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A Psicanálise está sob ataque? Psicanálise na prática

A Psicanálise está sob ataque? Se sim, de quem? Logo de início, quero dizer para você que este artigo é mais dirigido a estudantes e colegas psicanalistas. Mas certamente você, que tem interesse na Psicanálise, irá se interessar pelo tema.

Eu tenho percebido um comportamento que chega a ser paranoico por parte de alguns psicanalistas enquanto aos ataques sofridos pela Psicanálise. Então, antes de falar sobre essa paranoia, quero comentar brevemente o motivo dela.

A Psicanálise nasceu sob ataque

Isso pode até ser um pouco surpreendente para quem não é estudante de Psicanálise, mas infelizmente, desde que o Dr. Freud começou a colocar seus pacientes em um divã, essa disciplina sofreu todo tipo de ataque. De charlatanismo a pseudociência, esses ataques iniciaram na criação da técnica psicanalítica e persiste até os dias de hoje.

Freud, diversas ocasiões, teve que defender sua técnica. Existe ampla bibliografia sobre isso. Embora alguns críticos argumentem que a psicanálise é excessivamente teórica e subjetiva, é importante ressaltar que a prática clínica da psicanálise tem sido refinada e adaptada ao longo dos anos. A formação dos psicanalistas envolve um treinamento rigoroso, supervisionado e baseado em evidências, que visa desenvolver habilidades clínicas sólidas e uma compreensão profunda da teoria psicanalítica.

Além disso, a eficácia da psicanálise não pode ser avaliada apenas por meio de métodos quantitativos, como estudos controlados randomizados. A natureza intrincada e individualizada do processo terapêutico psicanalítico requer uma abordagem qualitativa, onde o foco está no significado pessoal atribuído pelo paciente à sua experiência terapêutica. Por esse motivo, métodos tradicionais de análise científica nem sempre se aplicam à Psicanálise.

E por essa razão principal, há muitos psicanalistas que, seguindo o exemplo de Freud, são dedicados a defender a técnica psicanalítica.

Técnica Psicanalítica: equilíbrio é necessário

O problema de se estar constantemente em modo “defesa” é a falta de equilíbrio. Tenho observado que há profissionais que, na busca da defesa da Psicanálise, acabam exagerando a dose e com isso quase desenvolvem uma mania de perseguição para paranoico nenhum colocar defeito.

Esses profissionais acreditam que possivelmente “todos” estão em constante ataque à Psicanálise. Dizem que a Psicologia (já falo dela), a medicina e até mesmo a CIÊNCIA como um todo são inimigos da Psicanálise. Isso mesmo!

Aqui, vou falar um pouco sobre esses tais ataques, claro, sob minha visão. Primeiro, vamos falar sobre a Psicologia. Se você for, nesse momento, fazer uma breve pesquisa nas redes sociais, tenho certeza de que vai encontrar vários posts criticando e até mesmo ridicularizando a Psicanálise. A maioria das críticas carece de conhecimentos mínimos sobre a Psicanálise, usando ideias superficiais e até mesmo vagas em alguns casos.

“Curiosamente”, em diversas ocasiões o Conselho Federal de Psicologia, órgão federal responsável por regulamentar o exercício da Psicologia no Brasil, tentou restringir a prática da Psicanálise para Psicólogos, algo que vai totalmente contra o conceito de “Psicanálise leiga” que foi defendida por Freud. Se você pesquisar projetos de lei, vai encontrar tanto propostas de psicólogos quanto iniciativas do CFP de fazer isso. Eu mesmo conheço pessoas que foram processadas juridicamente pelo CFP por ensinarem a Psicanálise sem serem psicólogos! Houve tentativas diversas de que a Psicanálise fosse “prática exclusiva de psicólogos”. A propósito, nesse embate jurídico que comentei agora, o CFP perdeu vergonhosamente, o que obviamente fortaleceu o bom exercício da Psicanálise.

Então, apesar de que hoje em dia, você encontra escritos em que o CFP diz claramente que a Psicanálise NÃO É prática exclusiva de psicólogos, num passado bem recente, a briga era muito pesada. Acredito ainda existir, de maneira mais ou menos velada.

Por isso, é entendível que um psicanalista queira se defender desses ataques absurdos. Mas antes de concluir meu raciocínio, vou comentar outros pontos e aí dar um fechamento geral.

Medicina. Bem, os primeiros atacantes da Psicanálise foram os médicos. Principalmente porque no início da Psicanálise, a Psicologia era algo ainda muito “laboratorial” e não clínica, quem primeiro de opôs à Psicanálise foi a classe médica.

Por esse motivo que Freud dedicou muitos textos aos médicos. As técnicas da Psicanálise eram muito diferentes dos conceitos que havia à época de sua criação. E, curiosamente, depois de bem estabelecida, a classe médica também tentou fazer com que a Psicanálise fosse uma prática da Medicina. Theodor Reik, amigo de Freud, foi acusado de charlatanismo por exercer a Psicanálise sem ser médico, fazendo com que Freud o defendesse. Reik foi absolvido da acusação e o assunto ficou “mais ou menos” claro sobre isso. Atualmente, o Conselho Federal de Medicina, órgão regulador da Medicina no Brasil, reconhece que qualquer pessoa que tenha feito um curso de formação em alguma escola psicanalítica pode exercer a atividade sem problemas.

Ciência. Muito triste incluir esse ponto aqui. Obviamente, graças aos estudos científicos, nós hoje temos acesso a tratamentos médicos mais eficazes, conhecemos melhor como funciona o corpo humano e muito mais. Porém, existe uma tendência ao que tem sido conhecido como “cientificismo”.

O cientificismo é uma perspectiva filosófica que atribui um valor absoluto e exclusivo à ciência como o único meio legítimo de conhecimento e compreensão do mundo. Ele sustenta que a ciência é a única forma válida de investigação e que somente as afirmações cientificamente comprovadas devem ser consideradas verdadeiras.

O cientificismo tende a desvalorizar ou negar a validade de outras formas de conhecimento, como a filosofia, a religião, a arte, a experiência subjetiva ou qualquer disciplina que não possa ser submetida a métodos científicos rigorosos. Ele argumenta que apenas a ciência, com sua abordagem empírica e baseada em evidências, pode fornecer uma compreensão confiável e objetiva do mundo.

Em outras palavras, há pessoas que atuam diretamente com a ciência, que acabam por não considerar o subjetivo, que certamente não pode ser medido num “teste de duplo cego”.

A paranoia da defesa da Psicanálise

Graças aos fatores que comentei, há profissionais que praticamente fizeram de sua vida uma luta contra os ataques que a Psicanálise sobre. Até aí, como você pode ver, é de se entender que um psicanalista queira se defender de ataques. Certo?

Mas aí temos também o problema. Com o tempo, a defesa se transforma em ataque. Há o pensamento de que “todos” estão perseguindo a Psicanálise e têm objetivos obscuros por trás desses ataques. Por exemplo, tenho escutado coisas como:

Psicologia: que a Psicologia “existe” para moldar as pessoas a um mesmo padrão. Muitos chegam a dizer que essa moldagem seria para “beneficiar o capitalismo”. No entanto, quem estuda Psicologia sabe que nenhuma abordagem da Psicologia “molda” o pensamento das pessoas. Simplesmente, há abordagens diversas, diferentes entre si, dentro da Psicologia. E nenhuma delas se propõe a tal “moldagem”. Fico triste de saber que em alguns casos, pessoas que são bons profissionais acreditam nessas teorias da conspiração.

É bom comentar que a Psicanálise NÃO É uma abordagem política, nem dá apoio a nenhuma ideologia política ou de visão de mundo. Se você vir um psicanalista falando em assuntos de ideologia política, saiba que isso é algo próprio DELA ou DELE e não da Psicanálise.

Com isso, quero deixar claro aqui que a Psicanálise não é a única abordagem psicoterapêutica que é eficaz. Há diversas abordagens e técnicas que são igualmente boas e confiáveis. Um psicanalista que se fecha mentalmente e pensa que somente a Psicanálise funciona precisa rever seus conceitos. Como profissional da Psicanálise, claro que defendo a Psicanálise, é minha abordagem. Porém, sei como são úteis outras abordagens também. Além disso, há casos em que uma pessoa precise de ser atendida por outros profissionais, além do psicanalista. E não há nada de errado com isso. Por favor, não demonize a Psicologia!

Medicina: pelo fato do passado em que os médicos “brigavam” com psicanalistas, até hoje há algum sentimento ruim entre alguns desses profissionais entre si. De maneira parecida, há psicanalistas que afirmam que a Medicina “se vendeu” aos interesses do “capital” e por isso nem é digna de confiança. Esse pensamento, motivado por ideologia política, pode fazer com que outras pessoas deixem de fazer um tratamento importante de saúde. Em todas as atividades profissionais, há profissionais bons e ruins. A Medicina em si, não é ruim, de maneira alguma.

Ciência: como comentei antes, o problema não é a Ciência e sim a tendência do cientificismo, que ignora a subjetividade. Mas nem por isso iremos ignorar descobertas científicas, incluindo as que se referem à mente humana e ao comportamento humano. Muitas coisas foram descobertas sobre a mente e dizer que isso é falso e acusar de cientificismo é no mínimo, covarde. O cientificismo entra quando se quer usar métodos tradicionais para analisar coisas subjetivas. Simplesmente não vai funcionar.

Mas, quando há estudos sérios, não devemos ignorá-los e acusá-los de inválidos.

No afã de defender a Psicanálise, profissionais acreditam que todas as outras abordagens terapêuticas estão contra a Psicanálise. Numa mania de perseguição, obsessiva, eles tratam de atacar todas elas como sendo “do mal” e inimigas. E, em alguns casos, essas pessoas incluem como motivos, suas motivações ideológicas políticas e visões de mundo como maneiras de explicar o suposto motivo de elas verem a Psicologia, a Medicina e a Ciência como inimigas da Psicanálise. Uma enorme falácia!

A Psicanálise pode e vive tranquilamente com a Psicologia, Medicina e Ciência. Psicólogos podem trabalhar em conjunto com psicanalistas em projetos e até mesmo atendendo a pacientes, sem nenhum problema. Eu mesmo tenho pacientes que se atendem comigo e com um psicólogo. A Medicina é algo que igualmente pode trabalhar junto aos psicanalistas. Muitos médicos podem atender em conjunto com psicanalistas. E a Ciência? A cada dia, aparecem estudos sérios que dão apoio para os fundamentos da Psicanálise.

Além disso, a Psicanálise caminha no sentido da modernização. Cada vez mais, conceitos são modernizados, melhor entendidos e aplicados. Nós não vivemos da mesma forma que vivíamos no século XIX, quando a Psicanálise nasceu. O tempo passou, o cenário mundial mudou, a visão de mundo das pessoas tem mudado. E a Psicanálise tem se atualizado.

Como psicanalista, defendo sim, a Psicanálise. Mas, não creio que outras disciplinas sejam inimigas ou coisas do tipo. E nem pretendo atacar essas disciplinas, para me defender ou defender a Psicanálise.

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Artigo interessante em defesa da Psicanálise, do Prof. Dr. Christian Dunker: Nove erros básicos de quem quer fazer uma crítica à psicanálise (psicologia.pt)

Documentos importantes com pontos de vista do Conselho Federal de Medicina e de Psicologia, sobre a atividade dos psicanalistas: Documentos Importantes – ABP Associação Brasileira de Psicanálise (abpsicanalise.org)

Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay

Como é uma pessoa histérica para Psicanálise? Psicanálise na prática

A histeria é um dos distúrbios psíquicos mais estudados e discutidos na psicanálise. É um termo que remonta à antiguidade e, ao longo da história, passou por várias conceituações e interpretações. No entanto, foi com Sigmund Freud que a histeria ganhou destaque como um fenômeno psicopatológico com base em conflitos psíquicos e sexuais. Neste artigo, vamos explorar o conceito de histeria na psicanálise, bem como descrever como age uma pessoa histérica.

A Histeria na Psicanálise

Na psicanálise, a histeria é considerada uma neurose, um distúrbio psíquico que resulta de conflitos não resolvidos entre desejos inconscientes e mecanismos de defesa. A origem dos sintomas histéricos é geralmente atribuída a experiências traumáticas ou conflitos sexuais reprimidos ocorridos na infância.

Freud desenvolveu a teoria da histeria a partir de suas observações clínicas e do tratamento de pacientes histéricos. Ele argumentou que a histeria estava ligada à repressão de desejos sexuais e agressivos, especialmente relacionados à sexualidade infantil. A energia desses desejos reprimidos seria convertida em sintomas físicos e psicológicos, que serviriam como uma expressão simbólica dos conflitos internos.

De acordo com a teoria freudiana, os sintomas histéricos podem assumir várias formas, como paralisias, afonia, cegueira psicogênica, amnésia, entre outros. Esses sintomas são vistos como uma manifestação simbólica dos conflitos emocionais e sexuais reprimidos. Freud também destacou o papel do inconsciente na formação dos sintomas histéricos, argumentando que eles eram expressões simbólicas de desejos e fantasias ocultos.

O Comportamento de uma Pessoa Histérica

Uma pessoa histérica pode apresentar uma variedade de características e comportamentos que refletem os sintomas da histeria. No entanto, é importante ressaltar que a histeria não se limita apenas ao contexto clínico, mas também pode se manifestar em aspectos da vida cotidiana.

Uma característica comum do comportamento histérico é a busca de atenção e validação por meio de sintomas físicos ou emocionais intensos. A pessoa histérica pode apresentar uma expressão dramática de suas emoções, buscando o envolvimento emocional de outras pessoas. Ela pode ter dificuldade em lidar com a ambiguidade e pode recorrer a comportamentos impulsivos ou exagerados para chamar a atenção para si mesma.

Além disso, a pessoa histérica pode experimentar sintomas somáticos inexplicáveis, como dores físicas ou sensações de formigamento, sem uma causa médica aparente. Esses sintomas podem ser recorrentes e variar em intensidade. A histeria também pode se manifestar por meio de sintomas psicológicos, como crises de choro, ataques de pânico, ansiedade ou mesmo transtornos dissociativos, nos quais a pessoa pode sentir-se desconectada de sua própria identidade ou realidade.

Outro traço característico é a chamada “conversão histérica”, na qual a pessoa transforma um conflito emocional em um sintoma físico. Por exemplo, um sentimento de raiva ou angústia pode se manifestar como uma paralisia repentina ou uma crise de dor física.

É importante mencionar que a histeria não é exclusiva de um gênero específico, embora historicamente a histeria tenha sido associada principalmente às mulheres. Homens também podem apresentar sintomas histéricos e são igualmente afetados pelos conflitos emocionais e psicológicos subjacentes.

Ou seja

A histeria, na psicanálise, é entendida como um distúrbio psíquico resultante de conflitos emocionais e sexuais reprimidos. Os sintomas histéricos são vistos como manifestações simbólicas desses conflitos e podem se manifestar tanto fisicamente quanto psicologicamente.

Uma pessoa histérica pode buscar atenção, validar seus sentimentos e emoções de forma dramática e apresentar sintomas somáticos ou psicológicos intensos. Ela pode ter dificuldade em lidar com a ambiguidade e recorrer a comportamentos exagerados para chamar a atenção para si mesma.

É importante destacar que a compreensão da histeria evoluiu ao longo do tempo e que outros enfoques e perspectivas podem fornecer diferentes interpretações do fenômeno. A psicanálise oferece um olhar profundo sobre as origens e manifestações da histeria, permitindo um melhor entendimento e tratamento dessa condição.

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Fontes:

  1. Freud, S. (1895). Estudos sobre a histeria. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, 2, 11-310.
  2. Freud, S. (1917). Conferências introdutórias sobre psicanálise. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, 16, 249-398.
  3. Mitchell, J. S., & Black, M. J. (1995). Freud and beyond: A history of modern psychoanalytic thought. Basic Books.
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Psicanalista precisa se autoafirmar? Psicanálise na Prática

Bem, se você acompanha os artigos nesse blog, deve saber que geralmente eu não escrevo visando necessariamente o público que estuda ou que é psicanalista. Eu escrevo para as pessoas em geral, principalmente pessoas interessadas em viver bem e estar bem consigo mesmas e com outras pessoas.

Mas, vi necessário escrever sobre essa questão porque quero expressar o que sinto sobre essa questão: a autoafirmação por parte de alguns psicanalistas, que é, em alguns casos, uma tônica em seus discursos. Vou explicar melhor.

Muitos profissionais da Psicanálise parecem ter a necessidade de mostrarem para as outras pessoas que eles sim, seguem os princípios da Psicanálise com afinco, quase que com devoção. Para isso, eles mencionam autores famosos como se estivessem em algum tipo de culto religioso e estivessem mencionando um texto da Bíblia.

“Veja o que diz Lacan, aqui em Lacan, capítulo 3, versículo 4…”

E isso se repete, vez atrás vez. Para tudo o que o profissional vai falar, ele sente a necessidade de mencionar alguém, em alguns casos mencionando o livro, o capítulo e se possível, até o parágrafo em que tal autor disse o que ele mencionou. Parece que isso dá validade ao que ele está falando e na verdade, é geralmente esse o objetivo. Mas, que tão válido ou necessário é fazer isso, de maneira praticamente obsessiva?

O que “dá validade” à prática da Psicanálise e do psicanalista?

Como todo e qualquer profissional, a preparação é essencial. E apesar de que Freud nunca falou diretamente sobre “tripé psicanalítico”, ele sim, mencionou em várias ocasiões, sobre a importância de todo analista manter-se atualizado, estudando Psicanálise, sendo analisado por outro analista e sendo supervisionado. Esse tripé é considerado o essencial para que alguém “se autorize” psicanalista (Lacan disse isso: “o psicanalista só se autoriza por si mesmo”, enunciada por Lacan como um princípio, se encontra no texto Proposição de 9 de outubro de 1967). Tá vendo só, eu acabei fazendo uma citação! Haha!

Sempre dizemos que a “formação” de um psicanalista é eterna, porque ele deve estar em constante formação. Mas claro, se alguém estiver em constante formação, mas lhe faltar praticar, no sentido de pôr em prática os princípios da Psicanálise em sua atuação como profissional, a formação nunca será o suficiente.

Viver a Psicanálise

Viver a Psicanálise não é estar citando autores todo o tempo. Pra quê isso? Por acaso você vê psicólogos mencionando o tempo todo Aaron Beck? Wundt? Watson?

Mas aí você pode dizer: “Ah, mas com a Psicanálise é diferente, é outra abordagem.” Aí eu te digo: e daí? Um profissional pode perfeitamente USAR o que foi ensinado na prática.

Em lugar de dizer, quase em tom solene, que “o desejo do homem é o desejo do Outro”, podemos simplesmente falar sobre o efeito que as pessoas têm de influenciar sobre o que nós mesmos desejamos. Isso é praticar, usar o conceito na prática. Claro, eventualmente mencionar a fonte da informação é sim, interessante.

Mas imagine, caro estudante de Psicanálise ou colega psicanalista, você dizendo a uma pessoa que está analisando termos como “nó borromeano” “seio bom e seio mau” ou falar sobre “significante”. Pode ser que para seu analisando, você “falou bonito”, mas é só isso mesmo. E se, em lugar disso, você praticasse os princípios por trás desses conceitos durante as sessões?

Seu analisando não tem nenhum interesse em conhecer essas expressões, acredite. A menos que ele queira estudar Psicanálise, claro! De outra forma, só servirá para que você se mostre como um “sujeito do suposto saber” (“um sujeito não supõe nada. Ele é suposto. Suposto pelo significante que o representa para outro significante.” Lacan, 1967)

Nós não precisamos exibir nossos conhecimentos técnicos para um analisando, nem para o público que nos contrata. Isso seria apenas para mostrar nosso “suposto saber” para eles. O que eles querem é saber, na prática, como podemos ajudá-los.

Quando contratamos um arquiteto para construir uma casa, o que damos mais valor: na forma prática em que ele nos explica como ele vê o projeto, como ele vê nossa futura casa ou as técnicas diversas que serão empregadas no projeto, técnicas de preparação das vigas de concreto, técnicas estruturais…É isso que você gostaria de ficar ouvindo dele? Ou em lugar disso, que ele te diga sobre a aparência de nossa futura casa, como vai usar os espaços, quem sabe até dicas de uso desses espaços?

O mesmo acontece com a Psicanálise. Acredite, nenhuma pessoa que seja possível contratante de um psicanalista quer ouvir termos técnicos o tempo todo. Eles querem ver a prática, como nós usamos o que estudamos. E isso que conta.

Não precisamos estar constantemente nos autoafirmando, por ter que, a cada instante, mencionar um autor, até mesmo detalhando capítulo e “versículo” do que ele disse. Nem precisamos o tempo todo usar tecnicismos que são úteis para nós, não para nosso analisando. Não é isso o que valida nossa prática clínica.

Assim como acontece com outros profissionais, um psicanalista mostra para a sociedade que é o que é, sendo. Simplesmente assim. Praticando, vivendo a Psicanálise.

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Terapia de casal: dicas para melhorar seu relacionamento

Você acha que uma comunicação eficaz pode melhorar seu relacionamento atual, mas não sabe por onde começar?

No artigo a seguir, você aprenderá sobre a importância da comunicação e os princípios de uma boa comunicação.

Vamos ao trabalho! Deixamos-lhe 9 dicas para melhorar aspetos da ligação com o seu parceiro.

Importância da comunicação no casal

A comunicação é vital para os relacionamentos, em todas as fases, do namoro ao casamento. Uma boa comunicação é um dos pilares fundamentais de um bom relacionamento, juntamente com outros fatores como honestidade, confiança e respeito.

É importante entender que a comunicação no casal muda constantemente ao longo dos anos. Geralmente, casais que estão juntos há muitos anos podem passar por fases em que há menos comunicação, as causas podem ser passar por estágios de evolução pessoal que depois são alquimiados com a outra pessoa, momentos de desconexão, motivos de casal ou outros que estejam relacionados a processos de uma das partes.

Não fique em falsos entendimentos por não se comunicar ou acreditar que já sabemos o que a outra pessoa diria em tal circunstância. O que enriquece as relações é gerar um vínculo espontâneo de confiança para se expressar livremente.

A convivência não é fácil, por isso uma boa comunicação pode fazer uma grande diferença em termos de vida a dois e familiares. A má comunicação pode arruinar bons casais. Há pessoas com muito potencial de crescimento com outras, mas que não conseguem construir um espaço para dizer o que sentem ou precisam, uma etapa primordial para avançar para a maturidade de um vínculo adulto.

Fundamentos para uma boa comunicação a dois

A comunicação não é igual para todos os casais, mas existem alguns princípios para uma boa comunicação como casal.

Os fundamentos para uma boa comunicação são os seguintes:

1. Saber identificar nossos sentimentos e ter controle sobre eles.

Esse ponto é essencial para uma boa comunicação. Muitas vezes tomamos como certos entendimentos, truísmos diante de situações que só acontecem em nossa mente, enquanto o outro não precisa entendê-las. Ser capaz de expressar nossos sentimentos em palavras é a base de um vínculo saudável.

2. Uma discussão não é uma questão de quem está certo ou errado

Trata-se de expor sentimentos e se colocar no lugar do outro, não elevando o tom de voz, mas fundamentando o que nos acontece com altura e esperando a virada da fala. Não devemos pisar nas reflexões uns dos outros.

Consequentemente, devemos melhorar nossos comportamentos e modificar atitudes do que não é bom para nosso parceiro.

3. Em uma discussão, não é um contra o outro

Ambos devem combater o problema. Partindo do princípio de que o que acontece não é pessoal, mas que são dois adultos diante de uma circunstância que é uma possibilidade de aprender a administrar as discussões futuras que virão no futuro. Dessa forma, poderão progredir nos aspectos que emergem para construir uma relação saudável.

4. Você tem que ser aberto e procurar entender a outra pessoa

Mesmo que o que o outro diga, nos magoe ou não concordemos, devemos buscar um entendimento. Os sentimentos do seu parceiro são tão válidos quanto os seus. Na comunicação entre as pessoas pode haver aspectos mais ou menos desconfortáveis de acordo com as histórias de cada um.

Todos os seres humanos devem ser ouvidos e não julgados. Estar aberto a explorar com paciência, a compreender o outro, mesmo que não concordemos totalmente, faz parte do aprendizado da vida.

5. Empatia, respeito e assertividade

É a base das relações humanas, a comunicação eficaz é construída com base nesses valores, em nossas próprias preocupações tratadas com consideração por nós mesmos e pelos outros.

6. Esteja disposto a tentar terapia de casal

A terapia de casal é um espaço profissionalmente orientado em que os casais podem trabalhar e podem obter um olhar especialista, externo, para situações que acontecem na intimidade.

É uma decisão importante que deve ser acompanhada de uma boa comunicação do casal para expressar situações e que pode melhorar o humor por meio de uma comunicação eficaz.

7. Seja flexível

Contratos, pactos entre pessoas, entre casais podem flutuar ao longo do tempo, mudar de forma ou ter a necessidade de se transformar e de fato esse é o mais natural dos vínculos. É extremamente importante conversar e rever os assuntos ao longo do tempo, já que as pessoas evoluem, também os links e muitas vezes nem tudo acontece ao mesmo tempo.

A comunicação verbal no casal nos permite descobrir em que estágio evolutivo cada um está e o próprio vínculo para poder continuar se projetando.

O pesquisador John Gottman apresenta duas estatísticas interessantes para refletir. A primeira é que casais saudáveis têm uma proporção de 5:1 de elogios para comentários negativos. E eles respondem a 9 em cada 10 chamadas de despertar de seus parceiros quando querem compartilhar algo.

Erros mais comuns na comunicação a dois

Um dos problemas mais comuns na vida a dois é a falta de comunicação ou comunicação ineficaz.

Compartilhar nossas emoções e ser capaz de comunicar nossos sentimentos é extremamente importante quando estamos em um relacionamento com alguém. Não comunicar o que sentimos, ou mantê-lo, quase sempre acaba trazendo problemas para a relação, e a ideia é que a partir desse evento se encontrem ideias superadas, não novos conflitos ou que conflitos permaneçam sem solução.

  • A falta de respeito na comunicação: devemos tentar tratar o outro como gostaríamos de ser tratados e que essa é a base da comunicação para não nos machucarmos. Mantenha a calma em primeiro lugar e não leve os eventos para o lado pessoal, mas uma instância para aprender.
  • Não seja permeável: o que enriquece as pessoas são as diferentes formas de ver, abordar, entender o mundo através da história, a bagagem que cada um traz e contribui para a relação. O casal pode ter aprendido um estilo de comunicação melhor e mais eficiente que podemos aprender se estivermos disponíveis.
  • Não saber ouvir: para interpretar o que o outro precisa, é preciso ser receptivo e não ter consciência de responder. Seja uma pessoa com escuta ativa, deixe o outro expor seus sentimentos e depois análise para responder e gerar uma boa comunicação.
  • Crítica negativa em forma de queixa: o que observamos no outro que não gostamos ou nos ofende deve evitar fazer parte da má comunicação que muitas vezes se torna uma dinâmica, dizendo as coisas que não gostamos em forma de queixa.
  • Ser passivo-agressivo: muitas vezes é tão agressivo o membro do casal que não se comunica, não diz ou expressa seus sentimentos do que aquele que acaba explodindo ou comunicando os problemas do casal com desrespeito. Nem sempre a agressividade faz barulho. Não omitir o som, não elevar o tom de voz, também pode ser violento com quem precisa falar.
  • A falta de empatia: o famoso não se coloca no lugar do outro, o que acontece com frequência nos casais é que apesar de conhecerem a intimidade de muitas das situações, algumas das pessoas no vínculo não conseguem se colocar no contexto do que pode estar acontecendo.
  • Dê a razão, mesmo que não concordemos: evitar a comunicação de casal não é tomar conta das questões que estão sendo expressas ali, é apenas uma forma de escapar da situação.
  • Interromper o outro: não ouvir, não permitir que o outro expresse seus sentimentos. A escuta ativa é essencial para alcançar o que chamamos de boa comunicação aqui. Um vai e vem entre adultos cuja premissa é se entender, evoluir.
  • Mantenha-se na mesma base comunicativa: um relacionamento precisa ser alimentado por ilusões, planos e expectativas, e para isso é necessário aprender a se comunicar. Ser capaz de entender a direção para a qual eles projetam e ter motivação para a construção do elo. Não conversar, não entender sonhos pessoais, coisas em comum, viagens, hobbies, não ouvir ou conhecer a intimidade do outro para fazer acordos e projetos podem secar um relacionamento.
  • Impor nas conversas nossos sentimentos, pensamentos, pontos de vista ou caminhos para a outra pessoa: não há pontos de vista, ou ideias mais valiosas ou precisas do que outras. O que acontece entre duas pessoas que se ligam é digno de ser ouvido, não deve ser sob nenhum aspecto uma batalha de imposições de pensamentos.
  • Deposite a culpa do que acontece com o outro: cada um dos membros do casal é principalmente um ser independente que deve assumir o controle de seus negócios. Não devemos culpar o outro em discussões ou comunicar ressentimento.

9 dicas para uma melhor comunicação a dois

Veja algumas dicas para a comunicação a dois:

  1. Quando estiver falando de uma situação, tente não misturar tópicos ou discussões. Vá um por um. Depois de conseguir abordar um tópico, passe para outro.
  2. A comunicação verbal é a base para a construção de um vínculo valioso, um espaço de aprendizado para evoluir. As expressões verbais constroem realidades, é importante ter consciência desse poder que as palavras que pensamos e depois verbalizamos têm.
  3. Entenda que somos todos diferentes e temos necessidades diferentes. Enquanto algumas pessoas precisam conversar, outras precisam de tempo e espaço para processar seus sentimentos: todas essas formas são válidas entre os seres humanos.
  4. Não deixe que os tópicos se acumulem. Ter espaço para se comunicar, para expressar necessidades antes que elas se tornem um problema, saber dizê-las da melhor maneira, quando estão acontecendo, pode ser a chave para a comunicação que permite que as pessoas evoluam em suas ideias, pensamentos.
  5. Destaque as boas qualidades do seu parceiro. O que eu gosto no outro é o que eu também quero para mim ou admiro nas pessoas, então comentar sobre esses gestos, virtudes ou maneiras agradáveis das pessoas fará com que a outra pessoa se sinta valiosa.
  6. Não assuma o que o outro quer dizer, nem faça suposições. Não deixe que a mente conte uma história que pode não ter nada a ver com a realidade. Para eles, o casal pode perguntar em vez de fazer suposições.
  7. Não use palavras como “sempre” ou “nunca”. Não ser dramático, saber interpretar o conflito como uma oportunidade de crescimento e uma situação que surge para a evolução das pessoas, que nada é pessoal. O uso das palavras certas é um grande aprendizado para os membros do casal.
  8. É importante que cada tema que surja para qualquer uma das pessoas do casal tenha seu espaço. Gerar um momento, uma prática comum de conversar e que as preocupações possam ser expostas e tratadas em tempo hábil, que outros problemas do casal que possam surgir no futuro não sejam falados. Que cada assunto possa ser abordado e discutido quando acontece e não se acumule com outros temas, gerando angústias, pensamentos hipotéticos ou ressentimentos.
  9. Não faça comentários para magoar a outra pessoa. Não use em uma circunstância de conflito informações do outro, seus traumas, feridas, defeitos como armas no momento das discussões para machucar o outro.

Lembre-se que um relacionamento é um trabalho de duas pessoas. É uma sociedade onde se um perde, os dois perdem. Então o melhor que ambos ganhem, certo?

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Terapia de Casal: como lidar com marido ou esposa narcisista? Psicanálise na prática

Imagine dividir sua vida com uma pessoa que acredita que deve receber o máximo de atenção e praticamente ser venerada?

Neste artigo vamos falar sobre narcisismo e o que você deve fazer se o seu cônjuge for.

Não se pode dizer que uma pessoa é narcisista porque cuida muito da sua imagem ou tem traços de grandiosidade. Esse transtorno é caracterizado por um padrão geral de necessidade de admiração, grandiosidade e falta de empatia.

Entre as características podemos encontrar:

  • Sentimentos de grandeza e atitude arrogante.
  • Tem fantasias de sucesso, amor ideal ilimitado, poder, beleza.
  • Ele ou ela acredita ser especial, único, só ele pode se relacionar com os outros.
  • Ele ou ela não tem empatia, não se identifica com os sentimentos dos outros.
  • Ele se aproveita dos outros para seu benefício.
  • Inveja os outros.
  • São arrogantes, superiores.

Sempre costumo dizer que todo mundo deve ter um pouco de narcisismo em si. Em doses adequadas digamos assim, o narcisismo pode contribuir para uma boa autoestima. Mas assim como o sal em excesso faz mal e estraga o sabor de um alimento, se a dose não for adequada, uma pessoa narcisista, aquela que tem essa característica bem-marcada, pode complicar e até arruinar um relacionamento.

Maneiras de lidar com um marido ou esposa narcisista

Esses são os passos que precisam ser seguidos para conseguir lidar com esse tipo de pessoa.

  • Tenha em mente que seu cônjuge (ou namorado, namorada) é narcisista por causa de uma insegurança e baixa autoestima. São pessoas que usam isso como mecanismo de defesa, com sentimentos de superioridade para evitar fragilidades.

São pessoas que dependem da opinião e aprovação dos outros, mas tenha em mente que você só deve elogiá-los se eles merecerem e forem reais, se não, você vai alimentar essa atitude de superioridade.

  • Sua felicidade depende da manifestação de apreço que as pessoas ao seu redor expressam a você. Se você precisa transmitir uma crítica, faça isso com delicadeza e sinceridade. É bom que essa pessoa entenda que você não a questiona, mas questiona as ações.
  • Não se deixe manipular, essa pessoa vai querer que você pense como ela, que não faz nada de errado, vai querer culpar os outros pelos fracassos, você é o alvo principal. Se você sentir isso, então ative os alertas, se ele te manipular, isso reforçará a atitude dele ou dela. Não leve suas críticas a sério.
  • Estabeleça limites: sim, é bem difícil fazer isso ao lidar com uma pessoa narcisista especialmente, mas é necessário. Saiba dizer “não” e no caso de um ataque narcísico, nunca tente se nivelar no mesmo ponto de agressividade da pessoa.
  • Algumas pessoas narcisistas costumam ignorar momentos agressivos ou de ataque verbal, muitas vezes pedindo para que a outra pessoa simplesmente, deixe o assunto de lado e siga com a vida. Isso acontece porque o narcisista não quer ser contrariado, não quer entrar numa conversa em que se dirá que o comportamento dele ou dela foi inadequado. Mas você deve sim, resolver cada questão que tenha acontecido, principalmente se machucou você, de alguma forma. Cada vez que você deixa de lado algo assim, você está fortalecendo o narcisismo do seu cônjuge, namorado ou namorada.

Como você pode ajudar

O que uma pessoa com atitudes narcísicas precisa é acreditar mais em si mesma, mas se conseguir sentir amor-próprio saudável, não terá a necessidade de tornar seu ego maior para se sentir bem.

Você pode e deve mostrar a seu cônjuge que o ama de verdade. Lembre-se, provavelmente ele ou ela passou por algo na vida que o faz pensar que talvez não valha tanto e precisa de autoafirmar a si mesmo o próprio valor. Mostre que valoriza suas conquistas, que você está do lado dela ou dele. Mas sempre seja firme quando perceber uma atitude narcisista.

Claro, a origem do narcisismo em uma pessoa pode ter diferentes origens, isso pode ser descoberto em análise.

É fácil dizer, mas mais difícil de colocar em prática. O processo de mudança para uma pessoa que tem um transtorno de personalidade é um pouco complicado e requer ajuda de profissionais. Muitos profissionais inclusive, preferem não atender a clientes narcisistas, tamanho o grau de complexidade desse processo. Além disso, geralmente o narcisista não vê necessidade de tratamento, já que ele ou ela se sente confortável com a sensação de “poder” que experimenta cada vez que sente que recebeu a atenção que queria.

O melhor momento para você ajudá-lo é depois de grandes mudanças ou algo que aconteceu que machucou seu ego.

Trabalhar com narcisistas é um processo que requer o apoio de profissionais, não hesite em pedir uma consulta para ajudá-lo a tratar essa pessoa. CLIQUE AQUI e converse comigo.

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Terapia de Casal: Fortalecendo os Vínculos Através da Psicanálise

Os relacionamentos amorosos são uma parte essencial de nossas vidas, mas também podem ser desafiadores e complexos. Quando surgem dificuldades e conflitos, a terapia de casal pode ser uma valiosa ferramenta para ajudar os parceiros a navegar pelas questões emocionais e encontrar soluções saudáveis. Neste artigo, exploraremos os benefícios da terapia de casal, a duração média do tratamento e como as sessões funcionam com a abordagem psicanalítica.

Benefícios da Terapia de Casal:

A terapia de casal oferece uma série de benefícios significativos para os parceiros envolvidos. Abaixo estão alguns dos principais benefícios:

  1. Comunicação melhorada: A terapia de casal fornece um espaço seguro e estruturado onde os parceiros podem aprender a se comunicar de forma mais eficaz. Através da psicanálise, os casais são incentivados a explorar seus padrões de comunicação, compreender as dinâmicas inconscientes que afetam o relacionamento e desenvolver habilidades de comunicação mais saudáveis.
  2. Resolução de conflitos: Conflitos são inevitáveis em qualquer relacionamento. A terapia de casal oferece ferramentas e estratégias para ajudar os parceiros a resolverem seus conflitos de maneira construtiva. Através da psicanálise, os casais são guiados para explorar as raízes dos conflitos, identificar padrões recorrentes e encontrar soluções que atendam às necessidades de ambos.
  3. Fortalecimento dos vínculos emocionais: A terapia de casal promove o fortalecimento dos vínculos emocionais entre os parceiros. Ao trabalhar com um terapeuta psicanalítico, os casais têm a oportunidade de explorar suas emoções mais profundas, entender as motivações inconscientes por trás de seus comportamentos e criar uma conexão emocional mais profunda.

Duração Média do Tratamento:

A duração da terapia de casal pode variar dependendo da complexidade dos problemas apresentados e da prontidão dos parceiros para o processo terapêutico. Em média, as sessões de terapia de casal duram cerca de 60 a 90 minutos em casos extremos. O tratamento geralmente é estruturado em sessões semanais ou quinzenais, mas isso pode ser adaptado de acordo com as necessidades individuais.

O número total de sessões necessárias varia de casal para casal. Alguns podem encontrar benefícios significativos em um curto período, enquanto outros podem precisar de um comprometimento terapêutico mais longo. Em geral, espera-se que a terapia de casal dure de alguns meses a um ano, dependendo da complexidade dos problemas e do progresso alcançado.

Funcionamento das Sessões de Terapia de Casal com a Abordagem Psicanalítica:

Na abordagem psicanalítica da terapia de casal, o terapeuta cria um espaço seguro e acolhedor para que os parceiros expressem suas preocupações, medos, desejos e necessidades. Durante as sessões, o terapeuta utiliza técnicas psicanalíticas para explorar as dinâmicas inconscientes que afetam o relacionamento do casal.

  1. Exploração das dinâmicas inconscientes: A abordagem psicanalítica busca compreender os padrões de comportamento e os conflitos inconscientes que influenciam o relacionamento. O terapeuta ajuda os parceiros a identificar esses padrões e a compreender como eles podem estar afetando negativamente o relacionamento.
  2. Análise das experiências passadas: Calma, não estamos falando aqui de coisas espirituais! A terapia de casal psicanalítica também busca entender como as experiências individuais de cada parceiro, especialmente aquelas relacionadas à infância e à família de origem, podem estar influenciando o relacionamento atual. O terapeuta ajuda a explorar essas experiências passadas e sua conexão com os desafios atuais.
  3. Transferência e contratransferência: A transferência ocorre quando os parceiros projetam emoções, expectativas e padrões de relacionamento em direção ao terapeuta ou ao outro parceiro. A contratransferência refere-se aos sentimentos e reações pessoais do terapeuta em relação aos parceiros. A abordagem psicanalítica permite que essas transferências e contratransferências sejam exploradas e compreendidas, fornecendo in sights valiosos sobre os padrões de relacionamento.
  4. Reflexão e interpretação: O terapeuta psicanalítico ajuda os parceiros a refletirem sobre seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, incentivando a autorreflexão e a tomada de consciência. Por meio de interpretações cuidadosas, o terapeuta busca trazer à tona significados ocultos e padrões inconscientes que estão impactando o relacionamento.
  5. Integração e mudança: Com base na compreensão adquirida e na consciência dos padrões inconscientes, o terapeuta auxilia os parceiros a integrarem essas informações em suas vidas e a implementarem mudanças positivas no relacionamento. Isso pode envolver a adoção de novas formas de comunicação, estabelecimento de limites saudáveis, construção de intimidade emocional e resolução de conflitos de forma construtiva.

A terapia de casal com a abordagem psicanalítica oferece um espaço seguro e confidencial para os parceiros explorarem suas dinâmicas inconscientes, resolverem conflitos e fortalecerem seus vínculos emocionais. Ao proporcionar insights profundos sobre os padrões inconscientes que influenciam o relacionamento, essa abordagem pode ajudar os casais a alcançarem uma compreensão mais profunda de si mesmos e de seus parceiros, resultando em um relacionamento mais saudável e satisfatório. Se você está enfrentando desafios em seu relacionamento, considerar a terapia de casal com a abordagem psicanalítica pode ser um passo importante em direção à resolução e ao crescimento mútuo.

Quer falar comigo? CLIQUE AQUI!

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Terapia de Casal: como melhorar a comunicação em um relacionamento?

Como melhorar a comunicação em um relacionamento?

Todos os casais são diferentes, mas as chaves para uma boa comunicação são constantes: é preciso ser direto, aberto e honesto quando se trata de seus sentimentos e dos problemas que ocorrem no relacionamento. Guardar as coisas para si só vai gerar confusão e ressentimento, por isso é importante que você aprenda a se comunicar corretamente em seu relacionamento.

Uma boa comunicação é fundamental para a base de um relacionamento saudável, no entanto não é fácil. O desafio que todo casal enfrenta tem a ver, antes de tudo, com a convivência com as diferenças de cada um, seus diferentes modos de ser e diferença de pontos de vista de cada um. Nenhum casal concordará em tudo, então nenhuma questão pode ser efetivamente abordada sem ser capaz de falar sobre isso. Uma boa comunicação significa ser capaz de manter um diálogo, ouvir o outro e não acabar preso em monólogos mútuos. É que ambos podem plantar sua posição afirmativamente, sem ter que desqualificar o outro, e ser capazes de ouvir a posição de seu parceiro. Comunicar-se corretamente também significa evitar concordar com questões com as quais você realmente não concorda, ou não ficar calado ou com medo da reação do outro.

Se você está acostumado a usar um estilo passivo ou mesmo passivo-agressivo de comunicação, será difícil ser capaz de enfrentar as dificuldades quando elas surgirem. Se você quer que seu relacionamento seja duradouro, é essencial melhorar suas habilidades de comunicação, para que haja comprometimento, que os sentimentos possam ser expressos adequadamente.

Dicas para transformar a comunicação em seu relacionamento de forma duradoura

1. Ouvir nem sempre é o que você pensa

Ouvir pode parecer uma ação muito simples de ser executada, porém nem todo mundo sabe como fazê-la, pois envolve alguns desafios que tendem a ser negligenciados. Muitos casais não distinguem entre ouvir e escutar com atenção. Muitas vezes, as conversas em um casal consistem em duas pessoas conversando uma com a outra, mas não ouvindo uma à outra. Por exemplo, eu escuto o que minha namorada me diz, mas quando discordo ou acredito que ela está errada, penso imediatamente em como argumentar e mostrar a ela que estou certo. Ou mesmo no caso de seu parceiro lhe contar sobre uma lembrança das férias em um país estrangeiro que o marcou em sua juventude. Em vez de perguntar por que ele o marcou e o que ele amou naquela viagem, você aproveita para trazer à tona suas próprias histórias e memórias associadas ao país em questão. É assim que passamos de uma conversa focada no nosso interlocutor e na sua história de férias para um monólogo em que é apenas sobre a nossa história e a nossa pequena pessoa.
Da próxima vez que seu parceiro lhe disser algo importante, faça perguntas sobre como ele se sente, o que ama e o que não gosta sobre o que lhe disse. É muito bom quando o outro está realmente interessado em nós e curioso sobre o que temos a dizer.

2. Valorize seu parceiro para estabelecer um clima favorável.

Um dos requisitos mais importantes para você melhorar a comunicação em seu relacionamento é que você possa valorizar seu parceiro. Não é fácil. Muitas vezes somos incapazes de valorizar as pessoas ao nosso redor pela simples razão de que nunca fomos valorizados em nossas vidas. A maioria de nós tem a tendência de apontar o que não está certo no outro, o que está errado ou não funciona. Dizemos com menos frequência o que gostamos ou o que faz bem ao nosso parceiro, o que gostamos nele, as qualidades que admiramos.

Não se trata de pensar que seu parceiro é perfeito, que ele não tem erros, ou de ficar de braços cruzados em relação às suas fraquezas (é importante que tenhamos a expectativa de que nosso parceiro fortaleça suas fraquezas). Trata-se de construir uma relação peer-to-peer, na qual tanto a crítica construtiva quanto a admiração podem existir. Se nos consideramos superiores ou inferiores ao nosso parceiro, perdemos a possibilidade de ter uma comunicação respeitosa que enriquece ambas as partes. Veja sobre relacionamentos tóxicos.

Adquira o hábito de ver o copo meio cheio e acentue o positivo em seu parceiro. Elogie-o, valorize suas ações, decisões, seus esforços e suas qualidades. Encorajamos o que sublinhamos e desencorajamos o que ignoramos.
Uma das razões pelas quais poucas pessoas valorizam os outros é que muitas pessoas nunca foram valorizadas em suas vidas.

3. Domine a arte de discutir com calma

É aconselhável ter discussões com a cabeça fria e não com sangue quente. Você deve estar no controle de si mesmo para fazer as melhores escolhas possíveis ao discutir. Uma palavra a mais pode desequilibrar desnecessariamente a situação. Tenha em mente que na convivência diária podem ser ditas ou feitas coisas que o outro pode levar para o lado pessoal, já que podem tocar em pontos sensíveis, e isso faz com que o casal reaja defensivamente. É importante que você identifique os momentos em que um de vocês começa a ser levado ao seu desamparo e reaja a partir daí, para parar imediatamente a discussão, para evitar que a situação se agrave desnecessariamente, e diga coisas das quais se arrependerá mais tarde.

Também é importante que você visualize seu parceiro como um membro de sua equipe, um amigo, e não como um adversário ou um rival a ser derrubado. Discutir com seu parceiro é totalmente normal. Isso não significa que eles não se amam. Não negligencie que a pessoa à sua frente é alguém que você escolheu para viver com você, e nem tudo na pessoa dela será fácil de conviver. Dessa forma, seu parceiro não merece seu desprezo, muito menos seu ódio. É uma pessoa digna de respeito e admiração que merece seus esforços para estar bem na relação.

4. Para uma boa comunicação, não use palavras extremas

Sinais com as palavras “sempre”, “nunca” estragam o progresso de um relacionamento e fazem com que seu parceiro se sinta desqualificado. A vida não é toda preta ou branca, e casais que se comunicam adequadamente tendem a fugir de termos que sugerem exagero ou generalização excessiva. É aconselhável, se necessário, fazer críticas muito pontuais e precisas, evitando generalizações. É mais fácil ouvir uma crítica quando ela não é algo permanente ou o tempo todo, porque você pode sentir que os esforços feitos nesse sentido são reconhecidos, e isso favorece as condições para continuar melhorando.

5. Quando estiver errado, fale sobre isso e busque reparação

Somos todos seres humanos e, portanto, estamos expostos a erros na relação. Quando isso acontecer, não se sinta culpado apenas por si mesmo, é importante se concentrar em como seu parceiro se sente e mostrar seu interesse sincero em reparar os danos causados. Quando você fere os sentimentos do seu parceiro, é importante explorar como você pode reparar o dano. Toda falha gera uma dívida em relação ao relacionamento. O primeiro passo é reconhecer essa dívida, e depois mostrar por meio de ações e reflexões que existe um desejo de mudança e de pagar essa dívida. É importante que essa dívida seja uma dívida finita, e você não fique preso na culpa (e seu parceiro no ressentimento).

6. Saiba pelo que seu parceiro é apaixonado

Uma das razões pelas quais a comunicação é importante é porque somos todos únicos. Uma relação envolve a união de duas pessoas com diferenças, gostos particulares, visões únicas da vida. A comunicação é a ponte para que esses dois mundos se encontrem e se enriqueçam. É importante estar na mesma página com o seu parceiro, e saber o que ele considera importante, o que ele é apaixonado. Isso pode ajudá-lo a unir seus objetivos e sonhos com os do seu parceiro.

7. Não assuma que seu parceiro conhece seus pensamentos

Se houver um problema em seu relacionamento, não assuma que seu parceiro sabe o que você está pensando sem tentar informá-lo. Muitas vezes pensamos que sabemos o que o outro pensa, mas os casais sempre têm dificuldades quando interpretam ou dão sentido a um gesto ou a um olhar. É aconselhável reunir e comunicar explicitamente as coisas importantes, e não se deixar levar por percepções. Se algo o incomoda, fale abertamente sobre isso para resolver o conflito e passe para outra coisa.

8. Não fique na defensiva

Reagimos defensivamente porque chegamos à conclusão de que o nosso parceiro nos ataca e, portanto, temos de nos defender. Embora às vezes nosso parceiro ou nós mesmos possamos dizer coisas realmente dolorosas, na maioria das vezes não há má intenção no que dizemos ou nosso parceiro nos diz. Assim, é importante considerar isso, e parar antes de reagir automaticamente e começar a se defender. Respire devagar. Pergunte a si mesmo se você está realmente ouvindo os dois lados da história. Em vez de se esforçar para provar que seu ponto de vista está correto e o de seu parceiro está errado, concentre-se melhor em ver o que você pode fazer para tornar a vida a dois melhor.

9. Faça perguntas abertas

Perguntas fechadas, às quais respondemos ‘sim’, ‘não’, ‘amanhã’, ‘depois’, dão pouco espaço para abrir uma conversa entre o casal. Uma pergunta em aberto, por outro lado, não dá margem a uma resposta específica. Por exemplo: o que é mais importante para você na sua carreira? Embora perguntas específicas e fechadas tenham sua importância para muitas situações também como casal, a comunicação pode se beneficiar e oportunidades podem ser geradas para se conhecerem mais profundamente e explorarem o outro com perguntas abertas. Além disso, eles podem ser evidência de um interesse sincero um pelo outro e uma vontade de estar mais próximo.

10. Não pense que seu parceiro é seu oponente

Consiga experimentar que seu parceiro está na mesma equipe com você. Não veja apenas o negativo em seu parceiro. Ou que ele ou ela está disputando com você para ver “quem é o melhor” ou “quem manda mais”.

11. Ouvir o parceiro também é uma forma de comunicação

Tire um tempo para ouvir seu parceiro e dar-lhe um “direito de responder”, mesmo que você ache que a afirmação do outro é errada ou falsa. Isso permite que você entenda seus argumentos antes de poder contra-argumentar e concordar e criar novas ideias. Isso ajudará você a mostrar ao seu parceiro que você está disposto a resolver conflitos que existem no relacionamento, e que você quer melhorar as coisas.

Quando o diálogo é complicado e é difícil para você se fazer entender pelo seu parceiro, você pode tender a reagir negativamente e buscar se impor. Como consequência, você para de ouvir e se fecha em si mesmo.

12. Você não para de falar com seu parceiro

No início de um relacionamento, ambos querem refazer o mundo juntos por horas, até tarde da noite. Os gostos, desejos, visão de vida, do casal são compartilhados. Mas, com o tempo, essas conversas tendem a se tornar cada vez menos frequentes, e fica difícil encontrar momentos para conversar no decorrer do dia a dia. De fato, a falta de tempo é a causa número um de muitos casais que sofrem de estresse, pressão ou fadiga.

A conversa alimenta a rotina. No entanto, não é algo simples. Voltar à conversa requer um teste de criatividade. Você pode propor fazer um espaço entre as atividades diárias, ter um diálogo pelo menos uma vez por semana. E com isso, não estou dizendo que você deve conversar com seu parceiro ou parceira apenas uma vez por semana! Mas que você dedique e tome tempo para dedicar tempo de qualidade com ele ou ela. Por exemplo, no caminho para o supermercado aos domingos, com uma bebida depois do trabalho, antes de ir para a cama. Pense em várias oportunidades que podem ser usadas para boas conversas.

Mas cuidado. Você pode falar com alguém por horas sem realmente ter uma conversa. Geralmente, os casais são vítimas da rotina do dia a dia, e acabam falando sobre problemas de trabalho, contas a pagar, ao invés de falar de si, do outro ou da relação.

É importante falar novamente sobre seus gostos, seus desejos, suas necessidades. Aproveite para surpreender seu parceiro, planeje projetos juntos. Tenha em mente que poder conviver por muitos anos e evitar dizer “não tenho nada a dizer ao meu parceiro” não é fácil, é um desafio que deve ser mantido em mente desde o início. É preciso se alimentar constantemente, ser um agente ativo dentro do casal, e não espero que venha do outro. Isso envolve ser curioso, cultivar, ter projetos, vibrar, evoluir constantemente e rever a si mesmo também, e depois compartilhar tudo isso com seu parceiro. Uma condição para que isso seja cumprido: interesse e escuta devem ser recíprocos. O outro deve ser capaz de ouvir. Todos devem estar atentos às necessidades e desejos de seu parceiro.


Se procura ajuda psicanalítica, te convido a entrar em contato comigo.

Marco Assis 2023

Quando devo procurar terapia de casal? Psicanálise aplicada

Escolher o momento certo para iniciar a terapia e mais na terapia de casal é de vital importância, já que o sucesso da terapia de casal está intimamente relacionado ao momento em que um casal decide pedir ajuda.

Como regra geral, o momento ideal é quando um dos dois membros do casal sente que algo está mudando, começa a sentir distância e desconforto emocional.

São momentos em que, por exemplo, preferimos chegar atrasados em casa do trabalho, e há um distanciamento íntimo e sexual, “pulamos” para algo que temos consciência de que não foi tanto, mas não podemos evitar.

Os casais costumam fazer terapia quando o desconforto é muito alto em um dos dois membros. Essa circunstância torna a intervenção mais complicada, o ideal seria prevenir, cuidar do casal, pedir ajuda antes de ter a sensação de “isso não tem conserto”.

Quais são os sintomas que um casal pode precisar para fazer terapia?

Um sinal de que um casal precisa fazer terapia seria qualquer pessoa que crie desconforto para um ou ambos os parceiros e esteja afetando a dinâmica do casal ou da família.

Em geral, os mais comuns são os seguintes:

  1. Problemas de comunicação. Seria quando conversamos e deixamos de nos entender, ouvimos mas não ouvimos. Há uma dissonância entre o que penso, o que disse e o que o outro entendeu.
  2. Dificuldades na intimidade e/ou sexualidade. Sempre pareceu essencial diferenciar intimidade e sexualidade. Não são os mesmos casais que têm dificuldades na sexualidade devido a algum problema orgânico ou emocional, do que casais que têm distância na intimidade, em ficar sozinhos sem saber o que fazer, o que falar.
  3. Projeto vital. O casal está em constante movimento, o que valia no início não precisa valer anos depois. Atualizar o projeto vital de como o casal cresce é essencial para promover a união do casal.
  4. Dificuldades com crianças. A educação dos filhos é muitas vezes um ponto de discórdia dentro de um casal. Sabemos como queremos educar? Como reagimos a determinadas situações?
  5. Discussões. Os casais têm que perder o medo de discutir, desde que não pulem as linhas vermelhas do desrespeito. No entanto, você tem que saber argumentar, você tem que saber levantar a discordância e focar na questão que estamos discutindo. (Se estamos falando da educação das crianças, a conversa não pode levar a outros tópicos.)
  6. Infidelidade. Trabalhar uma infidelidade costuma ser difícil e doloroso. É preciso entender o que aconteceu, trabalhar para reconstruir a confiança e reparar os danos causados.
Primeiro realiza-se uma sessão conjunta e depois individualmente.

Qual o objetivo da terapia de casal?

O objetivo principal seria nos entendermos e uma vez que conseguimos entender, modificar ou aceitar os comportamentos que estão corroendo o casal. Pessoas e casais têm a falsa crença de que o objetivo da terapia de casal é que o casal acabe junto, não importa o que aconteça, algo que nem sempre é possível.

O objetivo final da terapia de casal é alcançar o bem-estar juntos ou separados. Às vezes, o objetivo da terapia de casal é mediar uma boa separação em que ambos deixem o mínimo de mágoa possível.

Tudo isso deve ser levantado na terapia de acordo com um plano terapêutico estabelecido em uma boa avaliação e nas primeiras sessões de intervenção.

Quais áreas são tratadas durante a terapia de casal?

Durante a terapia de casal com abordagem psicanalítica, o foco é geralmente nos padrões de comportamento, pensamento e emoção dos indivíduos dentro do relacionamento, bem como nas dinâmicas e interações que ocorrem entre eles.

Algumas das áreas comuns que podem ser tratadas durante a terapia de casal com abordagem psicanalítica incluem:

  1. Comunicação: trabalhar na comunicação entre o casal, incluindo a expressão de sentimentos e necessidades.
  2. Conflitos: explorar e trabalhar através de conflitos e desentendimentos no relacionamento.
  3. Intimidade: ajudar o casal a se conectar emocionalmente e fisicamente, bem como a desenvolver uma compreensão mais profunda um do outro.
  4. História de vida: examinar a história de vida e as experiências de cada indivíduo, incluindo como essas experiências podem estar afetando o relacionamento.
  5. Papéis de gênero: explorar e trabalhar através de questões relacionadas aos papéis de gênero e expectativas dentro do relacionamento.
  6. Sexualidade: ajudar o casal a lidar com problemas sexuais e a desenvolver uma vida sexual satisfatória.
  7. Trauma: trabalhar com casais que foram afetados por traumas pessoais ou de relacionamento e ajudá-los a superar os efeitos desses traumas.

Esses são apenas alguns exemplos de áreas que podem ser tratadas durante a terapia de casal com abordagem psicanalítica. O terapeuta personaliza o tratamento de acordo com as necessidades e metas específicas do casal.

Como é a dinâmica da terapia de casais?

Depende, embora exista um protocolo de intervenção mais ou menos estabelecido, na terapia de casal nem todos os casais são iguais.

Primeiro, é realizada uma primeira sessão conjunta com ambos os membros do casal e, em seguida, uma sessão individual com cada membro do casal para realizar a avaliação. A partir daqui as sessões são sempre conjuntas, seria a fase de intervenção terapêutica.

A terapia de casal é como uma roupa feita sob medida que deve ser feita para cada casal, aquele terno que deve ser feito estamos “desenhando” na primeira sessão de avaliação. Então, aqui cabe o velho clichê: cada caso é um caso.

Quanto tempo dura a terapia de casal?

Em qualquer terapia é muito difícil falar em prazos, há casais que chegam à consulta por algo que parece relativamente simples e à medida que a terapia progride surgem dificuldades que foram latentes alongando-a e, vice-versa.

A duração da terapia de casal com abordagem psicanalítica pode variar dependendo das necessidades e objetivos específicos do casal, bem como da gravidade dos problemas que estão enfrentando. Geralmente, a terapia de casal com abordagem psicanalítica é um processo que pode levar alguns meses a vários anos, dependendo da complexidade do relacionamento.

O terapeuta pode recomendar uma programação semanal ou quinzenal de sessões para o casal. Durante essas sessões, o terapeuta trabalhará para ajudar o casal a identificar e explorar os padrões de comportamento, pensamento e emoção que estão afetando seu relacionamento. O objetivo é ajudar o casal a desenvolver uma compreensão mais profunda um do outro e a aprender a se comunicar de forma mais eficaz.

Ao longo do tempo, o terapeuta de casal com abordagem psicanalítica trabalhará com o casal para desenvolver habilidades de resolução de conflitos, fortalecer a intimidade emocional e física e melhorar a qualidade do relacionamento. O objetivo final é ajudar o casal a superar seus problemas e a criar um relacionamento mais saudável e satisfatório.

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Como o ciúme funciona na prática? Conto psicanalítico

Quero contar a você uma estória, um conto, que ilustra um pouco sobre como funciona a vida de uma pessoa que tem ciúme delirante, perigosamente intenso. Obviamente, é algo ilustrativo, na vida real com certeza o personagem da estória teve outras influências para seu comportamento. Vejamos.

A história de Pedro, o ciumento

Pedro era um menino feliz. Tinha uma família que o cuidava bem.

Até que um dia, o pai de Pedro decidiu abandonar a família, foi viver com outra pessoa e compôs outra família com ela.

Nesse meio tempo, a família de Pedro sofreu muito, tanto emocionalmente, pela falta do amor do pai, como também economicamente, já que o pai era quem sustentava financeiramente a casa, mas por um tempo, a família de Pedro teve dificuldades econômicas também, precisando eventualmente, de contar com ajuda de outros familiares e amigos.

Esse abandono do pai deixou marcas fortes em Pedro. Ele desenvolveu um medo terrível de ser abandonado. Na escola, quando ele fazia amigos, não queria que esses amigos se relacionassem com outras crianças, pois ele temia perder essas amizades.

Quando Pedro cresceu, ele conheceu Clara. Os dois se apaixonaram e se tornaram namorados. Mas esse relacionamento não era fácil. Pedro constantemente ligava para Clara perguntando onde ela estava e o que estava fazendo. Ele fazia isso diariamente. Clara também notava que Pedro não gostava que ela tivesse amigos do sexo masculino. Mas até aí, Clara pensava que era apenas “porque ele a amava muito”.

Pedro e Clara se casam. E as coisas só pioraram.

Agora, Pedro exige ter acesso, com login e senha, de todas as redes sociais de Clara. Além disso o celular dela é “inspecionado” diariamente, para verificar se “está tudo bem”. Além disso, sempre que alguém do sexo oposto manda uma mensagem ou faz um comentário nas redes sociais de Clara, Pedro desconfia que algo pode estar errado. Ele pergunta a Clara “o que significa” tal mensagem, muitas vezes eram mensagens felicitando Clara por alguma foto em que ela compartilhou uma mensagem de ânimo.

Um dia, trabalhando, Clara dá uma explicação a um companheiro de trabalho por meio e-mail. Esse colega de trabalho fica agradecido e envia um e-mail agradecendo. No final da mensagem ele diz: “você salvou meu dia! (termina com um emoji de coração)”.

Pronto! Pedro ao ver esse e-mail (ele fiscaliza tudo), tem a “certeza” de que tem uma prova de sua esposa está lhe traindo. Afinal, que absurdo, mandar um coração para alguém casado!

Pedro então faz um serviço de investigação, digno da série CSI, por fim encontra o colega de trabalho de sua esposa nas redes sociais e percebe que ele também é casado e tem filhos. Na cabeça de Pedro, ele cria uma realidade em que sua esposa e esse colega de trabalho dela têm um romance secreto, que provavelmente é comunicado com algum tipo de código, nas redes sociais.

Aí ele confronta Clara: ela diz que ela tem que confessar sua traição, ou ele irá conversar com a esposa do colega de trabalho dela e dizer “toda a verdade”. Naturalmente, se Pedro fizer isso, ele pode estar destruindo um casamento alheio. Mas a ameaça dele parece bem real para Clara, que se desespera.

O desespero de Clara fortalece na mente de Pedro a certeza da traição. Ele começa a ameaçar a Clara de que irá se divorciar e ela jamais voltará a ver seus filhos, pois ele irá conseguir a guarda deles. Esse episódio termina com o passar dos dias, em que Pedro aparentemente, deixou o assunto de lado.

Com o passar do tempo, Clara começa a deixar de contar a Pedro pequenos detalhes de sua vida. Visitas de profissionais à sua casa, como encanadores, carteiros por exemplo, não são mencionadas. Clara também sai com suas amigas secretamente, durante alguma viagem de trabalho de Pedro, sem nunca mencionar esses passeios. Ela teme que qualquer coisa dessas que ela comente com ele, poderá se transformar em um ataque de ciúmes descontrolado.

Por fim, Clara começa a temer por sua integridade física. Ela tem medo de que Pedro em algum ataque de ciúmes queira agredi-la fisicamente. Ela já sofre emocionalmente faz tempo e para ela, a agressão física era o passo seguinte de Pedro.

Clara decide então se afastar de Pedro, vai com os filhos para uma outra casa. Pedro ao ver sua esposa saindo de casa, tem claro em sua mente que finalmente, ele tem uma prova cabal de que era traído todo esse tempo, pois com certeza, segundo ele, sua esposa agora estava indo morar com o amante.

Pedro termina sozinho, sem amigos próximos, deitado em sua cama. Ele morre, tendo a certeza de que durante TODA sua vida, ele foi abandonado e traído pelas pessoas que deveriam amá-lo.

Essa estória é ficção, mas acredite, há muitos “Pedros” e “Claras” por aí. O excesso de ciúme não é “amar demais” nem tampouco é algo saudável para um relacionamento. Pessoas com ciúme delirante sofrem e fazem outros sofrerem. Se você é vítima de alguém ciumento ou se você se der conta de que precisa de ajuda para lidar com seu ciúme, CLIQUE AQUI. Quero ouvir você! Marque uma consulta!

Benefícios da Terapia de Casais – Psicanálise aplicada

É difícil pensar nos benefícios da terapia de casais quando ela geralmente está associada a acreditar que é o último recurso para salvar um relacionamento diante da separação ou do divórcio, mas a verdade é que ir a um profissional tem múltiplas vantagens tanto como casal quanto individualmente.

É por isso que, se os casais conseguirem ir à terapia quando os problemas ou dificuldades começarem, eles podem ganhar um amplo espectro de habilidades e ferramentas que poderiam salvar seu relacionamento, bem como melhorar seu bem-estar psicológico e emocional.

O que é terapia de casais?

A terapia de casais baseia-se no uso de estratégias psicológicas para ensinar os casais a melhorar seu nível de satisfação conjugal. Seu principal objetivo é melhorar a qualidade do relacionamento e o nível de satisfação.

Diante dos problemas conjugais, quando surge o conflito, há uma tendência a culpar o outro pela situação, por isso é feito ou não interpretando que isso se deve aos seus problemas psicológicos, à sua maldade ou à sua incompetência pessoal. Então, a partir da psicoterapia, tentamos modificar a maneira de pensar e agir.

A maioria das queixas tem a ver com a má gestão de incompatibilidades sobre as inevitáveis semelhanças e diferenças entre os dois. Como as diferenças são inevitáveis, o perigo é que um padrão destrutivo de interação possa ser gerado.

Por que não podemos parar de discutir?

O que constrói um problema e o mantém são as tentativas de soluções que não funcionam. Quando você repetidamente complica um problema através de um círculo vicioso de interação disfuncional característica (de cada casal), você perpetua o que deve ser mudado.

Repetidas tentativas disfuncionais podem ser porque:

  • Tentativas herdadas de solução, aprendidas inconscientemente e vicariamente (maltratando o filho de um abusador) são usadas.
  • São estratégias que foram bem-sucedidas no passado (uma birra).
  • Diante da dificuldade, em vez de repensar o problema e sermos criativos, nos protegemos sendo mais rígidos e inflexíveis e pensamos que “se eu parasse de agir como agi, teria sido ainda pior”.

Da mesma forma, um fator-chave na ancoragem patológica das relações de casal é a interpretação como intencional de comportamentos desagradáveis por parte do cônjuge. Isso pode ser causado por:

  • A tendência de simplificar a origem dos problemas conjugais para o comportamento ou atitude do outro e, assim, não perceber outras causas.
  • A tendência de fazer atribuições globais inespecíficas que levam a generalizações excessivas e a um sentimento de impotência.
  • Expectativas extremas e irrealistas sobre como os casais devem funcionar (preconceitos culturais).
  • A tendência de atribuir a origem dos problemas a características estáveis e imutáveis do outro.

Não consigo falar com o meu parceiro

A falta de habilidades para comunicar (emitir ou receber) informações sobre ideias, opiniões e emoções é outro dos problemas mais comuns e importantes nos casais.

Quando um relacionamento se torna conflituoso e/ou o equilíbrio emocional é alterado, ele sempre leva a uma comunicação disfuncional e problemática que surge como a origem do remetente enviando uma mensagem:

  • Com incompatibilidades entre forma e conteúdo.
  • É excessivamente sutil e interpretável.
  • Contém ironia ou duplo sentido.
  • Ocorre em horários ou locais inapropriados.

Um dos objetivos prioritários da terapia de casais é ser capaz de fazer com que ambos os membros admitam as opiniões do outro como válidas. Consequentemente, isso ajuda o cônjuge a se sentir mais à vontade para expressar sua percepção do problema, defendendo suas necessidades ou ideias (certas ou erradas) e confessando suas emoções. 

Características dos casais satisfeitos

  • Ambos os cônjuges assumem a sua quota-parte de corresponsabilidade em situações aversivas e adoptam uma atitude de cooperação na sua resolução.
  • Trocas de comportamentos gratificantes são mantidas e variadas.
  • Cognições positivas associadas à relação e percepção dos benefícios que ela lhes traz.
  • Comunicação aberta, franca e respeitosa, num ambiente de aceitação incondicional de diferenças de opinião que promovam o interesse e a intimidade.
  • Eles posicionam os problemas como algo externo ao relacionamento contra o qual eles têm que unir forças para resolvê-los.

Benefícios da Terapia de Casais

  1. Sinais claros de reconhecimento, confiança e respeito, que favorecem a nossa estabilidade e autoestima.
  2. Espaço de segurança, estabilidade emocional e ajuda mútua, o que facilita a assunção de objetivos individuais num espaço de segurança.
  3. Satisfação social, afetiva, sexual, reprodutiva, etc.
  4. Equilíbrio entre independência e empresa e identidade social: somos independentes, mas também membros de um projeto comum.
  5. Vínculo de intimidade, comunicação autêntica e apego.
  6. Ferramentas para resolver obstáculos e conflitos atuais ou futuros: levantar e resolver problemas.
  7. Promover a proatividade e a escuta ativa.

Conclusão

O esforço terapêutico é direcionado para focar no aqui e agora, identificando que tipo de solução está sendo utilizada, bloqueando-a e mudando-a para uma mais funcional. Os casais são diferentes e têm necessidades diferentes, mas só negociando e cooperando é que se pode chegar a um acordo satisfatório para ambas as partes.

O objetivo da terapia de casais é ser capaz de se conectar, reconectar ou curar o relacionamento. Quando os cônjuges se sentirem corresponsáveis pela situação atual, acredite que ela pode ser mudada e direcione sua energia para poder fazê-lo.

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