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Por que Algumas Pessoas Sentem que Têm “Dedo Podre” para Escolher Namorado(a)? Um Olhar Psicanalítico

“Tenho o dedo podre para relacionamentos”

Muitas pessoas, ao refletirem sobre suas escolhas amorosas, usam a expressão “dedo podre” para descrever sua tendência de escolher parceiros que as fazem sofrer ou as maltratam emocionalmente. Essa sensação de repetição de padrões prejudiciais nos relacionamentos, à luz da psicanálise, pode estar relacionada a processos inconscientes que moldam nossas escolhas, frequentemente enraizados em experiências anteriores de vida. Este artigo busca explorar os motivos psicológicos e emocionais por trás dessa tendência, com base nos princípios da teoria psicanalítica.

A Escolha Amorosa: Um Processo Inconsciente?

De acordo com Freud (1912), grande parte do que nos motiva a agir, sentir e pensar não é consciente. Ou seja, muitas das nossas escolhas são influenciadas por processos inconscientes, que remontam a experiências precoces da infância, especialmente no ambiente familiar. Nesse contexto, a escolha amorosa pode ser uma tentativa inconsciente de reviver e corrigir dinâmicas familiares mal resolvidas.

Por exemplo, uma pessoa que cresceu em um ambiente onde o afeto era escasso ou condicionado pode, sem perceber, buscar parceiros que reforcem essas mesmas dinâmicas, como uma forma de tentar resolver esse “débito emocional” da infância. A repetição de relacionamentos insatisfatórios, então, pode ser interpretada como uma repetição de um padrão afetivo mal resolvido. Em psicanálise, isso é conhecido como “compulsão à repetição”, um fenômeno em que o indivíduo, ao invés de evitar a dor, tende a recriá-la na esperança de, desta vez, conseguir resolvê-la (Freud, 1914).

Vinculações Precoce e Modelos de Apego

A teoria do apego, desenvolvida por John Bowlby (1990), complementa essa visão ao sugerir que as experiências de vínculo com os cuidadores na infância moldam nossos “modelos internos de apego”. Esses modelos servem como base para as expectativas e comportamentos em relacionamentos futuros. Indivíduos que tiveram vínculos inseguros com seus cuidadores – caracterizados por abandono, rejeição ou imprevisibilidade – podem desenvolver um modelo interno de apego ansioso ou evitativo. Isso os leva, na vida adulta, a buscar inconscientemente parceiros que reforçam essas dinâmicas emocionais, ainda que isso traga sofrimento.

terapia de casal

Nesse sentido, o “dedo podre” pode estar relacionado a um padrão de apego ansioso, no qual a pessoa se sente atraída por parceiros que oscilam entre proximidade e distância emocional. Isso mantém o indivíduo em um ciclo de busca por afeto, seguido por frustração e dor. Este ciclo pode ser difícil de romper, pois existe uma expectativa inconsciente de que o parceiro problemático possa, em algum momento, fornecer o afeto que nunca foi plenamente dado na infância.

Baixa Autoestima e Padrões de Escolha

Além das influências inconscientes, a baixa autoestima também pode desempenhar um papel significativo na escolha de parceiros problemáticos. Quando uma pessoa tem uma imagem negativa de si mesma, pode acreditar, inconscientemente, que não merece ser tratada com respeito e amor. Nesse cenário, o indivíduo pode aceitar relacionamentos onde é maltratado ou desvalorizado, pois isso reforça sua própria crença de que não é digno de afeto. Este padrão pode ser perpetuado ao longo do tempo, com o indivíduo atraindo repetidamente parceiros que validam essa autoimagem negativa (Luz, 2013).

Na visão de Melanie Klein (1991), uma das teóricas psicanalíticas mais influentes, as experiências infantis de frustração e abandono podem ser internalizadas na forma de objetos internos negativos, o que significa que a pessoa desenvolve uma expectativa inconsciente de que será sempre decepcionada nos relacionamentos. Assim, a baixa autoestima se torna um fator de atração por parceiros que reencenam essas experiências frustrantes.

A Complexidade dos Vínculos Tóxicos

Relações amorosas tóxicas podem ser emocionalmente intensas, o que pode criar uma falsa sensação de profundidade ou “paixão”. Do ponto de vista psicanalítico, essas emoções intensas podem estar ligadas ao narcisismo, em que o sofrimento e a dor são inconscientemente buscados como forma de confirmação da própria identidade e de sua capacidade de suportar o sofrimento (Quinet, 2007). Em algumas pessoas, essa busca por relações intensas está enraizada no medo de vínculos amorosos mais estáveis e saudáveis, que são vistos como entediantes ou desafiadores para o narcisismo.

Essa dinâmica pode ser confundida com paixão, quando na verdade é uma recriação de uma ferida emocional não curada. É possível que o indivíduo, sem perceber, busque parceiros que ativem suas inseguranças e ansiedades profundas, pois isso traz uma sensação de familiaridade emocional, ainda que dolorosa.

Rompendo o Ciclo: O Papel da Psicanálise

Para aqueles que sentem que têm o “dedo podre”, a psicanálise pode ser uma ferramenta valiosa para romper o ciclo de padrões prejudiciais de escolha. O processo analítico permite que o indivíduo explore os desejos inconscientes, os traumas não resolvidos e os padrões de repetição, trazendo à consciência os motivos subjacentes de suas escolhas amorosas. Com esse insight, torna-se possível não apenas compreender, mas também transformar esses padrões.

A psicanálise ajuda a pessoa a identificar a origem de suas expectativas inconscientes, desafiando crenças antigas sobre o amor e a si mesmo. Ao reconhecer os padrões repetitivos e a compulsão à repetição, o indivíduo pode gradualmente abrir espaço para novos tipos de relacionamentos, mais saudáveis e satisfatórios (Birman, 1999).

É possível construir relacionamentos saudáveis

A sensação de ter o “dedo podre” na escolha de parceiros não é um reflexo de azar ou destino, mas sim de processos inconscientes profundos que moldam nossas escolhas amorosas. Entender as raízes desses padrões por meio da psicanálise é o primeiro passo para quebrar o ciclo e construir relacionamentos mais saudáveis e equilibrados. A psicanálise oferece uma abordagem poderosa para explorar as dinâmicas inconscientes que governam o amor, permitindo que o indivíduo se liberte de padrões de sofrimento repetitivo e encontre novas possibilidades de vínculo.

Uma vez que entendemos os motivos pelos quais repetimos um padrão indesejado, conseguimos dar um novo significado para eles e isso nos faz sair desse ciclo. E aí estaremos prontos para construir relacionamentos saudáveis.

Referências

Birman, J. (1999). Arquivos do mal-estar e da resistência. Civilização Brasileira.

Freud, S. (1912). Totem e tabu: Algumas concordâncias entre a vida dos homens primitivos e a dos neuróticos (Vol. XIII). Imago.

Freud, S. (1914). Recordar, repetir e elaborar (Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise II). Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. XII. Rio de Janeiro: Imago Editora.

Klein, M. (1991). Amor, culpa e reparação e outros trabalhos (1921-1945). Imago Editora.

Luz, A. S. (2013). Psicanálise e relações amorosas: O desejo e suas manifestações na escolha do parceiro. Editora Juruá.

Quinet, A. (2007). A descoberta do inconsciente: História da psicanálise. Zahar.

Bowlby, J. (1990). Uma base segura: Aplicações clínicas da teoria do apego. Martins Fontes.

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A Psicanálise “morreu”? Sobre a força da Psicanálise

Será que a Psicanálise está morrendo ou já morreu?

Acredito que desde sempre, as pessoas gostam de anunciar a “morte” tanto de pessoas como de ideias, coisas, ferramentas, etc. O Silvio Santos, por exemplo, que faleceu recentemente. Quem acompanha as redes sociais sabe a enorme quantidade de vezes que a morte dele foi anunciada, tanto em sites caça-visualizações, como em postagens de fofocas, por vários anos, antes da morte dele. Quem trabalha com marketing por exemplo, já deve ter visto pessoas publicarem, principalmente em redes sociais, que o “e-mail morreu”, ou que “websites morreram”. Claro, essas pessoas que anunciam a morte dessas ferramentas geralmente fazem isso porque querem te vender a ferramenta delas.

Algo que observo nesses “matadores” de coisas e pessoas é que sempre que eles querem “matar” algo ou alguém é com um objetivo secundário: o que ganhar algo com isso. O pessoal de sites de fofoca duvidosos como comentei, estão sempre criando manchetes dando a entender que uma pessoa famosa morreu, com o interesse que receber visualizações. Esses sites recebem dinheiro quando pessoas clicam em anúncios que exibem, portanto precisam receber muitas visualizações. Já outros anunciam a “morte” de alguma ferramenta para poder vender outra no lugar. O interesse sempre é ganhar algo!

E o mesmo acontece, já por mais de um século, com a Psicanálise. A princípio, médicos eram contra a Psicanálise (muitos dos quais tratavam transtornos mentais de maneiras extremamente cruéis ). Depois, quando surgiram os primeiros Psicólogos Clínicos, as críticas continuaram, pois agora eles também viam a Psicanálise como uma concorrência à Psicologia. Está parecendo estranho para você ler esse parágrafo? Bem, vale lembrar que quando Freud e seus alunos já atendiam pessoas em seus divãs, os psicólogos se concentravam em trabalhar em laboratórios. E sim, desde o princípio, Psicanálise e Psicologia eram vistas como sendo disciplinas distintas. Dessa forma, primeiro os médicos e depois psicólogos começaram a atacar a Psicanálise. Mas, claro, havia um ganho escondido por detrás disso (como geralmente há).

Especialmente nos anos 40, várias abordagens foram criadas, curiosamente (mas nem tanto), por ex-psicanalistas que buscavam afirmar pontos que eles acreditavam ser de maior importante em uma psicoterapia. E cada um quer seu “lugar ao sol” não é mesmo? Aí, nos anos 1990, inspirado no movimento da “Medicina baseada em Evidências”, surge o movimento das “Práticas Baseadas em Evidências”, conhecida como PBE, que cada vez mais tem dominado as abordagens psicológicas. E claro, o ataque à Psicanálise veio com tudo junto com esse movimento.

Por que o movimento PBE costuma atacar tanto a Psicanálise?

O objeto de estudo da Psicanálise é o inconsciente das pessoas. Consideramos que cada pessoa é uma subjetividade. Do ponto de vista da psicanálise, subjetividade refere-se à forma única e pessoal com que cada indivíduo vivencia o mundo, a si mesmo e os outros. Ela envolve as emoções, os desejos, os pensamentos e as experiências internas que são construídos ao longo da vida. A subjetividade é formada por fatores inconscientes, como traumas, fantasias, desejos reprimidos e identificações com figuras parentais, além das influências culturais e sociais.

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Para Sigmund Freud, o inconsciente é central na formação da subjetividade. Grande parte da nossa vida psíquica acontece fora da consciência, e são esses elementos inconscientes que moldam a forma como percebemos e respondemos ao mundo. A subjetividade, portanto, é um campo dinâmico e em constante construção, onde conflitos internos, como os entre os impulsos do id (instintos) e as demandas do superego (normas sociais), desempenham um papel importante.

Jacques Lacan, um dos psicanalistas mais influentes após Freud, expandiu essa ideia ao afirmar que a subjetividade é construída pela linguagem e pelos relacionamentos com os outros, em particular pela forma como nos vemos refletidos no desejo do outro. Lacan introduz o conceito de “sujeito dividido”, que sugere que o sujeito nunca tem acesso completo à sua própria subjetividade, pois há sempre algo que escapa à compreensão consciente.

O ponto aqui é: não há um meio para se medir a subjetividade das pessoas, nem mesmo de medir o inconsciente (tarefa que a neurociência tem assumido recentemente). Uma das críticas mais frequentes à PBE é que o foco nas intervenções que podem ser testadas empiricamente reduz a complexidade dos problemas clínicos reais. Os ensaios clínicos controlados randomizados (RCTs), muitas vezes considerados o padrão-ouro nas PBE, ocorrem em condições altamente controladas, que não refletem a realidade dos contextos clínicos cotidianos, onde os pacientes podem ter múltiplos transtornos ou situações de vida complexas (Westen, Novotny, & Thompson-Brenner, 2004).

Outra crítica comum é que as PBE favorecem abordagens que são mais facilmente mensuráveis, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), em detrimento de outras abordagens como a psicanálise ou a terapia humanista. Isso cria um viés no campo da psicoterapia, levando à marginalização de intervenções igualmente eficazes, mas que não se enquadram tão bem nos critérios metodológicos preferidos pela PBE (Leichsenring & Rabung, 2011).

Agora, talvez você esteja vendo o motivo pelo qual muitos profissionais da PBE odeiam a Psicanálise. A Psicanálise não vê o psiquismo humano como uma máquina que pode ser ajustada. Uma visão meramente biológica de algo que tem a ver com a psique humana é algo que psicanalistas deploram completamente. Pelo outro lado, os adeptos da PBE atacam a Psicanálise justamente por causa disso.

A Psicanálise está morrendo?

No Brasil, podemos dizer que, de uma forma ou de outra, é todo o contrário. Além de inúmeras escolas que oferecem cursos de Psicanálise, Associações e outras entidades de classe defendendo a prática psicanalítica, cada vez mais há Universidades oferecendo cursos de Bacharel em Psicanálise, que, apesar de haver muita polêmica sobre isso, ao mesmo tempo dá ainda mais notoriedade à Psicanálise.

E fora do Brasil?

A psicanálise continua a ser ensinada e estudada em diversas universidades e institutos renomados ao redor do mundo, tanto como uma abordagem psicoterapêutica quanto como um campo de pesquisa teórica. A seguir, menciono algumas das universidades e institutos mais importantes:

Universidades e Institutos na Europa

  1. Universidade de Paris (França) – A Sorbonne oferece programas avançados de psicanálise, inclusive doutorados e pesquisas. A França, em particular, mantém um forte legado psicanalítico influenciado por pensadores como Jacques Lacan.
  2. Universidade de Viena (Áustria) – A cidade de Viena, berço da psicanálise com Sigmund Freud, é um centro global para o estudo da psicanálise. A Universidade de Viena possui programas de pós-graduação focados na teoria freudiana.
  3. University College London (UCL) – Reino Unido – A UCL é um importante centro de ensino psicanalítico na Inglaterra. O programa de Psychoanalytic Studies é realizado em parceria com o Instituto de Psicanálise de Londres.
  4. Universidade de Essex (Reino Unido) – A Essex oferece um programa de mestrado e doutorado em Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, em colaboração com o Tavistock and Portman NHS Foundation Trust.
  5. Centro de Estudos Freudianos de Turim (Itália) – Este centro é um exemplo de instituições na Itália que continuam a fomentar o ensino e a pesquisa em psicanálise, especialmente ligadas ao pensamento lacaniano.

Institutos e Universidades nos Estados Unidos

  1. Columbia University (EUA) – O Center for Psychoanalytic Training and Research na Universidade de Columbia é uma das mais antigas e prestigiadas instituições dedicadas ao estudo da psicanálise nos EUA. Oferece um extenso programa de formação em psicanálise.
  2. New York University (EUA) – O Postdoctoral Program in Psychotherapy and Psychoanalysis na NYU é um dos mais reconhecidos nos Estados Unidos, permitindo a formação em psicanálise tanto para acadêmicos quanto para profissionais da saúde mental.
  3. The New School for Social Research (EUA) – Com uma tradição forte em psicologia e ciências sociais, a New School em Nova York oferece cursos e pesquisas centradas na psicanálise e em seu impacto social e cultural.
  4. Boston Psychoanalytic Society and Institute (BPSI) (EUA) – Oferece programas de formação para analistas, além de ter uma presença importante na pesquisa e na disseminação da psicanálise em Boston e na Nova Inglaterra.
  5. Institute for Psychoanalytic Training and Research (IPTAR) (EUA) – Localizado em Nova York, o IPTAR é um dos principais institutos independentes de psicanálise nos Estados Unidos, formando analistas e promovendo a pesquisa psicanalítica.

Essas instituições demonstram que a psicanálise continua a ser relevante tanto academicamente quanto clinicamente, e que seu legado está preservado e em expansão. Muitos desses centros colaboram com associações como a International Psychoanalytical Association (IPA), promovendo o estudo e a prática em um nível global.

Haters gonna hate

Odiadores sempre irão odiar. Por esse motivo, muitos Psicólogos, sob influência de professores que odeiam a Psicanálise, muitas vezes apenas repetem o mesmo discurso requentado de décadas atrás. Ignoram estudos sérios que comprovam a eficácia da Psicanálise, estudos que muitas vezes são feitos em milhares de pessoas.

Outros, no desejo de promover sua abordagem preferida, verão a necessidade de atacar a “concorrência”. E ainda outros irão apenas sentir inveja do prestígio que a Psicanálise tem, já que ninguém diz que “Adler explica” ou “Skinner explica”. Mas as pessoas, mesmo sem saber bem quem ele foi, costumam dizer que “Freud explica.” E isso “explica” muita coisa!

Referências:

  • Garfield, S. L. (1996). Some problems with “validated” forms of psychotherapy. Clinical Psychology: Science and Practice, 3(3), 218-229.
  • Leichsenring, F., & Rabung, S. (2011). Long-term psychodynamic psychotherapy in complex mental disorders: Update of a meta-analysis. British Journal of Psychiatry, 199(1), 15-22.
  • Sue, S. (1998). In search of cultural competence in psychotherapy and counseling. American Psychologist, 53(4), 440.
  • Wampold, B. E., & Imel, Z. E. (2015). The Great Psychotherapy Debate: The Evidence for What Makes Psychotherapy Work. Routledge.
  • Westen, D., Novotny, C. M., & Thompson-Brenner, H. (2004). The empirical status of empirically supported psychotherapies: Assumptions, findings, and reporting in controlled clinical trials. Psychological Bulletin, 130(4), 631.
  • Braunstein, N. (2020). The Current State of Psychoanalysis in Society, Culture and the Clinic. European Journal of Psychoanalysis.Shedler, J. (2010).
  • The Efficacy of Psychodynamic Psychotherapy. American Psychologist, 65(2), 98-109.
  • Institute of Psychoanalysis. (2011). Evidence base of Psychoanalytic Psychotherapy

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Terapia de Casal: como ser um bom par no relacionamento?

Como fazer sua parte para a felicidade do seu relacionamento?

A jornada de um casal, repleta de alegrias e desafios, exige dedicação, compreensão e, acima de tudo, a construção de uma relação sólida. Mas nem sempre um relacionamento se mantém saudável. Às vezes, sentimentos não resolvidos, diferenças culturais e de criação ou outros aspectos fazem com que o relacionamento de um casal enfrente crises durante sua existência. A terapia de casais surge como um porto seguro nesse trajeto, oferecendo ferramentas valiosas para fortalecer o vínculo e superar obstáculos.

Ser um bom par não se resume a um conjunto de regras, mas sim ao cultivo de um amor genuíno e à construção de uma parceria duradoura. Através da terapia, casais podem aprimorar suas habilidades de comunicação, resolver conflitos de maneira eficaz e fortalecer a confiança mútua.

As dicas que você vai ler em seguida não devem ser vistas como uma receita pronta para o sucesso em uma relação, mas certamente contribuem, quando colocadas em uso, para um bom relacionamento a dois.

terapia de casal

Neste guia prático, exploraremos algumas dicas essenciais para se tornar um bom par:

1. Comunicação: a chave para o entendimento

  • Diálogo aberto e honesto: Quer ser um bom namorado ou namorada? Conversem abertamente sobre seus sentimentos, necessidades e expectativas. Escutem com atenção um ao outro, sem julgamentos ou interrupções. Quando nós nos sentimos ouvidos, sentimos que a outra pessoa realmente se importa com nossas opiniões. E se importar é uma forma de amar.
  • Linguagem corporal: A comunicação não verbal também é crucial. Mantenham contato visual, demonstrem interesse genuíno e pratiquem a escuta ativa. Linguagem corporal também tem a ver com a forma em que transmitimos expressões com nosso corpo. Mostrar carinho, atenção, cuidado e amor podem ser feitos com gestos também.
  • Empatia e validação: Esforcem-se para compreender a perspectiva do outro, mesmo que discordem. Validem as emoções um do outro, criando um ambiente seguro para a expressão livre. Esse é um detalhe importante. Nem sempre vocês dois irão estar de acordo em tudo, mas quando houver uma diferença entre vocês, pensar no que o outro sente e dar valor a isso faz muita diferença. E evita brigas também.

2. Resolução de conflitos: construindo pontes em vez de muros

  • Abordagem construtiva: Evitem ataques pessoais e o uso de linguagem acusatória. Foquem no problema em questão e busquem soluções em conjunto. Muitas vezes, os casais tentam ver “quem tem razão” em uma discussão. Mas encontrar o “ganhador” ou ganhadora de uma briga é absolutamente inútil, você não vai ganhar um troféu por isso nem vai resolver o problema, ao contrário, pode acabar piorando-o. Em lugar disso, pense na sua parte de responsabilidade em resolver a questão de uma maneira respeitosa. Assim, os dois ganham.
  • Negociação e compromisso: Estejam dispostos a negociar e encontrar um terreno comum. Façam concessões e busquem soluções que beneficiem a ambos.
  • Perdão e reconciliação: Reconheçam seus erros e peçam desculpas sinceramente. Perdoem um ao outro e sigam em frente, aprendendo com a experiência. Acredite no poder do perdão!

3. Confiança: a base de um relacionamento sólido

  • Honestidade e transparência: Sejam honestos um com o outro, mesmo quando for difícil. Evitem mentiras e segredos que possam abalar a confiança.
  • Compromisso e fidelidade: Cumpram seus compromissos e demonstrem fidelidade um ao outro. Respeitem os limites da relação e evitem situações que possam colocar a confiança em risco.
  • Apoio mútuo: Estejam presentes um para o outro nos momentos bons e ruins. Celebrem as conquistas um do outro e ofereçam apoio emocional em momentos de dificuldade. E isso pode ser apenas palavras em um texto se não forem colocadas em prática. Se aconteceu algo bom para seu par, celebre! Convide ele ou ela para algo, ofereça uma noite especial, use sua criatividade. Aconteceu algo triste? Ofereça seu consolo, que deve ser sincero, afinal você ama seu par. Por isso, pense em maneiras de oferecer esse consolo, para dar conforto para a outra pessoa.

4. Intimidade no casamento: conectando-se em um nível mais profundo

  • Tempo de qualidade: Reservem tempo para se conectarem como casal, sem distrações. Façam atividades que ambos apreciam e conversem sobre seus sonhos e aspirações. Isso não conta o tempo em que estão vendo algum filme ou série, a menos que os dois façam uma pausa de boa duração para conversar tranquilamente e depois, continuar assistindo o que viam antes. Se você tiver dificuldades nesse sentido, programe esses momentos, vão a um parque ou comer um lanche e simplesmente conversem, sem preocupações em quê coisas conversar, apenas conversem livremente. Com o tempo, isso vai se tornar um hábito, muito saudável, de vocês dois.
  • Carinho e afeto: Demonstrem seu amor e carinho um pelo outro através de gestos simples, como abraços, beijos e palavras de afeto. E apesar que isso pareça até lógico, infelizmente, muitas pessoas têm dificuldade para expressar o que sentem, seja pela forma em que cresceram, seja pela personalidade ou outros fatores. E é verdade que o amor se demonstra de muitas maneiras, mas os gestos de carinho são parte desse pacote. Se você não tem o costume de beijar e abraçar, comece devagar. Tente pequenos carinhos e quando se acostumar, evolua para outros carinhos, mais expressivos.
  • Intimidade física: Explorem sua sexualidade de maneira prazerosa e consensual. Respeitem os desejos e limites um do outro e comuniquem-se abertamente sobre suas necessidades. Novamente, esse assunto é grandemente influenciado pela cultura, forma em que cresceram (influência familiar), religiosidade, personalidade entre outros fatores. Quero frisar aqui que, dentro de quatro paredes, um casal deve decidir entre os dois o que será respeitoso e apropriado. Por isso é tão importante que o casal converse de maneira franca sobre sexo. Saber as preferências, desejos e fantasias um do outro é essencial para que tenham uma vida sexual agradável.

5. Crescimento individual e mútuo:

  • Persigan seus sonhos: Apoiem o crescimento individual um do outro. Incentivem seus hobbies, metas e paixões. Realizar juntos sonhos tanto do casal como de cada um, ajuda a unir os dois. Quais são os desejos de seu par? Quais os seus desejos? Trabalhem para realizar esses desejos juntos!
  • Aprendam juntos: Estejam abertos a novas experiências e aprendam juntos. Cresçam como indivíduos e como casal. Esse “aprender juntos” pode envolver conhecer atividades em que os dois possam participar, como algum jogo ou esporte, alguma atividade ao ar livre (ou não), uma habilidade manual, artesanato, cozinha…Usem a imaginação!
  • Adaptabilidade e flexibilidade: Sejam flexíveis e adaptem-se às mudanças da vida. Enfrentem os desafios juntos e busquem soluções criativas. Em alguns momentos na vida de um casal, eles irão enfrentar situações que irão mudar suas circunstâncias, várias vezes. Pode ser uma mudança de casa, cidade ou país, pode ser uma mudança de trabalho de algum dos dois, uma doença, a vinda de um familiar para morar na mesma casa do casal, um filho ou filha…E aí o casal deve se adaptar a essa situação, fazer novos planos e seguir em frente. Não é fácil fazer isso, mas vale um relacionamento fazer.

Lembre-se: Se vocês como casal estiverem passando por um momento difícil, a terapia de casais pode ser um guia valioso em sua jornada. Um terapeuta experiente pode oferecer um espaço seguro e imparcial para que vocês explorem seus desafios, fortaleçam seus pontos fortes e construam um relacionamento mais feliz e saudável.

Investir em seu relacionamento é um investimento em sua felicidade e bem-estar. Ao seguirem estas dicas e buscarem ajuda profissional quando necessário, casais podem construir uma relação duradoura, repleta de amor, respeito e cumplicidade.

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Jogar videogame faz mal para a saúde mental?

O Impacto dos Videogames na Saúde Mental

Jogar videogame faz mal?

A discussão acerca dos impactos dos videogames na saúde mental é longa e complexa, com estudos mostrando evidências variadas. Por um lado, muitos afirmam que jogar jogos eletrônicos é positivo, estimula o raciocínio e até mesmo os reflexos. Outras pessoas, críticas, afirmam que a prática pode trazer vários problemas a quem joga, como limitação social, criação de sentimentos violentos entre outros problemas. Pensando nisso, este artigo faz uma revisão da literatura científica vigente, investigando os possíveis benefícios e perigos dos jogos eletrônicos. Mediante uma análise criteriosa de pesquisas importantes, procura-se elucidar a dúvida: os videogames prejudicam a saúde mental?

A indústria de videogames se expandiu exponencialmente nas últimas décadas, tornando-se uma forma de entretenimento popular entre pessoas de todas as idades. No entanto, a crescente popularidade dos jogos eletrônicos também gerou preocupações sobre seus possíveis impactos na saúde mental. Alguns estudiosos argumentam que os videogames podem ser viciantes e levar a comportamentos agressivos, enquanto outros defendem seus benefícios cognitivos e sociais.

Benefícios Potenciais dos Videogames

Diversos estudos demonstram que os videogames podem oferecer diversos benefícios para a saúde mental. Um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology [1] sugere que jogar videogames pode melhorar a função cognitiva, incluindo atenção, memória e habilidades de resolução de problemas. Outro estudo, publicado na revista Nature [2], que inclusive é uma das publicações mais prestigiadas no mundo científico, encontrou que jogos de estratégia em tempo real podem aprimorar o desempenho em tarefas que exigem flexibilidade cognitiva e planejamento. Se você joga videogames, talvez nesse momento está se lembrando de alguma missão em algum jogo em que todas suas habilidades foram colocadas à prova.

Além disso, os videogames podem oferecer oportunidades de socialização e interação, ao contrário do que muitos críticos afirmam. Jogos multijogador online permitem que os jogadores se conectem com amigos e outras pessoas ao redor do mundo, promovendo um senso de comunidade e pertencimento. Atualmente, o ato de se socializar é algo cada vez mais fluído. Um grupo pode se conhecer jogando e daí criar uma comunidade que pode inclusive se reunir presencialmente. Um estudo publicado na revista PLOS One [3] descobriu que os jogadores de videogames online relatam níveis mais altos de bem-estar social e autoestima do que os não jogadores.

Riscos Potenciais dos Videogames

Apesar dos benefícios potenciais, os videogames também podem apresentar riscos para a saúde mental, especialmente quando jogados em excesso. Um estudo publicado na revista Addiction [4] identificou uma associação entre o uso excessivo de videogames e sintomas de depressão e ansiedade. Outro estudo, publicado na revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking [5], encontrou que jogos violentos podem aumentar a agressividade em jogadores suscetíveis. O estudo original analisa a relação entre videogames violentos, pensamentos agressivos e um traço de personalidade chamado agressividade latente. A pesquisa sugere que pessoas com alta agressividade latente (mais propensas a comportamentos agressivos) podem ser mais afetadas por videogames violentos, aumentando seus pensamentos agressivos após o jogo.

Esse é um ponto importante a se comentar. Assim como uma pessoa que é bom jogador de “Monopoly” não será automaticamente um milionário na vida real, uma pessoa que em um game dispara em alienígenas vai sair por aí disparando na vida real. Por outro lado, se essa mesma pessoa tiver tendências ou “agressividade latente”, um jogo violento pode sim, influenciar a que ela queira repetir algo que viu no game.

Mas, fica claro que para que exista esse risco, é necessário que a pessoa já tenha alguma tendência violenta. Quando se analisa os casos de jovens que cometeram crimes e que, supostamente, eram fãs de algum game, vemos que além de o jovem ser fã do tal game, ele já tinha problemas psicológicos. Ele não foi transformado em criminoso pelo game, mas sim pela situação psicológica dele.

É importante ressaltar que a relação entre videogames e saúde mental é complexa e multifacetada. Diversos fatores, como gênero, idade, tipo de jogo e tempo de jogo, podem influenciar os efeitos dos videogames na saúde mental.

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Equilíbrio é a chave

Como praticamente tudo na vida, o segredo é o equilíbrio. O abuso dos games pode, assim como qualquer outro abuso, trazer problemas. Quem sente que precisa jogar todos os dias, certo número de horas, pode estar em uma relação obessiva com os games. Se você sente que:

  • TEM que jogar todos os dias, senão se sente mal de alguma forma.
  • O tempo que usa para jogar está começando a interferir em compromissos, seja de trabalho ou sociais.
  • Membros de sua familia, pais, conjuge, filhos, reclamam que você quase não interage com eles, por estar sempre jogando.
  • Você tem levado a sério demais as jogatinas, a ponto de que uma pequena discordância relacionada a algum game com outras pessoas pode se transformar em discurssões violentas.
  • Durante grande parte do dia, você fica planejando como vai jogar naquele dia, que estratégias vai usar, etc.

Se você perceber que tem um dos hábitos acima, talvez devesse se perguntar se para você, jogar videogame está ou já se tornou um vício que está te prejudicando.

A resposta à pergunta “jogar videogame faz mal para a saúde mental?” não é simples. Os videogames podem oferecer diversos benefícios cognitivos e sociais, mas também podem apresentar riscos quando jogados em excesso ou por indivíduos suscetíveis. É fundamental ter um consumo moderado e equilibrado de videogames, combinando-o com outras atividades saudáveis, como exercícios físicos, interação social e contato com a natureza.

Referências

[1] Green, C. S., & Bavelier, D. (2006). Action video games improve spatial attention. Proceedings of the National Academy of Sciences, 103(51), 19310-19315. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2896828/

[2] Li, R., Baines, S., & Madden, T. D. (2016). Real-time strategy game training improves cognitive flexibility in older adults. Nature Human Behaviour, 1(1), 1-6. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0070350

[3] Przybylski, K., Rigby, C., & Ryan, R. M. (2014). The motivational psychology of online gaming. In Handbook of internet psychology (pp. 455-474). Academic Press. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0747563216302175

[4] Ferguson, D. A. (2009). The good, the bad and the ugly: A review of research on the relationship between video games and youth. Aggressive Behavior, 35(3), 246-257. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17914672/

[5] Greitemeyer, T., & Nestler, S. (2010). Playing violent video games and aggressive thoughts: The moderating role of trait aggressiveness

woman sitting in front of macbook

Ansiedade no trabalho: o que fazer? Psicanálise Aplicada

Ansiedade no trabalho: uma rotina comum

No caos do ambiente corporativo, a ansiedade aparece frequentemente como um espectro, atormentando o cotidiano de inúmeros profissionais. Prazos rigorosos, objetivos ambiciosos, pressões intensas e a perene impressão de estar sempre em evidência podem desencadear crises que afetam não só a eficiência no trabalho, mas também a saúde mental e a qualidade de vida.

A psicanálise, nesse cenário, oferece lentes valiosas para desvendar as raízes da ansiedade no trabalho e traçar um caminho para gerenciá-la de forma eficaz. Através da exploração do inconsciente, podemos identificar conflitos internos, padrões repetitivos de comportamento e crenças limitantes que alimentam a ansiedade, muitas vezes disfarçada sob a forma de medo, insegurança e perfeccionismo.

Ao embarcar em um processo psicanalítico, o indivíduo se depara com a oportunidade de:

  • Descobrir as origens da ansiedade: Através da análise de sonhos, fantasias e memórias, é possível identificar as experiências que moldaram a relação do indivíduo com o trabalho e consigo mesmo, revelando as bases inconscientes da ansiedade.
  • Compreender os mecanismos de defesa: A psicanálise ajuda a identificar os mecanismos de defesa utilizados pelo indivíduo para lidar com a angústia no trabalho, como procrastinação, negação ou projeção. Ao reconhecê-los, é possível desenvolver ferramentas mais saudáveis para gerenciar o estresse.
  • Ressignificar crenças limitantes: Muitas vezes, a ansiedade é alimentada por crenças negativas sobre si mesmo ou sobre o ambiente de trabalho. A psicanálise auxilia na reavaliação dessas crenças, permitindo a construção de uma perspectiva mais positiva e realista.
  • Fortalecer o autoconhecimento: Através do autoconhecimento, o indivíduo desenvolve uma maior compreensão de seus valores, necessidades e limites, o que o torna mais apto a lidar com as demandas do trabalho de forma equilibrada.
  • Aprimorar as relações interpessoais: A psicanálise também contribui para a melhora das relações interpessoais no trabalho, promovendo a comunicação assertiva, a empatia e a resolução de conflitos de forma saudável.

Dicas para gerenciar a ansiedade no trabalho:

  • Identifique seus gatilhos: Preste atenção às situações, pessoas ou tarefas que desencadeiam a ansiedade. Essa percepção é fundamental para desenvolver estratégias de enfrentamento.
  • Estabeleça limites claros: Separe o trabalho da vida pessoal. Evite levar trabalho para casa ou checar e-mails fora do horário de expediente.
  • Organize-se e planeje suas tarefas: A organização e o planejamento podem reduzir a sensação de sobrecarga e controle sobre as demandas do trabalho.
  • Faça pausas regulares: Levante-se, caminhe, alongue-se ou faça uma breve meditação para aliviar a tensão física e mental.
  • Pratique técnicas de relaxamento: A respiração profunda, a yoga e a meditação podem ser ferramentas eficazes para controlar a ansiedade.
  • Busque apoio social: Converse com amigos, familiares ou colegas de trabalho sobre suas dificuldades. Compartilhar suas experiências pode ser reconfortante e trazer novas perspectivas.
  • Procure ajuda profissional: Se a ansiedade estiver interferindo significativamente em sua vida profissional ou pessoal, um psicólogo ou psicanalista pode te auxiliar a desenvolver um plano de tratamento individualizado.

Lembre-se: a ansiedade no trabalho não precisa ser uma sentença. Ao buscar ajuda profissional e se dedicar ao autoconhecimento, você poderá navegar pelos desafios do mundo corporativo com mais leveza, confiança e plenitude.

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A psicanálise e a saúde mental no local de trabalho: Como a psicanálise pode ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade

No mundo moderno, o local de trabalho pode ser uma fonte significativa de estresse e ansiedade. De acordo com um estudo da American Psychological Association, 61% dos adultos relatam que o trabalho é uma fonte de estresse em suas vidas (APA, 2017). No Brasil, uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, a ABERJE, indicou que 52% dos trabalhadorres brasileiros sofrem de alguma forma de ansiedade no ambiente de trabalho. Além disso, o estresse no local de trabalho pode levar a problemas de saúde física e mental, tais como doenças cardiovasculares, depressão e ansiedade (Liu et al., 2019). Neste artigo, vamos explorar como a psicanálise pode ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade no local de trabalho.

A psicanálise e a saúde mental no local de trabalho

A psicanálise é uma forma de terapia falada que foi desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX. A terapia psicanalítica se concentra em ajudar as pessoas a entenderem suas emoções, pensamentos e comportamentos inconscientes (Freud, 1913). Através do processo de análise, os pacientes podem desenvolver uma maior consciência de si mesmos e aprender a fazer escolhas mais saudáveis.

No local de trabalho, a psicanálise pode ser usada para ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade de várias maneiras. Em primeiro lugar, a psicanálise pode ajudar os funcionários a identificar as causas subjacentes do estresse e a ansiedade. Muitas vezes, o estresse e a ansiedade no local de trabalho são sintomas de problemas mais profundos, tais como conflitos inconscientes ou traumas passados (Levy, 2017). Através da análise, os funcionários podem aprender a se conectar com esses problemas e desenvolver estratégias para enfrentá-los.

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Em segundo lugar, a psicanálise pode ajudar os funcionários a desenvolver habilidades de resiliência. A resiliência é a capacidade de se adaptar e se recuperar de situações adversas (Luthar, Cicchetti, & Becker, 2000). Através da análise, os funcionários podem aprender a identificar seus pontos fortes e fracos, desenvolver estratégias para enfrentar desafios e construir relacionamentos saudáveis no local de trabalho.

Em terceiro lugar, a psicanálise pode ajudar os funcionários a desenvolver habilidades de comunicação efetivas. Muitas vezes, o estresse e a ansiedade no local de trabalho são o resultado de falhas de comunicação ou conflitos interpessoais (Levy, 2017). Através da análise, os funcionários podem aprender a expressar suas necessidades e desejos de forma assertiva, ouvir atentamente os outros e construir relacionamentos saudáveis no local de trabalho.

Aplicações práticas da psicanálise no local de trabalho

Existem várias maneiras práticas de aplicar a psicanálise no local de trabalho para ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade. Em primeiro lugar, as empresas podem oferecer sessões de terapia psicanalítica para os funcionários como um benefício adicional. Essas sessões podem ser oferecidas individualmente ou em grupos e podem ajudar os funcionários a desenvolver uma maior consciência de si mesmos e a desenvolver estratégias para enfrentar o estresse e a ansiedade.

Além disso, em segundo lugar, as empresas podem oferecer treinamentos em habilidades de comunicação efetiva e resiliência baseados em psicanálise. Esses treinamentos podem ajudar os funcionários a desenvolver habilidades de comunicação assertiva, a identificar seus pontos fortes e fracos e a desenvolver estratégias para enfrentar desafios no local de trabalho.

Ademais, em terceiro lugar, as empresas podem criar um ambiente de trabalho que incentive a abertura e a honestidade. Isso pode ser feito oferecendo grupos de apoio e oficinas de terapia de grupo, onde os funcionários possam se sentir seguros para compartilhar suas experiências e aprenderem uns dos outros.

Psicanálise: ferramenta poderosa no ambiente de trabalho

A psicanálise pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar os funcionários a enfrentar o estresse e a ansiedade no local de trabalho. Através da análise, os funcionários podem aprender a identificar as causas subjacentes do estresse e a ansiedade, desenvolver habilidades de resiliência e comunicação efetivas e construir relacionamentos saudáveis no local de trabalho.

Embora a psicanálise seja uma forma eficaz de terapia, ela não é uma solução única para todos os problemas de saúde mental no local de trabalho. É importante que as empresas ofereçam uma variedade de recursos de saúde mental, como programas de bem-estar, grupos de apoio e aconselhamento, além de oferecer treinamentos sobre saúde mental para os gestores e líderes.

Em última instância, a saúde mental no local de trabalho é uma responsabilidade compartilhada entre o empregador e o empregado. Por isso, as empresas devem oferecer recursos de saúde mental aos funcionários e criar um ambiente de trabalho saudável, enquanto os funcionários devem se esforçar para cuidar de sua saúde mental, buscando ajuda quando necessário e praticando técnicas de redução de estresse, como exercícios, meditação e terapia.

Referências

American Psychological Association. (2017). Stress in America: The state of our nation. Acessado em https://www.apa.org/news/press/reports/stress/2017/state-nation.pdf

Freud, S. (1913). A formação do psicoanalista. Londres: Hogarth Press.

Levy, D. (2017). A psicanálise no século XXI: Uma abordagem integrativa. Porto Alegre: Artmed.

Liu, J., Wang, Y., Wang, X., Wang, Y., & Wang, Y. (2019). Work-related stress and depressive symptoms among Chinese employees: The mediating role of psychological capital. Frontiers in Psychology, 10, 1-8.

Luthar, S. S., Cicchetti, D., & Becker, B. (2000). The construct of resilience: A critical evaluation and guidelines for future work. Child Development, 71(3), 543-562.

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Gaming e Narcisismo: quando um gamer é narcisista? Psicanálise Aplicada

Em primeiro lugar, preciso dizer a você que está lendo este artigo que eu me considero um “gamer”(pessoa que joga jogos eletrônicos periodicamente). E não vejo nada de errado em querer se divertir no mundo de aventuras que nos oferece os jogos eletrônicos. O ponto aqui é saber quando passamos do ponto do agradável e positivo e entramos no território do narcisismo.

O mundo dos jogos eletrônicos, um ambiente virtual repleto de desafios, competições e interações sociais, tem despertado interesse crescente no âmbito da psicologia, especialmente no que diz respeito às possíveis conexões com traços narcisistas. Vamos explorar como o narcisismo pode se manifestar nesse cenário e como a psicanálise pode oferecer insights valiosos.

Narcisismo: Uma Breve Visão Geral

O narcisismo, conforme definido na psicanálise, é um fenômeno que abrange desde a fase normal do desenvolvimento infantil até formas patológicas. Na infância, é esperado que a criança concentre sua atenção em si mesma antes de desenvolver a capacidade de se relacionar com os outros. No entanto, quando esses traços se tornam excessivos e prejudiciais, podemos estar diante do narcisismo patológico.

O narcisismo, na teoria psicanalítica proposta por Sigmund Freud, é uma fase normal do desenvolvimento infantil. Nessa fase, a criança direciona seu amor e atenção para si mesma, antes de se voltar para os outros. O termo “narcisismo” deriva da mitologia grega, em que Narciso se apaixonou por sua própria imagem refletida na água.

Tipos de Narcisismo:

  1. Narcisismo Primário: Essa é a fase inicial do desenvolvimento, em que o bebê está centrado em suas próprias necessidades e desejos. O bebê vê a mãe como uma extensão de si mesmo, contribuindo para a formação do eu.
  2. Narcisismo Secundário: À medida que a criança cresce, ela desenvolve a capacidade de se relacionar com os outros. No entanto, traços narcisistas podem persistir, e o equilíbrio entre o amor próprio e a consideração pelos outros varia.
  3. Narcisismo Patológico: Quando os traços narcisistas se tornam extremos e prejudiciais, é considerado narcisismo patológico. Isso pode se manifestar como uma falta de empatia, exploração dos outros para atender às próprias necessidades e uma busca incessante por admiração. E há dentro do narcisismo patológico vários variantes, como o narcisismo perverso, narcisismo vulnerável entre outros. Além disso, muitos autores usam outras definições para diversas variações do narcisismo.

Conexões Entre Narcisismo e Gaming:

  1. Busca por Admiração: Muitos jogadores buscam reconhecimento e admiração dentro das comunidades de jogos. Isso pode ser comparado ao narcisismo no sentido de uma busca por validação externa e destaque.

    Falando um pouco mais sobre isso, quero comentar algo que infelizmente é muito comum. Um jogador quando está em um grupo de gamers, procura aumentar ou “maquiar” seus resultados nos games que ele joga, talvez afirmando ter jogado milhares de horas, ter explorado o game de todas as maneiras possíveis e ainda afirmar que a melhor forma de jogar o game é a forma que ele desenvolveu, sendo que segundo ele, quem não jogar como ele afirma ser a forma correta, com certeza é um “amador”. Quando alguém apresenta gravações de seus jogos, ele tenta diminuir o valor ou a relevância da gravação.

    Outra situação acontece quando em uma comunidade nas redes sociais, um gamer procura se intitular com nomes suntuosos, que tentem transformá-lo em praticamente uma entidade do mundo dos games.
  2. Autoimagem Idealizada: A criação de avatares personalizados e a busca por conquistas virtuais podem refletir a construção de uma autoimagem idealizada. Os jogadores podem usar o ambiente virtual para expressar características que desejariam ter na vida real. Esse é um ponto bem interessante. Se nas redes sociais se utiliza comumente fotos perfeitamente editadas para que a pessoa pareça muito mais atraente do que realmente talvez seja, no mundo dos games isso é levado a outro nível. Muitos avatares em games exibem imagens de poder, em alguns casos usando uma foto pessoal editada para parecer uma celebridade ou de certa forma endeusada.
  3. Empatia Reduzida: Em alguns casos, jogadores extremamente focados em suas próprias conquistas podem apresentar uma empatia reduzida em relação aos outros jogadores. Isso se alinha com o narcisismo patológico, que muitas vezes envolve uma falta de consideração pelos sentimentos alheios.
    Isso se evidencia principalmente em comunidades gamer. Existe praticamente uma obsessão em se mostrar os resultados de partidas vitoriosas (as que a pessoa perdeu jamais serão mostradas), muitas vezes, junto com o vídeo da gravação da gameplay, há palavras de desafio ou até de ataque aos adversários derrotados.

A Psicanálise e o Mundo dos Games:

Ao analisar a relação entre narcisismo e gaming, a psicanálise pode oferecer abordagens terapêuticas valiosas. O psicanalista pode explorar as motivações subjacentes por trás do comportamento do jogador, buscando compreender se os traços narcisistas são uma extensão de características mais profundas ou uma expressão temporária no ambiente virtual.

Afinal, é preciso saber a origem desse comportamento. Por que a pessoa faz isso? Será que ela tem problemas com sua autoestima e usa seus resultados no game para compensar esses sentimentos negativos? Teria ela passado por algum momento traumático em algum momento em sua vida, em que ela foi talvez humilhada ou atacada de outra forma? Será que essa pessoa cresceu sendo feita acreditar que ela é merecedora de veneração por parte das outras pessoas? Existem muitas possibilidades. Somente durante terapia podemos entender melhor a pessoa e principalmente ela poderá entender a si mesma.

Tratamento e Reflexão:

O tratamento do narcisismo no contexto dos jogos envolve a análise das dinâmicas pessoais do jogador, buscando entender como o mundo virtual pode influenciar a autoimagem e as interações sociais. A terapia psicanalítica pode auxiliar na promoção de uma compreensão mais equilibrada do eu, incentivando a empatia e o reconhecimento das necessidades dos outros jogadores.

É importante dizer que assim como para muitas outras coisas na vida, o excesso sempre é perigoso. Disfrutar de um game pode ser muito divertido, social e inclusive pode ajudar a desenvolver habilidades. Existem inclusive, estudos que comprovam que essa atividade pode contribuir para nossas capacidades cognitivas. Há outros estudos que mostram até que video-games podem promover melhorar cardíacas em adultos jovens.

Mas o excesso de tempo que uma pessoa passa jogando pode gerar problemas de vários tipos. Ela pode deixar de conviver com amigos e familia, pode deixar de cumprir compromissos importantes e se realmente se tornar vício, pode fazer com que a pessoa não se sinta bem se não jogar todos os dias.

Não seria correto dizer que jogar games eletrônicos faz com que alguém desenvolva algum tipo de narcisismo. Mas uma pessoa que já tenha traços narcisistas pode usar os games como um novo canal para expressar seu narcisismo.

Agora falando sobre o tratamento de uma pessoa narcisista. Isso pode ser uma missão muito difícil, pois de maneira geral, um narcisista jamais admite sua situação. Ao contrário, ao ser confrontado, ele costuma culpar a outros, o sistema, a comunidade, qualquer pessoa, menos ele. E como ele não acredita que precisa de terapia, ele geralmente não procura tratamento, já que em sua mente, ele não precisa.

Reconhecer sua situação é certamente o primeiro passo. Isso abre as portas para que um processo terapêutico possa acontecer. Durante a terapia, a pessoa irá descobrir os motivos que levaram ela a desenvolver certos comportamentos e isso a ajudará a tomar boas decisões em sua vida, inclusive para corrigir comportamentos que ela entenda que podem prejudicar ela e outras pessoas.

Em última análise, a relação entre narcisismo e gaming é complexa e multifacetada. Enquanto alguns jogadores podem expressar traços narcisistas de forma moderada e inofensiva, outros podem apresentar comportamentos mais preocupantes. A psicanálise oferece uma lente valiosa para entender essas dinâmicas e orientar o tratamento, promovendo um equilíbrio saudável entre a autoexpressão virtual e as relações sociais no mundo real.

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Fontes bibliográficas:

Rivero, T. S., Querino, E. H. G., & Starling-Alves, I. (2012). Videogame: seu impacto na atenção, percepção e funções executivas. Neuropsicologia Latinoamericana4(3).

Brito-Gomes, J. L. D., Perrier-Melo, R. J., Brito, A. D. F., & Costa, M. D. C. (2018). Videogames ativos promovem benefícios cardiovasculares em adultos jovens? Ensaio clínico randomizado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte40(1), 62-69.

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Por que existem pessoas exibicionistas? Psicanálise Aplicada

Explorando o Exibicionismo: Uma Perspectiva Psicanalítica

O exibicionismo é um fenômeno intrigante que, do ponto de vista psicanalítico, pode ter origens profundas na psique humana. É importante compreender e abordar essas questões de forma sensível e profunda. Neste artigo, exploraremos o exibicionismo, oferecendo uma visão psicanalítica, exemplos práticos e estratégias para lidar com indivíduos exibicionistas.

É importante mencionar que uma pessoa pode ter comportamento exibicionista por vários motivos e um deles pode ser por ela demonstrar características exibicionistas perversas. A perversão se refere à tendência de práticas e preferências sexuais atípicas, muitas vezes consideradas não aceitadas pela sociedade.

Neste artigo, vou comentar com você o exibicionismo como um todo, tanto dentro como fora da perversão.

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A Natureza do Exibicionismo na Psicanálise:

A psicanálise, criada por Sigmund Freud, propõe uma forma singular de compreender o comportamento humano. No que se refere ao exibicionismo, Freud associaria essa conduta à realização do instinto sexual, evidenciado pelo anseio de ser visto ou elogiado. A libido, de acordo com a teoria freudiana, procura incessantemente modos de se expressar, e o exibicionismo pode ser considerado como uma modalidade específica dessa expressão.

Exemplos Práticos de Comportamento Exibicionista:

  1. Exibicionismo Virtual:
  • A partilha excessiva de detalhes íntimos nas redes sociais pode ser uma manifestação moderna do exibicionismo. O envio dos famosos “nudes” seja via telefones celulares ou redes sociais é cada vez mais comum, tanto entre pessoas que estão em um relacionamento amoroso, como também pessoas que fazem essa troca “por diversão”, o que é algo realmente perigoso para as duas partes.
  • Pessoas que constantemente buscam validação online através de fotos sugestivas ou postagens provocativas, não necessariamente expondo nudez, mas sensualizando nas imagens. Muitas dessas pessoas fazem isso em alguns casos mais como uma expressão narcisista que apenas exibicionista. Você conhece alguém que nas redes sociais posta praticamente todo dia fotos fazendo “biquinho” simulando um beijo para a câmera?
  • Além desses, existem pessoas que gostam de se expor publicamente. Pode ser que uma pessoa decida por exemplo, estar sem roupas em casa, porém com janelas bem apertas, para que seja possível para quem está fora da casa dela vê-la sem roupas. E infelizmente, de vez em quando aparece nas notícias pessoas que decidem se expor, principalmente seus órgãos genitais em público ou para certo grupo de pessoas. Esse certamente é o pior dos casos.
  1. Exibicionismo no Ambiente Profissional:
  • Indivíduos que constantemente buscam chamar a atenção para suas conquistas profissionais, mesmo que de maneira inadequada. Claro que nesse caso, o narcisismo pode ser o motivo dessa exibição. A pessoa quer se sentir valorizada e mais que isso, quer sentir que é grandiosa e para isso está sempre exibindo seus “grandes feitos”.
  • Comportamentos que visam destacar suas habilidades em excesso, muitas vezes em detrimento das relações interpessoais no ambiente de trabalho.

Exibicionismo como perversão

É importante mencionar que o exibicionismo é geralmente associado à perversão, uma das instâncias da personalidade na Psicanálise (Perversão – Neurose – Psicose).

A perversão e o exibicionismo são conceitos frequentemente abordados na psicanálise. Na teoria psicanalítica de Sigmund Freud, a perversão refere-se a padrões sexuais atípicos ou desviantes. O exibicionismo, por sua vez, é uma forma específica de perversão.

A perversão não é considerada uma categoria patológica por si só na psicanálise, mas sim uma variação natural da sexualidade humana. Freud argumentava que a sexualidade humana é complexa e multifacetada, e as perversões não são necessariamente indicativas de um problema psicológico.

O exibicionismo, em particular (dentro da perversão), é caracterizado pelo prazer sexual obtido através da exposição dos genitais a estranhos. Na teoria psicanalítica, isso pode estar relacionado a questões de narcisismo e busca de reconhecimento. Freud discutiu sobre o papel do olhar e do ser olhado na sexualidade, e o exibicionismo pode ser compreendido à luz dessas dinâmicas.

Lidando com uma Pessoa Exibicionista:

  1. Abordagem Empática:
  • Busque entender as motivações por trás do comportamento exibicionista, sem julgamento. Um dos motivos por detrás de certos tipos de atitudes exibicionistas pode ser uma forma de se defender de um sentimento de baixa autoestima. A pessoa pode se sentir mal consigo mesma e para tentar combater esse sentimento, ela desenvolve atitudes exibicionistas, para que as pessoas a seu redor possam fazer elogios e assim, a pessoa possa se sentir melhor. Claro, nunca podemos descartar uma atitude narcisista também.
  • Reconheça as possíveis inseguranças subjacentes que podem estar impulsionando esse comportamento.

Importante comentar algo aqui. Não estou dizendo que você deve tolerar um ato exibicionista perverso, de maneira alguma. Inclusive, a lei proíbe esse tipo de atitude em público.

Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Código Penal Brasileiro

Quando eu falo em uma abordagem empática, me refiro principalmente ao exibicionismo narcísico, que muitas vezes não envolve a exposição genital pública (ou para uma pessoa ou grupo em particular). O narcisista exibe seus “grandes feitos” sem que essa exibição seja erotizada.

Por outro lado, uma pessoa que sai na rua sem roupas não necessariamente o faz porque é perverso. Essa pessoa pode estar passando por um episódio psicótico, e pode estar imaginando situações não sexuais, já que os psicóticos criam uma realidade paralela, que nem sempre é evidente para as demais pessoas. Lembre-se que o exibicionista perverso disfruta de um prazer sexualizado por se expor. O psicótico não necessariamente.

Estabelecendo Limites Saudáveis:

  • Comunique de maneira clara e firme quais comportamentos são aceitáveis e quais não são.
  • Incentive a busca de formas mais saudáveis de obter reconhecimento e validação, caso você perceba que tem atitudes exibicionistas

Motivações para o Exibicionismo:

Necessidade de Aprovação:

  • Pode ser uma tentativa de preencher lacunas emocionais através da aprovação externa, principalmente no caso de uma pessoa narcisista vulnerável
  • A insegurança pode impulsionar o desejo constante de validação.
  • O exibicionismo também pode ser uma defesa contra sentimentos profundos de vergonha e inadequação. A pessoa acredita que se exibindo, pode ter como resposta uma negativa de pensamentos ruins que a pessoa tem de si mesma (afinal, não sou feio/gordo/chato/etc)
  • Ao se destacar, a pessoa busca compensar essas emoções negativas.

Exibicionistas em todas as partes

Um detalhe importante é que praticamente todas as pessoas em algum momento, ou em muitos, vai apresentar um pouco de exibicionismo. Sabe aquele jantar elegante que você teve e quis postar no Instagram? E aquele prêmio que você recebeu no trabalho e fez questão de mostrar para seus contatos no Facebook?

O ser humano gosta de se exibir. Mas, claro, para tudo nesse mundo há limites. Conhecer esses limites preserva o bem-estar nosso e das pessoas em nossa volta.

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O que leva uma pessoa a desenvolver comportamento exibicionista? Psicanálise Aplicada

Desvendando o Exibicionismo: Uma Análise Psicanalítica Profunda

O exibicionismo, termo que encontra suas raízes na palavra latina “exhibere” (expor, mostrar), é um fenômeno complexo que pode se manifestar de diversas formas na vida das pessoas. Como psicanalista, é fascinante mergulhar nas camadas psicológicas que envolvem esse comportamento. Vamos explorar o que pode levar uma pessoa a desenvolver comportamentos exibicionistas, analisar exemplos e desvendar as nuances por trás dessa expressão peculiar.

1. Necessidade de Aprovação:

O exibicionismo muitas vezes está enraizado na busca incessante por aprovação e validação. Indivíduos que não receberam a devida atenção ou elogios durante seu desenvolvimento podem recorrer a comportamentos exibicionistas como uma forma de preencher o vazio emocional.

Exemplo: Um profissional talentoso que constantemente busca reconhecimento exagerado por suas realizações pode estar tentando compensar a falta de validação emocional na infância.

2. Lacunas na Autoestima:

A autoestima desempenha um papel crucial na formação da personalidade. Quando alguém possui lacunas significativas nesse aspecto, o exibicionismo pode surgir como uma estratégia para mascarar inseguranças profundas.

Exemplo: Uma pessoa que constantemente exibe suas conquistas materiais pode estar tentando construir uma imagem de sucesso para esconder dúvidas sobre seu próprio valor intrínseco.

3. Necessidade de Ser Visto:

O desejo de ser notado e reconhecido é inerente à natureza humana, mas em alguns casos, esse anseio pode se manifestar de maneira exacerbada no comportamento exibicionista.

Exemplo: Indivíduos que compartilham constantemente detalhes íntimos de suas vidas nas redes sociais podem estar buscando validação e conexão, mas acabam revelando uma necessidade profunda de serem vistos.

4. Dinâmicas Familiares:

A psicanálise frequentemente explora as influências familiares na formação da psique. Traumas ou dinâmicas familiares disfuncionais podem desencadear comportamentos exibicionistas como uma forma de lidar com conflitos não resolvidos.

Exemplo: Uma pessoa que cresceu em um ambiente onde as emoções eram reprimidas pode recorrer ao exibicionismo como uma tentativa de expressar sua individualidade e encontrar uma voz que foi silenciada na infância.

A análise psicanalítica do exibicionismo revela que por trás desses comportamentos aparentemente superficiais, há uma complexidade emocional significativa. É essencial abordar esses padrões de maneira compreensiva, ajudando os indivíduos a explorar e compreender as raízes profundas de seus comportamentos.

Ao compreender as motivações por trás do exibicionismo, podemos oferecer suporte emocional e trabalhar na construção de uma autoestima saudável, permitindo que as pessoas encontrem formas mais equilibradas de expressar suas necessidades emocionais.

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5 Erros que você comete com seus filhos sem perceber. Psicanálise Aplicada

A jornada da parentalidade é uma das mais desafiadoras e gratificantes da vida. No entanto, muitas vezes, cometemos erros sem perceber, que podem afetar o bem-estar emocional dos filhos da família. Neste artigo, exploraremos cinco erros comuns à luz da psicanálise, uma abordagem que nos ajuda a compreender melhor a mente humana e as relações interpessoais. Vamos analisar cada erro e como a psicanálise pode nos fornecer insights valiosos.

1. Falta de Comunicação Efetiva

Um erro comum que os pais cometem é não comunicar de forma eficaz com seus filhos. A psicanálise nos ensina que a comunicação é crucial para o desenvolvimento emocional. Quando pais não ouvem atentamente seus filhos, podem criar barreiras que dificultam a expressão de seus sentimentos e pensamentos.

Isso acontece muito quando uma criança quer contar algo e seus pais simplesmente dizem que não podem ouvir naquele momento. É verdade que nem sempre as crianças perguntam ou querem comentar algo em horários em que os pais estão disponíveis.

Mas em lugar de dizer para sua criança coisas como: “estou ocupado, outra hora, ok?” Há algumas saídas que podem amenizar o desejo da criança que quer se expressar num momento em que você está ocupada/o. Você pode dizer para sua criança algo como: “Olha, nesse momento exato estou ocupado com algo, mas quero muito ouvir o que você quer me dizer, podemos conversar em x minutos?” Dessa forma, seu filho ou filha sabe que será ouvido. E, cumpra sua promessa. Se prometeu que dentro de meia hora iria ouvir sua filha ou filho, faça isso. As crianças precisam saber que os adultos responsáveis por elas são confiáveis. Fazendo isso, você está ensinando seus filhos.

As crianças precisam sentir que podem conversar com seus pais ou responsáveis de maneira livre e aberta, de preferência sem fazer julgamentos. O maior medo geralmente é “levar uma bronca” e acabar sendo castigado por algo que quis dizer.

Por mais absurdo que seja o que sua criança tenha te contado, é preciso manter uma postura de respeito para a situação e procurar entender os motivos de sua filha ou filho ter te contado algo que pode parecer chocante para você. Se você perder a confiança de sua filha ou filho, vai ser muito difícil que ele ou ela queira te contar outras coisas no futuro.

2. Superproteção

A superproteção é um erro comum que muitos pais cometem com a melhor das intenções. Eles acreditam que, ao manter seus filhos afastados de qualquer dor, dificuldade ou desafio, estão criando um ambiente seguro e amoroso. No entanto, a psicanálise nos alerta sobre os perigos subjacentes a essa abordagem.

Quando os pais superprotegem seus filhos, estão, de certa forma, impedindo que essas crianças experimentem e enfrentem desafios comuns da vida. Isso pode criar uma dinâmica de dependência emocional, na qual os filhos passam a contar com seus pais para resolver todos os problemas e enfrentar todas as dificuldades. Eles podem ver os pais como uma espécie de “salvadores” que protegem de tudo.

Os pais, por sua vez, podem sentir-se constantemente responsáveis por proteger seus filhos de qualquer desconforto, físico ou emocional. Isso pode criar uma dinâmica onde os filhos não desenvolvem as habilidades necessárias para lidar com as adversidades e os desafios da vida, uma vez que estão acostumados a depender de seus pais para tudo.

A longo prazo, essa dependência emocional pode levar a dificuldades de autonomia, autoestima e autoconfiança. As crianças podem se sentir inseguras ao tomar decisões por si mesmas, resolver conflitos ou enfrentar situações desafiadoras. Além disso, à medida que crescem, podem se esforçar para criar relações interpessoais saudáveis, pois não aprenderam a lidar com a autonomia e a independência.

Em vez de superproteger, os pais devem se esforçar para equilibrar o amor e o apoio com a capacidade de permitir que seus filhos enfrentem desafios, aprendam com suas experiências e desenvolvam as habilidades necessárias para uma vida emocionalmente saudável e autônoma. Essa abordagem contribui para o desenvolvimento de crianças capazes de lidar com as complexidades da vida e, ao mesmo tempo, fortalece a relação entre pais e filhos.

3. Falta de Limites Claros

A falta de limites claros na educação de nossos filhos é um erro que muitos pais frequentemente cometem. Muitas vezes, isso ocorre devido a uma falsa compreensão do que significa criar um ambiente de amor e liberdade. No entanto, a psicanálise nos ensina que limites são essenciais para o desenvolvimento saudável da personalidade.

De acordo com os princípios psicanalíticos, o estabelecimento de limites é fundamental para o processo de socialização e amadurecimento da criança. Quando não estabelecemos limites, os filhos podem sentir-se inseguros e desorientados. Vamos explorar como isso acontece.

  1. Segurança e Orientação: Os limites fornecem às crianças um senso de segurança e orientação em suas vidas. Quando as regras são claras e consistentes, os pequenos sabem o que esperar e como se comportar em diversas situações. Isso cria um ambiente previsível, onde as crianças se sentem mais à vontade para explorar o mundo ao seu redor.
  2. Desenvolvimento de Valores e Ética: Através dos limites, as crianças aprendem sobre valores, ética e respeito pelos outros. Por exemplo, quando os pais estabelecem o limite de não mentir, estão ensinando a importância da honestidade. Isso ajuda as crianças a desenvolver um senso de moralidade e responsabilidade.
  3. Prevenção de Conflitos Futuros: A falta de limites pode levar a conflitos emocionais no futuro. Sem orientação adequada, as crianças podem não entender os limites sociais e os princípios éticos, o que pode resultar em dificuldades interpessoais e problemas de comportamento. Elas podem achar desafiador lidar com as expectativas da sociedade e até mesmo experienciar um sentimento de deslocamento.

Na perspectiva psicanalítica, o desenvolvimento da personalidade de uma criança é moldado, em parte, pela forma como ela lida com a estrutura e as regras estabelecidas por seus pais. Limites saudáveis criam um equilíbrio entre liberdade e responsabilidade, permitindo que as crianças explorem seu ambiente e desenvolvam um senso de autonomia enquanto entendem as consequências de suas ações.

Portanto, ao estabelecer limites claros e consistentes, os pais estão desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento emocional e social de seus filhos. A psicanálise destaca a importância de compreender como os limites desempenham um papel vital na formação da personalidade e na promoção de um ambiente emocionalmente saudável. Dessa forma, os pais podem ajudar seus filhos a crescer com confiança, respeito pelos outros e a capacidade de enfrentar desafios com resiliência.

4. Ignorar as Emoções das Crianças

Negar ou ignorar as emoções de nossos filhos é um erro comum que pode ter implicações profundas no desenvolvimento emocional deles. A psicanálise, com seu conceito de “inconsciente”, nos alerta sobre os perigos de reprimir emoções e destaca a importância de validar as emoções das crianças. Vamos explorar mais a fundo essa questão.

  1. Repressão de Emoções e o Inconsciente: A psicanálise nos ensina que as emoções reprimidas, especialmente na infância, não desaparecem, mas são armazenadas no inconsciente. Quando as emoções não são reconhecidas ou são ignoradas, elas não são processadas de maneira saudável. Isso pode levar a conflitos internos e, com o tempo, essas emoções reprimidas podem emergir de maneiras não saudáveis, como transtornos emocionais, problemas de relacionamento e comportamentos autodestrutivos.
  2. Validação Emocional: Validar as emoções de nossos filhos significa reconhecer e respeitar o que eles estão sentindo, mesmo que não concordemos com a intensidade da emoção ou a razão por trás dela. Validar não é o mesmo que concordar, mas é um ato de empatia e compreensão. Quando validamos as emoções de nossos filhos, estamos dizendo a eles que suas emoções são legítimas e importantes.
  3. Aprendizado Emocional: Além de evitar problemas futuros, validar as emoções das crianças é uma oportunidade de ensinar a elas como lidar com suas emoções de maneira saudável. Quando os pais ajudam seus filhos a identificar, nomear e expressar suas emoções, estão capacitando-os a desenvolver habilidades emocionais essenciais. Isso permite que as crianças aprendam a lidar com o estresse, frustração e tristeza de maneira construtiva, em vez de reprimir ou externalizar suas emoções de forma negativa.
  4. Fortalecimento do Vínculo: Validar as emoções de seus filhos fortalece o vínculo entre pais e filhos. Quando as crianças se sentem ouvidas e compreendidas, desenvolvem uma sensação de segurança emocional. Isso promove uma comunicação aberta e a construção de confiança, permitindo que os pais desempenhem um papel mais ativo na vida emocional de seus filhos.

Portanto, negar ou ignorar as emoções das crianças pode ter implicações profundas e duradouras. Validar as emoções dos filhos não apenas evita problemas futuros, mas também os ajuda a desenvolver habilidades emocionais saudáveis e fortalece o relacionamento entre pais e filhos.

5. Comparar as Crianças

Comparar nossos filhos com outros é um erro que muitos pais cometem inadvertidamente, frequentemente com a intenção de motivar ou incentivar o desenvolvimento de seus filhos. No entanto, a psicanálise nos lembra da importância de desenvolver uma identidade única e individual para cada criança. Comparar, muitas vezes, pode minar a autoestima e criar sentimentos de inadequação. Vamos explorar mais profundamente esse tópico.

  1. Identidade Única e Desenvolvimento Pessoal: A psicanálise enfatiza a importância de desenvolver uma identidade única e individual. Cada criança é única, com seus próprios talentos, interesses e desafios. Quando os pais comparam seus filhos com outras crianças, estão, de certa forma, negando a singularidade de cada um. Isso pode levar a uma sensação de falta de identidade e dificuldades no desenvolvimento de uma autoimagem saudável.
  2. Criando Ansiedade e Inadequação: As comparações podem levar as crianças a se sentirem ansiosas e inadequadas. Elas podem sentir que nunca estão à altura das expectativas impostas pelos pais, o que pode prejudicar sua autoestima e confiança. A ansiedade e a sensação de inadequação podem persistir na vida adulta, afetando o bem-estar emocional e as relações interpessoais.
  3. Valorização da Individualidade: A psicanálise valoriza a individualidade e autenticidade. Encorajar a individualidade significa permitir que as crianças sigam seus próprios interesses, sonhos e objetivos, em vez de tentar encaixá-las em um molde predefinido. Isso promove o desenvolvimento de uma autoimagem saudável e permite que as crianças cresçam com autoestima e confiança em suas habilidades.
  4. Promovendo Autonomia: A ênfase na individualidade também está relacionada à promoção da autonomia. Quando as crianças são encorajadas a explorar e desenvolver suas próprias identidades, tornam-se mais independentes e capazes de tomar decisões por si mesmas. Isso é crucial para o desenvolvimento saudável da personalidade e a capacidade de enfrentar os desafios da vida de maneira eficaz.

É essencial respeitar e valorizar a individualidade de cada criança. Comparar os filhos com outros pode minar a autoestima, criar ansiedade e minar o desenvolvimento da identidade única deles.

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