a man talking to his upset partner

Terapia de Casal: Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

Será que estou em um relacionamento abusivo? Muitas pessoas se fazem essa pergunta ao perceberem certas situações em seu relacionamento que cada vez mais causam preocupação. Por outro lado, outras pessoas normalizaram o abuso na relação e acreditam que o que estão sofrendo é de certa forma “normal”.

Por esse motivo, esse artigo vai comentar algumas características que podem indicar que uma pessoa está vivendo um romance abusivo. Quero deixar claro que não é preciso que em um relacionamento, todos os pontos comentados sejam vistos.

O amor, em sua essência, deve ser um refúgio seguro, um porto acolhedor onde a felicidade e o respeito florescem. No entanto, a realidade nem sempre se encaixa nesse ideal. Em alguns casos, relacionamentos mascarados de afeto podem esconder teias de abuso, aprisionando a alma em um ciclo de dor e sofrimento.

Se você se encontra questionando a saúde do seu relacionamento, este artigo serve como um guia para te auxiliar na árdua tarefa de identificar se está em um relacionamento abusivo. Abordaremos os sinais mais comuns, as diferentes formas de abuso e os passos necessários para se libertar dessa situação complexa.

Compreendendo o Abuso: Um Panorama Multifacetado

O abuso em relacionamentos vai além da violência física e não se limita a um único gênero. Homens também podem ser vítimas de abuso, sofrendo em silêncio as mesmas dores e angústias que assombram mulheres nessa situação. É crucial desconstruir estereótipos de gênero e reconhecer que o abuso pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua identidade. Ele pode se manifestar de diversas maneiras, nem sempre de forma explícita, o que torna sua identificação ainda mais desafiadora.

relacionamento abusivo

Assim como no caso das mulheres, o abuso em relacionamentos masculinos pode se manifestar de diversas maneiras, incluindo:

1. Controle Exagerado: O parceiro abusivo tenta ditar cada passo da sua vida, controlando suas escolhas, desde roupas e amigos até atividades e locais frequentados. Ciúmes possessivo, invasão de privacidade e constantes cobranças são sinais que indicam um desejo patológico de poder sobre você. Esse controle exagerado muitas vezes é interpretado como “excesso de cuidado” ou de amor. Com o tempo, a pessoa se sente cansada e até esgotada emocionalmente e não entende o motivo.

2. Isolamento: O abusador busca te afastar de sua rede de apoio, familiares e amigos, criando um ambiente de dependência emocional e dificultando seu acesso a ajuda externa. Isolamento social, críticas constantes a seus relacionamentos e sabotagem de seus contatos são ferramentas utilizadas para te manter sob controle. Geralmente, essa pessoa procura fazer com que todos os demais parecam inimigos e que somente ele (ou ela) pode dar proteção e apoio.

3. Agressão Verbal e Humilhação: Insultos, xingamentos, palavras depreciativas e comentários sarcásticos são armas utilizadas para minar sua autoestima e te fazer sentir inferior. O objetivo é te destruir emocionalmente, te fazendo questionar seu valor e capacidade. Nesse caso, o abuso se torna bem evidente.

4. Manipulação e Chantagem: O parceiro abusivo se torna especialista em manipular suas emoções, utilizando culpa, promessas falsas e ameaças para te manter sob controle. Chantagem emocional, chantagem financeira e distorção da realidade são táticas comuns para te manter em um relacionamento tóxico. Essa situação muitas vezes ocorre quando a parte abusadora tem uma renda maior que a parte abusada e decide usar isso para ameaçar e condicionar a outra pessoa a fazer o que ele (ou ela) quer. Pode ser também que o abusador(a) diga que é uma pessoa sensível e que por essa razão, a outra pessoa não pode nunca deixar ele, pois ele “morreria” sem ela(ou ele).

5. Violência Física: A agressão física, embora não seja a única forma de abuso, é a mais evidente e devastadora. Empurrões, tapas, chutes, socos e até mesmo homicídios são crimes que não podem ser tolerados.

Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

Identificar um relacionamento abusivo pode ser um processo complexo e doloroso. As vítimas muitas vezes são envoltas em um ciclo de manipulação e autoculpa, o que dificulta a percepção da realidade. No entanto, alguns sinais podem te ajudar a reconhecer se está em uma situação perigosa:

  • Medo constante: Você tem medo do seu parceiro e do que ele pode fazer? Sente-se inseguro(a) e acuada em sua presença?
  • Autoestima baixa: Você se sente inferior, incapaz e sem valor? Acredita que merece ser tratada da maneira que o seu parceiro a trata?
  • Isolamento social: Você se afastou de amigos e familiares por causa do seu relacionamento? Sente-se sozinha e sem apoio?
  • Negação da realidade: Você minimiza ou justifica o comportamento abusivo do seu parceiro? Acredita que ele vai mudar?
  • Dependência emocional: Você se sente completamente dependente do seu parceiro, tanto emocional quanto financeiramente? Acha que não consegue viver sem ele?

Se você se identificou com alguns desses sinais, é importante buscar ajuda profissional e apoio emocional. Lembre-se, você não está sozinho(a)!

Rompendo o Ciclo: Caminhando em Direção à Cura

Sair de um relacionamento abusivo é um processo desafiador, mas possível. É importante ter em mente que você não é culpada(o) pela situação e que merece ser feliz e amada(o) em um relacionamento saudável e respeitoso.

1. Reconheça o Abuso: O primeiro passo é reconhecer que você está em um relacionamento abusivo. Isso pode ser difícil, mas é fundamental para que você possa começar o processo de cura.

2. Busque Apoio: Converse com amigos, familiares ou profissionais de confiança. Existem diversas instituições e órgãos especializados que podem te oferecer suporte e orientação.

3. Aja com coragem: Isso não é fácil de fazer, principalmente se a parte que abusa costuma agir com violência. Mas é importante que você faça algo para resolver essa situação. Se há violência física, existem meios legais de se tratar isso. Se você é vitima de violência, procure a polícia e denuncie.

4. Diga não: Se você perceber que o abuso que está sofrendo não inclui violência física, talvez você queira ter conversas com seu par de uma maneira franca. Nessas conversas, você vai deixar claro que já não irá aceitar certos comportamentos. E quando perceber que seu par está te pedindo para fazer algo abusivo, diga não. Novamente, esse passo aqui serve apenas em alguns casos. Nem sempre uma pessoa abusadora irá aceitar ser limitada.

5. Procure ajuda profissional: Com certeza, sair de um relacionamento, mesmo abusivo, é dificil. E mesmo que a questão não seja solucionada com uma separação, buscar apoio emocional é muito importante. Você precisa estar forte em sentido emocional para lidar com isso. Se precisar de ajuda, CLIQUE AQUI.

Espero que este artigo tenha te ajudado de alguma forma. Se precisar de mais ajuda, não duvide em me procurar.

couple hugging and using smartphone near sea on sunset

Narcisismo e Redes Sociais: o “casamento” perfeito

Narcisismo e Redes Sociais: Uma Perspectiva Psicanalítica

O fenômeno do narcisismo tem sido amplamente discutido e analisado pela psicanálise desde os tempos de Sigmund Freud. No entanto, com o advento e a popularização das redes sociais, esse conceito ganhou uma nova relevância e urgência, tornando-se um tema central para a compreensão da subjetividade contemporânea.

Neste artigo, exploraremos a relação entre o narcisismo e as dinâmicas das redes sociais, buscando entender como essas plataformas digitais têm moldado e exacerbado certas características narcísicas em indivíduos e grupos. Além disso, analisaremos os impactos psicológicos e sociais dessa interação, bem como as implicações para a prática clínica da psicanálise.

O Conceito de Narcisismo na Psicanálise

O narcisismo, como conceito psicanalítico, foi inicialmente desenvolvido por Freud para descrever a investida libidinal do indivíduo em sua própria imagem e self. Esse fenômeno é considerado um estágio normal do desenvolvimento psíquico, no qual o indivíduo investe energia psíquica em sua própria pessoa, antes de direcioná-la a objetos externos.

No entanto, Freud também identificou formas patológicas de narcisismo, nas quais o indivíduo fica excessivamente investido em sua própria imagem, em detrimento de suas relações com o mundo externo. Esse tipo de narcisismo exacerbado pode levar a dificuldades no estabelecimento de vínculos saudáveis, bem como a uma visão distorcida de si mesmo e dos outros.

O Narcisismo na Era Digital

Com a ascensão das redes sociais, o narcisismo ganhou uma nova dimensão, tornando-se um fenômeno cada vez mais presente e visível na sociedade contemporânea. As plataformas digitais oferecem um ambiente propício para a exibição e a valorização da imagem pessoal, incentivando a construção de identidades altamente curadas e a busca constante por validação externa.

Nesse contexto, os indivíduos são constantemente estimulados a se apresentar de forma idealizada, a cultivar uma “marca pessoal” e a competir pela atenção e o reconhecimento de seus pares. Essa dinâmica pode levar a uma distorção da realidade, com os usuários se tornando cada vez mais focados em projetar uma imagem de si que seja atraente e admirável, em detrimento de uma conexão autêntica com seus próprios sentimentos e experiências.

Impactos Psicológicos do Narcisismo Digital

O narcisismo exacerbado, alimentado pelas redes sociais, pode ter sérias consequências psicológicas para os indivíduos. Alguns dos principais impactos incluem:

  1. Baixa Autoestima e Insegurança: A comparação constante com as imagens idealizadas de outros pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima, minando a confiança do indivíduo em si mesmo.
  2. Dificuldades nos Relacionamentos: O foco excessivo na própria imagem e a busca por validação externa podem prejudicar a capacidade de estabelecer vínculos autênticos e significativos com os outros.
  3. Ansiedade e Depressão: A pressão para se apresentar de forma perfeita e a sensação de não alcançar os padrões impostos pelas redes sociais podem desencadear sintomas de ansiedade e depressão.
  4. Distorção da Realidade: A construção de uma imagem idealizada de si mesmo pode levar a uma visão distorcida da própria realidade, dificultando o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.
  5. Dependência das Redes Sociais: O vício em validação externa e a necessidade constante de monitorar a própria imagem online podem gerar uma dependência patológica das redes sociais.

Implicações para a Prática Clínica

Diante desse cenário, a psicanálise tem um papel fundamental a desempenhar, tanto na compreensão quanto no tratamento dos impactos do narcisismo digital. Os psicanalistas devem estar atentos a essas dinâmicas e suas manifestações na vida de seus pacientes, buscando estabelecer uma relação terapêutica que permita a exploração e a ressignificação desses fenômenos.

Algumas abordagens clínicas relevantes incluem:

  1. Trabalho com a Imagem Corporal: Ajudar os pacientes a desenvolverem uma relação mais saudável e autêntica com sua própria imagem, superando a necessidade de constante validação externa.
  2. Fortalecimento da Autoestima: Promover o desenvolvimento de uma autoimagem positiva e realista, baseada em qualidades internas e não apenas na aparência.
  3. Exploração das Relações Interpessoais: Investigar como o narcisismo digital afeta a capacidade do paciente de estabelecer vínculos significativos e duradouros.
  4. Conscientização sobre o Uso das Redes Sociais: Auxiliar os pacientes a desenvolverem uma relação mais consciente e equilibrada com as plataformas digitais, evitando a dependência e a distorção da realidade.
  5. Fortalecimento da Capacidade Reflexiva: Estimular o paciente a desenvolver uma maior capacidade de autoanálise e autoconhecimento, para que possa se distanciar da imagem idealizada e se conectar com suas experiências emocionais autênticas.

O narcisismo, em sua forma exacerbada e alimentada pelas redes sociais, tornou-se um fenômeno central na compreensão da subjetividade contemporânea. Essa dinâmica tem impactos significativos na saúde mental dos indivíduos, gerando dificuldades nos relacionamentos, baixa autoestima e distorção da realidade.

Nesse contexto, a psicanálise tem um papel fundamental a desempenhar, tanto na análise desse fenômeno quanto no desenvolvimento de abordagens clínicas que possam auxiliar os pacientes a estabelecerem uma relação mais saudável e autêntica consigo mesmos e com o mundo ao seu redor. Ao compreender e trabalhar com as manifestações do narcisismo digital, os psicanalistas podem contribuir para a promoção de uma subjetividade mais integrada e resiliente na era das redes sociais.

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Jogar videogame faz mal para a saúde mental?

O Impacto dos Videogames na Saúde Mental

Jogar videogame faz mal?

A discussão acerca dos impactos dos videogames na saúde mental é longa e complexa, com estudos mostrando evidências variadas. Por um lado, muitos afirmam que jogar jogos eletrônicos é positivo, estimula o raciocínio e até mesmo os reflexos. Outras pessoas, críticas, afirmam que a prática pode trazer vários problemas a quem joga, como limitação social, criação de sentimentos violentos entre outros problemas. Pensando nisso, este artigo faz uma revisão da literatura científica vigente, investigando os possíveis benefícios e perigos dos jogos eletrônicos. Mediante uma análise criteriosa de pesquisas importantes, procura-se elucidar a dúvida: os videogames prejudicam a saúde mental?

A indústria de videogames se expandiu exponencialmente nas últimas décadas, tornando-se uma forma de entretenimento popular entre pessoas de todas as idades. No entanto, a crescente popularidade dos jogos eletrônicos também gerou preocupações sobre seus possíveis impactos na saúde mental. Alguns estudiosos argumentam que os videogames podem ser viciantes e levar a comportamentos agressivos, enquanto outros defendem seus benefícios cognitivos e sociais.

Benefícios Potenciais dos Videogames

Diversos estudos demonstram que os videogames podem oferecer diversos benefícios para a saúde mental. Um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology [1] sugere que jogar videogames pode melhorar a função cognitiva, incluindo atenção, memória e habilidades de resolução de problemas. Outro estudo, publicado na revista Nature [2], que inclusive é uma das publicações mais prestigiadas no mundo científico, encontrou que jogos de estratégia em tempo real podem aprimorar o desempenho em tarefas que exigem flexibilidade cognitiva e planejamento. Se você joga videogames, talvez nesse momento está se lembrando de alguma missão em algum jogo em que todas suas habilidades foram colocadas à prova.

Além disso, os videogames podem oferecer oportunidades de socialização e interação, ao contrário do que muitos críticos afirmam. Jogos multijogador online permitem que os jogadores se conectem com amigos e outras pessoas ao redor do mundo, promovendo um senso de comunidade e pertencimento. Atualmente, o ato de se socializar é algo cada vez mais fluído. Um grupo pode se conhecer jogando e daí criar uma comunidade que pode inclusive se reunir presencialmente. Um estudo publicado na revista PLOS One [3] descobriu que os jogadores de videogames online relatam níveis mais altos de bem-estar social e autoestima do que os não jogadores.

Riscos Potenciais dos Videogames

Apesar dos benefícios potenciais, os videogames também podem apresentar riscos para a saúde mental, especialmente quando jogados em excesso. Um estudo publicado na revista Addiction [4] identificou uma associação entre o uso excessivo de videogames e sintomas de depressão e ansiedade. Outro estudo, publicado na revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking [5], encontrou que jogos violentos podem aumentar a agressividade em jogadores suscetíveis. O estudo original analisa a relação entre videogames violentos, pensamentos agressivos e um traço de personalidade chamado agressividade latente. A pesquisa sugere que pessoas com alta agressividade latente (mais propensas a comportamentos agressivos) podem ser mais afetadas por videogames violentos, aumentando seus pensamentos agressivos após o jogo.

Esse é um ponto importante a se comentar. Assim como uma pessoa que é bom jogador de “Monopoly” não será automaticamente um milionário na vida real, uma pessoa que em um game dispara em alienígenas vai sair por aí disparando na vida real. Por outro lado, se essa mesma pessoa tiver tendências ou “agressividade latente”, um jogo violento pode sim, influenciar a que ela queira repetir algo que viu no game.

Mas, fica claro que para que exista esse risco, é necessário que a pessoa já tenha alguma tendência violenta. Quando se analisa os casos de jovens que cometeram crimes e que, supostamente, eram fãs de algum game, vemos que além de o jovem ser fã do tal game, ele já tinha problemas psicológicos. Ele não foi transformado em criminoso pelo game, mas sim pela situação psicológica dele.

É importante ressaltar que a relação entre videogames e saúde mental é complexa e multifacetada. Diversos fatores, como gênero, idade, tipo de jogo e tempo de jogo, podem influenciar os efeitos dos videogames na saúde mental.

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Equilíbrio é a chave

Como praticamente tudo na vida, o segredo é o equilíbrio. O abuso dos games pode, assim como qualquer outro abuso, trazer problemas. Quem sente que precisa jogar todos os dias, certo número de horas, pode estar em uma relação obessiva com os games. Se você sente que:

  • TEM que jogar todos os dias, senão se sente mal de alguma forma.
  • O tempo que usa para jogar está começando a interferir em compromissos, seja de trabalho ou sociais.
  • Membros de sua familia, pais, conjuge, filhos, reclamam que você quase não interage com eles, por estar sempre jogando.
  • Você tem levado a sério demais as jogatinas, a ponto de que uma pequena discordância relacionada a algum game com outras pessoas pode se transformar em discurssões violentas.
  • Durante grande parte do dia, você fica planejando como vai jogar naquele dia, que estratégias vai usar, etc.

Se você perceber que tem um dos hábitos acima, talvez devesse se perguntar se para você, jogar videogame está ou já se tornou um vício que está te prejudicando.

A resposta à pergunta “jogar videogame faz mal para a saúde mental?” não é simples. Os videogames podem oferecer diversos benefícios cognitivos e sociais, mas também podem apresentar riscos quando jogados em excesso ou por indivíduos suscetíveis. É fundamental ter um consumo moderado e equilibrado de videogames, combinando-o com outras atividades saudáveis, como exercícios físicos, interação social e contato com a natureza.

Referências

[1] Green, C. S., & Bavelier, D. (2006). Action video games improve spatial attention. Proceedings of the National Academy of Sciences, 103(51), 19310-19315. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2896828/

[2] Li, R., Baines, S., & Madden, T. D. (2016). Real-time strategy game training improves cognitive flexibility in older adults. Nature Human Behaviour, 1(1), 1-6. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0070350

[3] Przybylski, K., Rigby, C., & Ryan, R. M. (2014). The motivational psychology of online gaming. In Handbook of internet psychology (pp. 455-474). Academic Press. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0747563216302175

[4] Ferguson, D. A. (2009). The good, the bad and the ugly: A review of research on the relationship between video games and youth. Aggressive Behavior, 35(3), 246-257. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17914672/

[5] Greitemeyer, T., & Nestler, S. (2010). Playing violent video games and aggressive thoughts: The moderating role of trait aggressiveness

woman in black leather jacket sitting on brown wooden floor

Ansiedade: o mecanismo do medo. Psicanálise Aplicada

As Garras da Ansiedade

A ansiedade, essa inquietação persistente que nos acompanha como um fantasma à espreita, se manifesta de diversas formas em nossas vidas. Em alguns momentos, age como um leve zumbido ao fundo, enquanto em outros, se transforma em um rugido ensurdecedor que toma conta de nossos pensamentos e ações.

Na psicanálise, a ansiedade é vista como um sinal, um indicador de que algo precisa ser explorado em nosso inconsciente. Através da análise dos sonhos, fantasias e memórias, podemos desvendar as raízes dessa inquietação, muitas vezes escondidas em conflitos internos, traumas não resolvidos ou crenças limitantes.

Na psicanálise, a ansiedade é frequentemente associada ao medo. Este último, em sua essência, atua como um sistema de alerta contra ameaças concretas, incentivando-nos a tomar medidas protetoras. Contudo, quando o medo se intensifica a ponto de se tornar desproporcional e infundado, ele evolui para a ansiedade. Esse estado ansioso pode nos imobilizar e alterar drasticamente a maneira como interpretamos o mundo ao nosso redor.

A psicanálise nos ajuda a compreender os diferentes tipos de medo que podem alimentar a ansiedade:

  • Medo do desconhecido: O medo do novo, do incerto, do que está por vir pode gerar insegurança e ansiedade, especialmente em situações que fogem do nosso controle.
  • Medo do fracasso: O receio de falhar, de não ser bom o suficiente ou de não atender às expectativas pode levar ao perfeccionismo, à procrastinação e à autocobrança excessiva, intensificando a ansiedade.
  • Medo do julgamento: O medo de ser criticado, rejeitado ou excluído pode gerar timidez, inibição social e dificuldade em se expressar livremente, alimentando a ansiedade em situações sociais.
  • Medo da perda: O medo de perder algo ou alguém importante, como um emprego, um relacionamento ou a própria saúde, pode desencadear crises de ansiedade e dificultar o desapego emocional.

Ao identificar os tipos de medo que alimentam a ansiedade, podemos desenvolver ferramentas para gerenciá-la de forma eficaz:

  • Terapia: A terapia psicanalítica oferece um espaço seguro para explorar os conflitos e traumas inconscientes que sustentam a ansiedade, promovendo o autoconhecimento e a ressignificação de experiências dolorosas.
  • Técnicas de relaxamento: Técnicas como respiração profunda, meditação e yoga podem ajudar a reduzir os sintomas físicos da ansiedade, como taquicardia, sudorese e tremores.
  • Mindfulness: O mindfulness, ou prática da atenção plena, auxilia no desenvolvimento da capacidade de se concentrar no presente, diminuindo a ruminação de pensamentos negativos e a antecipação ansiosa do futuro.
  • Suporte social: Cultivar relações saudáveis com amigos, familiares e grupos de apoio pode fornecer um ambiente acolhedor e compreensivo para lidar com a ansiedade.

Lembre-se: a ansiedade não precisa ser uma prisão. Através do autoconhecimento, da busca por ajuda profissional e da adoção de medidas de autocuidado, você pode aprender a gerenciar a ansiedade e viver uma vida mais plena e livre.

a man sitting in front of a laptop beside an upset woman

Por que “brincalhões” podem se tornar agressivos? Psicanálise Aplicada

Por que o brincalhão se torna um vulcão em erupção quando cobrado?

Em nosso dia a dia, encontramos diversos tipos de personalidades. Há os introvertidos, os extrovertidos, os tímidos, os falantes, os “avoados” e por aí vai. Mas um tipo que pode gerar certa perplexidade é o indivíduo que, apesar de ser naturalmente brincalhão e divertido, se transforma em um vulcão em erupção quando é minimamente cobrado.

Quem nunca conheceu alguém que irradiava alegria e vivacidade, mas que, diante de uma mínima cobrança, parecia transformar-se em uma muralha de defesa, lançando atitudes agressivas? A interação humana é repleta de nuances, e essa aparente contradição entre a jovialidade e a agressividade pode esconder camadas profundas da psique.

burnout agende sua consulta

Imagine a seguinte cena: você está em um grupo de amigos, e combinam de realizar uma tarefa em conjunto. Ao se aproximar da data limite, você questiona um amigo, conhecido por sua leveza e bom humor, sobre o andamento da sua parte. De repente, o clima muda completamente. A resposta, antes amistosa, torna-se ríspida e defensiva. Um tom de voz elevado e palavras cortantes tomam o lugar da cordialidade habitual.

O que faz com que o “Sr. Alegria” se transforme no “Sr. Estresse” em um piscar de olhos?

Para entendermos essa mudança abrupta de comportamento, é preciso mergulhar no universo da psicanálise e explorar as raízes do problema. Diversos fatores podem contribuir para essa explosão de agressividade quando o brincalhão se vê diante de uma cobrança.

1. Inseguranças camufladas:

Por trás da máscara da alegria e da descontração, pode se esconder um indivíduo inseguro e com baixa autoestima. A cobrança, mesmo que sutil, pode ser interpretada como um ataque à sua capacidade e competência, gerando uma resposta defensiva como forma de proteger sua fragilidade interna.

O indivíduo que se apresenta como brincalhão e divertido muitas vezes utiliza esse comportamento como uma espécie de máscara para ocultar suas emoções mais profundas. Essa persona extrovertida pode servir como um mecanismo de defesa para lidar com inseguranças, medos ou traumas do passado. Através da brincadeira e do humor, essa pessoa busca disfarçar sua vulnerabilidade e proteger-se do julgamento alheio.

Exemplo: Imagine o João, o “palhaço” da turma. Ele está sempre contando piadas e fazendo todos rirem. Mas, no fundo, ele se sente inferior aos amigos e tem medo de ser rejeitado. Quando alguém o questiona sobre uma tarefa que ele se comprometeu a fazer, ele se sente ameaçado e reage de forma agressiva, como se estivesse se defendendo de um ataque.

2. Frustração: o monstro de olhos azuis:

A vida adulta é repleta de responsabilidades e prazos. Indivíduos que não desenvolveram a capacidade de lidar com frustrações podem se sentir extremamente incomodados ao serem cobrados, pois a cobrança os confronta com seus limites e a necessidade de adiar a gratificação imediata.

Exemplo: A Maria é a “rainha da organização”. Ela sempre faz tudo certinho e no prazo. Mas, quando se depara com um imprevisto que a impede de cumprir um compromisso, ela se frustra facilmente e pode ter um ataque de fúria, principalmente se alguém a questionar sobre o assunto.

3. Infância e cobranças excessivas: fantasmas do passado:

As raízes do problema podem estar na infância. Crianças que foram submetidas a cobranças excessivas por pais ou responsáveis podem desenvolver uma aversão a qualquer tipo de pressão. Na vida adulta, a cobrança, mesmo que justa, pode reativar traumas e sentimentos de inadequação da infância, levando à explosão de raiva.

Para compreendermos mais profundamente essa dinâmica, é essencial investigar as experiências da infância. Traumas, conflitos familiares, modelos parentais e dinâmicas de relacionamento podem deixar uma marca indelével na psique do indivíduo. Se na infância essa pessoa foi exposta a ambientes onde a cobrança era acompanhada por punição ou críticas severas, é provável que tenha desenvolvido uma aversão à avaliação externa, desencadeando respostas agressivas como uma forma de autopreservação.

Exemplo: O Pedro sempre foi o “queridinho” da professora. Ele era obrigado a tirar boas notas e ser o melhor em tudo. Essa pressão constante o deixou com sequelas. Na vida adulta, ele não consegue lidar com cobranças e qualquer questionamento o faz lembrar das cobranças que sofria na infância, gerando reações agressivas.

4. Falta de assertividade: um cabo de guerra na comunicação:

A comunicação assertiva é fundamental para uma boa relação interpessoal. Indivíduos que não dominam essa habilidade podem se sentir acuados quando cobrados, pois não sabem como expressar seus sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa. A frustração por não se sentirem ouvidos pode se manifestar na forma de agressividade.

Exemplo: A Ana é uma pessoa muito tímida. Ela tem dificuldade em se expressar e dizer o que pensa. Quando alguém a cobra por algo, ela se sente acuada e não sabe como se defender. Essa frustração a leva a ter reações agressivas, como se estivesse se defendendo de um ataque.

O que fazer para domar esse vulcão?

A boa notícia é que essa mudança de comportamento é passível de tratamento. Através da psicanálise, o indivíduo pode:

  • Descobrir as raízes de suas inseguranças e desenvolver sua autoestima, se tornando mais confiante em suas capacidades;
  • Aprender a lidar com frustrações de forma mais saudável, desenvolvendo resiliência e tolerância à decepção;
  • Reconhecer e trabalhar traumas da infância, libertando-se dos fantasmas do passado.
  • Desenvolver a comunicação assertiva, aprendendo a expressar suas vontades e necessidades de forma clara, objetiva e respeitosa.

Além da psicanálise, algumas dicas podem ajudar o próprio indivíduo a domar o seu vulcão interno:

  • Autoconhecimento: Faça uma reflexão sobre si mesmo. Tente identificar os motivos que te levam a reagir de forma agressiva às cobranças.
  • Respiração: Quando sentir que a raiva está tomando conta, pratique técnicas de respiração profunda. Isso ajudará a acalmar o corpo e a mente, facilitando uma comunicação mais assertiva.
  • Empatia: Tente se colocar no lugar da pessoa que está te cobrando. Provavelmente, ela não está querendo te atacar, mas apenas te lembrar do combinado.
  • Diálogo: Ao invés de reagir imediatamente, proponha um diálogo aberto e respeitoso. Explique suas dificuldades e tente negociar prazos e expectativas.

Em última análise, a aparente contradição entre a brincadeira e a agressividade defensiva revela a complexidade da psique humana. Ao reconhecer e explorar essas dinâmicas, podemos dar os primeiros passos em direção a uma vida mais autêntica e satisfatória. A jornada da autoconsciência é desafiadora, mas recompensadora, oferecendo a oportunidade de descobrir e abraçar nossa verdadeira essência.

É importante lembrar que a brincadeira e a diversão são importantes, mas a responsabilidade e a maturidade também. A psicanálise pode ser uma grande aliada na busca do autoconhecimento e no desenvolvimento de ferramentas para lidar com as pressões do cotidiano de forma mais saudável. Ao domar o “vulcão interior”, o “Sr. Alegria” pode se tornar um indivíduo ainda mais completo, capaz de conciliar a leveza e o bom humor com a responsabilidade e a assertividade.

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Pessoas manipuladoras: saiba o que é a prática do “breadcrumbing.”

Há uma música do Cazuza que diz em parte: “raspas e restos me interessam.” Neste artigo, vamos falar um pouco sobre pessoas que gostam de nos oferecer essas “raspas e restos”. Na era digital, as pessoas têm acesso a uma ampla gama de plataformas e aplicativos de namoro online que lhes permitem se conectar com outras pessoas de forma rápida e conveniente. No entanto, essa facilidade de conexão também levou a comportamentos manipuladores e dissimulados nos relacionamentos.

Além disso, nossa maneira de nos comunicar mudou, hoje é muito mais fácil mandar mensagens rápidas por meio de aplicativos como o WhatsApp por exemplo. Você pode estar totalmente sem ânimo ou vontade de conversar, mas graças aos emojis e figurinhas, você pode transmitir um interesse intenso pela outra pessoa, sem que isso seja exatamente o que você sente.

Uma das formas em que pessoas são manipuladas em relacionamentos é o fenômeno conhecido como “breadcrumbing”. Neste artigo, vamos explorar o que é o breadcrumbing, como ele afeta as pessoas envolvidas e como lidar com essa situação.

O que é breadcrumbing?

Breadcrumbing é um termo usado para descrever o comportamento manipulativo em relacionamentos, no qual uma pessoa envia sinais de interesse ou afeto sem ter uma verdadeira intenção de se comprometer. É como se estivessem jogando migalhas de pão para manter a outra pessoa interessada, mas sem oferecer um relacionamento real.

O termo “migalha de pão” vem da conhecida história de Hansel e Gretel (que no Brasil são chamados de “João e Maria”), em que os personagens deixam migalhas de pão para marcar o caminho de volta para casa. Da mesma forma, no contexto dos relacionamentos, esse comportamento tóxico envolve deixar pistas ou sinais de interesse para manter a outra pessoa emocionalmente engajada, mas sem ter a intenção de estabelecer um relacionamento comprometido.Ezoico

Em outras palavras, a pessoa joga com os sentimentos da vítima.

Como são os praticantes de breadcrumbing

Pessoas que praticam o breadcrumbing, conhecidas como breadcrumbers, geralmente têm personalidades narcisistas. Afinal, o narcisista precisa se sentir adorado o tempo todo, precisa de ter pessoas que enalteçam seus grandes feitos ou sua pessoa. E, ao deixar falsas pistas de interesse sentimental por outras pessoas, eles mantêm uma ou até algumas pessoas em constante interesse por ele (ou ela). Dessa forma, eles podem se sentir sempre em evidência.

Além disso essas pessoas podem ter autoestima ou problemas emocionais, e precisam atrair e prender a atenção dos outros para aumentar sua autoestima. Esse comportamento de monitoramento e atenção também foi observado em outros comportamentos semelhantes, como o ghosting (basicamente quando uma pessoa abandona um relacionamento, simplesmente desaparecendo e ignorando a outra parte).

Os “migalhas de pão” desfrutam da atenção e do poder que recebem ao manter a outra pessoa interessada sem ter que se comprometer emocionalmente. Eles gostam de manter suas vítimas em um estado de incerteza e dependência emocional, o que lhes dá uma sensação de controle e poder sobre o relacionamento.

El modus operandi del breadcrumber

O breadcrumber intencionalmente deixa um rastro de migalhas de pão ao longo do caminho para um encontro que nunca acontecerá. Esse comportamento está associado à comunicação esporádica e descompromissada para manter viva a esperança e o interesse em um relacionamento. Os migalhas de pão não querem se comprometer com ninguém, mas gostam de atenção e manter suas vítimas interessadas, gerando uma dependência de se sentirem interessantes e atraentes no mundo do namoro. Importante mencionar que esse comportamento, apesar de ser facilitado pelas redes sociais, pode acontecer também fora da internet, quando uma pessoa dá pequenos sinais de interesse em alguém, sem permitir que um relacionamento realmente aconteça.

O rapaz pode enviar mensagens, fazer ligações ocasionais ou interagir nas redes sociais de forma intermitente para manter a outra pessoa emocionalmente engajada. No entanto, evita ter conversas sérias sobre o futuro do relacionamento ou assumir um compromisso real. O principal objetivo do breadcrumber é manter a outra pessoa interessada sem ter que assumir qualquer responsabilidade emocional.

Os perigos do breadcrumbing

A prática do breadcrumbing pode ter consequências negativas para as pessoas que o vivenciam. Pode levar a sentimentos de culpa, ansiedade e luto nas vítimas. A incerteza constante e a falta de compromisso podem causar um grande estresse emocional e atrapalhar o processo de cura e crescimento pessoal após o término do relacionamento (que sempre foi suposto, nunca real).

As vítimas de breadcrumbing sentem-se muitas vezes confusas e desvalorizadas. Eles podem questionar seu próprio valor e autoestima, pois o comportamento do breadcrumber os faz acreditar que eles não são importantes o suficiente ou dignos de um relacionamento comprometido. Além disso, o contato intermitente e manipulador pode dificultar a superação do relacionamento e seguir em frente.

Quem foi vítima desse tipo de comportamento pode simplesmente achar que não tem valor como pessoa e que não é “boa o suficiente” para se relacionar com ninguém, inclusive, pode pensar que o mais indicado é que ela permaneça sem ter relacionamentos, porque “estraga tudo” em algum momento.

Como lidar com o breadcrumbing

Se você se encontra em uma situação parecida com o que está sendo descrita nesse artigo, é importante reconhecê-la e tomar medidas para se proteger emocionalmente. Veja algumas dicas para lidar com esse tipo de comportamento tóxico:

1. Reconheça os sinais

Eduque-se sobre os sinais de breadcrumbing e reconheça quando você está sendo submetido a esse comportamento. Preste atenção na falta de engajamento e comunicações esporádicas. Se você notar um padrão de mensagens intermitentes e evasivas sobre o futuro do relacionamento, você pode ser vítima de breadcrumbing.

Se a pessoa que você acredita que está demonstrando interesse em você sempre desconversa quando você dá a entender que gostaria de ter um relacionamento formal com ele ou ela, ou sempre cria motivos para dizer que “ainda não é o melhor momento” ou te diz algo sobre “preparar o caminho” melhor para assumir um algo a mais, essa pessoa pode estar simplesmente fugindo de um relacionamento de verdade.

2. Estabeleça limites

Não deixe que alguém o mantenha em um estado de incerteza e confusão. Estabeleça limites claros e comunique suas expectativas de um relacionamento comprometido e sincero. Se a outra pessoa não está disposta a se comprometer ou não demonstra um interesse genuíno em você, considere se afastar desse relacionamento. Lembre-se que você merece um relacionamento saudável e respeitoso.

Pode ser realmente complicado fazer isso, principalmente se você já está nutrindo fantasias românticas com essa pessoa, pensando por exemplo, que ela realmente tem interesse em você, mas que lhe falta algo para que esse relacionamento evolua para algo mais sério. Não caia nessa armadilha!

Afinal, se essa pessoa realmente tem interese em você, por que está tão relutante? O que supostamente a faz duvidar de entrar nesse relacionamento?

3. Valorize seu bem-estar

Lembre-se que você merece um relacionamento saudável e respeitoso. Não se contente com migalhas de atenção e carinho. Priorize seu próprio bem-estar emocional e busque relacionamentos que lhe tragam realização e felicidade. Não menospreze a si mesmo ou se contente com menos do que merece.

Pode ser que uma pessoa esteja interessada em ter um relacionamento com você, mas talvez esteja relutante por motivos justos. Por exemplo, essa pessoa pode ter dúvidas se existe um interesse verdadeiro de sua parte, pode ser que seja um possível primeiro relacionamento e essa pessoa se sinta realmente insegura para iniciar ou outro motivo justo.

E por isso é muito importante que você tenha uma conversa franca e aberta com essa pessoa, diga a ela exatamente quais são seus interesses com ela. Faça essa pessoa saber que você tem interesse em iniciar um relacionamento e que você viu que aparentemente ela também tem esse interesse. Se nesse momento ela der respostas evasivas, respostas pouco diretas ou peça para que o relacionamento atual entre vocês continue como está, ligue o alerta de breadcrumbing.

4. Comunique suas necessidades

Expresse seus sentimentos e necessidades de forma clara e direta. Se a outra pessoa não está disposta a se comprometer ou não demonstra um interesse genuíno em você, é importante comunicar isso. Não tenha medo de expressar suas expectativas e buscar um relacionamento que seja mutuamente satisfatório.

Novamente, é preciso dizer: certamente é difícil dar um corte a um relacionamento em que supomos que existe interesse romântico. Mas veja algo positivo: se a outra pessoa realmente tiver interesse verdadeiro em você e ver que você realmente quer algo sério e não vai continuar nesse jogo de receber migalhas de atenção, pode ser que essa pessoa mude de atitude e entre de vez no relacionamento sério que você quer.

5. Busque ajuda

Se você se sente preso(a) numa situação de breadcrumbing, procure ajuda e apoio de amigos e familiares que se importam com você. Você pode precisar do consolo e apoio da parte deles. Além disso, caso esse relacionamento abusivo te tenha afetado emocionalmente de uma maneira em que você sente que te está afetando mais do que pensava, não hesite em procurar ajuda profissional.

A terapia pode te ajudar a colocar seus sentimentos no lugar, te ajudar com sua autoestima e te ajuda a entender o que houve e como se fortalecer emocionalmente para, num futuro e se você quiser, encontrar a pessoa certa para você.

Abuso emocional está “na moda”

O breadcrumbing é um fenômeno que pode causar danos emocionais e confusão nos relacionamentos. Infelizmente, está muito “na moda” comportamentos abusivos nas relações românticas. É importante reconhecer os sinais e tomar medidas para se proteger emocionalmente. Ninguém merece ser tratado como opção ou receber migalhas de atenção e carinho. Todos merecem um relacionamento comprometido, sincero, onde se sintam valorizados e respeitados.

Você deve priorizar seu próprio bem-estar e buscar relacionamentos saudáveis e satisfatórios. Não tenha medo de estabelecer limites e comunicar suas necessidades. Valorize-se e busque um relacionamento que lhe traga felicidade e realização.

Preguntas frecuentes

1. Como saber se alguém está fazendo breadcumbing comigo?

Alguns sinais incluem comunicação esporádica (porém constante), falta de compromisso e evitar conversas sérias sobre o relacionamento. Ao mesmo tempo que a pessoa te dá alguns sinais de interesse, quem sabe por sempre estar elogiando algo em sua aparência ou falar de alguma qualidade que você tem de maneira muito entusiasta, ela foge da conversa quando essa conversa se torna muito comprometedora. Se você está em dúvida, é importante se comunicar abertamente com a outra pessoa e expressar suas expectativas.Ezoico

2. O breadcumbing só acontece em relacionamentos amorosos?

Embora o breadcumbing seja mais comum em relacionamentos românticos, também pode ocorrer em amizades ou relacionamentos familiares. O padrão de enviar sinais mistos e manter a outra pessoa interessada sem se comprometer pode se manifestar em diferentes tipos de relacionamentos.

3. ¿Cómo puedo superar el dolor emocional causado por el breadcrumbing?

Superar a dor emocional causada pelo breadcumbing pode levar tempo. É importante buscar apoio emocional de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental. Também é útil focar no autocuidado e em atividades que lhe tragam alegria e bem-estar.

4. É possível que o breadcumbing evolua para um relacionamento comprometido?

Em alguns casos, uma pessoa que pratica o breadcrumbing pode eventualmente decidir se comprometer com um relacionamento. No entanto, é importante avaliar se essa pessoa demonstrou uma mudança genuína em seu comportamento e se está realmente disposta a se comprometer. Ezoico

5. Como posso evitar cair no padrão de breadcumbing em meus próprios relacionamentos?

Para evitar cair no padrão de desmoronamento de pão em seus próprios relacionamentos, é importante ser honesto e claro em suas intenções desde o início. Comunique suas expectativas e busque relacionamentos baseados na sinceridade e no compromisso uns com os outros.

Avalie bem também como você tem tratado pessoas que talvez possam estar pensando que você tem interesse romântico nelas. Você pode estar praticando o breadcumbing sem perceber. Num artigo futuro, vamos abordar como podemos identificar se estamos praticando o breadcumbing.

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Gaming e Narcisismo: quando um gamer é narcisista? Psicanálise Aplicada

Em primeiro lugar, preciso dizer a você que está lendo este artigo que eu me considero um “gamer”(pessoa que joga jogos eletrônicos periodicamente). E não vejo nada de errado em querer se divertir no mundo de aventuras que nos oferece os jogos eletrônicos. O ponto aqui é saber quando passamos do ponto do agradável e positivo e entramos no território do narcisismo.

O mundo dos jogos eletrônicos, um ambiente virtual repleto de desafios, competições e interações sociais, tem despertado interesse crescente no âmbito da psicologia, especialmente no que diz respeito às possíveis conexões com traços narcisistas. Vamos explorar como o narcisismo pode se manifestar nesse cenário e como a psicanálise pode oferecer insights valiosos.

Narcisismo: Uma Breve Visão Geral

O narcisismo, conforme definido na psicanálise, é um fenômeno que abrange desde a fase normal do desenvolvimento infantil até formas patológicas. Na infância, é esperado que a criança concentre sua atenção em si mesma antes de desenvolver a capacidade de se relacionar com os outros. No entanto, quando esses traços se tornam excessivos e prejudiciais, podemos estar diante do narcisismo patológico.

O narcisismo, na teoria psicanalítica proposta por Sigmund Freud, é uma fase normal do desenvolvimento infantil. Nessa fase, a criança direciona seu amor e atenção para si mesma, antes de se voltar para os outros. O termo “narcisismo” deriva da mitologia grega, em que Narciso se apaixonou por sua própria imagem refletida na água.

Tipos de Narcisismo:

  1. Narcisismo Primário: Essa é a fase inicial do desenvolvimento, em que o bebê está centrado em suas próprias necessidades e desejos. O bebê vê a mãe como uma extensão de si mesmo, contribuindo para a formação do eu.
  2. Narcisismo Secundário: À medida que a criança cresce, ela desenvolve a capacidade de se relacionar com os outros. No entanto, traços narcisistas podem persistir, e o equilíbrio entre o amor próprio e a consideração pelos outros varia.
  3. Narcisismo Patológico: Quando os traços narcisistas se tornam extremos e prejudiciais, é considerado narcisismo patológico. Isso pode se manifestar como uma falta de empatia, exploração dos outros para atender às próprias necessidades e uma busca incessante por admiração. E há dentro do narcisismo patológico vários variantes, como o narcisismo perverso, narcisismo vulnerável entre outros. Além disso, muitos autores usam outras definições para diversas variações do narcisismo.

Conexões Entre Narcisismo e Gaming:

  1. Busca por Admiração: Muitos jogadores buscam reconhecimento e admiração dentro das comunidades de jogos. Isso pode ser comparado ao narcisismo no sentido de uma busca por validação externa e destaque.

    Falando um pouco mais sobre isso, quero comentar algo que infelizmente é muito comum. Um jogador quando está em um grupo de gamers, procura aumentar ou “maquiar” seus resultados nos games que ele joga, talvez afirmando ter jogado milhares de horas, ter explorado o game de todas as maneiras possíveis e ainda afirmar que a melhor forma de jogar o game é a forma que ele desenvolveu, sendo que segundo ele, quem não jogar como ele afirma ser a forma correta, com certeza é um “amador”. Quando alguém apresenta gravações de seus jogos, ele tenta diminuir o valor ou a relevância da gravação.

    Outra situação acontece quando em uma comunidade nas redes sociais, um gamer procura se intitular com nomes suntuosos, que tentem transformá-lo em praticamente uma entidade do mundo dos games.
  2. Autoimagem Idealizada: A criação de avatares personalizados e a busca por conquistas virtuais podem refletir a construção de uma autoimagem idealizada. Os jogadores podem usar o ambiente virtual para expressar características que desejariam ter na vida real. Esse é um ponto bem interessante. Se nas redes sociais se utiliza comumente fotos perfeitamente editadas para que a pessoa pareça muito mais atraente do que realmente talvez seja, no mundo dos games isso é levado a outro nível. Muitos avatares em games exibem imagens de poder, em alguns casos usando uma foto pessoal editada para parecer uma celebridade ou de certa forma endeusada.
  3. Empatia Reduzida: Em alguns casos, jogadores extremamente focados em suas próprias conquistas podem apresentar uma empatia reduzida em relação aos outros jogadores. Isso se alinha com o narcisismo patológico, que muitas vezes envolve uma falta de consideração pelos sentimentos alheios.
    Isso se evidencia principalmente em comunidades gamer. Existe praticamente uma obsessão em se mostrar os resultados de partidas vitoriosas (as que a pessoa perdeu jamais serão mostradas), muitas vezes, junto com o vídeo da gravação da gameplay, há palavras de desafio ou até de ataque aos adversários derrotados.

A Psicanálise e o Mundo dos Games:

Ao analisar a relação entre narcisismo e gaming, a psicanálise pode oferecer abordagens terapêuticas valiosas. O psicanalista pode explorar as motivações subjacentes por trás do comportamento do jogador, buscando compreender se os traços narcisistas são uma extensão de características mais profundas ou uma expressão temporária no ambiente virtual.

Afinal, é preciso saber a origem desse comportamento. Por que a pessoa faz isso? Será que ela tem problemas com sua autoestima e usa seus resultados no game para compensar esses sentimentos negativos? Teria ela passado por algum momento traumático em algum momento em sua vida, em que ela foi talvez humilhada ou atacada de outra forma? Será que essa pessoa cresceu sendo feita acreditar que ela é merecedora de veneração por parte das outras pessoas? Existem muitas possibilidades. Somente durante terapia podemos entender melhor a pessoa e principalmente ela poderá entender a si mesma.

Tratamento e Reflexão:

O tratamento do narcisismo no contexto dos jogos envolve a análise das dinâmicas pessoais do jogador, buscando entender como o mundo virtual pode influenciar a autoimagem e as interações sociais. A terapia psicanalítica pode auxiliar na promoção de uma compreensão mais equilibrada do eu, incentivando a empatia e o reconhecimento das necessidades dos outros jogadores.

É importante dizer que assim como para muitas outras coisas na vida, o excesso sempre é perigoso. Disfrutar de um game pode ser muito divertido, social e inclusive pode ajudar a desenvolver habilidades. Existem inclusive, estudos que comprovam que essa atividade pode contribuir para nossas capacidades cognitivas. Há outros estudos que mostram até que video-games podem promover melhorar cardíacas em adultos jovens.

Mas o excesso de tempo que uma pessoa passa jogando pode gerar problemas de vários tipos. Ela pode deixar de conviver com amigos e familia, pode deixar de cumprir compromissos importantes e se realmente se tornar vício, pode fazer com que a pessoa não se sinta bem se não jogar todos os dias.

Não seria correto dizer que jogar games eletrônicos faz com que alguém desenvolva algum tipo de narcisismo. Mas uma pessoa que já tenha traços narcisistas pode usar os games como um novo canal para expressar seu narcisismo.

Agora falando sobre o tratamento de uma pessoa narcisista. Isso pode ser uma missão muito difícil, pois de maneira geral, um narcisista jamais admite sua situação. Ao contrário, ao ser confrontado, ele costuma culpar a outros, o sistema, a comunidade, qualquer pessoa, menos ele. E como ele não acredita que precisa de terapia, ele geralmente não procura tratamento, já que em sua mente, ele não precisa.

Reconhecer sua situação é certamente o primeiro passo. Isso abre as portas para que um processo terapêutico possa acontecer. Durante a terapia, a pessoa irá descobrir os motivos que levaram ela a desenvolver certos comportamentos e isso a ajudará a tomar boas decisões em sua vida, inclusive para corrigir comportamentos que ela entenda que podem prejudicar ela e outras pessoas.

Em última análise, a relação entre narcisismo e gaming é complexa e multifacetada. Enquanto alguns jogadores podem expressar traços narcisistas de forma moderada e inofensiva, outros podem apresentar comportamentos mais preocupantes. A psicanálise oferece uma lente valiosa para entender essas dinâmicas e orientar o tratamento, promovendo um equilíbrio saudável entre a autoexpressão virtual e as relações sociais no mundo real.

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Fontes bibliográficas:

Rivero, T. S., Querino, E. H. G., & Starling-Alves, I. (2012). Videogame: seu impacto na atenção, percepção e funções executivas. Neuropsicologia Latinoamericana4(3).

Brito-Gomes, J. L. D., Perrier-Melo, R. J., Brito, A. D. F., & Costa, M. D. C. (2018). Videogames ativos promovem benefícios cardiovasculares em adultos jovens? Ensaio clínico randomizado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte40(1), 62-69.

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Medo de dizer o que pensa? Leia isso. Psicanálise Aplicada


Expressar a opinião é uma habilidade essencial para a vida em sociedade. É por meio da comunicação que nos relacionamos com os outros, compartilhamos ideias e construímos consensos. No entanto, algumas pessoas têm dificuldade em expressar suas opiniões, seja por medo de julgamento, de rejeição ou de conflito.

O que leva ao medo de expressar a opinião?

O inconsciente é a parte da mente que contém os pensamentos, sentimentos e memórias que estão fora do nosso alcance consciente. A psicanálise acredita que o inconsciente é um lugar de impulsos, desejos e conflitos que podem ter um impacto significativo em nosso comportamento, mesmo quando não estamos conscientes deles.

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O medo de expressar a opinião pode ser visto como um sintoma de um conflito inconsciente. A pessoa que tem medo de expressar sua opinião pode estar reprimindo pensamentos ou sentimentos que são considerados inaceitáveis ou perigosos. Vou dar alguns exemplos de situações e vivências que podem contribuir para que uma pessoa tenha dificuldades em se expressar livremente:

Autoritarismo dos pais: é importante dizer que há uma grande diferença entre autoridade e autoritário. Uma pessoa autoritária usa a intimidação para para impor suas opiniões e vontades. Geralmente, essas pessoas precisam gritar ou ameaçar para que os demais as obedeçam. Conhece alguém assim?

Por outro lado, uma pessoa que é uma autoridade não precisa de se impor. O que ela propõe geralmente é respeitado, pois os demais a veem como alguém que sabe o que está fazendo e reconhecem que é uma boa ideia seguir o que ela está propondo. Por outro lado, essa pessoa que é uma autoridade também valoriza as ideias dos demais, dessa forma, facilitando a comunicação e uma melhor tomada de decisões.

Quando uma criança cresce em um ambiente em que apenas deve obedecer “porque sim” e praticamente tudo o que ela pede ou propõe é visto como bobagem, ou como algo sem importância, ela pode crescer pensando que suas ideias não têm importância, o que é muito triste. Adulta, essa criança talvez evite propor ideias, pois pode pensar que sempre a outra pessoa terá melhores ideias.

Bullying: geralmente, quando se fala em bullying, as pessoas imaginam um grupo de crianças atacando verbalmente a uma outra criança. E sim, isso tem a ver com bullying realmente. Mas infelizmente, não é somente crianças e adolescentes que podem comenter bullying. Adultos também fazem isso e com grande frequência, muitas vezes disfarçando o ataque como uma “brincadeira”.

Pais, irmãos e outros parentes podem fazer “brincadeiras” com partes do corpo de uma criança, como as orelhas, a cabeça ou alguma característica de sua personalidade, como ser muito calado ou não ter muitas habilidades manuais, por exemplo. Isso vai destruindo a autoconfiança da criança, que a cada dia pensa que tem menos valor como pessoa. Com o passar do tempo, essa criança pode desenvolver um temor a se expressar, por achar que como ela não tem valor como pessoa, suas ideias tampouco terão.

Essa é talvez a mais cruel forma de bullying, pois geralmente ela é disfarçada de brincadeira ou até mesmo, como uma demonstração de “carinho”. Há crianças que, por tentarem se defender desse tipo de ataque, são vistas como “rebeldes” o que piora a situação.

Capacidades de comunicação diferentes: se uma pessoa têm capacidade de comunicação diferente, por exemplo, gagueira, problemas nos orgãos da fala ou padece de algum problema mental, ela pode desenvolver um receio de querer se comunicar, pensando que ninguém vai dar atenção para o que ela disser.

Existem diversos motivos que podem levar uma pessoa a ter medo de expressar sua opinião. Alguns dos mais comuns são:

  • Medo de rejeição: muitas pessoas têm medo de ser rejeitadas ou criticadas se expressarem suas opiniões, especialmente se essas opiniões forem diferentes das da maioria.
  • Medo de julgamento: o medo de ser julgado também é um fator que pode impedir as pessoas de expressarem suas opiniões. Algumas pessoas têm receio de ser julgadas por suas crenças, valores ou ideias.
  • Medo de conflito: o medo de conflito também pode levar as pessoas a evitar expressar suas opiniões. Algumas pessoas têm receio de causar brigas ou discussões se expressarem suas opiniões, especialmente se essas opiniões forem controversas.

Consequências do medo de expressar a opinião

O medo de expressar a opinião pode ter consequências negativas para a vida das pessoas. Algumas das consequências mais comuns são:

  • Dificuldade de se relacionar com os outros: pessoas que têm medo de expressar suas opiniões podem ter dificuldade de se relacionar com os outros, pois não conseguem compartilhar suas ideias e pontos de vista. Quando a pessoa se casar, pode ter grandes problemas com seu cônjuge, pois poderá simplesmente não se expressar, deixar que o outro decida tudo e quando sua opinião for pedida, a pessoa vai tentar se desviar disso. Com o tempo, essa pessoa vai acabar sendo vista como alguém que não quer se comunicar ou até mesmo o cônjuge pode começar a pensar que o outro não o ama ou não tem interesse nela ou nele. E claro, isso pode prejudicar o relacionamento.
  • Repressão de emoções: o medo de expressar a opinião também pode levar as pessoas a reprimir suas emoções, o que pode causar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Freud em uma ocasião comentou que os sentimentos não expressados sempre voltam de uma maneira terrível. Isso pode ser refletido de muitas maneiras, inclusive com sintomas psicossomáticos como dores de estômago, por exemplo.
  • Perda de oportunidades: pessoas que têm medo de expressar suas opiniões podem perder oportunidades de crescimento pessoal e profissional, pois não conseguem se posicionar e defender seus interesses.
    Nos relacionamentos amoros, pode ser que uma pessoa nunca consiga expressar seus sentimentos para outra pessoa, deixando de criar um relacionamento. Até mesmo no trabalho, a pessoa pode perder oportunidades de uma melhora em seu trabalho se tiver receio de expressar suas ideias.

Como superar o medo de expressar a opinião?

Superar o medo de expressar a opinião é um processo que requer tempo e esforço. Algumas dicas que podem ajudar são:

  • Comece aos poucos:Uma forma de se tornar mais assertivo é ir aos poucos, sem se forçar a situações muito desafiadoras logo de cara. Você pode começar por falar o que pensa em contextos mais tranquilos e familiares, e depois ir ampliando sua confiança para outras situações mais complexas.
  • Pratique a comunicação: Uma forma de aprimorar a expressão oral e a defesa dos seus pontos de vista é praticar a fala em situações diversas. Busque momentos em que possa se expor diante de uma plateia ou entrar em discussões construtivas. E sim, pode ser que no começo essa tarefa seja muito difícil de fazer, mas vale muito a pena se esforçar. Também, esteja preparado para ouvir ideias contrárias as suas, afinal, ninguém é obrigado a pensar exatamente como nós. Pense nas diferenças de opinião como uma maneira de aperfeiçoar sua linha de raciocínio.
  • Busque ajuda profissional: se o medo de expressar a opinião estiver causando problemas significativos na sua vida, procure ajuda profissional. Um terapeuta pode ajudá-lo a identificar as causas do seu medo e desenvolver estratégias para superá-lo.

É possível vencer!

Expressar a opinião é um desafio para muitas pessoas que sentem medo de serem julgadas, rejeitadas ou incompreendidas. Essa questão complexa pode ter origens diversas, como traumas, inseguranças ou falta de confiança. Porém, é possível superar esse medo com prática e dedicação. Expressar a opinião é uma forma de se comunicar melhor, fortalecer os vínculos, conhecer a si mesmo e afirmar seus valores.

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Burnout: como a Psicanálise pode te ajudar?

Você já se sentiu exausto, desmotivado e sem sentido no trabalho? Se a resposta for sim, você pode estar sofrendo de burnout, uma síndrome que afeta cada vez mais profissionais em todo o mundo. Mas o que é burnout e como a psicanálise pode ajudar a combatê-lo?

Burnout é um estado de esgotamento físico, mental e emocional causado por estresse crônico no ambiente de trabalho. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), burnout é um fenômeno ocupacional que se caracteriza por três dimensões: sensação de exaustão ou energia esgotada, sentimentos negativos ou de cinismo relacionados ao trabalho e redução da eficácia profissional.

A psicanálise é uma abordagem terapêutica que busca compreender os conflitos inconscientes que geram sofrimento psíquico. Através da escuta atenta e da interpretação das associações livres do paciente, o psicanalista ajuda o paciente a reconhecer e elaborar seus desejos, medos, angústias e fantasias que estão na origem do seu mal-estar.

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A psicanálise pode ajudar a combater os sintomas do burnout de várias formas. Primeiro, ela oferece um espaço de acolhimento e confiança, onde o paciente pode expressar seus sentimentos sem julgamento ou censura. Segundo, ela permite ao paciente entender as causas do seu estresse, seja pela falta de reconhecimento, pela sobrecarga de trabalho, pela falta de autonomia ou pela falta de sentido. Terceiro, ela favorece a construção de novos sentidos e projetos para a vida profissional e pessoal, resgatando a motivação e o prazer pelo trabalho.

Burnout: Como a psicanálise pode ajudar?

O burnout é uma síndrome que afeta milhões de profissionais no mundo todo, causando esgotamento físico, mental e emocional. Mas como a psicanálise pode ajudar a superar esse problema?

A psicanálise é uma forma de terapia que busca entender os conflitos inconscientes que estão por trás do sofrimento psíquico. Ao conversar com um psicanalista, o paciente pode falar livremente sobre seus sentimentos, pensamentos e experiências relacionados ao trabalho e à vida pessoal.

O psicanalista, por sua vez, escuta com atenção e interpreta as mensagens que o paciente transmite, muitas vezes sem se dar conta. Assim, o paciente pode descobrir as causas do seu estresse, as expectativas frustradas, as cobranças excessivas, os medos e as angústias que o impedem de se sentir satisfeito com o seu trabalho.

Além de compreender os motivos do seu mal-estar, o paciente também pode encontrar novas formas de lidar com ele. A psicanálise ajuda o paciente a resgatar seus desejos, seus valores e seus projetos, dando um novo sentido à sua vida profissional e pessoal. Com isso, o paciente pode recuperar sua motivação, sua criatividade e seu prazer pelo trabalho.

Portanto, se você se sente cansado, desanimado e sem propósito no trabalho, não deixe de buscar ajuda profissional. A psicanálise pode ser uma ferramenta valiosa para enfrentar o burnout e restaurar sua saúde e bem-estar.

Se você se identifica com os sintomas do burnout, não hesite em procurar ajuda profissional. A psicanálise pode ser uma aliada poderosa para superar essa síndrome e recuperar sua saúde e bem-estar.

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Pessoas transformadas em objetos – Objetificação e Psicanálise

Ser considerado um objeto, uma coisa. Isso é o que acontece com muitas pessoas, infelizmente. E eu acho curioso que em espanhol o termo para objetificação é “coisificação” (cosificación). É como se a pessoa se tornasse um objeto, um produto, uma mercadoria que pode ser comprada, usada e descartada, quando perder sua função ou uso.

E é verdade que geralmente quando se fala nesse assunto, se pensa em mulheres que são transformadas em objetos, graças a ações machistas de outras pessoas. Mas, na verdade, qualquer pessoa pode ser transformada em objeto, ou “coisa”. Nesse artigo quero comentar alguns aspectos sobre o comportamento de uma pessoa que se sente “coisificada” por alguém.

Como é uma pessoa objetificada?

Para responder essa pergunta, quero que pensemos em um objeto qualquer. Por exemplo, uma caneta. Uma caneta é um objeto, tem sua função (escrever e as outras é preciso usar a imaginação), tem um preço e um prazo de validade.

Bem, assim funciona quando uma pessoa foi transformada em objeto.

  • Cumpre uma função: você deve cumprir uma missão, como oferecer algo como sexo, trabalhos domésticos, serviços gerais de reparação ou outros serviços.
  • Tem um preço: você pode receber algo “como pagamento” de seus serviços, como bens materiais, dinheiro ou a troca por outros objetos.
  • Tem data de validade: com o tempo, pode ser que você perca sua “função” como objeto, se tornando “obsoleto.” E aí você pode ser substituído facilmente.
  • Interesses humanos são desvalorizados: afinal, como objeto, a pessoa não precisa sentir, não precisa desejar. Por isso, a opinião, desejos e sonhos da pessoa-objeto são geralmente ignorados ou vistos como sem importância para o relacionamento.

Como vivemos em uma sociedade marcada pelo machismo, é mais comum saber de casos em que as mulheres são transformadas em objeto, tanto por homens como por outras mulheres também. Mas homens também podem e são objetificados e também crianças infelizmente muitas vezes também.

O “objeto” na Psicanálise

Quero comentar que neste artigo, não me refiro ao termo “objeto” na Psicanálise.

Na psicanálise, o termo “objeto” tem um significado específico e abrange várias nuances que desempenham um papel fundamental na compreensão da teoria psicanalítica. De maneira simplificada, o conceito de objeto na psicanálise refere-se a qualquer pessoa, coisa ou conceito que é alvo das pulsões ou desejos do indivíduo. Existem dois tipos principais de objetos na psicanálise: o objeto de amor (ou objeto de desejo) e o objeto de ódio.

  1. Objeto de Amor (Objeto de Desejo): Este é o objeto em relação ao qual o indivíduo direciona seus desejos e afetos positivos. É a pessoa, coisa ou conceito que satisfaz as pulsões e necessidades do indivíduo. Na infância, o primeiro objeto de amor é a mãe, que desempenha um papel central no desenvolvimento emocional da criança. Conforme a pessoa cresce, o objeto de amor pode mudar, mas a importância do desejo em relação a esse objeto permanece como um elemento essencial na psicanálise.
  2. Objeto de Ódio: Assim como o objeto de amor, o objeto de ódio é qualquer coisa que seja alvo de afetos negativos. Pode ser uma pessoa, coisa ou até mesmo partes do self do indivíduo. O ódio pode surgir quando o objeto de amor não satisfaz as necessidades do ego, causando frustração e hostilidade em relação a esse objeto.

Além dessa distinção básica entre objetos de amor e objetos de ódio, também temos em psicanálise diferentes tipos de objetos com base em sua função e significado. Alguns exemplos incluem:

  • Objeto Real: Refere-se a objetos físicos no mundo externo, como pessoas, coisas ou situações reais.
  • Objeto Imaginário: Refere-se a objetos criados pela imaginação do indivíduo, muitas vezes associados a fantasias ou idealizações.
  • Objeto Simbólico: Este objeto é carregado de significado cultural e simbólico. Exemplos incluem símbolos religiosos, conceitos morais e valores sociais.

O conceito de objeto na psicanálise desempenha um papel fundamental na teoria das relações de objeto, que explora como os relacionamentos e as interações com esses objetos afetam o desenvolvimento psicológico e emocional do indivíduo. Através da análise das relações de objeto, os psicanalistas buscam compreender como os padrões de desejo, amor e ódio em relação a esses objetos moldam a psicologia do indivíduo e influenciam seu comportamento e suas escolhas ao longo da vida.

Mas, como comentei, aqui o sentido é mais literal. É quando um ser humano é tratado quase que literalmente como se fosse um objeto inanimado, uma mercadoria. É como se uma pessoa se tornasse um objeto real e com tratamento de objeto.

Como se comporta uma pessoa que foi objetificada

Uma pessoa que foi convertida em um objeto geralmente perde sua identidade, pode se sentir que mais do que fazer parte de algo, de uma comunidade por exemplo, ela é parte do cenário dessa comunidade, como se fosse um quadro numa parede ou um vaso de flores em uma mesa.

E por isso ela pode se sentir sem valor real, sem voz e sem necessidade de ter isso. Mas em alguns casos, a pessoa, de maneira inconsciente “aceita” a objetificação e acaba se comportando como um objeto, reduzindo-se ao que um objeto geralmente possui: preço, validade, função e pouco valor como ser humano.

Pessoas não são apenas corpos, nádegas ou beleza. Pessoas não são troféis para serem expostas como tal. Nem são máquinas que atendem a nossos desejos. Não são brinquedos.

A objetivação de pessoas é um fenômeno que consiste em tratar os indivíduos como objetos, desconsiderando seus sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades.
Uma das possíveis causas da objetivação de pessoas é a falta de reconhecimento do outro como um sujeito autônomo e singular, que possui uma história, uma subjetividade e uma liberdade. Essa falta de reconhecimento pode estar relacionada com a dificuldade de lidar com a alteridade, ou seja, com o fato de que o outro é diferente de mim e tem uma perspectiva própria sobre o mundo. Nesse sentido, o outro é sempre um enigma, um mistério, que escapa à minha compreensão total e que me desafia a questionar as minhas certezas e verdades. O outro é também aquele que me olha, que me julga, que me deseja ou que me rejeita, e que, portanto, afeta a minha autoimagem e a minha autoestima.
Outra possível causa da objetivação de pessoas é a projeção de aspectos inconscientes do próprio sujeito sobre o outro, como forma de negar ou evitar o confronto com esses aspectos. A projeção é um mecanismo de defesa que consiste em atribuir ao outro aquilo que não se quer reconhecer em si mesmo, como sentimentos, impulsos, fantasias ou conflitos.O inconsciente é uma instância psíquica que guarda os conteúdos reprimidos pela consciência, mas que busca se manifestar através de diversos modos, como os sonhos, os atos falhos, os sintomas ou as formações do inconsciente. Ao projetar no outro o que é seu, o sujeito reduz o outro a um espelho de si mesmo, ignorando a sua singularidade e complexidade.

Consequências da objetivação

As consequências da objetivação de pessoas podem ser graves tanto para quem objetiva quanto para quem é objetivado. Para quem objetiva, há o risco de perder a capacidade de se relacionar de forma genuína e empática com o outro, de se fechar em um narcisismo e em uma alienação, de não conseguir desenvolver a sua própria identidade e subjetividade. Para quem é objetivado, há o risco de sofrer violências físicas ou psicológicas, de ter a sua dignidade e os seus direitos violados, de se sentir desvalorizado e inferiorizado, de desenvolver sentimentos de culpa, vergonha ou ódio.
A psicanálise pode ajudar a prevenir e a superar a objetivação de pessoas, através do processo terapêutico que visa promover o autoconhecimento, a elaboração dos conflitos inconscientes, a ressignificação das experiências traumáticas e a construção de novas formas de se relacionar consigo mesmo e com o outro. A terapia também pode contribuir para a educação e para a cultura, através da divulgação dos seus conceitos e da sua ética, que valoriza a singularidade do sujeito, o respeito à diferença e à alteridade, e a responsabilidade pelo desejo.

Pessoas não são coisas

Nenhum ser humano é uma mera coisa. Nunca aceite ser transformado em objeto, você é muito mais do que isso.

E se você sente que foi transformado em objeto ou que tem a tendência de transformar pessoas em objetos, procure ajuda. A terapia psicanalítica é excelente para que você passe a se conhecer melhor, se empoderar e se libertar desse tipo de prisão.

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 Entre psicanálise e existencialismo: a estruturação da personalidade sob condição 2:

 O sujeito da psicanálise: particularidades na contemporaneidade