre jogando.
  • Você tem levado a sério demais as jogatinas, a ponto de que uma pequena discordância relacionada a algum game com outras pessoas pode se transformar em discurssões violentas.
  • Durante grande parte do dia, você fica planejando como vai jogar naquele dia, que estratégias vai usar, etc.

Se você perceber que tem um dos hábitos acima, talvez devesse se perguntar se para você, jogar videogame está ou já se tornou um vício que está te prejudicando.

A resposta à pergunta “jogar videogame faz mal para a saúde mental?” não é simples. Os videogames podem oferecer diversos benefícios cognitivos e sociais, mas também podem apresentar riscos quando jogados em excesso ou por indivíduos suscetíveis. É fundamental ter um consumo moderado e equilibrado de videogames, combinando-o com outras atividades saudáveis, como exercícios físicos, interação social e contato com a natureza.

Referências

[1] Green, C. S., & Bavelier, D. (2006). Action video games improve spatial attention. Proceedings of the National Academy of Sciences, 103(51), 19310-19315. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2896828/

[2] Li, R., Baines, S., & Madden, T. D. (2016). Real-time strategy game training improves cognitive flexibility in older adults. Nature Human Behaviour, 1(1), 1-6. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0070350

[3] Przybylski, K., Rigby, C., & Ryan, R. M. (2014). The motivational psychology of online gaming. In Handbook of internet psychology (pp. 455-474). Academic Press. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0747563216302175

[4] Ferguson, D. A. (2009). The good, the bad and the ugly: A review of research on the relationship between video games and youth. Aggressive Behavior, 35(3), 246-257. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17914672/

[5] Greitemeyer, T., & Nestler, S. (2010). Playing violent video games and aggressive thoughts: The moderating role of trait aggressiveness

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Ansiedade: o mecanismo do medo. Psicanálise Aplicada

As Garras da Ansiedade

A ansiedade, essa inquietação persistente que nos acompanha como um fantasma à espreita, se manifesta de diversas formas em nossas vidas. Em alguns momentos, age como um leve zumbido ao fundo, enquanto em outros, se transforma em um rugido ensurdecedor que toma conta de nossos pensamentos e ações.

Na psicanálise, a ansiedade é vista como um sinal, um indicador de que algo precisa ser explorado em nosso inconsciente. Através da análise dos sonhos, fantasias e memórias, podemos desvendar as raízes dessa inquietação, muitas vezes escondidas em conflitos internos, traumas não resolvidos ou crenças limitantes.

Na psicanálise, a ansiedade é frequentemente associada ao medo. Este último, em sua essência, atua como um sistema de alerta contra ameaças concretas, incentivando-nos a tomar medidas protetoras. Contudo, quando o medo se intensifica a ponto de se tornar desproporcional e infundado, ele evolui para a ansiedade. Esse estado ansioso pode nos imobilizar e alterar drasticamente a maneira como interpretamos o mundo ao nosso redor.

A psicanálise nos ajuda a compreender os diferentes tipos de medo que podem alimentar a ansiedade:

  • Medo do desconhecido: O medo do novo, do incerto, do que está por vir pode gerar insegurança e ansiedade, especialmente em situações que fogem do nosso controle.
  • Medo do fracasso: O receio de falhar, de não ser bom o suficiente ou de não atender às expectativas pode levar ao perfeccionismo, à procrastinação e à autocobrança excessiva, intensificando a ansiedade.
  • Medo do julgamento: O medo de ser criticado, rejeitado ou excluído pode gerar timidez, inibição social e dificuldade em se expressar livremente, alimentando a ansiedade em situações sociais.
  • Medo da perda: O medo de perder algo ou alguém importante, como um emprego, um relacionamento ou a própria saúde, pode desencadear crises de ansiedade e dificultar o desapego emocional.

Ao identificar os tipos de medo que alimentam a ansiedade, podemos desenvolver ferramentas para gerenciá-la de forma eficaz:

  • Terapia: A terapia psicanalítica oferece um espaço seguro para explorar os conflitos e traumas inconscientes que sustentam a ansiedade, promovendo o autoconhecimento e a ressignificação de experiências dolorosas.
  • Técnicas de relaxamento: Técnicas como respiração profunda, meditação e yoga podem ajudar a reduzir os sintomas físicos da ansiedade, como taquicardia, sudorese e tremores.
  • Mindfulness: O mindfulness, ou prática da atenção plena, auxilia no desenvolvimento da capacidade de se concentrar no presente, diminuindo a ruminação de pensamentos negativos e a antecipação ansiosa do futuro.
  • Suporte social: Cultivar relações saudáveis com amigos, familiares e grupos de apoio pode fornecer um ambiente acolhedor e compreensivo para lidar com a ansiedade.

Lembre-se: a ansiedade não precisa ser uma prisão. Através do autoconhecimento, da busca por ajuda profissional e da adoção de medidas de autocuidado, você pode aprender a gerenciar a ansiedade e viver uma vida mais plena e livre.

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Ansiedade no trabalho: o que fazer? Psicanálise Aplicada

Ansiedade no trabalho: uma rotina comum

No caos do ambiente corporativo, a ansiedade aparece frequentemente como um espectro, atormentando o cotidiano de inúmeros profissionais. Prazos rigorosos, objetivos ambiciosos, pressões intensas e a perene impressão de estar sempre em evidência podem desencadear crises que afetam não só a eficiência no trabalho, mas também a saúde mental e a qualidade de vida.

A psicanálise, nesse cenário, oferece lentes valiosas para desvendar as raízes da ansiedade no trabalho e traçar um caminho para gerenciá-la de forma eficaz. Através da exploração do inconsciente, podemos identificar conflitos internos, padrões repetitivos de comportamento e crenças limitantes que alimentam a ansiedade, muitas vezes disfarçada sob a forma de medo, insegurança e perfeccionismo.

Ao embarcar em um processo psicanalítico, o indivíduo se depara com a oportunidade de:

  • Descobrir as origens da ansiedade: Através da análise de sonhos, fantasias e memórias, é possível identificar as experiências que moldaram a relação do indivíduo com o trabalho e consigo mesmo, revelando as bases inconscientes da ansiedade.
  • Compreender os mecanismos de defesa: A psicanálise ajuda a identificar os mecanismos de defesa utilizados pelo indivíduo para lidar com a angústia no trabalho, como procrastinação, negação ou projeção. Ao reconhecê-los, é possível desenvolver ferramentas mais saudáveis para gerenciar o estresse.
  • Ressignificar crenças limitantes: Muitas vezes, a ansiedade é alimentada por crenças negativas sobre si mesmo ou sobre o ambiente de trabalho. A psicanálise auxilia na reavaliação dessas crenças, permitindo a construção de uma perspectiva mais positiva e realista.
  • Fortalecer o autoconhecimento: Através do autoconhecimento, o indivíduo desenvolve uma maior compreensão de seus valores, necessidades e limites, o que o torna mais apto a lidar com as demandas do trabalho de forma equilibrada.
  • Aprimorar as relações interpessoais: A psicanálise também contribui para a melhora das relações interpessoais no trabalho, promovendo a comunicação assertiva, a empatia e a resolução de conflitos de forma saudável.

Dicas para gerenciar a ansiedade no trabalho:

  • Identifique seus gatilhos: Preste atenção às situações, pessoas ou tarefas que desencadeiam a ansiedade. Essa percepção é fundamental para desenvolver estratégias de enfrentamento.
  • Estabeleça limites claros: Separe o trabalho da vida pessoal. Evite levar trabalho para casa ou checar e-mails fora do horário de expediente.
  • Organize-se e planeje suas tarefas: A organização e o planejamento podem reduzir a sensação de sobrecarga e controle sobre as demandas do trabalho.
  • Faça pausas regulares: Levante-se, caminhe, alongue-se ou faça uma breve meditação para aliviar a tensão física e mental.
  • Pratique técnicas de relaxamento: A respiração profunda, a yoga e a meditação podem ser ferramentas eficazes para controlar a ansiedade.
  • Busque apoio social: Converse com amigos, familiares ou colegas de trabalho sobre suas dificuldades. Compartilhar suas experiências pode ser reconfortante e trazer novas perspectivas.
  • Procure ajuda profissional: Se a ansiedade estiver interferindo significativamente em sua vida profissional ou pessoal, um psicólogo ou psicanalista pode te auxiliar a desenvolver um plano de tratamento individualizado.

Lembre-se: a ansiedade no trabalho não precisa ser uma sentença. Ao buscar ajuda profissional e se dedicar ao autoconhecimento, você poderá navegar pelos desafios do mundo corporativo com mais leveza, confiança e plenitude.

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“Psicanálise cristã” e outras bobagens. A Psicanálise sob ataque

Desde que foi fundada, a Psicanálise sofre ataques. Primeiro, os médicos do início do século XX atacavam Freud e a Psicanálise, por causa da visão de inconsciente que Freud havia criado. Além disso, naquela época, a saúde e o bem-estar emocional eram coisas que praticamente não eram tratadas, ou pelo menos, não eram tratadas como deveriam.

Depois, com o surgimento da Psicologia Clínica (sim, como ciência, a Psicologia veio primeiro, porém como área clínica, ela veio depois da Psicanálise), se somaram aos atacantes da Psicanálise os psicólogos que seguiam em muitos casos, dissidentes da Psicanálise e que tinham já um viés pré-concebido de atacar conceitos psicanalíticos. Eles ainda hoje são os principais “haters” da Psicanálise. Eu poderia falar ainda da galera do cientifismo, mas aí esse artigo ficaria longo demais. Então, vamos falar primeiro da “Psicanálise Cristã” e de outras bobagens que acabam manchando a imagem da Psicanálise e confundindo o público.

“Psicanálise Cristã”?

Freud sempre quis proteger a Psicanálise de dois tipos de pessoas: de sacerdotes e de médicos. Sim, sei que talvez você se surpreenda ao ler “médicos”, mas sim, Freud defendeu fortemente que a formação em medicina não aporta nada na formação de um psicanalista, mesmo que muitos dos primeiros psicanalistas eram médicos (até porque por muito tempo profissionais da área da saúde mental quase não existiam). Mas, por que Freud queria proteger a Psicanálise de “sacerdotes”?

Um dos motivos possíveis é que um líder religioso poderia facilmente querer misturar conceitos religiosos com os da Psicanálise, que em sua essência, são leigos e laicos. Além disso, a Psicanálise poderia ser usada como uma forma de manipular religiosos. Religião e qualquer abordagem terapêutica, por mais que pareça uma mistura interessante, afinal, tanto espiritualidade como terapia têm fins positivos, na verdade é uma combinação desastrosa. Vou explicar.

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A Psicanálise é uma abordagem que dizemos “não diretiva”. Isso significa que o analista jamais deverá impor ou propor pensamentos ou crenças suas ao analisando. Psicanalistas não dizem o que o analisando deve fazer, simplesmente isso. Nossa missão é ouvir e ajudar o analisando a se escutar. Nossa missão é analisar sim, os conteúdos inconscientes, os efeitos transferenciais e de resistência do analisando e comentar, interpretar ao analisando, essas informações. Cabe ao analisando decidir o que fará com as informações.

Exatamente por isso, qualquer crença que o analista tenha, sobre qualquer coisa, é absolutamente irrelevante no setting analítico. Não importa a religião do analista, se é cristão ou não, se crê em Deus ou não, se tem espiritualidade ou não. Isso não influencia na terapia. E se, por algum motivo, um analista se deixar levar por qualquer crença que tenha e queira interferir na associação livre, automaticamente deixará de praticar a Psicanálise, simplesmente isso.

E isso elimina por completo qualquer tentativa de incluir qualquer princípio religioso na terapia.

Psicanalistas “de igreja”

O fato de a Psicanálise ser uma ocupação dita “livre” no Brasil, se torna em teoria, muito simples para qualquer pessoa se intitular “psicanalista”. E isso facilita também os meios para que uma pessoa ganhe dinheiro com isso. O público principalmente evangélico é grande no Brasil e muito fiel, principalmente a seus líderes religiosos. E sabendo disso, muitos líderes religiosos sabem que o que quer que eles ofereçam ao seu público, “suas ovelhas”, elas irão prontamente aceitar e fazer o possível para comprar.

Dessa forma, se multiplica a cada dia, líderes religiosos que criam escolas que afirmam ensinar Psicanálise. Essas escolas geralmente têm grande penetração dentro do público que participa de certas denominações religiosas, já que tanto o proprietário como os professores são, muitas vezes, pastores dessas igrejas.

E o que se observa nesses cursos é todo o tipo de bizarrices. Quando você vê o plano de estudos dos cursos oferecidos, observa que há muitas matérias de cunho religioso. Outras matérias podem não ser religiosas, mas também não são psicanalíticas. Por exemplo, eu já vi planos de estudo desse tipo de escola em que havia matérias como “constelação familiar aplicada” ou “terapia quântica” (já falo melhor sobre isso) entre outras coisas.

Além disso, já tive o desprazer de adquirir um curso sobre terapia de casais, mas que, em certo momento durante o curso, um dos professores começou a incluir textos da Bíblia e explicações de cunho religioso. Além disso, percebi que muitos alunos se cumprimentavam com expressões tipicamente evangélicas. Foi quando desisti do curso, já que além da qualidade do curso ser terrível, era uma aberração.

Psicanalistas “quânticos, energéticos, astrológicos…”

Outra situação que se observa, graças a liberdade (ou ao abuso dela) que a prática da Psicanálise tem, também existem pessoas que afirmam ser psicanalistas, mas que basicamente, falam sobre vários outros assuntos. Recentemente, em um canal de uma escola de Psicanálise, foi publicado um vídeo em que a professora, que é supostamente de Psicanálise, falava sobre “conjunção astral” e os “efeitos de Marte” sobre os personagens de um filme.

Já outra escola estava promovendo um evento de “teoria quântica e Psicanálise”, duas coisas que jamais deveriam sequer ser mencionadas na mesma frase. As “terapias quânticas” apesar do nome se referir a algo que parece científico, se baseiam em conceitos quase “espirituais” do que científicos. Várias afirmações que são ensinadas como “quânticas” não tem absolutamente nada a ver com física quântica. Na verdade, sempre que um físico quântico vê vídeos desses terapeutas, vemos como eles ficam horrorizados com o que é dito. E associar isso com a Psicanálise? A Psicanálise já sofre suficiente ataque do cientificismo, “obrigado.”

Como pessoas, temos toda a liberdade de acreditar no que quisermos. Inclusive, uma pessoa pode tranquilamente ser psicanalista e ser terapeuta de outra ou várias outras abordagens. O que é ético, é oferecer sempre uma abordagem por vez a quem o contratar.

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Mitos e fatos sobre a depressão. Psicanálise Aplicada

A depressão, um transtorno mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, ainda carrega o peso de mitos e estigmas que aprofundam o sofrimento dos indivíduos e dificultam o acesso ao tratamento adequado. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 800.000 pessoas morrem todo ano em decorrência de sintomas da depressão, portanto, é um assunto extremamente sério e nunca deve ser visto como apenas uma “manha” da pessoa.

A crença de que a depressão é uma fraqueza ou falta de caráter é um dos maiores obstáculos, impedindo que muitos busquem a ajuda que necessitam. Vou então, comentar aqui alguns dos mitos sobre a depressão que gostaria que você visse.

Desmascarando os Mitos:

  • Depressão não é frescura ou falta de força de vontade: É um transtorno mental complexo que impacta o funcionamento cerebral e a capacidade de sentir emoções positivas. Imagine a mente como um órgão que adoeceu, perdendo a capacidade de funcionar de maneira normal. A depressão é essa doença da mente. E um deprimido pode fazer a “força” que for, que isso não irá curar sua depressão.
  • Pessoas com depressão não estão se lamentando sem motivo: Elas experimentam uma tristeza profunda e persistente que não se limita a eventos específicos ou circunstâncias da vida. A tristeza da depressão é como um peso constante que acompanha a pessoa em todos os momentos, independentemente do que esteja acontecendo. Infelizmente, há pessoas que acham que quem sofre de depressão não “vê” que existem pessoas que sofrem no mundo todo “muito mais” do que o deprimido. Dessa forma, a depressão da pessoa é desprezada e diminuída, aumentando ainda mais o sofrimento do deprimido.
  • A depressão não é uma escolha: É uma doença que se manifesta de forma involuntária e que requer tratamento profissional. Ninguém escolhe ter depressão, assim como ninguém escolhe ter diabetes ou qualquer outra doença. Muita gente diz a deprimidos que eles devem apenas “pensar em coisas boas” ou “focar no lado bom da vida”. Para qualquer doença, dizer para focar em outras coisas nunca resolve o problema.
  • Não se trata de “ficar feliz”: Há muitas pessoas que acreditam que depressão é simplesmente “estar triste” o que não é real. A depressão envolve alterações bioquímicas no cérebro que afetam a percepção da realidade e a capacidade de sentir prazer. A alegria e o prazer se tornam distantes e difíceis de alcançar, como se a pessoa estivesse vivendo em um mundo sem cores.
  • Culpar a vítima não ajuda: A depressão não é causada por “pensamentos negativos” ou “falta de positividade” e pior, “falta de Deus” ou ainda “falta de fé”. É uma doença com raízes complexas que envolvem fatores biológicos, psicológicos e sociais. A culpa apenas aumenta o sofrimento da pessoa, sem contribuir para a solução do problema.

Exemplos que ilustram os mitos:

  • Uma pessoa com depressão não consegue simplesmente “se animar” e sair da cama, pois sua energia está esgotada e sua motivação está comprometida.
  • Sentimentos de culpa e pensamentos negativos são sintomas da depressão, não a causa. Dizer para uma pessoa com depressão “se animar” é como pedir para um diabético “regular seu açúcar” apenas com força de vontade.
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Enfrentando o Estigma:

O estigma da depressão pode ter diversos impactos negativos:

  • Retarda o pedido de ajuda: O medo de ser julgado ou rotulado pode levar os indivíduos a adiar ou evitar o tratamento, perpetuando o sofrimento.
  • Dificulta o relacionamento interpessoal: O estigma pode levar ao isolamento social e à perda de apoio familiar e social, privando a pessoa de recursos importantes para sua recuperação.
  • Contribui para o suicídio: Sentimentos de vergonha e desesperança, intensificados pelo estigma, podem aumentar o risco de pensamentos e comportamentos suicidas.

Combatendo o Estigma:

  • Educação e informação: A sociedade precisa ser conscientizada sobre a natureza real da depressão, seus sintomas e tratamento. Isso pode ser feito através de campanhas de conscientização, palestras, workshops e outras iniciativas.
  • Empatia e compaixão: Devemos acolher e apoiar as pessoas com depressão, reconhecendo seu sofrimento e oferecendo ajuda. Ouvir sem julgamentos, oferecer apoio emocional e prático e mostrar que a pessoa não está sozinha são ações que podem fazer a diferença.
  • Linguagem adequada: Evitar termos pejorativos como “preguiçoso”, “fraco” ou “dramático” para descrever pessoas com depressão. Utilizar uma linguagem precisa e respeitosa contribui para a desconstrução do estigma.
  • Promover a busca por ajuda profissional: Incentivar as pessoas com sintomas de depressão a buscar tratamento médico e psicológico. É importante que as pessoas saibam que existem profissionais qualificados para ajudá-las a lidar com a doença e que a recuperação é possível.

A depressão é uma doença real e grave que exige atenção e tratamento adequados. Combater o estigma e os mitos que a cercam é fundamental para que as pessoas que sofram com essa condição possam buscar ajuda sem culpa ou vergonha. A depressão não é uma fraqueza, mas sim um problema de saúde que precisa ser tratado com a devida seriedade e respeito.

Lembre-se:

  • Se você está enfrentando sintomas de depressão, procure ajuda profissional
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Por que “brincalhões” podem se tornar agressivos? Psicanálise Aplicada

Por que o brincalhão se torna um vulcão em erupção quando cobrado?

Em nosso dia a dia, encontramos diversos tipos de personalidades. Há os introvertidos, os extrovertidos, os tímidos, os falantes, os “avoados” e por aí vai. Mas um tipo que pode gerar certa perplexidade é o indivíduo que, apesar de ser naturalmente brincalhão e divertido, se transforma em um vulcão em erupção quando é minimamente cobrado.

Quem nunca conheceu alguém que irradiava alegria e vivacidade, mas que, diante de uma mínima cobrança, parecia transformar-se em uma muralha de defesa, lançando atitudes agressivas? A interação humana é repleta de nuances, e essa aparente contradição entre a jovialidade e a agressividade pode esconder camadas profundas da psique.

burnout agende sua consulta

Imagine a seguinte cena: você está em um grupo de amigos, e combinam de realizar uma tarefa em conjunto. Ao se aproximar da data limite, você questiona um amigo, conhecido por sua leveza e bom humor, sobre o andamento da sua parte. De repente, o clima muda completamente. A resposta, antes amistosa, torna-se ríspida e defensiva. Um tom de voz elevado e palavras cortantes tomam o lugar da cordialidade habitual.

O que faz com que o “Sr. Alegria” se transforme no “Sr. Estresse” em um piscar de olhos?

Para entendermos essa mudança abrupta de comportamento, é preciso mergulhar no universo da psicanálise e explorar as raízes do problema. Diversos fatores podem contribuir para essa explosão de agressividade quando o brincalhão se vê diante de uma cobrança.

1. Inseguranças camufladas:

Por trás da máscara da alegria e da descontração, pode se esconder um indivíduo inseguro e com baixa autoestima. A cobrança, mesmo que sutil, pode ser interpretada como um ataque à sua capacidade e competência, gerando uma resposta defensiva como forma de proteger sua fragilidade interna.

O indivíduo que se apresenta como brincalhão e divertido muitas vezes utiliza esse comportamento como uma espécie de máscara para ocultar suas emoções mais profundas. Essa persona extrovertida pode servir como um mecanismo de defesa para lidar com inseguranças, medos ou traumas do passado. Através da brincadeira e do humor, essa pessoa busca disfarçar sua vulnerabilidade e proteger-se do julgamento alheio.

Exemplo: Imagine o João, o “palhaço” da turma. Ele está sempre contando piadas e fazendo todos rirem. Mas, no fundo, ele se sente inferior aos amigos e tem medo de ser rejeitado. Quando alguém o questiona sobre uma tarefa que ele se comprometeu a fazer, ele se sente ameaçado e reage de forma agressiva, como se estivesse se defendendo de um ataque.

2. Frustração: o monstro de olhos azuis:

A vida adulta é repleta de responsabilidades e prazos. Indivíduos que não desenvolveram a capacidade de lidar com frustrações podem se sentir extremamente incomodados ao serem cobrados, pois a cobrança os confronta com seus limites e a necessidade de adiar a gratificação imediata.

Exemplo: A Maria é a “rainha da organização”. Ela sempre faz tudo certinho e no prazo. Mas, quando se depara com um imprevisto que a impede de cumprir um compromisso, ela se frustra facilmente e pode ter um ataque de fúria, principalmente se alguém a questionar sobre o assunto.

3. Infância e cobranças excessivas: fantasmas do passado:

As raízes do problema podem estar na infância. Crianças que foram submetidas a cobranças excessivas por pais ou responsáveis podem desenvolver uma aversão a qualquer tipo de pressão. Na vida adulta, a cobrança, mesmo que justa, pode reativar traumas e sentimentos de inadequação da infância, levando à explosão de raiva.

Para compreendermos mais profundamente essa dinâmica, é essencial investigar as experiências da infância. Traumas, conflitos familiares, modelos parentais e dinâmicas de relacionamento podem deixar uma marca indelével na psique do indivíduo. Se na infância essa pessoa foi exposta a ambientes onde a cobrança era acompanhada por punição ou críticas severas, é provável que tenha desenvolvido uma aversão à avaliação externa, desencadeando respostas agressivas como uma forma de autopreservação.

Exemplo: O Pedro sempre foi o “queridinho” da professora. Ele era obrigado a tirar boas notas e ser o melhor em tudo. Essa pressão constante o deixou com sequelas. Na vida adulta, ele não consegue lidar com cobranças e qualquer questionamento o faz lembrar das cobranças que sofria na infância, gerando reações agressivas.

4. Falta de assertividade: um cabo de guerra na comunicação:

A comunicação assertiva é fundamental para uma boa relação interpessoal. Indivíduos que não dominam essa habilidade podem se sentir acuados quando cobrados, pois não sabem como expressar seus sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa. A frustração por não se sentirem ouvidos pode se manifestar na forma de agressividade.

Exemplo: A Ana é uma pessoa muito tímida. Ela tem dificuldade em se expressar e dizer o que pensa. Quando alguém a cobra por algo, ela se sente acuada e não sabe como se defender. Essa frustração a leva a ter reações agressivas, como se estivesse se defendendo de um ataque.

O que fazer para domar esse vulcão?

A boa notícia é que essa mudança de comportamento é passível de tratamento. Através da psicanálise, o indivíduo pode:

  • Descobrir as raízes de suas inseguranças e desenvolver sua autoestima, se tornando mais confiante em suas capacidades;
  • Aprender a lidar com frustrações de forma mais saudável, desenvolvendo resiliência e tolerância à decepção;
  • Reconhecer e trabalhar traumas da infância, libertando-se dos fantasmas do passado.
  • Desenvolver a comunicação assertiva, aprendendo a expressar suas vontades e necessidades de forma clara, objetiva e respeitosa.

Além da psicanálise, algumas dicas podem ajudar o próprio indivíduo a domar o seu vulcão interno:

  • Autoconhecimento: Faça uma reflexão sobre si mesmo. Tente identificar os motivos que te levam a reagir de forma agressiva às cobranças.
  • Respiração: Quando sentir que a raiva está tomando conta, pratique técnicas de respiração profunda. Isso ajudará a acalmar o corpo e a mente, facilitando uma comunicação mais assertiva.
  • Empatia: Tente se colocar no lugar da pessoa que está te cobrando. Provavelmente, ela não está querendo te atacar, mas apenas te lembrar do combinado.
  • Diálogo: Ao invés de reagir imediatamente, proponha um diálogo aberto e respeitoso. Explique suas dificuldades e tente negociar prazos e expectativas.

Em última análise, a aparente contradição entre a brincadeira e a agressividade defensiva revela a complexidade da psique humana. Ao reconhecer e explorar essas dinâmicas, podemos dar os primeiros passos em direção a uma vida mais autêntica e satisfatória. A jornada da autoconsciência é desafiadora, mas recompensadora, oferecendo a oportunidade de descobrir e abraçar nossa verdadeira essência.

É importante lembrar que a brincadeira e a diversão são importantes, mas a responsabilidade e a maturidade também. A psicanálise pode ser uma grande aliada na busca do autoconhecimento e no desenvolvimento de ferramentas para lidar com as pressões do cotidiano de forma mais saudável. Ao domar o “vulcão interior”, o “Sr. Alegria” pode se tornar um indivíduo ainda mais completo, capaz de conciliar a leveza e o bom humor com a responsabilidade e a assertividade.

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A psicanálise e a saúde mental no local de trabalho: Como a psicanálise pode ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade

No mundo moderno, o local de trabalho pode ser uma fonte significativa de estresse e ansiedade. De acordo com um estudo da American Psychological Association, 61% dos adultos relatam que o trabalho é uma fonte de estresse em suas vidas (APA, 2017). No Brasil, uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, a ABERJE, indicou que 52% dos trabalhadorres brasileiros sofrem de alguma forma de ansiedade no ambiente de trabalho. Além disso, o estresse no local de trabalho pode levar a problemas de saúde física e mental, tais como doenças cardiovasculares, depressão e ansiedade (Liu et al., 2019). Neste artigo, vamos explorar como a psicanálise pode ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade no local de trabalho.

A psicanálise e a saúde mental no local de trabalho

A psicanálise é uma forma de terapia falada que foi desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX. A terapia psicanalítica se concentra em ajudar as pessoas a entenderem suas emoções, pensamentos e comportamentos inconscientes (Freud, 1913). Através do processo de análise, os pacientes podem desenvolver uma maior consciência de si mesmos e aprender a fazer escolhas mais saudáveis.

No local de trabalho, a psicanálise pode ser usada para ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade de várias maneiras. Em primeiro lugar, a psicanálise pode ajudar os funcionários a identificar as causas subjacentes do estresse e a ansiedade. Muitas vezes, o estresse e a ansiedade no local de trabalho são sintomas de problemas mais profundos, tais como conflitos inconscientes ou traumas passados (Levy, 2017). Através da análise, os funcionários podem aprender a se conectar com esses problemas e desenvolver estratégias para enfrentá-los.

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Em segundo lugar, a psicanálise pode ajudar os funcionários a desenvolver habilidades de resiliência. A resiliência é a capacidade de se adaptar e se recuperar de situações adversas (Luthar, Cicchetti, & Becker, 2000). Através da análise, os funcionários podem aprender a identificar seus pontos fortes e fracos, desenvolver estratégias para enfrentar desafios e construir relacionamentos saudáveis no local de trabalho.

Em terceiro lugar, a psicanálise pode ajudar os funcionários a desenvolver habilidades de comunicação efetivas. Muitas vezes, o estresse e a ansiedade no local de trabalho são o resultado de falhas de comunicação ou conflitos interpessoais (Levy, 2017). Através da análise, os funcionários podem aprender a expressar suas necessidades e desejos de forma assertiva, ouvir atentamente os outros e construir relacionamentos saudáveis no local de trabalho.

Aplicações práticas da psicanálise no local de trabalho

Existem várias maneiras práticas de aplicar a psicanálise no local de trabalho para ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade. Em primeiro lugar, as empresas podem oferecer sessões de terapia psicanalítica para os funcionários como um benefício adicional. Essas sessões podem ser oferecidas individualmente ou em grupos e podem ajudar os funcionários a desenvolver uma maior consciência de si mesmos e a desenvolver estratégias para enfrentar o estresse e a ansiedade.

Além disso, em segundo lugar, as empresas podem oferecer treinamentos em habilidades de comunicação efetiva e resiliência baseados em psicanálise. Esses treinamentos podem ajudar os funcionários a desenvolver habilidades de comunicação assertiva, a identificar seus pontos fortes e fracos e a desenvolver estratégias para enfrentar desafios no local de trabalho.

Ademais, em terceiro lugar, as empresas podem criar um ambiente de trabalho que incentive a abertura e a honestidade. Isso pode ser feito oferecendo grupos de apoio e oficinas de terapia de grupo, onde os funcionários possam se sentir seguros para compartilhar suas experiências e aprenderem uns dos outros.

Psicanálise: ferramenta poderosa no ambiente de trabalho

A psicanálise pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade no local de trabalho. Através da análise, os funcionários podem aprender a identificar as causas subjacentes do estresse e a ansiedade, desenvolver habilidades de resiliência e comunicação efetivas e construir relacionamentos saudáveis no local de trabalho.

Embora a psicanálise seja uma forma eficaz de terapia, ela não é uma solução única para todos os problemas de saúde mental no local de trabalho. É importante que as empresas ofereçam uma variedade de recursos de saúde mental, como programas de bem-estar, grupos de apoio e aconselhamento, além de oferecer treinamentos sobre saúde mental para os gestores e líderes.

Em última instância, a saúde mental no local de trabalho é uma responsabilidade compartilhada entre o empregador e o empregado. Por isso, as empresas devem oferecer recursos de saúde mental aos funcionários e criar um ambiente de trabalho saudável, enquanto os funcionários devem se esforçar para cuidar de sua saúde mental, buscando ajuda quando necessário e praticando técnicas de redução de estresse, como exercícios, meditação e terapia.

Referências

American Psychological Association. (2017). Stress in America: The state of our nation. Acessado em https://www.apa.org/news/press/reports/stress/2017/state-nation.pdf

Freud, S. (1913). A formação do psicoanalista. Londres: Hogarth Press.

Levy, D. (2017). A psicanálise no século XXI: Uma abordagem integrativa. Porto Alegre: Artmed.

Liu, J., Wang, Y., Wang, X., Wang, Y., & Wang, Y. (2019). Work-related stress and depressive symptoms among Chinese employees: The mediating role of psychological capital. Frontiers in Psychology, 10, 1-8.

Luthar, S. S., Cicchetti, D., & Becker, B. (2000). The construct of resilience: A critical evaluation and guidelines for future work. Child Development, 71(3), 543-562.

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Por que há pessoas que querem ajudar todo mundo, menos elas mesmas? Psicanálise Aplicada

Você sabe por que em um avião, numa emergência, quando caem as máscaras de oxigênio a instrução é colocar a máscara primeiro em você e depois em uma criança? Porque temos que estar bem para poder cuidar de outros.

Pode parecer egoísta isso, mas às vezes levamos tanta carga que não nos pertence que faz com que nem nos cuidemos, nem conseguimos cuidar de outros. Para que você possa ajudar alguém, primeiro precisa se cuidar. Analise. Quê cargas que não te pertencem você está levando?

Quando queremos “abraçar o mundo”

Pode ser que uma pessoa queira tanto ajudar as pessoas que no final, deixa de lado por completo seus interesses pessoais em nome de ajudar outros. Claro, é nobre ajudar as pessoas, mas o que pode levar uma pessoa a deixar de realizar seus próprios sonhos, satisfazer desejos pessoais e até cuidar de sua vida para poder ajudar outras pessoas, querendo “abraçar” a causa de todas as pessoas que puder?

O Desejo de Agradar e Ser Aceito:

Um dos aspectos que podem levar uma pessoa a querer ajudar a todos ao seu redor, ao custo de sua própria autenticidade e bem-estar, é o desejo profundo de agradar e ser aceito pelos outros. Indivíduos que enfrentam inseguranças ou carregam uma necessidade intensa de validação podem se encontrar em um ciclo constante de buscar a aprovação externa, muitas vezes sacrificando o autocuidado no processo.

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Exemplo: Maria, uma cuidadora dedicada, sempre se esforça para atender às expectativas dos outros em sua vida pessoal e profissional, mas raramente reserva tempo para suas próprias necessidades emocionais e até mesmo físicas. Apesar de ser jovem, até mesmo seu aspecto físico pode comunicar a ideia de que ela é muito mais velha do que realmente é. Está sempre levando pessoas de um lado a outro, conseguindo remédios, médicos, ajudando pessoas a conseguirem um emprego, preparando comida para outras pessoas, emprestando dinheiro…Sua vida parece existir para atender a necessidades alheias.

A Negação das Próprias Necessidades:

Em psicanálise, existe o conceito de mecanismos de defesa do ego e um deles se chama negação. Aqueles que se dedicam excessivamente aos outros podem, inconscientemente, negar ou minimizar suas próprias necessidades, evitando o confronto com suas ansiedades internas. Ao ajudar outras pessoas, essa pessoa tem a sensação de que isso vai evitar que ela se concentre em detalhes de sua vida que ela prefere deixar de lado.

Exemplo: João, um terapeuta altruísta, constantemente desvia a atenção de suas próprias preocupações emocionais, focando exclusivamente nos problemas dos seus pacientes. João faz isso porque ele tem a sensação de que se ele ajudar seus pacientes, ele não precisará prestar atenção a suas próprias angústias. Algo bem ruim, já que é muito importante que todo analista esteja ele próprio sempre em análise, tanto para lidar com suas angústias, como também para lidar com a carga emocional transferencial que ocorre por ele lidar diariamente com as angústias de seus pacientes.

A Sensação de Culpa:

A sensação de culpa pode ser um poderoso motivador por trás do comportamento do cuidador altruísta. A ideia de colocar as próprias necessidades em primeiro plano pode ser acompanhada por sentimentos de egoísmo, o que, por sua vez, impulsiona a pessoa a continuar priorizando os outros. A pessoa pode pensar que se ela se concentrar em se cuidar ou atender a seus desejos, isso pode ser visto como egoísmo de sua parte.

Exemplo: Ana, uma assistente social dedicada, sente uma forte culpa ao considerar reservar tempo para si mesma, convencida de que há sempre alguém que precisa mais dela.

Ajudar outros para compensar supostos erros

Há pessoas que estão sempre ajudando aos demais simplesmente porque ela sente que cometeu ou que comete erros que precisam ser “pagos” com ajuda a outras pessoas. Essa pessoa pode ter em seu passado lembranças que a fazem se sentir culpada. Ou pode ser que ela acredite ter defeitos muito ruins, que precisam ser compensados com atos de generosidade.

Exemplo: Paula nunca conseguiu superar a perda de seu filho, ela acredita ter parte da culpa pela morte dele. Por isso, ela dedica sua vida para ajudar outras pessoas, fazendo disso sua missão de vida.

Cuide de si, para poder cuidar de outros

Quero comentar que é sim, muito importante ajudar as pessoas. Isso certamente faz muito bem para todos, inclusive você. O ponto aqui é que não devemos deixar de lado nosso autocuidado para cuidar de outras pessoas. Se nós decidirmos cuidar tanto de outros a ponto de descuidar de nossa vida, iremos nos prejudicar muito a mêdio e longo prazo.

É importante ouvir a nossos desejos também. E analisar se esses desejos valem a pena.

O fenômeno do cuidador altruísta é complexo, envolvendo uma interação intricada de fatores psicológicos e emocionais. A abordagem psicanalítica oferece ferramentas valiosas para desvendar esses padrões de comportamento, promovendo uma compreensão mais profunda do eu e, por conseguinte, possibilitando um equilíbrio mais saudável entre o cuidado pelos outros e o autocuidado.