a man talking to his upset partner

Terapia de Casal: Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

Será que estou em um relacionamento abusivo? Muitas pessoas se fazem essa pergunta ao perceberem certas situações em seu relacionamento que cada vez mais causam preocupação. Por outro lado, outras pessoas normalizaram o abuso na relação e acreditam que o que estão sofrendo é de certa forma “normal”.

Por esse motivo, esse artigo vai comentar algumas características que podem indicar que uma pessoa está vivendo um romance abusivo. Quero deixar claro que não é preciso que em um relacionamento, todos os pontos comentados sejam vistos.

O amor, em sua essência, deve ser um refúgio seguro, um porto acolhedor onde a felicidade e o respeito florescem. No entanto, a realidade nem sempre se encaixa nesse ideal. Em alguns casos, relacionamentos mascarados de afeto podem esconder teias de abuso, aprisionando a alma em um ciclo de dor e sofrimento.

Se você se encontra questionando a saúde do seu relacionamento, este artigo serve como um guia para te auxiliar na árdua tarefa de identificar se está em um relacionamento abusivo. Abordaremos os sinais mais comuns, as diferentes formas de abuso e os passos necessários para se libertar dessa situação complexa.

Compreendendo o Abuso: Um Panorama Multifacetado

O abuso em relacionamentos vai além da violência física e não se limita a um único gênero. Homens também podem ser vítimas de abuso, sofrendo em silêncio as mesmas dores e angústias que assombram mulheres nessa situação. É crucial desconstruir estereótipos de gênero e reconhecer que o abuso pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua identidade. Ele pode se manifestar de diversas maneiras, nem sempre de forma explícita, o que torna sua identificação ainda mais desafiadora.

relacionamento abusivo

Assim como no caso das mulheres, o abuso em relacionamentos masculinos pode se manifestar de diversas maneiras, incluindo:

1. Controle Exagerado: O parceiro abusivo tenta ditar cada passo da sua vida, controlando suas escolhas, desde roupas e amigos até atividades e locais frequentados. Ciúmes possessivo, invasão de privacidade e constantes cobranças são sinais que indicam um desejo patológico de poder sobre você. Esse controle exagerado muitas vezes é interpretado como “excesso de cuidado” ou de amor. Com o tempo, a pessoa se sente cansada e até esgotada emocionalmente e não entende o motivo.

2. Isolamento: O abusador busca te afastar de sua rede de apoio, familiares e amigos, criando um ambiente de dependência emocional e dificultando seu acesso a ajuda externa. Isolamento social, críticas constantes a seus relacionamentos e sabotagem de seus contatos são ferramentas utilizadas para te manter sob controle. Geralmente, essa pessoa procura fazer com que todos os demais parecam inimigos e que somente ele (ou ela) pode dar proteção e apoio.

3. Agressão Verbal e Humilhação: Insultos, xingamentos, palavras depreciativas e comentários sarcásticos são armas utilizadas para minar sua autoestima e te fazer sentir inferior. O objetivo é te destruir emocionalmente, te fazendo questionar seu valor e capacidade. Nesse caso, o abuso se torna bem evidente.

4. Manipulação e Chantagem: O parceiro abusivo se torna especialista em manipular suas emoções, utilizando culpa, promessas falsas e ameaças para te manter sob controle. Chantagem emocional, chantagem financeira e distorção da realidade são táticas comuns para te manter em um relacionamento tóxico. Essa situação muitas vezes ocorre quando a parte abusadora tem uma renda maior que a parte abusada e decide usar isso para ameaçar e condicionar a outra pessoa a fazer o que ele (ou ela) quer. Pode ser também que o abusador(a) diga que é uma pessoa sensível e que por essa razão, a outra pessoa não pode nunca deixar ele, pois ele “morreria” sem ela(ou ele).

5. Violência Física: A agressão física, embora não seja a única forma de abuso, é a mais evidente e devastadora. Empurrões, tapas, chutes, socos e até mesmo homicídios são crimes que não podem ser tolerados.

Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

Identificar um relacionamento abusivo pode ser um processo complexo e doloroso. As vítimas muitas vezes são envoltas em um ciclo de manipulação e autoculpa, o que dificulta a percepção da realidade. No entanto, alguns sinais podem te ajudar a reconhecer se está em uma situação perigosa:

  • Medo constante: Você tem medo do seu parceiro e do que ele pode fazer? Sente-se inseguro(a) e acuada em sua presença?
  • Autoestima baixa: Você se sente inferior, incapaz e sem valor? Acredita que merece ser tratada da maneira que o seu parceiro a trata?
  • Isolamento social: Você se afastou de amigos e familiares por causa do seu relacionamento? Sente-se sozinha e sem apoio?
  • Negação da realidade: Você minimiza ou justifica o comportamento abusivo do seu parceiro? Acredita que ele vai mudar?
  • Dependência emocional: Você se sente completamente dependente do seu parceiro, tanto emocional quanto financeiramente? Acha que não consegue viver sem ele?

Se você se identificou com alguns desses sinais, é importante buscar ajuda profissional e apoio emocional. Lembre-se, você não está sozinho(a)!

Rompendo o Ciclo: Caminhando em Direção à Cura

Sair de um relacionamento abusivo é um processo desafiador, mas possível. É importante ter em mente que você não é culpada(o) pela situação e que merece ser feliz e amada(o) em um relacionamento saudável e respeitoso.

1. Reconheça o Abuso: O primeiro passo é reconhecer que você está em um relacionamento abusivo. Isso pode ser difícil, mas é fundamental para que você possa começar o processo de cura.

2. Busque Apoio: Converse com amigos, familiares ou profissionais de confiança. Existem diversas instituições e órgãos especializados que podem te oferecer suporte e orientação.

3. Aja com coragem: Isso não é fácil de fazer, principalmente se a parte que abusa costuma agir com violência. Mas é importante que você faça algo para resolver essa situação. Se há violência física, existem meios legais de se tratar isso. Se você é vitima de violência, procure a polícia e denuncie.

4. Diga não: Se você perceber que o abuso que está sofrendo não inclui violência física, talvez você queira ter conversas com seu par de uma maneira franca. Nessas conversas, você vai deixar claro que já não irá aceitar certos comportamentos. E quando perceber que seu par está te pedindo para fazer algo abusivo, diga não. Novamente, esse passo aqui serve apenas em alguns casos. Nem sempre uma pessoa abusadora irá aceitar ser limitada.

5. Procure ajuda profissional: Com certeza, sair de um relacionamento, mesmo abusivo, é dificil. E mesmo que a questão não seja solucionada com uma separação, buscar apoio emocional é muito importante. Você precisa estar forte em sentido emocional para lidar com isso. Se precisar de ajuda, CLIQUE AQUI.

Espero que este artigo tenha te ajudado de alguma forma. Se precisar de mais ajuda, não duvide em me procurar.

man in black suit sitting on chair in front of man in black suit

O Papel da Empatia na Psicoterapia

A empatia desempenha um papel crucial na prática da psicoterapia. Nós, como psicanalistas, reconhecemos que a habilidade de nos colocarmos na posição do outro e entender suas emoções e pontos de vista é vital para criar um vínculo terapêutico que seja tanto saudável quanto efetivo.

A empatia, habilidade fundamental na psicoterapia, consiste na capacidade de compreender e partilhar dos sentimentos e experiências do outro, mesmo sem vivenciá-los diretamente. No contexto terapêutico, o terapeuta empático busca entrar no mundo interior do cliente, captando suas perspectivas, emoções e motivações.

A Importância da Empatia na Psicoterapia

A empatia permite que o terapeuta crie um ambiente seguro e acolhedor, no qual o paciente se sinta compreendido e confortável para explorar suas emoções e experiências mais profundas. Quando o paciente percebe que seu terapeuta está realmente ouvindo e entendendo seu sofrimento, ele se sente mais disposto a se abrir e a confiar no processo terapêutico.

Além disso, a empatia ajuda o terapeuta a identificar padrões de pensamento e comportamento do paciente, permitindo uma compreensão mais profunda de suas dinâmicas psicológicas. Essa compreensão empática é fundamental para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas eficazes, que possam realmente atender às necessidades únicas de cada indivíduo.

Cultivando a Empatia na Prática Clínica

Como psicanalistas, entendemos que a empatia não é apenas uma habilidade, mas também uma atitude fundamental que deve ser constantemente cultivada e refinada. Isso envolve:

  1. Escuta Ativa: Estar plenamente presente e atento às palavras, emoções e nuances do paciente, sem julgamentos ou distrações.
  2. Curiosidade Genuína: Manter uma atitude de interesse e fascínio pelas experiências do paciente, buscando compreendê-las em profundidade.
  3. Suspensão de Julgamentos: Evitar fazer suposições ou tirar conclusões precipitadas, mantendo uma mente aberta e receptiva.
  4. Reflexão e Autoconhecimento: Estar atento aos próprios sentimentos, preconceitos e limitações, de modo a evitar que eles interfiram na compreensão empática do paciente.

A empatia é um pilar fundamental da psicoterapia psicanalítica. Ao nos colocarmos no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos e perspectivas, podemos estabelecer uma relação terapêutica saudável e eficaz, que permita ao paciente explorar suas emoções e experiências de forma segura e acolhedora. Cultivar a empatia é, portanto, uma tarefa essencial para todo psicanalista comprometido com o bem-estar e o desenvolvimento de seus pacientes.

woman in black leather jacket sitting on brown wooden floor

Ansiedade: o mecanismo do medo. Psicanálise Aplicada

As Garras da Ansiedade

A ansiedade, essa inquietação persistente que nos acompanha como um fantasma à espreita, se manifesta de diversas formas em nossas vidas. Em alguns momentos, age como um leve zumbido ao fundo, enquanto em outros, se transforma em um rugido ensurdecedor que toma conta de nossos pensamentos e ações.

Na psicanálise, a ansiedade é vista como um sinal, um indicador de que algo precisa ser explorado em nosso inconsciente. Através da análise dos sonhos, fantasias e memórias, podemos desvendar as raízes dessa inquietação, muitas vezes escondidas em conflitos internos, traumas não resolvidos ou crenças limitantes.

Na psicanálise, a ansiedade é frequentemente associada ao medo. Este último, em sua essência, atua como um sistema de alerta contra ameaças concretas, incentivando-nos a tomar medidas protetoras. Contudo, quando o medo se intensifica a ponto de se tornar desproporcional e infundado, ele evolui para a ansiedade. Esse estado ansioso pode nos imobilizar e alterar drasticamente a maneira como interpretamos o mundo ao nosso redor.

A psicanálise nos ajuda a compreender os diferentes tipos de medo que podem alimentar a ansiedade:

  • Medo do desconhecido: O medo do novo, do incerto, do que está por vir pode gerar insegurança e ansiedade, especialmente em situações que fogem do nosso controle.
  • Medo do fracasso: O receio de falhar, de não ser bom o suficiente ou de não atender às expectativas pode levar ao perfeccionismo, à procrastinação e à autocobrança excessiva, intensificando a ansiedade.
  • Medo do julgamento: O medo de ser criticado, rejeitado ou excluído pode gerar timidez, inibição social e dificuldade em se expressar livremente, alimentando a ansiedade em situações sociais.
  • Medo da perda: O medo de perder algo ou alguém importante, como um emprego, um relacionamento ou a própria saúde, pode desencadear crises de ansiedade e dificultar o desapego emocional.

Ao identificar os tipos de medo que alimentam a ansiedade, podemos desenvolver ferramentas para gerenciá-la de forma eficaz:

  • Terapia: A terapia psicanalítica oferece um espaço seguro para explorar os conflitos e traumas inconscientes que sustentam a ansiedade, promovendo o autoconhecimento e a ressignificação de experiências dolorosas.
  • Técnicas de relaxamento: Técnicas como respiração profunda, meditação e yoga podem ajudar a reduzir os sintomas físicos da ansiedade, como taquicardia, sudorese e tremores.
  • Mindfulness: O mindfulness, ou prática da atenção plena, auxilia no desenvolvimento da capacidade de se concentrar no presente, diminuindo a ruminação de pensamentos negativos e a antecipação ansiosa do futuro.
  • Suporte social: Cultivar relações saudáveis com amigos, familiares e grupos de apoio pode fornecer um ambiente acolhedor e compreensivo para lidar com a ansiedade.

Lembre-se: a ansiedade não precisa ser uma prisão. Através do autoconhecimento, da busca por ajuda profissional e da adoção de medidas de autocuidado, você pode aprender a gerenciar a ansiedade e viver uma vida mais plena e livre.

woman sitting in front of macbook

Ansiedade no trabalho: o que fazer? Psicanálise Aplicada

Ansiedade no trabalho: uma rotina comum

No caos do ambiente corporativo, a ansiedade aparece frequentemente como um espectro, atormentando o cotidiano de inúmeros profissionais. Prazos rigorosos, objetivos ambiciosos, pressões intensas e a perene impressão de estar sempre em evidência podem desencadear crises que afetam não só a eficiência no trabalho, mas também a saúde mental e a qualidade de vida.

A psicanálise, nesse cenário, oferece lentes valiosas para desvendar as raízes da ansiedade no trabalho e traçar um caminho para gerenciá-la de forma eficaz. Através da exploração do inconsciente, podemos identificar conflitos internos, padrões repetitivos de comportamento e crenças limitantes que alimentam a ansiedade, muitas vezes disfarçada sob a forma de medo, insegurança e perfeccionismo.

Ao embarcar em um processo psicanalítico, o indivíduo se depara com a oportunidade de:

  • Descobrir as origens da ansiedade: Através da análise de sonhos, fantasias e memórias, é possível identificar as experiências que moldaram a relação do indivíduo com o trabalho e consigo mesmo, revelando as bases inconscientes da ansiedade.
  • Compreender os mecanismos de defesa: A psicanálise ajuda a identificar os mecanismos de defesa utilizados pelo indivíduo para lidar com a angústia no trabalho, como procrastinação, negação ou projeção. Ao reconhecê-los, é possível desenvolver ferramentas mais saudáveis para gerenciar o estresse.
  • Ressignificar crenças limitantes: Muitas vezes, a ansiedade é alimentada por crenças negativas sobre si mesmo ou sobre o ambiente de trabalho. A psicanálise auxilia na reavaliação dessas crenças, permitindo a construção de uma perspectiva mais positiva e realista.
  • Fortalecer o autoconhecimento: Através do autoconhecimento, o indivíduo desenvolve uma maior compreensão de seus valores, necessidades e limites, o que o torna mais apto a lidar com as demandas do trabalho de forma equilibrada.
  • Aprimorar as relações interpessoais: A psicanálise também contribui para a melhora das relações interpessoais no trabalho, promovendo a comunicação assertiva, a empatia e a resolução de conflitos de forma saudável.

Dicas para gerenciar a ansiedade no trabalho:

  • Identifique seus gatilhos: Preste atenção às situações, pessoas ou tarefas que desencadeiam a ansiedade. Essa percepção é fundamental para desenvolver estratégias de enfrentamento.
  • Estabeleça limites claros: Separe o trabalho da vida pessoal. Evite levar trabalho para casa ou checar e-mails fora do horário de expediente.
  • Organize-se e planeje suas tarefas: A organização e o planejamento podem reduzir a sensação de sobrecarga e controle sobre as demandas do trabalho.
  • Faça pausas regulares: Levante-se, caminhe, alongue-se ou faça uma breve meditação para aliviar a tensão física e mental.
  • Pratique técnicas de relaxamento: A respiração profunda, a yoga e a meditação podem ser ferramentas eficazes para controlar a ansiedade.
  • Busque apoio social: Converse com amigos, familiares ou colegas de trabalho sobre suas dificuldades. Compartilhar suas experiências pode ser reconfortante e trazer novas perspectivas.
  • Procure ajuda profissional: Se a ansiedade estiver interferindo significativamente em sua vida profissional ou pessoal, um psicólogo ou psicanalista pode te auxiliar a desenvolver um plano de tratamento individualizado.

Lembre-se: a ansiedade no trabalho não precisa ser uma sentença. Ao buscar ajuda profissional e se dedicar ao autoconhecimento, você poderá navegar pelos desafios do mundo corporativo com mais leveza, confiança e plenitude.

a man sitting in front of a laptop beside an upset woman

Por que “brincalhões” podem se tornar agressivos? Psicanálise Aplicada

Por que o brincalhão se torna um vulcão em erupção quando cobrado?

Em nosso dia a dia, encontramos diversos tipos de personalidades. Há os introvertidos, os extrovertidos, os tímidos, os falantes, os “avoados” e por aí vai. Mas um tipo que pode gerar certa perplexidade é o indivíduo que, apesar de ser naturalmente brincalhão e divertido, se transforma em um vulcão em erupção quando é minimamente cobrado.

Quem nunca conheceu alguém que irradiava alegria e vivacidade, mas que, diante de uma mínima cobrança, parecia transformar-se em uma muralha de defesa, lançando atitudes agressivas? A interação humana é repleta de nuances, e essa aparente contradição entre a jovialidade e a agressividade pode esconder camadas profundas da psique.

burnout agende sua consulta

Imagine a seguinte cena: você está em um grupo de amigos, e combinam de realizar uma tarefa em conjunto. Ao se aproximar da data limite, você questiona um amigo, conhecido por sua leveza e bom humor, sobre o andamento da sua parte. De repente, o clima muda completamente. A resposta, antes amistosa, torna-se ríspida e defensiva. Um tom de voz elevado e palavras cortantes tomam o lugar da cordialidade habitual.

O que faz com que o “Sr. Alegria” se transforme no “Sr. Estresse” em um piscar de olhos?

Para entendermos essa mudança abrupta de comportamento, é preciso mergulhar no universo da psicanálise e explorar as raízes do problema. Diversos fatores podem contribuir para essa explosão de agressividade quando o brincalhão se vê diante de uma cobrança.

1. Inseguranças camufladas:

Por trás da máscara da alegria e da descontração, pode se esconder um indivíduo inseguro e com baixa autoestima. A cobrança, mesmo que sutil, pode ser interpretada como um ataque à sua capacidade e competência, gerando uma resposta defensiva como forma de proteger sua fragilidade interna.

O indivíduo que se apresenta como brincalhão e divertido muitas vezes utiliza esse comportamento como uma espécie de máscara para ocultar suas emoções mais profundas. Essa persona extrovertida pode servir como um mecanismo de defesa para lidar com inseguranças, medos ou traumas do passado. Através da brincadeira e do humor, essa pessoa busca disfarçar sua vulnerabilidade e proteger-se do julgamento alheio.

Exemplo: Imagine o João, o “palhaço” da turma. Ele está sempre contando piadas e fazendo todos rirem. Mas, no fundo, ele se sente inferior aos amigos e tem medo de ser rejeitado. Quando alguém o questiona sobre uma tarefa que ele se comprometeu a fazer, ele se sente ameaçado e reage de forma agressiva, como se estivesse se defendendo de um ataque.

2. Frustração: o monstro de olhos azuis:

A vida adulta é repleta de responsabilidades e prazos. Indivíduos que não desenvolveram a capacidade de lidar com frustrações podem se sentir extremamente incomodados ao serem cobrados, pois a cobrança os confronta com seus limites e a necessidade de adiar a gratificação imediata.

Exemplo: A Maria é a “rainha da organização”. Ela sempre faz tudo certinho e no prazo. Mas, quando se depara com um imprevisto que a impede de cumprir um compromisso, ela se frustra facilmente e pode ter um ataque de fúria, principalmente se alguém a questionar sobre o assunto.

3. Infância e cobranças excessivas: fantasmas do passado:

As raízes do problema podem estar na infância. Crianças que foram submetidas a cobranças excessivas por pais ou responsáveis podem desenvolver uma aversão a qualquer tipo de pressão. Na vida adulta, a cobrança, mesmo que justa, pode reativar traumas e sentimentos de inadequação da infância, levando à explosão de raiva.

Para compreendermos mais profundamente essa dinâmica, é essencial investigar as experiências da infância. Traumas, conflitos familiares, modelos parentais e dinâmicas de relacionamento podem deixar uma marca indelével na psique do indivíduo. Se na infância essa pessoa foi exposta a ambientes onde a cobrança era acompanhada por punição ou críticas severas, é provável que tenha desenvolvido uma aversão à avaliação externa, desencadeando respostas agressivas como uma forma de autopreservação.

Exemplo: O Pedro sempre foi o “queridinho” da professora. Ele era obrigado a tirar boas notas e ser o melhor em tudo. Essa pressão constante o deixou com sequelas. Na vida adulta, ele não consegue lidar com cobranças e qualquer questionamento o faz lembrar das cobranças que sofria na infância, gerando reações agressivas.

4. Falta de assertividade: um cabo de guerra na comunicação:

A comunicação assertiva é fundamental para uma boa relação interpessoal. Indivíduos que não dominam essa habilidade podem se sentir acuados quando cobrados, pois não sabem como expressar seus sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa. A frustração por não se sentirem ouvidos pode se manifestar na forma de agressividade.

Exemplo: A Ana é uma pessoa muito tímida. Ela tem dificuldade em se expressar e dizer o que pensa. Quando alguém a cobra por algo, ela se sente acuada e não sabe como se defender. Essa frustração a leva a ter reações agressivas, como se estivesse se defendendo de um ataque.

O que fazer para domar esse vulcão?

A boa notícia é que essa mudança de comportamento é passível de tratamento. Através da psicanálise, o indivíduo pode:

  • Descobrir as raízes de suas inseguranças e desenvolver sua autoestima, se tornando mais confiante em suas capacidades;
  • Aprender a lidar com frustrações de forma mais saudável, desenvolvendo resiliência e tolerância à decepção;
  • Reconhecer e trabalhar traumas da infância, libertando-se dos fantasmas do passado.
  • Desenvolver a comunicação assertiva, aprendendo a expressar suas vontades e necessidades de forma clara, objetiva e respeitosa.

Além da psicanálise, algumas dicas podem ajudar o próprio indivíduo a domar o seu vulcão interno:

  • Autoconhecimento: Faça uma reflexão sobre si mesmo. Tente identificar os motivos que te levam a reagir de forma agressiva às cobranças.
  • Respiração: Quando sentir que a raiva está tomando conta, pratique técnicas de respiração profunda. Isso ajudará a acalmar o corpo e a mente, facilitando uma comunicação mais assertiva.
  • Empatia: Tente se colocar no lugar da pessoa que está te cobrando. Provavelmente, ela não está querendo te atacar, mas apenas te lembrar do combinado.
  • Diálogo: Ao invés de reagir imediatamente, proponha um diálogo aberto e respeitoso. Explique suas dificuldades e tente negociar prazos e expectativas.

Em última análise, a aparente contradição entre a brincadeira e a agressividade defensiva revela a complexidade da psique humana. Ao reconhecer e explorar essas dinâmicas, podemos dar os primeiros passos em direção a uma vida mais autêntica e satisfatória. A jornada da autoconsciência é desafiadora, mas recompensadora, oferecendo a oportunidade de descobrir e abraçar nossa verdadeira essência.

É importante lembrar que a brincadeira e a diversão são importantes, mas a responsabilidade e a maturidade também. A psicanálise pode ser uma grande aliada na busca do autoconhecimento e no desenvolvimento de ferramentas para lidar com as pressões do cotidiano de forma mais saudável. Ao domar o “vulcão interior”, o “Sr. Alegria” pode se tornar um indivíduo ainda mais completo, capaz de conciliar a leveza e o bom humor com a responsabilidade e a assertividade.

man s hand in shallow focus and grayscale photography

Por que há pessoas que querem ajudar todo mundo, menos elas mesmas? Psicanálise Aplicada

Você sabe por que em um avião, numa emergência, quando caem as máscaras de oxigênio a instrução é colocar a máscara primeiro em você e depois em uma criança? Porque temos que estar bem para poder cuidar de outros.

Pode parecer egoísta isso, mas às vezes levamos tanta carga que não nos pertence que faz com que nem nos cuidemos, nem conseguimos cuidar de outros. Para que você possa ajudar alguém, primeiro precisa se cuidar. Analise. Quê cargas que não te pertencem você está levando?

Quando queremos “abraçar o mundo”

Pode ser que uma pessoa queira tanto ajudar as pessoas que no final, deixa de lado por completo seus interesses pessoais em nome de ajudar outros. Claro, é nobre ajudar as pessoas, mas o que pode levar uma pessoa a deixar de realizar seus próprios sonhos, satisfazer desejos pessoais e até cuidar de sua vida para poder ajudar outras pessoas, querendo “abraçar” a causa de todas as pessoas que puder?

O Desejo de Agradar e Ser Aceito:

Um dos aspectos que podem levar uma pessoa a querer ajudar a todos ao seu redor, ao custo de sua própria autenticidade e bem-estar, é o desejo profundo de agradar e ser aceito pelos outros. Indivíduos que enfrentam inseguranças ou carregam uma necessidade intensa de validação podem se encontrar em um ciclo constante de buscar a aprovação externa, muitas vezes sacrificando o autocuidado no processo.

burnout agende sua consulta

Exemplo: Maria, uma cuidadora dedicada, sempre se esforça para atender às expectativas dos outros em sua vida pessoal e profissional, mas raramente reserva tempo para suas próprias necessidades emocionais e até mesmo físicas. Apesar de ser jovem, até mesmo seu aspecto físico pode comunicar a ideia de que ela é muito mais velha do que realmente é. Está sempre levando pessoas de um lado a outro, conseguindo remédios, médicos, ajudando pessoas a conseguirem um emprego, preparando comida para outras pessoas, emprestando dinheiro…Sua vida parece existir para atender a necessidades alheias.

A Negação das Próprias Necessidades:

Em psicanálise, existe o conceito de mecanismos de defesa do ego e um deles se chama negação. Aqueles que se dedicam excessivamente aos outros podem, inconscientemente, negar ou minimizar suas próprias necessidades, evitando o confronto com suas ansiedades internas. Ao ajudar outras pessoas, essa pessoa tem a sensação de que isso vai evitar que ela se concentre em detalhes de sua vida que ela prefere deixar de lado.

Exemplo: João, um terapeuta altruísta, constantemente desvia a atenção de suas próprias preocupações emocionais, focando exclusivamente nos problemas dos seus pacientes. João faz isso porque ele tem a sensação de que se ele ajudar seus pacientes, ele não precisará prestar atenção a suas próprias angústias. Algo bem ruim, já que é muito importante que todo analista esteja ele próprio sempre em análise, tanto para lidar com suas angústias, como também para lidar com a carga emocional transferencial que ocorre por ele lidar diariamente com as angústias de seus pacientes.

A Sensação de Culpa:

A sensação de culpa pode ser um poderoso motivador por trás do comportamento do cuidador altruísta. A ideia de colocar as próprias necessidades em primeiro plano pode ser acompanhada por sentimentos de egoísmo, o que, por sua vez, impulsiona a pessoa a continuar priorizando os outros. A pessoa pode pensar que se ela se concentrar em se cuidar ou atender a seus desejos, isso pode ser visto como egoísmo de sua parte.

Exemplo: Ana, uma assistente social dedicada, sente uma forte culpa ao considerar reservar tempo para si mesma, convencida de que há sempre alguém que precisa mais dela.

Ajudar outros para compensar supostos erros

Há pessoas que estão sempre ajudando aos demais simplesmente porque ela sente que cometeu ou que comete erros que precisam ser “pagos” com ajuda a outras pessoas. Essa pessoa pode ter em seu passado lembranças que a fazem se sentir culpada. Ou pode ser que ela acredite ter defeitos muito ruins, que precisam ser compensados com atos de generosidade.

Exemplo: Paula nunca conseguiu superar a perda de seu filho, ela acredita ter parte da culpa pela morte dele. Por isso, ela dedica sua vida para ajudar outras pessoas, fazendo disso sua missão de vida.

Cuide de si, para poder cuidar de outros

Quero comentar que é sim, muito importante ajudar as pessoas. Isso certamente faz muito bem para todos, inclusive você. O ponto aqui é que não devemos deixar de lado nosso autocuidado para cuidar de outras pessoas. Se nós decidirmos cuidar tanto de outros a ponto de descuidar de nossa vida, iremos nos prejudicar muito a mêdio e longo prazo.

É importante ouvir a nossos desejos também. E analisar se esses desejos valem a pena.

O fenômeno do cuidador altruísta é complexo, envolvendo uma interação intricada de fatores psicológicos e emocionais. A abordagem psicanalítica oferece ferramentas valiosas para desvendar esses padrões de comportamento, promovendo uma compreensão mais profunda do eu e, por conseguinte, possibilitando um equilíbrio mais saudável entre o cuidado pelos outros e o autocuidado.

red roses close up photography

Pessoas manipuladoras: saiba o que é a prática do “breadcrumbing.”

Há uma música do Cazuza que diz em parte: “raspas e restos me interessam.” Neste artigo, vamos falar um pouco sobre pessoas que gostam de nos oferecer essas “raspas e restos”. Na era digital, as pessoas têm acesso a uma ampla gama de plataformas e aplicativos de namoro online que lhes permitem se conectar com outras pessoas de forma rápida e conveniente. No entanto, essa facilidade de conexão também levou a comportamentos manipuladores e dissimulados nos relacionamentos.

Além disso, nossa maneira de nos comunicar mudou, hoje é muito mais fácil mandar mensagens rápidas por meio de aplicativos como o WhatsApp por exemplo. Você pode estar totalmente sem ânimo ou vontade de conversar, mas graças aos emojis e figurinhas, você pode transmitir um interesse intenso pela outra pessoa, sem que isso seja exatamente o que você sente.

Uma das formas em que pessoas são manipuladas em relacionamentos é o fenômeno conhecido como “breadcrumbing”. Neste artigo, vamos explorar o que é o breadcrumbing, como ele afeta as pessoas envolvidas e como lidar com essa situação.

O que é breadcrumbing?

Breadcrumbing é um termo usado para descrever o comportamento manipulativo em relacionamentos, no qual uma pessoa envia sinais de interesse ou afeto sem ter uma verdadeira intenção de se comprometer. É como se estivessem jogando migalhas de pão para manter a outra pessoa interessada, mas sem oferecer um relacionamento real.

O termo “migalha de pão” vem da conhecida história de Hansel e Gretel (que no Brasil são chamados de “João e Maria”), em que os personagens deixam migalhas de pão para marcar o caminho de volta para casa. Da mesma forma, no contexto dos relacionamentos, esse comportamento tóxico envolve deixar pistas ou sinais de interesse para manter a outra pessoa emocionalmente engajada, mas sem ter a intenção de estabelecer um relacionamento comprometido.Ezoico

Em outras palavras, a pessoa joga com os sentimentos da vítima.

Como são os praticantes de breadcrumbing

Pessoas que praticam o breadcrumbing, conhecidas como breadcrumbers, geralmente têm personalidades narcisistas. Afinal, o narcisista precisa se sentir adorado o tempo todo, precisa de ter pessoas que enalteçam seus grandes feitos ou sua pessoa. E, ao deixar falsas pistas de interesse sentimental por outras pessoas, eles mantêm uma ou até algumas pessoas em constante interesse por ele (ou ela). Dessa forma, eles podem se sentir sempre em evidência.

Além disso essas pessoas podem ter autoestima ou problemas emocionais, e precisam atrair e prender a atenção dos outros para aumentar sua autoestima. Esse comportamento de monitoramento e atenção também foi observado em outros comportamentos semelhantes, como o ghosting (basicamente quando uma pessoa abandona um relacionamento, simplesmente desaparecendo e ignorando a outra parte).

Os “migalhas de pão” desfrutam da atenção e do poder que recebem ao manter a outra pessoa interessada sem ter que se comprometer emocionalmente. Eles gostam de manter suas vítimas em um estado de incerteza e dependência emocional, o que lhes dá uma sensação de controle e poder sobre o relacionamento.

El modus operandi del breadcrumber

O breadcrumber intencionalmente deixa um rastro de migalhas de pão ao longo do caminho para um encontro que nunca acontecerá. Esse comportamento está associado à comunicação esporádica e descompromissada para manter viva a esperança e o interesse em um relacionamento. Os migalhas de pão não querem se comprometer com ninguém, mas gostam de atenção e manter suas vítimas interessadas, gerando uma dependência de se sentirem interessantes e atraentes no mundo do namoro. Importante mencionar que esse comportamento, apesar de ser facilitado pelas redes sociais, pode acontecer também fora da internet, quando uma pessoa dá pequenos sinais de interesse em alguém, sem permitir que um relacionamento realmente aconteça.

O rapaz pode enviar mensagens, fazer ligações ocasionais ou interagir nas redes sociais de forma intermitente para manter a outra pessoa emocionalmente engajada. No entanto, evita ter conversas sérias sobre o futuro do relacionamento ou assumir um compromisso real. O principal objetivo do breadcrumber é manter a outra pessoa interessada sem ter que assumir qualquer responsabilidade emocional.

Os perigos do breadcrumbing

A prática do breadcrumbing pode ter consequências negativas para as pessoas que o vivenciam. Pode levar a sentimentos de culpa, ansiedade e luto nas vítimas. A incerteza constante e a falta de compromisso podem causar um grande estresse emocional e atrapalhar o processo de cura e crescimento pessoal após o término do relacionamento (que sempre foi suposto, nunca real).

As vítimas de breadcrumbing sentem-se muitas vezes confusas e desvalorizadas. Eles podem questionar seu próprio valor e autoestima, pois o comportamento do breadcrumber os faz acreditar que eles não são importantes o suficiente ou dignos de um relacionamento comprometido. Além disso, o contato intermitente e manipulador pode dificultar a superação do relacionamento e seguir em frente.

Quem foi vítima desse tipo de comportamento pode simplesmente achar que não tem valor como pessoa e que não é “boa o suficiente” para se relacionar com ninguém, inclusive, pode pensar que o mais indicado é que ela permaneça sem ter relacionamentos, porque “estraga tudo” em algum momento.

Como lidar com o breadcrumbing

Se você se encontra em uma situação parecida com o que está sendo descrita nesse artigo, é importante reconhecê-la e tomar medidas para se proteger emocionalmente. Veja algumas dicas para lidar com esse tipo de comportamento tóxico:

1. Reconheça os sinais

Eduque-se sobre os sinais de breadcrumbing e reconheça quando você está sendo submetido a esse comportamento. Preste atenção na falta de engajamento e comunicações esporádicas. Se você notar um padrão de mensagens intermitentes e evasivas sobre o futuro do relacionamento, você pode ser vítima de breadcrumbing.

Se a pessoa que você acredita que está demonstrando interesse em você sempre desconversa quando você dá a entender que gostaria de ter um relacionamento formal com ele ou ela, ou sempre cria motivos para dizer que “ainda não é o melhor momento” ou te diz algo sobre “preparar o caminho” melhor para assumir um algo a mais, essa pessoa pode estar simplesmente fugindo de um relacionamento de verdade.

2. Estabeleça limites

Não deixe que alguém o mantenha em um estado de incerteza e confusão. Estabeleça limites claros e comunique suas expectativas de um relacionamento comprometido e sincero. Se a outra pessoa não está disposta a se comprometer ou não demonstra um interesse genuíno em você, considere se afastar desse relacionamento. Lembre-se que você merece um relacionamento saudável e respeitoso.

Pode ser realmente complicado fazer isso, principalmente se você já está nutrindo fantasias românticas com essa pessoa, pensando por exemplo, que ela realmente tem interesse em você, mas que lhe falta algo para que esse relacionamento evolua para algo mais sério. Não caia nessa armadilha!

Afinal, se essa pessoa realmente tem interese em você, por que está tão relutante? O que supostamente a faz duvidar de entrar nesse relacionamento?

3. Valorize seu bem-estar

Lembre-se que você merece um relacionamento saudável e respeitoso. Não se contente com migalhas de atenção e carinho. Priorize seu próprio bem-estar emocional e busque relacionamentos que lhe tragam realização e felicidade. Não menospreze a si mesmo ou se contente com menos do que merece.

Pode ser que uma pessoa esteja interessada em ter um relacionamento com você, mas talvez esteja relutante por motivos justos. Por exemplo, essa pessoa pode ter dúvidas se existe um interesse verdadeiro de sua parte, pode ser que seja um possível primeiro relacionamento e essa pessoa se sinta realmente insegura para iniciar ou outro motivo justo.

E por isso é muito importante que você tenha uma conversa franca e aberta com essa pessoa, diga a ela exatamente quais são seus interesses com ela. Faça essa pessoa saber que você tem interesse em iniciar um relacionamento e que você viu que aparentemente ela também tem esse interesse. Se nesse momento ela der respostas evasivas, respostas pouco diretas ou peça para que o relacionamento atual entre vocês continue como está, ligue o alerta de breadcrumbing.

4. Comunique suas necessidades

Expresse seus sentimentos e necessidades de forma clara e direta. Se a outra pessoa não está disposta a se comprometer ou não demonstra um interesse genuíno em você, é importante comunicar isso. Não tenha medo de expressar suas expectativas e buscar um relacionamento que seja mutuamente satisfatório.

Novamente, é preciso dizer: certamente é difícil dar um corte a um relacionamento em que supomos que existe interesse romântico. Mas veja algo positivo: se a outra pessoa realmente tiver interesse verdadeiro em você e ver que você realmente quer algo sério e não vai continuar nesse jogo de receber migalhas de atenção, pode ser que essa pessoa mude de atitude e entre de vez no relacionamento sério que você quer.

5. Busque ajuda

Se você se sente preso(a) numa situação de breadcrumbing, procure ajuda e apoio de amigos e familiares que se importam com você. Você pode precisar do consolo e apoio da parte deles. Além disso, caso esse relacionamento abusivo te tenha afetado emocionalmente de uma maneira em que você sente que te está afetando mais do que pensava, não hesite em procurar ajuda profissional.

A terapia pode te ajudar a colocar seus sentimentos no lugar, te ajudar com sua autoestima e te ajuda a entender o que houve e como se fortalecer emocionalmente para, num futuro e se você quiser, encontrar a pessoa certa para você.

Abuso emocional está “na moda”

O breadcrumbing é um fenômeno que pode causar danos emocionais e confusão nos relacionamentos. Infelizmente, está muito “na moda” comportamentos abusivos nas relações românticas. É importante reconhecer os sinais e tomar medidas para se proteger emocionalmente. Ninguém merece ser tratado como opção ou receber migalhas de atenção e carinho. Todos merecem um relacionamento comprometido, sincero, onde se sintam valorizados e respeitados.

Você deve priorizar seu próprio bem-estar e buscar relacionamentos saudáveis e satisfatórios. Não tenha medo de estabelecer limites e comunicar suas necessidades. Valorize-se e busque um relacionamento que lhe traga felicidade e realização.

Preguntas frecuentes

1. Como saber se alguém está fazendo breadcumbing comigo?

Alguns sinais incluem comunicação esporádica (porém constante), falta de compromisso e evitar conversas sérias sobre o relacionamento. Ao mesmo tempo que a pessoa te dá alguns sinais de interesse, quem sabe por sempre estar elogiando algo em sua aparência ou falar de alguma qualidade que você tem de maneira muito entusiasta, ela foge da conversa quando essa conversa se torna muito comprometedora. Se você está em dúvida, é importante se comunicar abertamente com a outra pessoa e expressar suas expectativas.Ezoico

2. O breadcumbing só acontece em relacionamentos amorosos?

Embora o breadcumbing seja mais comum em relacionamentos românticos, também pode ocorrer em amizades ou relacionamentos familiares. O padrão de enviar sinais mistos e manter a outra pessoa interessada sem se comprometer pode se manifestar em diferentes tipos de relacionamentos.

3. ¿Cómo puedo superar el dolor emocional causado por el breadcrumbing?

Superar a dor emocional causada pelo breadcumbing pode levar tempo. É importante buscar apoio emocional de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental. Também é útil focar no autocuidado e em atividades que lhe tragam alegria e bem-estar.

4. É possível que o breadcumbing evolua para um relacionamento comprometido?

Em alguns casos, uma pessoa que pratica o breadcrumbing pode eventualmente decidir se comprometer com um relacionamento. No entanto, é importante avaliar se essa pessoa demonstrou uma mudança genuína em seu comportamento e se está realmente disposta a se comprometer. Ezoico

5. Como posso evitar cair no padrão de breadcumbing em meus próprios relacionamentos?

Para evitar cair no padrão de desmoronamento de pão em seus próprios relacionamentos, é importante ser honesto e claro em suas intenções desde o início. Comunique suas expectativas e busque relacionamentos baseados na sinceridade e no compromisso uns com os outros.

Avalie bem também como você tem tratado pessoas que talvez possam estar pensando que você tem interesse romântico nelas. Você pode estar praticando o breadcumbing sem perceber. Num artigo futuro, vamos abordar como podemos identificar se estamos praticando o breadcumbing.

Quer conversar comigo? CLIQUE AQUI.

girl in blue hoodie playing a computer video game

Gaming e Narcisismo: quando um gamer é narcisista? Psicanálise Aplicada

Em primeiro lugar, preciso dizer a você que está lendo este artigo que eu me considero um “gamer”(pessoa que joga jogos eletrônicos periodicamente). E não vejo nada de errado em querer se divertir no mundo de aventuras que nos oferece os jogos eletrônicos. O ponto aqui é saber quando passamos do ponto do agradável e positivo e entramos no território do narcisismo.

O mundo dos jogos eletrônicos, um ambiente virtual repleto de desafios, competições e interações sociais, tem despertado interesse crescente no âmbito da psicologia, especialmente no que diz respeito às possíveis conexões com traços narcisistas. Vamos explorar como o narcisismo pode se manifestar nesse cenário e como a psicanálise pode oferecer insights valiosos.

Narcisismo: Uma Breve Visão Geral

O narcisismo, conforme definido na psicanálise, é um fenômeno que abrange desde a fase normal do desenvolvimento infantil até formas patológicas. Na infância, é esperado que a criança concentre sua atenção em si mesma antes de desenvolver a capacidade de se relacionar com os outros. No entanto, quando esses traços se tornam excessivos e prejudiciais, podemos estar diante do narcisismo patológico.

O narcisismo, na teoria psicanalítica proposta por Sigmund Freud, é uma fase normal do desenvolvimento infantil. Nessa fase, a criança direciona seu amor e atenção para si mesma, antes de se voltar para os outros. O termo “narcisismo” deriva da mitologia grega, em que Narciso se apaixonou por sua própria imagem refletida na água.

Tipos de Narcisismo:

  1. Narcisismo Primário: Essa é a fase inicial do desenvolvimento, em que o bebê está centrado em suas próprias necessidades e desejos. O bebê vê a mãe como uma extensão de si mesmo, contribuindo para a formação do eu.
  2. Narcisismo Secundário: À medida que a criança cresce, ela desenvolve a capacidade de se relacionar com os outros. No entanto, traços narcisistas podem persistir, e o equilíbrio entre o amor próprio e a consideração pelos outros varia.
  3. Narcisismo Patológico: Quando os traços narcisistas se tornam extremos e prejudiciais, é considerado narcisismo patológico. Isso pode se manifestar como uma falta de empatia, exploração dos outros para atender às próprias necessidades e uma busca incessante por admiração. E há dentro do narcisismo patológico vários variantes, como o narcisismo perverso, narcisismo vulnerável entre outros. Além disso, muitos autores usam outras definições para diversas variações do narcisismo.

Conexões Entre Narcisismo e Gaming:

  1. Busca por Admiração: Muitos jogadores buscam reconhecimento e admiração dentro das comunidades de jogos. Isso pode ser comparado ao narcisismo no sentido de uma busca por validação externa e destaque.

    Falando um pouco mais sobre isso, quero comentar algo que infelizmente é muito comum. Um jogador quando está em um grupo de gamers, procura aumentar ou “maquiar” seus resultados nos games que ele joga, talvez afirmando ter jogado milhares de horas, ter explorado o game de todas as maneiras possíveis e ainda afirmar que a melhor forma de jogar o game é a forma que ele desenvolveu, sendo que segundo ele, quem não jogar como ele afirma ser a forma correta, com certeza é um “amador”. Quando alguém apresenta gravações de seus jogos, ele tenta diminuir o valor ou a relevância da gravação.

    Outra situação acontece quando em uma comunidade nas redes sociais, um gamer procura se intitular com nomes suntuosos, que tentem transformá-lo em praticamente uma entidade do mundo dos games.
  2. Autoimagem Idealizada: A criação de avatares personalizados e a busca por conquistas virtuais podem refletir a construção de uma autoimagem idealizada. Os jogadores podem usar o ambiente virtual para expressar características que desejariam ter na vida real. Esse é um ponto bem interessante. Se nas redes sociais se utiliza comumente fotos perfeitamente editadas para que a pessoa pareça muito mais atraente do que realmente talvez seja, no mundo dos games isso é levado a outro nível. Muitos avatares em games exibem imagens de poder, em alguns casos usando uma foto pessoal editada para parecer uma celebridade ou de certa forma endeusada.
  3. Empatia Reduzida: Em alguns casos, jogadores extremamente focados em suas próprias conquistas podem apresentar uma empatia reduzida em relação aos outros jogadores. Isso se alinha com o narcisismo patológico, que muitas vezes envolve uma falta de consideração pelos sentimentos alheios.
    Isso se evidencia principalmente em comunidades gamer. Existe praticamente uma obsessão em se mostrar os resultados de partidas vitoriosas (as que a pessoa perdeu jamais serão mostradas), muitas vezes, junto com o vídeo da gravação da gameplay, há palavras de desafio ou até de ataque aos adversários derrotados.

A Psicanálise e o Mundo dos Games:

Ao analisar a relação entre narcisismo e gaming, a psicanálise pode oferecer abordagens terapêuticas valiosas. O psicanalista pode explorar as motivações subjacentes por trás do comportamento do jogador, buscando compreender se os traços narcisistas são uma extensão de características mais profundas ou uma expressão temporária no ambiente virtual.

Afinal, é preciso saber a origem desse comportamento. Por que a pessoa faz isso? Será que ela tem problemas com sua autoestima e usa seus resultados no game para compensar esses sentimentos negativos? Teria ela passado por algum momento traumático em algum momento em sua vida, em que ela foi talvez humilhada ou atacada de outra forma? Será que essa pessoa cresceu sendo feita acreditar que ela é merecedora de veneração por parte das outras pessoas? Existem muitas possibilidades. Somente durante terapia podemos entender melhor a pessoa e principalmente ela poderá entender a si mesma.

Tratamento e Reflexão:

O tratamento do narcisismo no contexto dos jogos envolve a análise das dinâmicas pessoais do jogador, buscando entender como o mundo virtual pode influenciar a autoimagem e as interações sociais. A terapia psicanalítica pode auxiliar na promoção de uma compreensão mais equilibrada do eu, incentivando a empatia e o reconhecimento das necessidades dos outros jogadores.

É importante dizer que assim como para muitas outras coisas na vida, o excesso sempre é perigoso. Disfrutar de um game pode ser muito divertido, social e inclusive pode ajudar a desenvolver habilidades. Existem inclusive, estudos que comprovam que essa atividade pode contribuir para nossas capacidades cognitivas. Há outros estudos que mostram até que video-games podem promover melhorar cardíacas em adultos jovens.

Mas o excesso de tempo que uma pessoa passa jogando pode gerar problemas de vários tipos. Ela pode deixar de conviver com amigos e familia, pode deixar de cumprir compromissos importantes e se realmente se tornar vício, pode fazer com que a pessoa não se sinta bem se não jogar todos os dias.

Não seria correto dizer que jogar games eletrônicos faz com que alguém desenvolva algum tipo de narcisismo. Mas uma pessoa que já tenha traços narcisistas pode usar os games como um novo canal para expressar seu narcisismo.

Agora falando sobre o tratamento de uma pessoa narcisista. Isso pode ser uma missão muito difícil, pois de maneira geral, um narcisista jamais admite sua situação. Ao contrário, ao ser confrontado, ele costuma culpar a outros, o sistema, a comunidade, qualquer pessoa, menos ele. E como ele não acredita que precisa de terapia, ele geralmente não procura tratamento, já que em sua mente, ele não precisa.

Reconhecer sua situação é certamente o primeiro passo. Isso abre as portas para que um processo terapêutico possa acontecer. Durante a terapia, a pessoa irá descobrir os motivos que levaram ela a desenvolver certos comportamentos e isso a ajudará a tomar boas decisões em sua vida, inclusive para corrigir comportamentos que ela entenda que podem prejudicar ela e outras pessoas.

Em última análise, a relação entre narcisismo e gaming é complexa e multifacetada. Enquanto alguns jogadores podem expressar traços narcisistas de forma moderada e inofensiva, outros podem apresentar comportamentos mais preocupantes. A psicanálise oferece uma lente valiosa para entender essas dinâmicas e orientar o tratamento, promovendo um equilíbrio saudável entre a autoexpressão virtual e as relações sociais no mundo real.

Quer falar comigo? CLIQUE AQUI.

Fontes bibliográficas:

Rivero, T. S., Querino, E. H. G., & Starling-Alves, I. (2012). Videogame: seu impacto na atenção, percepção e funções executivas. Neuropsicologia Latinoamericana4(3).

Brito-Gomes, J. L. D., Perrier-Melo, R. J., Brito, A. D. F., & Costa, M. D. C. (2018). Videogames ativos promovem benefícios cardiovasculares em adultos jovens? Ensaio clínico randomizado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte40(1), 62-69.

unrecognizable woman having argument with upset female

Culpa e Responsabilidade: um olhar Psicanalítico

É muito comum que as pessoas confundam culpa com responsabilidade e responsabilidade com culpa. Qual a diferença? Vamos entender, neste artigo, como funcionam tanto a culpa como a responsabilidade, especialmente quando coisas ruins acontecem.

Culpa: a dívida

Quando falamos em culpa, podemos imaginar uma pessoa que tem uma dívida a pagar. Até que ela pague essa dívida, ela terá esse peso, essa “culpa”.

A culpa é um sentimento que pode surgir após uma pessoa julgar a si mesma por um comportamento passado. Segundo a psicanálise, a culpa está presente na estrutura do desejo humano e pode se manifestar de múltiplas formas, que vão do remorso à neurose. O sentimento de culpa foi tratado com grande propriedade por Freud, que o destacou como o grande problema do desenvolvimento da civilização e como atributo do inconsciente que se articula com a angústia.

Freud também associou o sentimento de culpa ao complexo de Édipo, visto aqui como fonte desse sentimento e posteriormente na formação do supereu, momento em que se aproximam culpa e angústia. A análise freudiana sobre o sentimento de culpa revela que a forma como este projeto se articula em nossa civilização termina por engendrar o mal-estar.

Embora a culpa possa ser um sentimento difícil de lidar, é importante lembrar que ela pode ser um sinal de que algo não está certo e que pode ser necessário fazer mudanças em nossas vidas. A psicanálise pode ajudar a compreender melhor a culpa e a lidar com ela de maneira mais saudável.

burnout agende sua consulta

Saber que cometemos um erro pode ser algo que certamente representa um peso em nós. E realmente, o problema nem é sentir esse peso, mas saber como lidar com ele. Imagine que você tem algo bem pesado para levar para algum lugar. O que você fará? Você pode tentar acomodar o peso de forma que seja mais prático levá-lo, pode usar alguma ferramenta para lhe ajudar a levar o peso e pode até mesmo, ficar parado no lugar sem se mover. E é aí que entra a responsabilidade.

Responsabilidade: a ação

Voltemos ao exemplo do transporte do objeto pesado. O objeto representa a culpa, o peso de algo. A responsabilidade é quando decidimos nos mover, levar esse peso para algum local e de preferência, deixá-lo por lá.

A responsabilidade envolve exatamente isso, agir. Vou dar um exemplo para que possamos entender a diferença entre responsabilidade e culpa.

Pense em uma loja. Agora, nessa loja, entra um pai e seu filho pequeno. O pai tenta manter seu filho sempre perto dele, para que o filho não se meta em problemas. Mas, em um momento, o filho consegue escapar doo pai e sai correndo, derrubando no caminho uma TV, que cai no chão e quebra. Então, o pai conversa com seu filho, diz que ele fez algo ruim e explica a situação. Em seguida, o pai se propõe a pagar pela TV quebrada.

O que aprendemos? Nesse pequeno exemplo, a culpa é do menino que fez a travessura. Mas a responsabilidade foi do pai, que pagou a TV. A culpa é a carga que o menino tem ao ter feito algo errado. Mas, no caso dele, por ser criança e não ter condições de assumir a responsabilidade pelo que fez, o pai assume esse papel e assim também a responsabilidade pela travessura do filho.

Dessa forma, vemos que nem sempre quem tem a culpa, tem a responsabilidade.

Culpa versus Responsabilidade

Agora, quero que você pense em outra situação. Imagine uma pessoa que sofre abuso verbal em seu ambiente de trabalho. Um colega de trabalho constantemente faz comentários maldosos sobre essa pessoa, atacando por exemplo, sua aparência.

De quem é a culpa por essa agressão? Certamente que nao é a vítima dela! Mas é aí que entra um ponto muito importante: mesmo que nao tenhamos culpa por algo ruim, podemos sempre (e devemos) assumir a responsabilidade. Como assim?

Essa pessoa que sofre esse abuso em seu trabalho nao tem a culpa por sofrer ele. Mas ela pode fazer algo a respeito. Ela pode por exemplo, denunciar a pessoa abusadora para a gerência, pode tentar resolver o problema diretamente com o abusador, tentando entender o motivo do abuso, pode tentar mudar de setor ou até mesmo, mudar de trabalho. Há muitas possibilidades envolvidas.

Veja que mesmo a pessoa nao tendo culpa, ela assumiu a responsabilidade pelo problema. Nós podemos estar passando por situações muito difíceis, podemos nao ter a culpa por essa situação, mas sempre podemos assumir a responsabilidade de melhorar essas situações.

Psicanálise culpa as pessoas pelos seus atos?

Já vi muita gente dizendo que com o tratamento psicanalítico, a pessoa é “culpada” pelos seus atos. Mas isso nao é bem verdade.

O tratamento psicanalítico nos ajuda a entender nao necessariamente nossa culpa em alguma coisa, mas sim o grau de nossa RESPONSABILIDADE em resolver o assunto. Nos ajuda a ser responsáveis pelo que nos acontece, dessa forma, tomando atitudes que poderão nos retirar desses apertos.

Quem sofreu uma agressão de qualquer tipo, quem foi vítima de algo ruim, pode nao ter a culpa por isso. Mas com o tratamento psicanalítico, a pessoa vai entender que apesar de ela nao ter a culpa pelo que aconteceu, ela sempre pode assumir a responsabilidade de resolver a questão e se sentir melhor. E sempre será uma escolha dela, uma decisão dela.

Nós, psicanalistas jamais fazemos juízos de valor de qualquer acontecimento, fala, gesto ou qualquer ação que pessoas que se consultam conosco realizem. O objetivo da terapia jamais é julgar, ao contrário, é acolher, receber. É hospitalidade mental!

Quer falar comigo? CLIQUE AQUI.

bearded handsome man holding a clipboard

Medo de dizer o que pensa? Leia isso. Psicanálise Aplicada


Expressar a opinião é uma habilidade essencial para a vida em sociedade. É por meio da comunicação que nos relacionamos com os outros, compartilhamos ideias e construímos consensos. No entanto, algumas pessoas têm dificuldade em expressar suas opiniões, seja por medo de julgamento, de rejeição ou de conflito.

O que leva ao medo de expressar a opinião?

O inconsciente é a parte da mente que contém os pensamentos, sentimentos e memórias que estão fora do nosso alcance consciente. A psicanálise acredita que o inconsciente é um lugar de impulsos, desejos e conflitos que podem ter um impacto significativo em nosso comportamento, mesmo quando não estamos conscientes deles.

burnout agende sua consulta

O medo de expressar a opinião pode ser visto como um sintoma de um conflito inconsciente. A pessoa que tem medo de expressar sua opinião pode estar reprimindo pensamentos ou sentimentos que são considerados inaceitáveis ou perigosos. Vou dar alguns exemplos de situações e vivências que podem contribuir para que uma pessoa tenha dificuldades em se expressar livremente:

Autoritarismo dos pais: é importante dizer que há uma grande diferença entre autoridade e autoritário. Uma pessoa autoritária usa a intimidação para para impor suas opiniões e vontades. Geralmente, essas pessoas precisam gritar ou ameaçar para que os demais as obedeçam. Conhece alguém assim?

Por outro lado, uma pessoa que é uma autoridade não precisa de se impor. O que ela propõe geralmente é respeitado, pois os demais a veem como alguém que sabe o que está fazendo e reconhecem que é uma boa ideia seguir o que ela está propondo. Por outro lado, essa pessoa que é uma autoridade também valoriza as ideias dos demais, dessa forma, facilitando a comunicação e uma melhor tomada de decisões.

Quando uma criança cresce em um ambiente em que apenas deve obedecer “porque sim” e praticamente tudo o que ela pede ou propõe é visto como bobagem, ou como algo sem importância, ela pode crescer pensando que suas ideias não têm importância, o que é muito triste. Adulta, essa criança talvez evite propor ideias, pois pode pensar que sempre a outra pessoa terá melhores ideias.

Bullying: geralmente, quando se fala em bullying, as pessoas imaginam um grupo de crianças atacando verbalmente a uma outra criança. E sim, isso tem a ver com bullying realmente. Mas infelizmente, não é somente crianças e adolescentes que podem comenter bullying. Adultos também fazem isso e com grande frequência, muitas vezes disfarçando o ataque como uma “brincadeira”.

Pais, irmãos e outros parentes podem fazer “brincadeiras” com partes do corpo de uma criança, como as orelhas, a cabeça ou alguma característica de sua personalidade, como ser muito calado ou não ter muitas habilidades manuais, por exemplo. Isso vai destruindo a autoconfiança da criança, que a cada dia pensa que tem menos valor como pessoa. Com o passar do tempo, essa criança pode desenvolver um temor a se expressar, por achar que como ela não tem valor como pessoa, suas ideias tampouco terão.

Essa é talvez a mais cruel forma de bullying, pois geralmente ela é disfarçada de brincadeira ou até mesmo, como uma demonstração de “carinho”. Há crianças que, por tentarem se defender desse tipo de ataque, são vistas como “rebeldes” o que piora a situação.

Capacidades de comunicação diferentes: se uma pessoa têm capacidade de comunicação diferente, por exemplo, gagueira, problemas nos orgãos da fala ou padece de algum problema mental, ela pode desenvolver um receio de querer se comunicar, pensando que ninguém vai dar atenção para o que ela disser.

Existem diversos motivos que podem levar uma pessoa a ter medo de expressar sua opinião. Alguns dos mais comuns são:

  • Medo de rejeição: muitas pessoas têm medo de ser rejeitadas ou criticadas se expressarem suas opiniões, especialmente se essas opiniões forem diferentes das da maioria.
  • Medo de julgamento: o medo de ser julgado também é um fator que pode impedir as pessoas de expressarem suas opiniões. Algumas pessoas têm receio de ser julgadas por suas crenças, valores ou ideias.
  • Medo de conflito: o medo de conflito também pode levar as pessoas a evitar expressar suas opiniões. Algumas pessoas têm receio de causar brigas ou discussões se expressarem suas opiniões, especialmente se essas opiniões forem controversas.

Consequências do medo de expressar a opinião

O medo de expressar a opinião pode ter consequências negativas para a vida das pessoas. Algumas das consequências mais comuns são:

  • Dificuldade de se relacionar com os outros: pessoas que têm medo de expressar suas opiniões podem ter dificuldade de se relacionar com os outros, pois não conseguem compartilhar suas ideias e pontos de vista. Quando a pessoa se casar, pode ter grandes problemas com seu cônjuge, pois poderá simplesmente não se expressar, deixar que o outro decida tudo e quando sua opinião for pedida, a pessoa vai tentar se desviar disso. Com o tempo, essa pessoa vai acabar sendo vista como alguém que não quer se comunicar ou até mesmo o cônjuge pode começar a pensar que o outro não o ama ou não tem interesse nela ou nele. E claro, isso pode prejudicar o relacionamento.
  • Repressão de emoções: o medo de expressar a opinião também pode levar as pessoas a reprimir suas emoções, o que pode causar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Freud em uma ocasião comentou que os sentimentos não expressados sempre voltam de uma maneira terrível. Isso pode ser refletido de muitas maneiras, inclusive com sintomas psicossomáticos como dores de estômago, por exemplo.
  • Perda de oportunidades: pessoas que têm medo de expressar suas opiniões podem perder oportunidades de crescimento pessoal e profissional, pois não conseguem se posicionar e defender seus interesses.
    Nos relacionamentos amoros, pode ser que uma pessoa nunca consiga expressar seus sentimentos para outra pessoa, deixando de criar um relacionamento. Até mesmo no trabalho, a pessoa pode perder oportunidades de uma melhora em seu trabalho se tiver receio de expressar suas ideias.

Como superar o medo de expressar a opinião?

Superar o medo de expressar a opinião é um processo que requer tempo e esforço. Algumas dicas que podem ajudar são:

  • Comece aos poucos:Uma forma de se tornar mais assertivo é ir aos poucos, sem se forçar a situações muito desafiadoras logo de cara. Você pode começar por falar o que pensa em contextos mais tranquilos e familiares, e depois ir ampliando sua confiança para outras situações mais complexas.
  • Pratique a comunicação: Uma forma de aprimorar a expressão oral e a defesa dos seus pontos de vista é praticar a fala em situações diversas. Busque momentos em que possa se expor diante de uma plateia ou entrar em discussões construtivas. E sim, pode ser que no começo essa tarefa seja muito difícil de fazer, mas vale muito a pena se esforçar. Também, esteja preparado para ouvir ideias contrárias as suas, afinal, ninguém é obrigado a pensar exatamente como nós. Pense nas diferenças de opinião como uma maneira de aperfeiçoar sua linha de raciocínio.
  • Busque ajuda profissional: se o medo de expressar a opinião estiver causando problemas significativos na sua vida, procure ajuda profissional. Um terapeuta pode ajudá-lo a identificar as causas do seu medo e desenvolver estratégias para superá-lo.

É possível vencer!

Expressar a opinião é um desafio para muitas pessoas que sentem medo de serem julgadas, rejeitadas ou incompreendidas. Essa questão complexa pode ter origens diversas, como traumas, inseguranças ou falta de confiança. Porém, é possível superar esse medo com prática e dedicação. Expressar a opinião é uma forma de se comunicar melhor, fortalecer os vínculos, conhecer a si mesmo e afirmar seus valores.

Quer falar comigo? CLIQUE AQUI.