couple hugging and using smartphone near sea on sunset

Narcisismo e Redes Sociais: o “casamento” perfeito

Narcisismo e Redes Sociais: Uma Perspectiva Psicanalítica

O fenômeno do narcisismo tem sido amplamente discutido e analisado pela psicanálise desde os tempos de Sigmund Freud. No entanto, com o advento e a popularização das redes sociais, esse conceito ganhou uma nova relevância e urgência, tornando-se um tema central para a compreensão da subjetividade contemporânea.

Neste artigo, exploraremos a relação entre o narcisismo e as dinâmicas das redes sociais, buscando entender como essas plataformas digitais têm moldado e exacerbado certas características narcísicas em indivíduos e grupos. Além disso, analisaremos os impactos psicológicos e sociais dessa interação, bem como as implicações para a prática clínica da psicanálise.

O Conceito de Narcisismo na Psicanálise

O narcisismo, como conceito psicanalítico, foi inicialmente desenvolvido por Freud para descrever a investida libidinal do indivíduo em sua própria imagem e self. Esse fenômeno é considerado um estágio normal do desenvolvimento psíquico, no qual o indivíduo investe energia psíquica em sua própria pessoa, antes de direcioná-la a objetos externos.

No entanto, Freud também identificou formas patológicas de narcisismo, nas quais o indivíduo fica excessivamente investido em sua própria imagem, em detrimento de suas relações com o mundo externo. Esse tipo de narcisismo exacerbado pode levar a dificuldades no estabelecimento de vínculos saudáveis, bem como a uma visão distorcida de si mesmo e dos outros.

O Narcisismo na Era Digital

Com a ascensão das redes sociais, o narcisismo ganhou uma nova dimensão, tornando-se um fenômeno cada vez mais presente e visível na sociedade contemporânea. As plataformas digitais oferecem um ambiente propício para a exibição e a valorização da imagem pessoal, incentivando a construção de identidades altamente curadas e a busca constante por validação externa.

Nesse contexto, os indivíduos são constantemente estimulados a se apresentar de forma idealizada, a cultivar uma “marca pessoal” e a competir pela atenção e o reconhecimento de seus pares. Essa dinâmica pode levar a uma distorção da realidade, com os usuários se tornando cada vez mais focados em projetar uma imagem de si que seja atraente e admirável, em detrimento de uma conexão autêntica com seus próprios sentimentos e experiências.

Impactos Psicológicos do Narcisismo Digital

O narcisismo exacerbado, alimentado pelas redes sociais, pode ter sérias consequências psicológicas para os indivíduos. Alguns dos principais impactos incluem:

  1. Baixa Autoestima e Insegurança: A comparação constante com as imagens idealizadas de outros pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima, minando a confiança do indivíduo em si mesmo.
  2. Dificuldades nos Relacionamentos: O foco excessivo na própria imagem e a busca por validação externa podem prejudicar a capacidade de estabelecer vínculos autênticos e significativos com os outros.
  3. Ansiedade e Depressão: A pressão para se apresentar de forma perfeita e a sensação de não alcançar os padrões impostos pelas redes sociais podem desencadear sintomas de ansiedade e depressão.
  4. Distorção da Realidade: A construção de uma imagem idealizada de si mesmo pode levar a uma visão distorcida da própria realidade, dificultando o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.
  5. Dependência das Redes Sociais: O vício em validação externa e a necessidade constante de monitorar a própria imagem online podem gerar uma dependência patológica das redes sociais.

Implicações para a Prática Clínica

Diante desse cenário, a psicanálise tem um papel fundamental a desempenhar, tanto na compreensão quanto no tratamento dos impactos do narcisismo digital. Os psicanalistas devem estar atentos a essas dinâmicas e suas manifestações na vida de seus pacientes, buscando estabelecer uma relação terapêutica que permita a exploração e a ressignificação desses fenômenos.

Algumas abordagens clínicas relevantes incluem:

  1. Trabalho com a Imagem Corporal: Ajudar os pacientes a desenvolverem uma relação mais saudável e autêntica com sua própria imagem, superando a necessidade de constante validação externa.
  2. Fortalecimento da Autoestima: Promover o desenvolvimento de uma autoimagem positiva e realista, baseada em qualidades internas e não apenas na aparência.
  3. Exploração das Relações Interpessoais: Investigar como o narcisismo digital afeta a capacidade do paciente de estabelecer vínculos significativos e duradouros.
  4. Conscientização sobre o Uso das Redes Sociais: Auxiliar os pacientes a desenvolverem uma relação mais consciente e equilibrada com as plataformas digitais, evitando a dependência e a distorção da realidade.
  5. Fortalecimento da Capacidade Reflexiva: Estimular o paciente a desenvolver uma maior capacidade de autoanálise e autoconhecimento, para que possa se distanciar da imagem idealizada e se conectar com suas experiências emocionais autênticas.

O narcisismo, em sua forma exacerbada e alimentada pelas redes sociais, tornou-se um fenômeno central na compreensão da subjetividade contemporânea. Essa dinâmica tem impactos significativos na saúde mental dos indivíduos, gerando dificuldades nos relacionamentos, baixa autoestima e distorção da realidade.

Nesse contexto, a psicanálise tem um papel fundamental a desempenhar, tanto na análise desse fenômeno quanto no desenvolvimento de abordagens clínicas que possam auxiliar os pacientes a estabelecerem uma relação mais saudável e autêntica consigo mesmos e com o mundo ao seu redor. Ao compreender e trabalhar com as manifestações do narcisismo digital, os psicanalistas podem contribuir para a promoção de uma subjetividade mais integrada e resiliente na era das redes sociais.

fashion love people woman

Mães Narcisistas: a Maternidade Distorcida

As mães desempenham um papel fundamental na formação e desenvolvimento dos seus filhos. No entanto, quando uma mãe apresenta traços narcisistas, a dinâmica familiar pode se tornar extremamente desafiadora. Neste artigo, exploraremos o tema das mães narcisistas, os impactos que podem ter sobre seus filhos e algumas estratégias para lidar com essa situação delicada.

Entendendo o Narcisismo Materno

O narcisismo é um transtorno de personalidade caracterizado por um senso exagerado de autoimportância, falta de empatia e necessidade constante de admiração. Quando uma mãe apresenta traços narcisistas, sua preocupação principal é consigo mesma, em detrimento das necessidades emocionais e psicológicas dos filhos. Essas mães podem se envolver em comportamentos manipuladores, competitivos e até mesmo abusivos.

Impacto nos Filhos

O impacto de ter uma mãe narcisista pode ser profundo e duradouro. As crianças que crescem com uma mãe narcisista muitas vezes enfrentam desafios emocionais e psicológicos significativos ao longo de suas vidas.

Uma mãe narcisista é alguém que apresenta um comportamento egocêntrico excessivo e demonstra falta de empatia em relação aos outros, incluindo seus próprios filhos. Elas têm uma necessidade constante de atenção e admiração, e sua prioridade é sempre a promoção de seu próprio interesse e imagem.

As crianças que crescem com uma mãe narcisista podem se sentir negligenciadas, desvalorizadas e constantemente em busca de aprovação. Elas podem ter dificuldade em expressar suas próprias necessidades e emoções, pois são frequentemente ignoradas ou invalidadas pela mãe narcisista. Isso pode afetar negativamente sua autoestima e autoconfiança, levando a problemas de saúde mental como ansiedade e depressão.

Além disso, as mães narcisistas podem usar seus filhos como uma extensão de si mesmas, projetando suas próprias expectativas e ambições neles. Elas podem exigir que seus filhos alcancem sucessos e conquistas que as engrandeçam, sem considerar as verdadeiras necessidades e desejos das crianças. Essa pressão excessiva pode ser extremamente prejudicial para o desenvolvimento saudável e autêntico dos filhos, minando sua individualidade e autonomia.

Os efeitos de ter uma mãe narcisista podem ser profundos e duradouros, afetando todos os aspectos da vida dos filhos. No entanto, é importante ressaltar que nem todas as mães narcisistas são completamente desprovidas de amor ou intenção de fazer o melhor para seus filhos. Algumas podem até mesmo exibir momentos de afeto e cuidado genuínos. No entanto, o padrão geral de comportamento narcisista pode ter um impacto significativo no bem-estar e no crescimento emocional das crianças.

Para aqueles que tiveram uma mãe narcisista, é importante procurar apoio emocional e, se necessário, terapia, para processar suas experiências e buscar o caminho da cura. Cuidar de si mesmo e desenvolver estratégias saudáveis ​​de relacionamento e autocuidado é fundamental para superar os desafios causados ​​pela presença de uma mãe narcisista na vida.

Estratégias para lidar com uma Mãe Narcisista

Enfrentar uma mãe narcisista não é uma tarefa fácil, mas existem algumas estratégias que podem ajudar:

  1. Estabeleça limites saudáveis: Defina limites claros sobre o que é aceitável e o que não é. Proteja a sua própria saúde mental e emocional estabelecendo limites, mesmo que isso signifique afastar-se temporariamente.
  2. Busque apoio: É importante encontrar um suporte externo confiável, como um terapeuta, grupo de apoio ou amigos próximos. Ter alguém com quem compartilhar suas experiências e emoções pode ser extremamente útil.
  3. Priorize sua própria saúde: Cuide de si mesmo, desenvolvendo hobbies, praticando atividades físicas ou encontrando momentos para relaxar e recarregar as energias. Foque em desenvolver sua própria identidade independente da relação com sua mãe.
  4. Seja resiliente: Lembre-se de que você é mais do que as palavras e ações da sua mãe. Cultive sua resiliência interna, estabelecendo metas, praticando a autocompaixão e buscando crescimento pessoal.

Lidar com uma mãe narcisista é uma jornada desafiadora, mas não invencível. Buscar apoio, estabelecer limites e cuidar de si mesmo são etapas fundamentais nesse processo. Lembre-se de que seu valor vai além das expectativas e necessidades da sua mãe. Com paciência e autocuidado, é possível construir uma vida plena e saudável, mesmo na presença de uma mãe narcisista.

Quer falar comigo? CLIQUE AQUI.

demo-attachment-1334-Anxiety-Therapy-Image-2

Terapia de Casal: como lidar com marido ou esposa narcisista? Psicanálise na prática

Imagine dividir sua vida com uma pessoa que acredita que deve receber o máximo de atenção e praticamente ser venerada?

Neste artigo vamos falar sobre narcisismo e o que você deve fazer se o seu cônjuge for.

Não se pode dizer que uma pessoa é narcisista porque cuida muito da sua imagem ou tem traços de grandiosidade. Esse transtorno é caracterizado por um padrão geral de necessidade de admiração, grandiosidade e falta de empatia.

Entre as características podemos encontrar:

  • Sentimentos de grandeza e atitude arrogante.
  • Tem fantasias de sucesso, amor ideal ilimitado, poder, beleza.
  • Ele ou ela acredita ser especial, único, só ele pode se relacionar com os outros.
  • Ele ou ela não tem empatia, não se identifica com os sentimentos dos outros.
  • Ele se aproveita dos outros para seu benefício.
  • Inveja os outros.
  • São arrogantes, superiores.

Sempre costumo dizer que todo mundo deve ter um pouco de narcisismo em si. Em doses adequadas digamos assim, o narcisismo pode contribuir para uma boa autoestima. Mas assim como o sal em excesso faz mal e estraga o sabor de um alimento, se a dose não for adequada, uma pessoa narcisista, aquela que tem essa característica bem-marcada, pode complicar e até arruinar um relacionamento.

Maneiras de lidar com um marido ou esposa narcisista

Esses são os passos que precisam ser seguidos para conseguir lidar com esse tipo de pessoa.

  • Tenha em mente que seu cônjuge (ou namorado, namorada) é narcisista por causa de uma insegurança e baixa autoestima. São pessoas que usam isso como mecanismo de defesa, com sentimentos de superioridade para evitar fragilidades.

São pessoas que dependem da opinião e aprovação dos outros, mas tenha em mente que você só deve elogiá-los se eles merecerem e forem reais, se não, você vai alimentar essa atitude de superioridade.

  • Sua felicidade depende da manifestação de apreço que as pessoas ao seu redor expressam a você. Se você precisa transmitir uma crítica, faça isso com delicadeza e sinceridade. É bom que essa pessoa entenda que você não a questiona, mas questiona as ações.
  • Não se deixe manipular, essa pessoa vai querer que você pense como ela, que não faz nada de errado, vai querer culpar os outros pelos fracassos, você é o alvo principal. Se você sentir isso, então ative os alertas, se ele te manipular, isso reforçará a atitude dele ou dela. Não leve suas críticas a sério.
  • Estabeleça limites: sim, é bem difícil fazer isso ao lidar com uma pessoa narcisista especialmente, mas é necessário. Saiba dizer “não” e no caso de um ataque narcísico, nunca tente se nivelar no mesmo ponto de agressividade da pessoa.
  • Algumas pessoas narcisistas costumam ignorar momentos agressivos ou de ataque verbal, muitas vezes pedindo para que a outra pessoa simplesmente, deixe o assunto de lado e siga com a vida. Isso acontece porque o narcisista não quer ser contrariado, não quer entrar numa conversa em que se dirá que o comportamento dele ou dela foi inadequado. Mas você deve sim, resolver cada questão que tenha acontecido, principalmente se machucou você, de alguma forma. Cada vez que você deixa de lado algo assim, você está fortalecendo o narcisismo do seu cônjuge, namorado ou namorada.

Como você pode ajudar

O que uma pessoa com atitudes narcísicas precisa é acreditar mais em si mesma, mas se conseguir sentir amor-próprio saudável, não terá a necessidade de tornar seu ego maior para se sentir bem.

Você pode e deve mostrar a seu cônjuge que o ama de verdade. Lembre-se, provavelmente ele ou ela passou por algo na vida que o faz pensar que talvez não valha tanto e precisa de autoafirmar a si mesmo o próprio valor. Mostre que valoriza suas conquistas, que você está do lado dela ou dele. Mas sempre seja firme quando perceber uma atitude narcisista.

Claro, a origem do narcisismo em uma pessoa pode ter diferentes origens, isso pode ser descoberto em análise.

É fácil dizer, mas mais difícil de colocar em prática. O processo de mudança para uma pessoa que tem um transtorno de personalidade é um pouco complicado e requer ajuda de profissionais. Muitos profissionais inclusive, preferem não atender a clientes narcisistas, tamanho o grau de complexidade desse processo. Além disso, geralmente o narcisista não vê necessidade de tratamento, já que ele ou ela se sente confortável com a sensação de “poder” que experimenta cada vez que sente que recebeu a atenção que queria.

O melhor momento para você ajudá-lo é depois de grandes mudanças ou algo que aconteceu que machucou seu ego.

Trabalhar com narcisistas é um processo que requer o apoio de profissionais, não hesite em pedir uma consulta para ajudá-lo a tratar essa pessoa. CLIQUE AQUI e converse comigo.

man love people flowers

A outra face do narcisismo, o vulnerável

Até agora, todos nós conhecemos bem as características do narcisista.

Fonte: Ben Schonewille para Getty Images via Canva

Eles são pessoas sensíveis ou é uma farsa? Saiba mais sobre o narcisista vulnerável.

Eles são ótimas pessoas em suas maneiras.

Eles desvalorizam os outros enquanto se inflam.

Eles não têm empatia por qualquer um (além de si mesmos, é claro).

São pessoas cujas conquistas são simplesmente as maiores, melhores e mais notáveis.

Eles possuem as melhores coisas. Eles merecem o melhor, afinal.

Mas como você identifica um narcisista vulnerável?

Um narcisista vulnerável sente que deve se proteger do escrutínio negativo. Para essas pessoas, qualquer escrutínio parece negativo. Eles têm dificuldade em aceitar elogios, desconfiam da fonte e pervertem esses comentários em ataques velados.

Eles tendem a ser reservados, revelando apenas parte de sua personalidade por medo de serem emocionalmente aniquilados. Aqueles que os conhecem podem experimentá-los como indefesos, derrotados, mas facilmente irritados com o que não estão recebendo. Eles podem não ter empatia, principalmente porque não experimentaram muita empatia crescendo.

Você pode percebê-los como bastante agradáveis no início, mas logo, um desapego interpessoal deixa você se sentindo invisível e confuso.

Você pode pensar:

Será que ele está me ouvindo?

O que acabou de acontecer?

Você pensou que vocês se davam bem, mas de repente, essa pessoa se retira ou fica com raiva e você se sente mal com alguma coisa, mas você não sabe o quê.

Como lidar com o narcisista vulnerável?

Lidar com o narcisista vulnerável envolve algo que um narcisista sempre não tem: empatia.

O narcisista vulnerável tem feridas emocionais que o levaram a ficar na defensiva. Eles expressam sentimentos de grandiosidade. Há um ar de arrogante sigilo e desvalorização, expresso como retirada e raiva silenciosa em relação aos outros.

Essa pessoa pode se sentir deprimida, mas a verdadeira doença pode ser essa sensação esmagadora de vulnerabilidade que a impede de ser completamente autêntica e alcançar um senso coeso de si mesma. Pode parecer banal, mas “a culpa não é sua”. A noção de “culpa” pode fazer com que alguns leitores sintam que precisam desculpar alguém que lhes causou muita dor. E pode não ser sua “culpa”, mas ainda é sua responsabilidade atender à sua parte de uma interação interpessoal disfuncional.

Para o narcisista vulnerável, a terapia pode ajudar a desvendar esse mistério e promover uma autoestima estável e uma identidade mais forte e resiliente. Se você está envolvido com alguém que exibe esses traços, tente fornecer empatia, mantendo limites saudáveis e fortes no relacionamento. A terapia também pode ajudar.

Quer conversar comigo? CLIQUE AQUI.

a man and a woman praying together

Por que é tão difícil lidar com pessoas narcisistas?

Quando um narcisista pede que você “perdoe e esqueça”, eles geralmente esperam perdão pelo dano que ainda pode estar sendo feito em tempo real. Do ponto de vista deles, o problema é você perceber sua falta de vontade de parar – não sua insistência e recusa reais. Eles realmente acreditam que seria mais fácil e justo para você se ajustar os maus-tratos deles, do que para eles simplesmente pararem de maltratá-lo.

O sentimento de se sentir sempre com a razão é uma característica do transtorno de personalidade narcisista. Isso explica por que muitos narcisistas percebem erroneamente as consequências como mais duras do que o comportamento cruel, desonesto e egocêntrico que justificou tais repercussões em primeiro lugar. Os narcisistas se vêem como merecedores de tratamento especial em todas as circunstâncias, mesmo que tenham destruído a saúde física, a autoestima, as redes de apoio e a capacidade de construir relacionamentos com indivíduos confiáveis de uma vítima.

Lil Artsy/Pexels

O melhor pedido de desculpas é a mudança de comportamento – isso é senso comum para a maioria das pessoas. No entanto, os narcisistas muitas vezes preferem que as vítimas adotem a negação. Eles parecem incapazes de imaginar que suas vítimas desejam que o esquecimento seja possível; mas o trauma infligido a eles foi tão profundo que agora é algo com que eles devem lidar. E, embora pareça contra-intuitivo, às vezes o melhor enfrentamento não é a repressão, mas sim o processamento aberto do trauma com um sistema de apoio que não exigirá dissociação do passado ou do presente. Às vezes, a cura parece rejeitar a amnésia tóxica.

Pode-se imaginar que evidências concretas ajudariam um narcisista a entender a magnitude de seu dano, mas mesmo diante de provas, muitos apenas se voltarão para o controle da narrativa por meio de se fazerem de vítimas ou até mesmo de tentarem mostrar que quem está mal é você.

Eles podem, por exemplo, dizer aos outros que você começou um conflito que realmente começou com eles atacando você, ou que você foi intransigente, mesmo que você nunca tenha pedido nada mais do que respeito básico e permanecido paciente quando ainda tinha esperança de que eles mudassem. Qualquer auto-respeito de você pode intensificar essa reação. Quanto mais empoderado você parece, quanto mais eles temem a exposição, mais energia eles investem em distorcer fatos e mais tempo eles gastam garantindo que a narrativa deles abafe a sua.

Acima das consequências e irrepreensíveis

A auto-ilusão de um narcisista de que eles são os árbitros auto-nomeados da verdade – e as únicas autoridades sobre a realidade – é o pressuposto que alimenta seu direito à confiança e respeito imerecidos. Assim como os narcisistas concedem a si mesmos permissão para se esquivar das regras e padrões que impõem aos outros, eles também se concedem permissão para “brincar de Deus” e reescrever a realidade para se conformar ao seu senso de infalibilidade.

Da mesma forma, a eventual queda de um narcisista geralmente pode ser atribuída à sua rejeição crônica de críticas construtivas e conselhos bem-intencionados. Pode-se sentir a necessidade de críticas diretas – mesmo válidas e fundamentadas – com as almofadas de ressalvas afirmativas, isenções de responsabilidade e qualificadores, ou garantia preventiva de que eles são uma boa pessoa com aptidão para melhorar. No entanto, essas estratégias ponderadas geralmente se mostram fúteis.

Ketut Sabiyanto/Pexels

Pior ainda, os narcisistas tendem a projetar competição e rivalidade onde nenhuma delas existe. Conselhos como: “Você pode parecer mais positivo se pensar mais antes de falar” podem facilmente ser mal interpretados como: “Você acha que sabe tudo? Que eu sou mais burro do que você? Que eu sou um perdedor?”

Muitos narcisistas não conseguiram entender sua abertura para aprender com eles no momento seguinte, porque se sentem compelidos a projetar uma hierarquia dominante-subordinada na dinâmica. Seu filtro mental padrão é tipicamente definido como preto ou branco, pensamento e falsas dicotomias (todas boas-todas ruins, versus perspectivas “ambas/e” que enfatizam o pensamento contextual e o relativismo moral).

Isso significa que eles minam sua própria socialização e negligenciam a prática das habilidades pró-sociais de autorregulação e tomada de perspectiva. Se o seu conselho privado os pouparia de um escrutínio mais severo em público, permanecer alheio às armadilhas de seu caráter pode se sentir mais seguro (e eles geralmente têm facilitadores empáticos para ajudar a limpar suas bagunças).

Da mesma forma, um grupo com alto narcisismo coletivo – como uma instituição religiosa que é autoritária e doutrinariamente fundamentalista – pode se desviar invocando delírios persecutórios, ou talvez espiritualizar demais qualquer grau de crítica ou inconformidade como evidência do espírito do “Inimigo”.

Alex Verde/Pexels

Abuso Narcisista

Os narcisistas muitas vezes empregam táticas implacáveis – deflexão, projeção e racionalização – porque estão comprometidos em mal-entendidos e desacreditando você. Sua intenção é sobrecarregar seu sistema nervoso, até que você não tenha coragem e força para falar e lutar.

Esse impacto mente-corpo dessa hostilidade insidiosa explica por que os sobreviventes de abuso narcisista geralmente relatam vários problemas de saúde. Alguns sofrem com problemas gastrointestinais, inflamação de níveis cronicamente altos de hormônios do estresse, pesadelos e flashbacks, ataques de pânico e muito mais.

De boa-fé, os sobreviventes de um narcisista muitas vezes tentam a reconciliação, sem perceber que o narcisista não “joga limpo”. Não só isso, mas o modo de ser típico impede o narcisista de entender o que a verdadeira paz e o perdão implicam: total transparência, humildade radical e compromissos acionáveis com a integridade no futuro, se houver mesmo um desejo de fazê-lo.

Mas raramente a humildade raramente é encontrada em narrativas narcisistas. Assim, a cura para sobreviventes de abuso narcisista muitas vezes centra o desafio de descartar a necessidade de provas ou pessoas para reivindicar sua inocência e bom caráter.

Normalmente, o primeiro passo parece substituir um autocrítico interior que o narcisista propositadamente instilou para induzir a autoconsciência e a insegurança. Essa voz interior muitas vezes reproduz o roteiro desvalorizador do narcisista – o narcisista diminuindo suas forças, culpando sua confiança ou realizações, julgando o que lhes traz alegria, acusando-os de egoísmo, invalidando sua intuição como “loucura” e comparando-os com os outros.

Yan Krukau/Pexels

Retraumatização

A retraumatização pode resultar do trauma de ser ativa e rotineiramente desacreditado, invalidado, silenciado, alienado e / ou bode expiatório dentro de uma família, local de trabalho ou indústria, escola, comunidade religiosa, ou outra instituição. Às vezes, a retraumatização da traição institucional eclipsa a dor do abuso narcisista que inicialmente levou um sobrevivente a falar.

A traição institucional é muitas vezes possibilitada por narrativas que enquadram “lados” certos e errados, com base em dinâmicas de poder desiguais (por exemplo, “Como ela se atreve a falar sobre [seus presbíteros, seu chefe, seu pastor, seu pai, etc.] dessa maneira?”). Essas narrativas são como os narcisistas recrutam amigos e familiares de um sobrevivente para negar evidências, vigiá-los e miná-los socialmente através de fofocas sobre eles serem “loucos”.

Os sobreviventes acabam percebendo que, pois o narcisista define “perdão” e “paz”, dependem da aceitação de suas ilusões escapistas de irrepreensibilidade e pureza. Não importa que a narrativa revisionista alinhada com sua auto-ilusão desafie fatos, razão, empatia e todo o senso comum.

O Tempo É Uma Mãe

Em “Como humilhar um narcisista absoluto”(em inglês), Jeremy E. Sherman escreve: “Ser um narcisista absoluto exige disciplina de um tipo peculiar, a disciplina de ser completamente indisciplinado, nenhuma consistência em suas racionalizações implacáveis e falsas, a disciplina de dizer em resposta a tudo ‘que prova que estou certo’, sem atenção. à realidade, ou ao significado das coisas que dizem, já que tudo o que importa é manter a aparência de vencer”.

Pior ainda, os narcisistas muitas vezes empregam o que Sherman chama de lógica padrão – “se eles podem encontrar qualquer falha em você, isso prova que eles são impecáveis por padrão”.

Andrea Piacquadio/Pexels

Isso os leva a enquadrar cada escolha que você faz como uma fraqueza. Falar porque você se sente inseguro? Você é vingativo. Explicitar seus motivos? Você é um sabe-tudo. Pega o caminho mais alto? Você é preguiçoso. Chorar? Você é sensível. Gritar? Você é um monstro. Ficar em silêncio? Você está com medo. Desmascarar suas mentiras com evidências cronológicas e detalhadas? Você está preso no passado.

Você provavelmente está se perguntando se o narcisista vence no final. Não. Por quê, você pergunta? Nenhum mentiroso pode impedir que a verdade se acumule e se revele ao longo do tempo. Nosso personagem sempre se infiltra (ou salta) eventualmente, mesmo apesar de nosso melhor esforço conjunto para se misturar e passar despercebido. O trabalho das sombras, ou o exame das camadas inconscientes e reprimidas de nossa individualidade, pode nos salvar – no entanto, os narcisistas são inequivocamente contrários a ele.

Imagine passar uma vida inteira acreditando que seu maior problema são outras pessoas e, em seguida, perceber a implausibilidade dessa projeção apenas quando não há mais ninguém para culpar.

Você gostaria de falar comigo? Quero ouvir você. Agende uma consulta CLICANDO AQUI.

man in front of the mirror

A diferença entre narcisismo e alta autoestima

Publicado em Psychophysiology, um estudo recente de Brummelman et al. examina os primeiros indicadores fisiológicos de alta autoestima e narcisismo.

Narcisismo vs. Alta Autoestima

O narcisismo e a alta autoestima têm certas características em comum, como as autopercepções positivas. Não surpreendentemente, muitas pessoas assumem que os narcisistas têm alta autoestima. No entanto, isso não é necessariamente verdade.

Em outras palavras, narcisismo e autoestima são diferentes. Enquanto a autoestima se refere à avaliação subjetiva de uma pessoa de seu valor, o narcisismo refere-se a sentimentos de egocentrismo, auto-importância, superioridade, grandiosidade e sentimento de direito. Uma pessoa com alta autoestima pensa: “Eu sou bom”. Um narcisista pensa: “Eu sou especial” ou “Eu sou o melhor”.

O estudo de Brummelman e colegas, descrito abaixo, tentou determinar se o narcisismo e a autoestima também têm diferentes precursores fisiológicos.

Investigando os indicadores fisiológicos de narcisismo e autoestima

Amostra: 71 meninos (46% do sexo masculino; 88% holandeses).

Procedimento: Quando as crianças tinham 4,5 anos de idade, elas chegaram ao laboratório com seus pais e foram convidadas a executar uma música na frente de seus pais, uma câmera (que estava gravando a performance) e o experimentador.

Durante a fase de previsão, que durou dois minutos, ele instruiu as crianças a se sentarem no pódio até a hora de agir. Depois de cantar, houve uma fase de recuperação que durou um minuto. Durante este período, as crianças foram novamente instruídas a sentar-se no pódio. Essas fases não foram gravadas em vídeo.

Medidas: Ao longo dos períodos de desempenho, antecipação e recuperação, os pesquisadores registraram as respostas fisiológicas das crianças, como eletrocardiograma (ECG), variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e atividade eletrodérmica.

Aos 7,5 anos – que é quando as diferenças individuais de autoestima e narcisismo emergem mais claramente – as crianças retornaram ao laboratório para preencher questionários que avaliaram o narcisismo (a Escala de Narcisismo Infantil de 10 itens) e a autoestima (a Subescala Global de Autoestima de seis itens do Perfil de Autopercepção das Crianças).

O que os pesquisadores descobriram

Crianças com predisposição ao narcisismo “mostraram níveis elevados de condutância da pele durante a antecipação da tarefa”. A condutância da pele permaneceu elevada durante toda a atividade e não retornou à linha de base durante a recuperação. Em contraste, “as crianças predispostas a níveis mais elevados de autoestima mostraram condutância reduzida da pele durante o exercício”.

Os resultados concordam com a visão de que as crianças narcisistas são “mais frágeis e propensas a preocupações de avaliação social”, enquanto as crianças com alta autoestima “são mais confiantes e podem se sentir confortáveis em contextos de avaliação social”. As crianças geralmente “experimentaram um aumento acentuado na condutância da pele à medida que passavam da antecipação para a execução”, mas “esse aumento foi atenuado para crianças predispostas a altos níveis de narcisismo”.

Em outras palavras, o desempenho real não parecia tornar as crianças narcisistas muito mais ansiosas. Por que?

Talvez as crianças narcisistas já estivessem quase tão apreensivas e preocupadas quanto poderiam estar, então não havia muito espaço para um aumento adicional na ansiedade.

Outra possibilidade é que as crianças narcisistas tenham vivenciado a fase de desempenho como positiva, apesar de sua ansiedade antecipatória. Ser o centro das atenções e receber elogios grandiosos pode ter sido uma experiência especialmente positiva para crianças narcisistas.

Despois, antes de que cada criança se apresentasse, ela era apresentada ao “público” dessa forma: “Damas e cavallheiros, hoje teremos uma apresentação especial do famoso (nome da criança), que vai cantar a música (nome da música).”

Narcisismo, autoestima e ansiedade sócio-avaliativa

Como observado, crianças predispostas ao narcisismo (versus crianças com alta autoestima) tendem a mostrar maior atividade de condutância da pele ao antecipar ou realizar uma tarefa de avaliação social, como agir na frente de uma audiência. Nota: A condutância da pele está relacionada à excitação simpática, resposta de luta ou fuga, segundo estudos científicos.

Isso faz sentido porque os narcisistas são mais propensos a experimentar hiperexcitação em situações em que se sentem expostos ao julgamento social ou antecipam tal exposição.

Para ser claro, as crianças confiantes no estudo também experimentaram respostas de luta ou fuga. Especificamente, a atividade de condutância da pele de crianças com alta autoestima aumentou da antecipação ao desempenho. No entanto, seus níveis de condutância cutânea foram inicialmente mais baixos e permaneceram abaixo dos níveis de crianças com baixa autoestima.

A resposta de crianças confiantes faz sentido se lembrarmos que uma função básica da autoestima é avaliar a aceitação e a valorização social. Portanto, crianças altamente confiantes não esperam rejeição se falharem em uma tarefa. Mesmo quando seu desempenho é criticado, eles ainda esperam ser aceitos e tratados como indivíduos valiosos.

Gilmanshin/Pixabay
Fonte: Pixabay

Origens do narcisismo e da alta autoestima

Quais são as origens do desenvolvimento do narcisismo e da alta autoestima? Pesquisas indicam que ambos são em parte hereditários e em parte aprendidos através da interação com agentes socializantes, particularmente os pais.

Para ilustrar, as crianças narcisistas são mais propensas a ter pais que as supervalorizam e acreditam que são especiais.

No entanto, essas crianças não desfrutam de aceitação incondicional porque são valorizadas e aceitas apenas se eles vivem de acordo com os padrões muitas vezes irrealistas de seus pais. Tal aprovação condicional pode explicar as intensas preocupações de avaliação social de crianças narcisistas.

Em contraste com a supervalorização dos pais, o calor e a capacidade de resposta dos pais estão ligados ao comportamento de apoio, sensibilidade e cuidado, com a aprovação e aceitação incondicional da criança. De fato, o calor dos pais é mais propenso a promover o desenvolvimento de alta autoestima.

Pais calorosos e receptivos reservam tempo para passar com seus filhos, mostrar entusiasmo pelo que interessa a seus filhos e compartilhar suas emoções positivas.

Dessa forma, os pais responsivos comunicam a aceitação de seus filhos por quem eles são, em vez de aceitação condicional deles por atenderem aos padrões perfeccionistas de seus pais.

Em resumo

A presente pesquisa mostra que narcisismo e autoestima são construtos distintos. Especificamente, o narcisismo pode ser “previsto pela hiperatividade fisiológica durante a antecipação da exposição social”, enquanto “a autoestima [é] prevista por um estado geral de excitação reduzida”.

Isso significa que os narcisistas são mais propensos do que aqueles com alta autoestima a experimentar excitação e ansiedade em situações de avaliação social. Eles têm medos mais fortes de serem rejeitados, ridicularizados ou humilhados; e ser desvalorizados se não atenderem aos critérios do avaliador.

Pessoas com alta autoestima também experimentam ansiedade de desempenho e antecipam críticas potenciais, juntamente com elogios, em situações avaliativas. Ao mesmo tempo, eles se sentem aceitos, valorizados e amados, independentemente de seu desempenho social. Isso permite que eles se sintam confiantes sobre quem são, não importa o que aconteça.

Se você quiser conversar comigo, podemos agendar uma consulta. CLIQUE AQUI para falar comigo.