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Culpa e Responsabilidade: um olhar Psicanalítico

É muito comum que as pessoas confundam culpa com responsabilidade e responsabilidade com culpa. Qual a diferença? Vamos entender, neste artigo, como funcionam tanto a culpa como a responsabilidade, especialmente quando coisas ruins acontecem.

Culpa: a dívida

Quando falamos em culpa, podemos imaginar uma pessoa que tem uma dívida a pagar. Até que ela pague essa dívida, ela terá esse peso, essa “culpa”.

A culpa é um sentimento que pode surgir após uma pessoa julgar a si mesma por um comportamento passado. Segundo a psicanálise, a culpa está presente na estrutura do desejo humano e pode se manifestar de múltiplas formas, que vão do remorso à neurose. O sentimento de culpa foi tratado com grande propriedade por Freud, que o destacou como o grande problema do desenvolvimento da civilização e como atributo do inconsciente que se articula com a angústia.

Freud também associou o sentimento de culpa ao complexo de Édipo, visto aqui como fonte desse sentimento e posteriormente na formação do supereu, momento em que se aproximam culpa e angústia. A análise freudiana sobre o sentimento de culpa revela que a forma como este projeto se articula em nossa civilização termina por engendrar o mal-estar.

Embora a culpa possa ser um sentimento difícil de lidar, é importante lembrar que ela pode ser um sinal de que algo não está certo e que pode ser necessário fazer mudanças em nossas vidas. A psicanálise pode ajudar a compreender melhor a culpa e a lidar com ela de maneira mais saudável.

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Saber que cometemos um erro pode ser algo que certamente representa um peso em nós. E realmente, o problema nem é sentir esse peso, mas saber como lidar com ele. Imagine que você tem algo bem pesado para levar para algum lugar. O que você fará? Você pode tentar acomodar o peso de forma que seja mais prático levá-lo, pode usar alguma ferramenta para lhe ajudar a levar o peso e pode até mesmo, ficar parado no lugar sem se mover. E é aí que entra a responsabilidade.

Responsabilidade: a ação

Voltemos ao exemplo do transporte do objeto pesado. O objeto representa a culpa, o peso de algo. A responsabilidade é quando decidimos nos mover, levar esse peso para algum local e de preferência, deixá-lo por lá.

A responsabilidade envolve exatamente isso, agir. Vou dar um exemplo para que possamos entender a diferença entre responsabilidade e culpa.

Pense em uma loja. Agora, nessa loja, entra um pai e seu filho pequeno. O pai tenta manter seu filho sempre perto dele, para que o filho não se meta em problemas. Mas, em um momento, o filho consegue escapar doo pai e sai correndo, derrubando no caminho uma TV, que cai no chão e quebra. Então, o pai conversa com seu filho, diz que ele fez algo ruim e explica a situação. Em seguida, o pai se propõe a pagar pela TV quebrada.

O que aprendemos? Nesse pequeno exemplo, a culpa é do menino que fez a travessura. Mas a responsabilidade foi do pai, que pagou a TV. A culpa é a carga que o menino tem ao ter feito algo errado. Mas, no caso dele, por ser criança e não ter condições de assumir a responsabilidade pelo que fez, o pai assume esse papel e assim também a responsabilidade pela travessura do filho.

Dessa forma, vemos que nem sempre quem tem a culpa, tem a responsabilidade.

Culpa versus Responsabilidade

Agora, quero que você pense em outra situação. Imagine uma pessoa que sofre abuso verbal em seu ambiente de trabalho. Um colega de trabalho constantemente faz comentários maldosos sobre essa pessoa, atacando por exemplo, sua aparência.

De quem é a culpa por essa agressão? Certamente que nao é a vítima dela! Mas é aí que entra um ponto muito importante: mesmo que nao tenhamos culpa por algo ruim, podemos sempre (e devemos) assumir a responsabilidade. Como assim?

Essa pessoa que sofre esse abuso em seu trabalho nao tem a culpa por sofrer ele. Mas ela pode fazer algo a respeito. Ela pode por exemplo, denunciar a pessoa abusadora para a gerência, pode tentar resolver o problema diretamente com o abusador, tentando entender o motivo do abuso, pode tentar mudar de setor ou até mesmo, mudar de trabalho. Há muitas possibilidades envolvidas.

Veja que mesmo a pessoa nao tendo culpa, ela assumiu a responsabilidade pelo problema. Nós podemos estar passando por situações muito difíceis, podemos nao ter a culpa por essa situação, mas sempre podemos assumir a responsabilidade de melhorar essas situações.

Psicanálise culpa as pessoas pelos seus atos?

Já vi muita gente dizendo que com o tratamento psicanalítico, a pessoa é “culpada” pelos seus atos. Mas isso nao é bem verdade.

O tratamento psicanalítico nos ajuda a entender nao necessariamente nossa culpa em alguma coisa, mas sim o grau de nossa RESPONSABILIDADE em resolver o assunto. Nos ajuda a ser responsáveis pelo que nos acontece, dessa forma, tomando atitudes que poderão nos retirar desses apertos.

Quem sofreu uma agressão de qualquer tipo, quem foi vítima de algo ruim, pode nao ter a culpa por isso. Mas com o tratamento psicanalítico, a pessoa vai entender que apesar de ela nao ter a culpa pelo que aconteceu, ela sempre pode assumir a responsabilidade de resolver a questão e se sentir melhor. E sempre será uma escolha dela, uma decisão dela.

Nós, psicanalistas jamais fazemos juízos de valor de qualquer acontecimento, fala, gesto ou qualquer ação que pessoas que se consultam conosco realizem. O objetivo da terapia jamais é julgar, ao contrário, é acolher, receber. É hospitalidade mental!

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Medo de dizer o que pensa? Leia isso. Psicanálise Aplicada


Expressar a opinião é uma habilidade essencial para a vida em sociedade. É por meio da comunicação que nos relacionamos com os outros, compartilhamos ideias e construímos consensos. No entanto, algumas pessoas têm dificuldade em expressar suas opiniões, seja por medo de julgamento, de rejeição ou de conflito.

O que leva ao medo de expressar a opinião?

O inconsciente é a parte da mente que contém os pensamentos, sentimentos e memórias que estão fora do nosso alcance consciente. A psicanálise acredita que o inconsciente é um lugar de impulsos, desejos e conflitos que podem ter um impacto significativo em nosso comportamento, mesmo quando não estamos conscientes deles.

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O medo de expressar a opinião pode ser visto como um sintoma de um conflito inconsciente. A pessoa que tem medo de expressar sua opinião pode estar reprimindo pensamentos ou sentimentos que são considerados inaceitáveis ou perigosos. Vou dar alguns exemplos de situações e vivências que podem contribuir para que uma pessoa tenha dificuldades em se expressar livremente:

Autoritarismo dos pais: é importante dizer que há uma grande diferença entre autoridade e autoritário. Uma pessoa autoritária usa a intimidação para para impor suas opiniões e vontades. Geralmente, essas pessoas precisam gritar ou ameaçar para que os demais as obedeçam. Conhece alguém assim?

Por outro lado, uma pessoa que é uma autoridade não precisa de se impor. O que ela propõe geralmente é respeitado, pois os demais a veem como alguém que sabe o que está fazendo e reconhecem que é uma boa ideia seguir o que ela está propondo. Por outro lado, essa pessoa que é uma autoridade também valoriza as ideias dos demais, dessa forma, facilitando a comunicação e uma melhor tomada de decisões.

Quando uma criança cresce em um ambiente em que apenas deve obedecer “porque sim” e praticamente tudo o que ela pede ou propõe é visto como bobagem, ou como algo sem importância, ela pode crescer pensando que suas ideias não têm importância, o que é muito triste. Adulta, essa criança talvez evite propor ideias, pois pode pensar que sempre a outra pessoa terá melhores ideias.

Bullying: geralmente, quando se fala em bullying, as pessoas imaginam um grupo de crianças atacando verbalmente a uma outra criança. E sim, isso tem a ver com bullying realmente. Mas infelizmente, não é somente crianças e adolescentes que podem comenter bullying. Adultos também fazem isso e com grande frequência, muitas vezes disfarçando o ataque como uma “brincadeira”.

Pais, irmãos e outros parentes podem fazer “brincadeiras” com partes do corpo de uma criança, como as orelhas, a cabeça ou alguma característica de sua personalidade, como ser muito calado ou não ter muitas habilidades manuais, por exemplo. Isso vai destruindo a autoconfiança da criança, que a cada dia pensa que tem menos valor como pessoa. Com o passar do tempo, essa criança pode desenvolver um temor a se expressar, por achar que como ela não tem valor como pessoa, suas ideias tampouco terão.

Essa é talvez a mais cruel forma de bullying, pois geralmente ela é disfarçada de brincadeira ou até mesmo, como uma demonstração de “carinho”. Há crianças que, por tentarem se defender desse tipo de ataque, são vistas como “rebeldes” o que piora a situação.

Capacidades de comunicação diferentes: se uma pessoa têm capacidade de comunicação diferente, por exemplo, gagueira, problemas nos orgãos da fala ou padece de algum problema mental, ela pode desenvolver um receio de querer se comunicar, pensando que ninguém vai dar atenção para o que ela disser.

Existem diversos motivos que podem levar uma pessoa a ter medo de expressar sua opinião. Alguns dos mais comuns são:

  • Medo de rejeição: muitas pessoas têm medo de ser rejeitadas ou criticadas se expressarem suas opiniões, especialmente se essas opiniões forem diferentes das da maioria.
  • Medo de julgamento: o medo de ser julgado também é um fator que pode impedir as pessoas de expressarem suas opiniões. Algumas pessoas têm receio de ser julgadas por suas crenças, valores ou ideias.
  • Medo de conflito: o medo de conflito também pode levar as pessoas a evitar expressar suas opiniões. Algumas pessoas têm receio de causar brigas ou discussões se expressarem suas opiniões, especialmente se essas opiniões forem controversas.

Consequências do medo de expressar a opinião

O medo de expressar a opinião pode ter consequências negativas para a vida das pessoas. Algumas das consequências mais comuns são:

  • Dificuldade de se relacionar com os outros: pessoas que têm medo de expressar suas opiniões podem ter dificuldade de se relacionar com os outros, pois não conseguem compartilhar suas ideias e pontos de vista. Quando a pessoa se casar, pode ter grandes problemas com seu cônjuge, pois poderá simplesmente não se expressar, deixar que o outro decida tudo e quando sua opinião for pedida, a pessoa vai tentar se desviar disso. Com o tempo, essa pessoa vai acabar sendo vista como alguém que não quer se comunicar ou até mesmo o cônjuge pode começar a pensar que o outro não o ama ou não tem interesse nela ou nele. E claro, isso pode prejudicar o relacionamento.
  • Repressão de emoções: o medo de expressar a opinião também pode levar as pessoas a reprimir suas emoções, o que pode causar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Freud em uma ocasião comentou que os sentimentos não expressados sempre voltam de uma maneira terrível. Isso pode ser refletido de muitas maneiras, inclusive com sintomas psicossomáticos como dores de estômago, por exemplo.
  • Perda de oportunidades: pessoas que têm medo de expressar suas opiniões podem perder oportunidades de crescimento pessoal e profissional, pois não conseguem se posicionar e defender seus interesses.
    Nos relacionamentos amoros, pode ser que uma pessoa nunca consiga expressar seus sentimentos para outra pessoa, deixando de criar um relacionamento. Até mesmo no trabalho, a pessoa pode perder oportunidades de uma melhora em seu trabalho se tiver receio de expressar suas ideias.

Como superar o medo de expressar a opinião?

Superar o medo de expressar a opinião é um processo que requer tempo e esforço. Algumas dicas que podem ajudar são:

  • Comece aos poucos:Uma forma de se tornar mais assertivo é ir aos poucos, sem se forçar a situações muito desafiadoras logo de cara. Você pode começar por falar o que pensa em contextos mais tranquilos e familiares, e depois ir ampliando sua confiança para outras situações mais complexas.
  • Pratique a comunicação: Uma forma de aprimorar a expressão oral e a defesa dos seus pontos de vista é praticar a fala em situações diversas. Busque momentos em que possa se expor diante de uma plateia ou entrar em discussões construtivas. E sim, pode ser que no começo essa tarefa seja muito difícil de fazer, mas vale muito a pena se esforçar. Também, esteja preparado para ouvir ideias contrárias as suas, afinal, ninguém é obrigado a pensar exatamente como nós. Pense nas diferenças de opinião como uma maneira de aperfeiçoar sua linha de raciocínio.
  • Busque ajuda profissional: se o medo de expressar a opinião estiver causando problemas significativos na sua vida, procure ajuda profissional. Um terapeuta pode ajudá-lo a identificar as causas do seu medo e desenvolver estratégias para superá-lo.

É possível vencer!

Expressar a opinião é um desafio para muitas pessoas que sentem medo de serem julgadas, rejeitadas ou incompreendidas. Essa questão complexa pode ter origens diversas, como traumas, inseguranças ou falta de confiança. Porém, é possível superar esse medo com prática e dedicação. Expressar a opinião é uma forma de se comunicar melhor, fortalecer os vínculos, conhecer a si mesmo e afirmar seus valores.

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Burnout: como a Psicanálise pode te ajudar?

Você já se sentiu exausto, desmotivado e sem sentido no trabalho? Se a resposta for sim, você pode estar sofrendo de burnout, uma síndrome que afeta cada vez mais profissionais em todo o mundo. Mas o que é burnout e como a psicanálise pode ajudar a combatê-lo?

Burnout é um estado de esgotamento físico, mental e emocional causado por estresse crônico no ambiente de trabalho. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), burnout é um fenômeno ocupacional que se caracteriza por três dimensões: sensação de exaustão ou energia esgotada, sentimentos negativos ou de cinismo relacionados ao trabalho e redução da eficácia profissional.

A psicanálise é uma abordagem terapêutica que busca compreender os conflitos inconscientes que geram sofrimento psíquico. Através da escuta atenta e da interpretação das associações livres do paciente, o psicanalista ajuda o paciente a reconhecer e elaborar seus desejos, medos, angústias e fantasias que estão na origem do seu mal-estar.

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A psicanálise pode ajudar a combater os sintomas do burnout de várias formas. Primeiro, ela oferece um espaço de acolhimento e confiança, onde o paciente pode expressar seus sentimentos sem julgamento ou censura. Segundo, ela permite ao paciente entender as causas do seu estresse, seja pela falta de reconhecimento, pela sobrecarga de trabalho, pela falta de autonomia ou pela falta de sentido. Terceiro, ela favorece a construção de novos sentidos e projetos para a vida profissional e pessoal, resgatando a motivação e o prazer pelo trabalho.

Burnout: Como a psicanálise pode ajudar?

O burnout é uma síndrome que afeta milhões de profissionais no mundo todo, causando esgotamento físico, mental e emocional. Mas como a psicanálise pode ajudar a superar esse problema?

A psicanálise é uma forma de terapia que busca entender os conflitos inconscientes que estão por trás do sofrimento psíquico. Ao conversar com um psicanalista, o paciente pode falar livremente sobre seus sentimentos, pensamentos e experiências relacionados ao trabalho e à vida pessoal.

O psicanalista, por sua vez, escuta com atenção e interpreta as mensagens que o paciente transmite, muitas vezes sem se dar conta. Assim, o paciente pode descobrir as causas do seu estresse, as expectativas frustradas, as cobranças excessivas, os medos e as angústias que o impedem de se sentir satisfeito com o seu trabalho.

Além de compreender os motivos do seu mal-estar, o paciente também pode encontrar novas formas de lidar com ele. A psicanálise ajuda o paciente a resgatar seus desejos, seus valores e seus projetos, dando um novo sentido à sua vida profissional e pessoal. Com isso, o paciente pode recuperar sua motivação, sua criatividade e seu prazer pelo trabalho.

Portanto, se você se sente cansado, desanimado e sem propósito no trabalho, não deixe de buscar ajuda profissional. A psicanálise pode ser uma ferramenta valiosa para enfrentar o burnout e restaurar sua saúde e bem-estar.

Se você se identifica com os sintomas do burnout, não hesite em procurar ajuda profissional. A psicanálise pode ser uma aliada poderosa para superar essa síndrome e recuperar sua saúde e bem-estar.

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Pessoas transformadas em objetos – Objetificação e Psicanálise

Ser considerado um objeto, uma coisa. Isso é o que acontece com muitas pessoas, infelizmente. E eu acho curioso que em espanhol o termo para objetificação é “coisificação” (cosificación). É como se a pessoa se tornasse um objeto, um produto, uma mercadoria que pode ser comprada, usada e descartada, quando perder sua função ou uso.

E é verdade que geralmente quando se fala nesse assunto, se pensa em mulheres que são transformadas em objetos, graças a ações machistas de outras pessoas. Mas, na verdade, qualquer pessoa pode ser transformada em objeto, ou “coisa”. Nesse artigo quero comentar alguns aspectos sobre o comportamento de uma pessoa que se sente “coisificada” por alguém.

Como é uma pessoa objetificada?

Para responder essa pergunta, quero que pensemos em um objeto qualquer. Por exemplo, uma caneta. Uma caneta é um objeto, tem sua função (escrever e as outras é preciso usar a imaginação), tem um preço e um prazo de validade.

Bem, assim funciona quando uma pessoa foi transformada em objeto.

  • Cumpre uma função: você deve cumprir uma missão, como oferecer algo como sexo, trabalhos domésticos, serviços gerais de reparação ou outros serviços.
  • Tem um preço: você pode receber algo “como pagamento” de seus serviços, como bens materiais, dinheiro ou a troca por outros objetos.
  • Tem data de validade: com o tempo, pode ser que você perca sua “função” como objeto, se tornando “obsoleto.” E aí você pode ser substituído facilmente.
  • Interesses humanos são desvalorizados: afinal, como objeto, a pessoa não precisa sentir, não precisa desejar. Por isso, a opinião, desejos e sonhos da pessoa-objeto são geralmente ignorados ou vistos como sem importância para o relacionamento.

Como vivemos em uma sociedade marcada pelo machismo, é mais comum saber de casos em que as mulheres são transformadas em objeto, tanto por homens como por outras mulheres também. Mas homens também podem e são objetificados e também crianças infelizmente muitas vezes também.

O “objeto” na Psicanálise

Quero comentar que neste artigo, não me refiro ao termo “objeto” na Psicanálise.

Na psicanálise, o termo “objeto” tem um significado específico e abrange várias nuances que desempenham um papel fundamental na compreensão da teoria psicanalítica. De maneira simplificada, o conceito de objeto na psicanálise refere-se a qualquer pessoa, coisa ou conceito que é alvo das pulsões ou desejos do indivíduo. Existem dois tipos principais de objetos na psicanálise: o objeto de amor (ou objeto de desejo) e o objeto de ódio.

  1. Objeto de Amor (Objeto de Desejo): Este é o objeto em relação ao qual o indivíduo direciona seus desejos e afetos positivos. É a pessoa, coisa ou conceito que satisfaz as pulsões e necessidades do indivíduo. Na infância, o primeiro objeto de amor é a mãe, que desempenha um papel central no desenvolvimento emocional da criança. Conforme a pessoa cresce, o objeto de amor pode mudar, mas a importância do desejo em relação a esse objeto permanece como um elemento essencial na psicanálise.
  2. Objeto de Ódio: Assim como o objeto de amor, o objeto de ódio é qualquer coisa que seja alvo de afetos negativos. Pode ser uma pessoa, coisa ou até mesmo partes do self do indivíduo. O ódio pode surgir quando o objeto de amor não satisfaz as necessidades do ego, causando frustração e hostilidade em relação a esse objeto.

Além dessa distinção básica entre objetos de amor e objetos de ódio, também temos em psicanálise diferentes tipos de objetos com base em sua função e significado. Alguns exemplos incluem:

  • Objeto Real: Refere-se a objetos físicos no mundo externo, como pessoas, coisas ou situações reais.
  • Objeto Imaginário: Refere-se a objetos criados pela imaginação do indivíduo, muitas vezes associados a fantasias ou idealizações.
  • Objeto Simbólico: Este objeto é carregado de significado cultural e simbólico. Exemplos incluem símbolos religiosos, conceitos morais e valores sociais.

O conceito de objeto na psicanálise desempenha um papel fundamental na teoria das relações de objeto, que explora como os relacionamentos e as interações com esses objetos afetam o desenvolvimento psicológico e emocional do indivíduo. Através da análise das relações de objeto, os psicanalistas buscam compreender como os padrões de desejo, amor e ódio em relação a esses objetos moldam a psicologia do indivíduo e influenciam seu comportamento e suas escolhas ao longo da vida.

Mas, como comentei, aqui o sentido é mais literal. É quando um ser humano é tratado quase que literalmente como se fosse um objeto inanimado, uma mercadoria. É como se uma pessoa se tornasse um objeto real e com tratamento de objeto.

Como se comporta uma pessoa que foi objetificada

Uma pessoa que foi convertida em um objeto geralmente perde sua identidade, pode se sentir que mais do que fazer parte de algo, de uma comunidade por exemplo, ela é parte do cenário dessa comunidade, como se fosse um quadro numa parede ou um vaso de flores em uma mesa.

E por isso ela pode se sentir sem valor real, sem voz e sem necessidade de ter isso. Mas em alguns casos, a pessoa, de maneira inconsciente “aceita” a objetificação e acaba se comportando como um objeto, reduzindo-se ao que um objeto geralmente possui: preço, validade, função e pouco valor como ser humano.

Pessoas não são apenas corpos, nádegas ou beleza. Pessoas não são troféis para serem expostas como tal. Nem são máquinas que atendem a nossos desejos. Não são brinquedos.

A objetivação de pessoas é um fenômeno que consiste em tratar os indivíduos como objetos, desconsiderando seus sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades.
Uma das possíveis causas da objetivação de pessoas é a falta de reconhecimento do outro como um sujeito autônomo e singular, que possui uma história, uma subjetividade e uma liberdade. Essa falta de reconhecimento pode estar relacionada com a dificuldade de lidar com a alteridade, ou seja, com o fato de que o outro é diferente de mim e tem uma perspectiva própria sobre o mundo. Nesse sentido, o outro é sempre um enigma, um mistério, que escapa à minha compreensão total e que me desafia a questionar as minhas certezas e verdades. O outro é também aquele que me olha, que me julga, que me deseja ou que me rejeita, e que, portanto, afeta a minha autoimagem e a minha autoestima.
Outra possível causa da objetivação de pessoas é a projeção de aspectos inconscientes do próprio sujeito sobre o outro, como forma de negar ou evitar o confronto com esses aspectos. A projeção é um mecanismo de defesa que consiste em atribuir ao outro aquilo que não se quer reconhecer em si mesmo, como sentimentos, impulsos, fantasias ou conflitos.O inconsciente é uma instância psíquica que guarda os conteúdos reprimidos pela consciência, mas que busca se manifestar através de diversos modos, como os sonhos, os atos falhos, os sintomas ou as formações do inconsciente. Ao projetar no outro o que é seu, o sujeito reduz o outro a um espelho de si mesmo, ignorando a sua singularidade e complexidade.

Consequências da objetivação

As consequências da objetivação de pessoas podem ser graves tanto para quem objetiva quanto para quem é objetivado. Para quem objetiva, há o risco de perder a capacidade de se relacionar de forma genuína e empática com o outro, de se fechar em um narcisismo e em uma alienação, de não conseguir desenvolver a sua própria identidade e subjetividade. Para quem é objetivado, há o risco de sofrer violências físicas ou psicológicas, de ter a sua dignidade e os seus direitos violados, de se sentir desvalorizado e inferiorizado, de desenvolver sentimentos de culpa, vergonha ou ódio.
A psicanálise pode ajudar a prevenir e a superar a objetivação de pessoas, através do processo terapêutico que visa promover o autoconhecimento, a elaboração dos conflitos inconscientes, a ressignificação das experiências traumáticas e a construção de novas formas de se relacionar consigo mesmo e com o outro. A terapia também pode contribuir para a educação e para a cultura, através da divulgação dos seus conceitos e da sua ética, que valoriza a singularidade do sujeito, o respeito à diferença e à alteridade, e a responsabilidade pelo desejo.

Pessoas não são coisas

Nenhum ser humano é uma mera coisa. Nunca aceite ser transformado em objeto, você é muito mais do que isso.

E se você sente que foi transformado em objeto ou que tem a tendência de transformar pessoas em objetos, procure ajuda. A terapia psicanalítica é excelente para que você passe a se conhecer melhor, se empoderar e se libertar desse tipo de prisão.

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 Entre psicanálise e existencialismo: a estruturação da personalidade sob condição 2:

 O sujeito da psicanálise: particularidades na contemporaneidade

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Por que repetimos os mesmos erros? Uma análise psicanalítica

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Você já se perguntou por que tendemos a repetir os mesmos erros, mesmo quando sabemos que não são benéficos para nós? Esse é um fenômeno intrigante que pode ser compreendido através de uma lente psicanalítica. Neste artigo, mergulharemos nos motivos por trás desse padrão repetitivo e exploraremos exemplos concretos de situações em que isso ocorre. Além disso, forneceremos algumas dicas para evitar esse ciclo vicioso. Portanto, prepare-se para uma jornada de autoconhecimento e reflexão.

A repetição como mecanismo de defesa

A psicanálise nos ensina que a repetição dos mesmos erros pode ser um mecanismo de defesa inconsciente. Quando nos encontramos em situações desafiadoras ou desconfortáveis, é natural buscarmos formas de nos proteger psicologicamente. Repetir padrões conhecidos, mesmo que sejam prejudiciais, pode proporcionar uma sensação de segurança e familiaridade, evitando um confronto direto com nossos medos e traumas.

Exemplos de repetição de erros

Relacionamentos tóxicos

Um exemplo clássico de repetição de erros ocorre nos relacionamentos. Muitas vezes, uma pessoa que tenha crescido em um ambiente familiar conturbado, marcado por relacionamentos abusivos, pode acabar internalizando esses padrões negativos e replicando-os em sua vida adulta. É como se os comportamentos disfuncionais se tornassem uma espécie de “padrão de relacionamento” em sua mente.

Essa pessoa pode se sentir atraída por parceiros que apresentam características semelhantes aos de sua infância, mesmo que de forma inconsciente. Ela pode se sentir mais confortável em um relacionamento tóxico ou abusivo, pois, de certa forma, esses padrões negativos lhe são familiares. Pode parecer paradoxal, mas é algo que acontece com mais frequência do que imaginamos.

Quando essa pessoa se vê diante de um relacionamento saudável, baseado no respeito, cuidado e comunicação saudável, ela pode sentir-se desconfortável e até mesmo desconfiada. Não está acostumada com essa dinâmica positiva e pode questionar as intenções do parceiro, criando conflitos desnecessários ou sabotando a relação de forma inconsciente.

Esse ciclo de repetição de erros nos relacionamentos pode se tornar uma armadilha difícil de escapar. É importante que a pessoa reconheça esses padrões e se esforce para quebrá-los, buscando ajuda terapêutica caso necessário. Com autoconhecimento, trabalho emocional e desenvolvimento de habilidades de relacionamento saudáveis, é possível romper esse ciclo e construir relacionamentos mais equilibrados e felizes.

Portanto, é fundamental darmos atenção a essa questão para evitarmos a repetição de erros nos relacionamentos. É necessário buscar o autoconhecimento, trabalhar na cura das feridas emocionais do passado e buscar o desenvolvimento de habilidades saudáveis de relacionamento. Dessa forma, poderemos nos libertar dos padrões negativos e construir relacionamentos mais satisfatórios em nosso futuro.

Comportamentos autodestrutivos

Claro! Vamos expandir um pouco mais o último exemplo. A repetição de comportamentos autodestrutivos pode ser um desafio complexo. Algumas pessoas podem enfrentar vícios, como o consumo excessivo de álcool, drogas ou tabaco, enquanto outras podem ter padrões destrutivos de pensamento, como a autosabotagem constante ou a persistência em relacionamentos abusivos.

É importante entender que esses comportamentos não surgem do nada. Eles podem ter raízes em experiências passadas, traumas não resolvidos, pressões sociais ou até mesmo questões relacionadas à saúde mental. Por exemplo, uma pessoa que passou por situações traumáticas pode recorrer a comportamentos autodestrutivos como uma forma de lidar com a dor emocional.

No entanto, apesar de proporcionar um alívio temporário, esse tipo de comportamento acaba agravando ainda mais os problemas. O indivíduo pode se sentir preso em um ciclo vicioso, encontrando conforto no familiar, mesmo que seja prejudicial a longo prazo. Consequentemente, torna-se um desafio quebrar esse padrão autodestrutivo.

É fundamental buscar apoio e ajuda profissional nesses casos. Terapeutas, conselheiros ou grupos de apoio podem ser fontes valiosas de suporte e orientação. O processo de superação e cura pode exigir tempo, paciência e um compromisso pessoal sério, mas é possível alcançar uma vida mais saudável e feliz.

Lembre-se, se você se sentir sobrecarregado ou precisar de ajuda, não hesite em procurar profissionais ou recorrer a redes de apoio. Você nunca está sozinho em sua jornada em busca de cura e crescimento.

Dicas para quebrar o ciclo

Agora que entendemos por que repetimos os mesmos erros, vamos explorar algumas estratégias para evitar esse ciclo vicioso:

  1. Autoconhecimento: Busque compreender suas motivações e padrões de comportamento. Tente identificar as origens desses padrões em sua história de vida e relacionamentos passados.
  2. Terapia psicanalítica: A psicanálise pode ser uma ferramenta poderosa para explorar questões inconscientes e trabalhar na resolução de traumas e conflitos internos. Considere buscar a ajuda de um psicanalista qualificado.
  3. Desenvolvimento de habilidades emocionais: Aprenda a lidar com emoções negativas de forma saudável. Pratique a autoaceitação, a empatia e a gestão das emoções, para que você possa enfrentar os desafios de forma construtiva, sem recorrer a antigos padrões.
  4. Estabeleça limites saudáveis: Aprenda a reconhecer e estabelecer limites em seus relacionamentos. Isso ajudará a evitar situações tóxicas e permitirá que você se envolva em relacionamentos mais saudáveis.

Lembrando sempre que cada pessoa é única e o processo de quebrar o ciclo de repetição dos mesmos erros pode exigir tempo e esforço. Se necessário, procure a orientação de um profissional da área.

Se você está disposto(a) a transformar sua vida e evitar repetir os mesmos erros, conheça mais sobre psicanálise e agende uma sessão de terapia. Clique aqui para falar comigo.

Conclusão

A repetição dos mesmos erros é um desafio que muitos de nós enfrentamos em nossas vidas. No entanto, compreender as raízes psicológicas desse padrão e adotar medidas para quebrá-lo pode nos ajudar a crescer e evoluir. Lembre-se de que você não está sozinho nessa jornada. Com a ajuda adequada e um compromisso consigo mesmo, é possível interromper esse ciclo e trilhar um caminho mais saudável e gratificante.

Referências:

  1. Freud, S. (1914). “Recuerdos encubridores”. [Obras completas, Vol. III].
  2. Jung, C. G. (1933). “Tipos Psicológicos”. [Obras completas, Vol. VI].

Disclaimer: Este artigo é apenas para fins informativos e não substitui a consulta a um profissional qualificado em psicanálise
Marco Assis – Psicanalista

Este artigo foi publicado originalmente em marcoassis.net.br.

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Vício em exercício: quando algo saudável se torna nocivo para a saúde

Experiências traumatizantes podem deixar cicatrizes profundas na alma, mergulhando os indivíduos num mar de emoções avassaladoras. E enquanto todos buscam maneiras de se curar dessas feridas, alguns podem acabar se perdendo em caminhos obscuros. Um desses caminhos é o exercício excessivo. Sim, você leu certo! O exercício, normalmente associado à saúde e ao bem-estar, pode se tornar uma obsessão doentia. Neste artigo, mergulharemos fundo nos sinais de que alguém está usando o exercício como uma fuga perigosa para lidar com o trauma. Prepare-se para descobrir os segredos ocultos por trás dessas práticas extremas e aprenda como as pessoas próximas podem reconhecer os sinais reveladores. Abra os olhos para essa realidade perturbadora e descubra como ajudar quem atravessa essas águas turbulentas.

Quero deixar claro que fazer exercícios regularmente é sim, muito saudável. O que irei abordar nesse artigo é o vício nessa atividade, seus motivos e consequências.

Determinar quando o exercício é excessivo

Sabe, é meio complicadinho diferenciar entre exercício saudável e exercício em excesso. Depende muito de cada pessoa, sabe? Mas eu posso dar umas dicas pra você conseguir fazer essa avaliação:

  • Frequência: Se você se encontrar se exercitando diariamente, muitas vezes várias vezes ao dia, pode ser um sinal de exercício excessivo. Mas perceba que eu comentei “várias vezes ao dia” e não uma vez ao dia, ok?
  • Intensidade: Treinos excessivamente extenuantes que o deixam exausto ou com dor podem indicar exercício excessivo. É verdade que depois de treinar, podemos nos sentir um pouco doloridos, em especial as partes do corpo que foram alvo do treinamento. Mas se o cansaço for extremo e as dores forem muito frequentes, isso pode indicar que algo anda mal.
  • Inflexibilidade: Se você não consegue pular um treino ou adaptar sua rotina quando necessário, pode ser um sinal de exercício compulsivo.
  • Negligenciando outras responsabilidades: Se o exercício começar a interferir no trabalho, nas atividades sociais ou no autocuidado, é um sinal de alerta, um sinal muito forte!
  • Impacto emocional: Se o exercício se torna uma fonte de ansiedade, culpa ou obsessão, pode ser excessivo.

Compreendendo o exercício excessivo como mecanismo de enfrentamento

Malhar é realmente maravilhoso, não é? Não apenas oferece uma ampla gama de benefícios para a saúde física e mental, mas também serve como uma maneira fantástica de aliviar o estresse, melhorar o humor e aumentar o bem-estar geral. No entanto, é importante lembrar que às vezes nosso entusiasmo pelo exercício pode se transformar em obsessão, o que pode ter efeitos negativos em nossa saúde. É crucial encontrar um equilíbrio e ouvir nosso corpo para garantir que estejamos cuidando de nós mesmos tanto mentalmente quanto fisicamente.

O exercício excessivo muitas vezes surge como uma forma de lidar com o sofrimento emocional decorrente de um relacionamento traumático, em alguns casos. As pessoas podem recorrer ao exercício como um meio de se distrair de emoções dolorosas, alcançar uma sensação de realização ou restabelecer o controle sobre seus corpos quando se sentem impotentes em outras áreas da vida.

Em alguns casos, a pessoa acaba viciando em exercícios porque entende que se tiver um corpo “perfeito” isso pode compensar alguma outra suposta falha que ela tenha (real ou não). Em psicanálise, chamamos isso de “compensação” um dos muitos mecanismos de defesa do ego.


Reconhecimento de sinais de exercício excessivo

O exercício excessivo pode se manifestar de várias maneiras:

  • Comportamento compulsivo: Os indivíduos podem exibir uma necessidade imperiosa de se exercitar excessivamente, mesmo quando estão cansados ou lesionados. A pessoa pode começar a colocar fazer exercícios por cima de outras atividades importantes como o trabalho, família ou até mesmo se alimentar corretamente.
  • Problemas de saúde física: O excesso de exercício pode levar a lesões por uso excessivo, fadiga crônica e um sistema imunológico comprometido. Os entes queridos podem notar lesões recorrentes ou queixas persistentes sobre desconforto físico, devido à uma atividade física intensa e constante.
  • Humor: Aqueles que lidam com exercícios excessivos podem experimentar mudanças de humor, ansiedade ou irritabilidade, especialmente quando perdem um treino ou não puderam seguir o programa de exercícios que tinham planejado.
  • Negligenciar relacionamentos: Os entes queridos podem observar afastamento de conexões sociais ou interações tensas devido a compromissos com exercícios excessivos. A pessoa agora sente que precisa estar sempre treinando e não percebe que agora seu tempo disponível vai principalmente para atividades de treinamento físico.
  • Rotina rígida: Um horário de exercícios inflexível pode se tornar aparente, com os indivíduos achando difícil adaptar sua rotina às circunstâncias em mudança. Nada pode mudar no dia e na rotina, afinal, uma mudança poderia significar uma suposta “perca” nas atividades físicas.
  • Pensamentos obsessivos: As conversas podem frequentemente girar em torno de exercícios, dieta ou imagem corporal, e os pensamentos podem se tornar onipresentes.

Abordando o assunto com um ente querido

Se você suspeita que um ente querido pode estar lutando com exercícios excessivos, abordar o assunto com cuidado e empatia é essencial. Aqui estão alguns passos a serem considerados:

  • Escolha a hora e o local certos: Separe um espaço confortável e privado para a conversa. Certifique-se de que você e seu ente querido tenham tempo adequado para discutir o assunto sem interrupções.
  • Use uma linguagem não acusatória: Expresse suas preocupações com declarações que mostrem o que você sente, para evitar soar que você está apenas acusando a pessoa. Por exemplo, diga: “Percebi mudanças em sua rotina de exercícios e estou preocupado com seu bem-estar”.
  • Ouça ativamente: Incentive seu ente querido a compartilhar sua perspectiva sem interrupção. Deixe claro que sua intenção é oferecer apoio, não julgamento.
  • Sugira ajuda profissional: Recomende procurar orientação de um profissional de saúde mental, como um terapeuta que pode ajudar a resolver questões emocionais subjacentes e desenvolver estratégias de enfrentamento mais saudáveis.

Saiba identificar o exercício excessivo em você mesmo

Se você suspeita que seus próprios hábitos de exercícios podem ter escalado para níveis excessivos, o autoconhecimento é fundamental. Veja como avaliar seu comportamento:

  • Ouça o seu corpo: Preste atenção aos sinais físicos, como fadiga persistente, dor ou lesões, que podem indicar excesso de exercício.
  • Monitore suas emoções: Esteja atento ao seu estado emocional e esteja atento a qualquer mudança de humor, ansiedade ou irritabilidade que possa estar ligada à sua rotina de exercícios.
  • Busque informações de pessoas confiáveis: Consulte amigos ou familiares que possam fornecer uma perspectiva externa sobre seus hábitos e comportamento de exercício.
  • Considere a ajuda profissional: Se você suspeitar que está lutando com exercícios excessivos, procure um profissional de saúde mental para obter orientação e apoio.

Conclui-se que, embora o exercício possa ser um componente valioso do autocuidado, ele deve ser equilibrado com outros mecanismos de enfrentamento e orientado por um profissional de saúde mental quando necessário.

Tudo o que é bom, em excesso, é ruim para nós. E isso inclui o excesso de exercícios físicos. Procure ajuda, se perceber que isso pode estar acontecendo com você.

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O Mecanismo de Defesa do Ego: Negando a Realidade – Psicanálise aplicada

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O ser humano é complexo e, muitas vezes, enfrenta situações que são difíceis de lidar emocionalmente. Diante disso, nosso ego entra em ação e utiliza diferentes mecanismos de defesa para proteger-nos do desconforto e da ansiedade que algumas situações podem causar. Um dos mecanismos mais comuns é a negação.

A negação é uma estratégia psicológica que envolve rejeitar ou recusar-se a aceitar uma realidade dolorosa ou ameaçadora. É como se criássemos uma barreira mental que impede o reconhecimento consciente da situação em questão. Podemos negar fatos, sentimentos, pensamentos ou até mesmo nossa própria responsabilidade em determinadas circunstâncias.

Veja alguns exemplos práticos de como a negação pode se manifestar em nossa vida cotidiana:

A negação em ação:

Exemplo 1: Negando a Perda

Um exemplo comum de negação é quando uma pessoa enfrenta a perda de um ente querido. É natural sentir uma profunda tristeza nesse momento, mas alguns indivíduos podem negar essa dor como uma forma de autoproteção emocional. Eles podem se convencer de que a pessoa falecida ainda está viva, evitando assim a difícil realidade da morte. É verdade que nesse caso, esse mecanismo pode ser usado de maneira temporária, somente até que a pessoa consiga processar a informação do luto. Em outros casos, uma pessoa pode viver em negação, situação em que deve procurar ajuda terapêutica para lidar com essa situação.

Exemplo 2: Negando um Problema de Saúde

Outro exemplo pode ser observado em indivíduos que são diagnosticados com uma doença grave. Em vez de enfrentar a realidade e buscar tratamento adequado, algumas pessoas podem negar o diagnóstico. Elas podem recusar-se a acreditar na gravidade da situação e, consequentemente, adiar o início de um tratamento que poderia salvar suas vidas.

Infelizmente, esse tipo de negação é muito comum. Muitas pessoas morrem porque nunca quiseram procurar tratamento para problemas que tinham. Alguns desses tratamentos poderiam ter permitido que elas tivessem uma vida muito melhor.

Você talvez já tenha se deparado com uma pessoa dizendo que o que ela tem “não é nada”.

Exemplo 3: Negando um Trauma

Traumas emocionais também podem ser negados como um mecanismo de defesa do ego. Por exemplo, um indivíduo que sofreu abuso na infância pode reprimir as memórias dolorosas e negar completamente a existência desse evento traumático. Essa negação permite que a pessoa evite o sofrimento associado ao trauma, mas também pode dificultar o processo de cura e recuperação.

Claro, nesse caso essa negação é muito mais inconsciente e fortalecida por outro mecanismo de defesa do ego, o recalque.

Em alguns casos, a pessoa é consciente do que lhe aconteceu, mas prefere interpretar o abuso (que pode ter sido de qualquer tipo) como outra coisa, algo que não foi tão importante ou até “normal”. Isso acontece também quando uma pessoa sofre abusos de seu cônjuge, mas prefere pensar que esses abusos são na verdade normais e que até mesmo ela os “mereceu.”

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A Negação e as Consequências

Embora a negação possa fornecer algum alívio temporário, é importante entender que essa estratégia de defesa tem consequências a longo prazo. Negar a realidade pode levar à estagnação emocional e impedir o crescimento pessoal. Além disso, pode prejudicar relacionamentos e criar um ciclo de negação contínua.

Ao utilizar a negação como mecanismo de defesa, estamos evitando enfrentar e lidar com nossas emoções e problemas de forma saudável. Isso pode resultar em ansiedade, depressão e até mesmo em problemas de saúde física. É crucial buscar apoio e orientação de profissionais, como psicólogos e psiquiatras, para trabalhar no desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento.

Superando a Negação

Embora seja desafiador, é possível superar a negação e enfrentar a realidade de maneira construtiva. Veja algumas sugestões que podem ajudar nesse processo:

  1. Reconhecer a negação: O primeiro passo é tomar consciência de que estamos negando uma realidade. Autoavaliação é fundamental nesse processo.
  2. Buscar apoio: Contar com o suporte de amigos, familiares ou profissionais de saúde pode ajudar a enfrentar e processar emoções difíceis.
  3. Praticar a autocompaixão: Ser gentil consigo mesmo durante esse processo é essencial. Aceitar que haverá momentos de vulnerabilidade e dificuldade é importante para a cura emocional.
  4. Aceitar a realidade: Permitir-se reconhecer a verdade e lidar com as emoções que surgem com ela, é um passo fundamental para o crescimento e para encontrar soluções efetivas.

Lembrando que cada indivíduo tem sua própria jornada emocional, é importante buscar ajuda profissional, quando necessário. A negação é uma estratégia de defesa comumente utilizada, mas devemos estar atentos para não nos fecharmos às possibilidades de enfrentamento e crescimento pessoal.

A negação é um mecanismo de defesa do ego que nos permite enfrentar situações difíceis, ignorando ou rejeitando a realidade. Embora possa parecer reconfortante em um primeiro momento, é importante lembrar que a negação tem consequências a longo prazo. Ao buscar apoio e trabalhar no desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento, podemos superar a negação e encontrar caminhos mais positivos para lidar com desafios emocionais.

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Preocupação: a comida favorita da ansiedade

A preocupação é o principal ingrediente, ou até mesmo a “comida favorita” da ansiedade. Foi demonstrado que estar preocupado é tão negativo quanto estar com raiva, é uma emoção que nos desgasta e paralisa, tem impacto direto na nossa saúde, gera tensão muscular e inquietação e se altera.

Está diretamente relacionada à nossa forma de perceber e avaliar as situações e à nossa capacidade de enfrentá-las e resolvê-las.

A Preocupação pode criar pensamentos que ficam martelando na cabeça e parece que você simplesmente não consegue sair deles, mesmo sabendo que em alguns casos, são pensamentos que nem sequer fazem muito sentido.

Relação Ansiedade e Preocupação

A relação entre ansiedade e preocupação sob a perspectiva da psicanálise é um tema de grande interesse e complexidade. A psicanálise entende a ansiedade como uma manifestação de conflitos internos e de defesas psíquicas para lidar com esses conflitos.

Segundo essa abordagem, a ansiedade surge como uma resposta emocional diante de ameaças percebidas, tanto reais quanto imaginárias. Essas ameaças podem estar relacionadas a desejos não realizados, traumas não resolvidos, medos inconscientes ou conflitos internos. A ansiedade é considerada uma emoção básica que ativa mecanismos de defesa para proteger o indivíduo do desconforto emocional.

Nesse contexto, a preocupação pode ser vista como uma forma de defesa contra a ansiedade. A pessoa se ocupa antecipando e imaginando cenários futuros para evitar entrar em contato com as emoções ansiosas subjacentes. A preocupação excessiva pode ser uma estratégia inconsciente para manter a ansiedade sob controle, evitando que pensamentos ou sentimentos perturbadores aflorem à consciência. Uma estratégia que não é muito eficiente, na verdade.

Na psicanálise, procura-se identificar as origens inconscientes da ansiedade e da preocupação, investigando o histórico pessoal, as experiências de vida, os desejos reprimidos e os conflitos internos. O trabalho terapêutico busca trazer à luz os conteúdos inconscientes que alimentam a ansiedade e a preocupação excessiva, permitindo que o indivíduo compreenda e integre essas questões em seu processo psíquico.

O objetivo final do tratamento psicanalítico é fornecer ao paciente uma maior consciência de si mesmo, do seu mundo interior e das causas subjacentes à sua ansiedade e preocupação. Ao explorar os conteúdos inconscientes e os mecanismos de defesa, é possível encontrar caminhos para trabalhar esses conflitos e buscar uma maior harmonia emocional.

As preocupações parecem surgir do nada, começam a gerar um grande murmúrio, nos impedem de raciocinar e se tornam incontroláveis.

É uma narrativa dirigida a si mesmo, que salta de preocupação em preocupação e muitas vezes é seguida de catástrofes imaginadas.

Em vez de encontrar soluções para esses problemas, as pessoas que se preocupam excessivamente mergulham no medo, veem perigos na vida que os outros nunca percebem e permanecem na mesma rotina de pensamento, fixando sua atenção nas situações temidas.

No nosso dia a dia as preocupações se tornaram algo natural, elas estão lá só porque estamos vivos. Aprendemos que a vida é sinônimo de preocupação, mas preocupação não é sinônimo de responsabilidade.

É assim que a ansiedade surge de duas formas: COGNITIVA ou pensamentos preocupados, e SOMATICA, sintomas fisiológicos da ansiedade, como tontura, sudorese, frequência cardíaca acelerada, falta de ar ou tensão muscular.

Isso é o resultado de como lidamos com as situações e, acima de tudo, das ideias que temos sobre esses problemas, como acreditar, que se pensarmos constantemente sobre a situação, de alguma forma controlaremos o que acontece.

De certa forma, a preocupação é um ensaio do que pode dar errado. Está associada ao medo, principalmente a não ter controle do resultado, a falta de clareza ou a incapacidade de prever o resultado do que nos preocupa.

A missão das preocupações é encontrar soluções positivas para enfrentar possíveis ameaças, e a melhor maneira de fazer isso é descartar o que é provável do real.

Você acha que o problema será resolvido mais rápido quanto mais você se preocupar? A preocupação fará com que você encontre uma solução eficaz? Se você respondeu “não” às duas perguntas, use esse tempo e energia para encontrar a solução. Lembre-se que “preocupar-se” implica em pré-ocupação, ou seja, é uma fase anterior à tomada de uma atitude. Pense neles como um desafio para testar suas habilidades e habilidades.

Às vezes, já realizamos todas as soluções possíveis, não há mais o que fazer, é hora de criar alternativas para resolver os problemas.

Uma possibilidade é mudar nosso ponto de vista sobre o problema, a partir de uma nova perspectiva podemos avançar e não ficar ancorados sem resolver o que nos preocupa.

Aqui estão algumas etapas que você pode seguir para começar:

– Anote o que te preocupa.

– Pergunte-se se está em suas mãos resolvê-lo.

– Quais passos você deve tomar para alcançá-lo.

– Que coisas você poderia fazer hoje.

– Quem poderia te ajudar.

– Quais são as vantagens que você terá ao resolvê-lo.

lembre-se, é melhor Ocupar do que preocupar.

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Como ajudar uma pessoa que está sofrendo dor emocional? Psicanálise na prática

A jornada da vida é repleta de altos e baixos, e em certos momentos, todos nós enfrentamos desafios emocionais que nos deixam sentindo como se estivéssemos em um mar revolto. Quando alguém que amamos está passando por uma dor emocional, nosso desejo natural é estender a mão e ajudar a aliviar o fardo. No entanto, muitas vezes nos sentimos perdidos sobre como fazer isso de maneira eficaz e compassiva. Neste artigo, vamos explorar algumas maneiras encorajadoras e amigáveis de apoiar alguém que está sofrendo dor emocional.

1. Pratique a Escuta Ativa

Em momentos de dor emocional, uma das coisas mais valiosas que você pode oferecer é o dom da sua atenção. A escuta ativa envolve não apenas ouvir as palavras da pessoa, mas também entender suas emoções e sentimentos subjacentes. Deixe a pessoa falar sem interromper, e demonstre empatia através de gestos, como acenos de cabeça e expressões faciais que mostram que você está presente e interessado. Isso permite que a pessoa se sinta ouvida e compreendida, o que por si só pode ser extremamente reconfortante.

2. Ofereça um Ombro Amigo

Às vezes, tudo o que alguém precisa é de um ombro para chorar. Esteja disposto a ser essa fonte de apoio emocional. Seja um abraço, um aperto de mão ou até mesmo um olhar gentil, demonstrar fisicamente que você está lá para eles pode criar um senso de segurança e calor. Lembre-se, você não precisa ter todas as respostas – estar presente é o que realmente importa.

3. Evite Julgamentos e Conselhos Excessivos

É natural querer ajudar, mas tenha em mente que não estamos aqui para resolver os problemas de alguém. Evite oferecer soluções rápidas ou conselhos que podem parecer desconsiderar a profundidade da dor da pessoa. Em vez disso, valide os sentimentos dela e diga coisas como “Sinto muito que você esteja passando por isso” ou “É normal sentir-se assim.” Deixe espaço para que a pessoa compartilhe seus pensamentos sem sentir que está sendo julgada.

4. Promova Atividades Positivas

Incentive atividades que tragam alegria e bem-estar emocional. Isso pode variar desde sair para caminhar ao ar livre até assistir a filmes engraçados juntos. Participar de atividades que a pessoa gostava antes da dor emocional pode ajudar a reacender um senso de normalidade e prazer na vida.

5. Ofereça Ajuda Prática

Além do apoio emocional, ofereça ajuda prática. Pergunte se há algo específico que você possa fazer para aliviar a carga, como preparar uma refeição, cuidar dos afazeres domésticos ou acompanhar a pessoa a compromissos importantes.

Quando alguém próximo está enfrentando dor emocional, nossas palavras e ações podem fazer uma diferença significativa em sua jornada de cura. Lembre-se de que você não precisa ser um especialista para oferecer apoio – o que mais importa é a empatia, a gentileza e a vontade genuína de estar presente. Ao praticar a escuta ativa, fornecer um ombro amigo, evitar julgamentos, promover atividades positivas e oferecer ajuda prática, você ajudará a pessoa a se sentir amparada em um momento de necessidade. Juntos, podemos criar um ambiente de cuidado e compreensão que ajuda a curar corações partidos e restaurar a esperança.

O papel do Psicanalista na dor emocional

1. Criação de um Espaço Seguro

Um dos primeiros passos que um psicanalista realiza é estabelecer um ambiente seguro e confidencial. Esse espaço é um santuário onde a pessoa pode explorar seus sentimentos, pensamentos e experiências sem julgamento. Saber que estão em um lugar onde podem se expressar livremente muitas vezes alivia o peso da dor emocional.

2. Escuta Atenta e Empática

A escuta é uma das ferramentas mais poderosas que um psicanalista possui. Ao ouvir atentamente e com empatia, eles ajudam a pessoa a entender e articular seus sentimentos. Esse processo de autoexpressão guiado pelo psicanalista pode levar a insights profundos e ao desenvolvimento de uma compreensão mais clara de si mesma. Algo realmente importante é que a escuta do Psicanalista é sempre profissional. Ele é treinado para escutar com atenção e de maneira analítica, ao mesmo tempo, sem fazer julgamentos.

3. Exploração das Origens da Dor

Um aspecto fundamental da abordagem psicanalítica é a exploração das origens da dor emocional. O psicanalista ajuda a pessoa a mergulhar nas camadas mais profundas de suas experiências passadas e presentes, buscando conexões entre eventos, traumas e padrões de pensamento que podem estar contribuindo para sua dor. Essa jornada de autodescoberta pode ser catártica e reveladora.

4. Desenvolvimento de Mecanismos de resiliência Saudáveis

Uma parte fundamental do processo terapêutico consiste em ajudar as pessoas a desenvolverem mecanismos saudáveis de enfrentamento. Os psicanalistas oferecem orientações valiosas sobre como lidar com suas emoções de forma construtiva, capacitando-os a superar os desafios emocionais com eficácia. Com o apoio apropriado, é possível transformar as adversidades em oportunidades de crescimento pessoal e autoconhecimento.

5. Transformação e Crescimento

Através da exploração, reflexão e compreensão, o processo psicanalítico pode levar a uma transformação interna profunda. O psicanalista auxilia a pessoa a encontrar novas perspectivas, reavaliar crenças limitantes e trabalhar para superar os obstáculos emocionais que estão impedindo o progresso. Esse processo de crescimento pessoal é frequentemente libertador e empoderador, no pleno sentido dessa palavra.

Um psicanalista desempenha um papel crucial no auxílio àqueles que estão enfrentando dor emocional. Ao criar um ambiente seguro, ouvir atentamente, explorar as raízes da dor, desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis e facilitar o crescimento pessoal, eles ajudam as pessoas a navegar pelas águas turbulentas das emoções. O poder da terapia psicanalítica reside na capacidade de capacitar indivíduos a compreender a si mesmos mais profundamente e a transformar sua dor em crescimento, resiliência e cura.

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stressed black girl covering ears

Como funciona a ansiedade? Psicanálise na prática

A ansiedade para a psicanálise

A ansiedade é um desconforto físico e psíquico, uma angústia ou aflição. Segundo Freud, é resultado de um conflito mental e tem uma base biológica que nos ajuda a lidar com perigos.

No entanto, é importante lembrar que a ansiedade em excesso pode se manifestar como um transtorno de ansiedade, conhecido como Transtorno de Ansiedade Generalizada, que é considerado uma doença. Quando Freud apresentou seus estudos para a sociedade, ele identificou três tipos de ansiedade: neurótica, moralista e realista. Vamos entender um pouco mais sobre cada uma delas.

É bem sabido que a ansiedade envolve uma expectativa de uma ameaça futura e é importante diferenciá-la do medo, pois o medo está associado a uma ameaça real ou percebida. Entre os três tipos de ansiedade identificados por Freud, a ansiedade emerge como uma espécie de medo que os indivíduos carregam consigo, às vezes até mesmo de forma inconsciente.

Como a Psicanálise vê a ansiedade

Vejamos como cada tipo de ansiedade pode ser compreendido de acordo com a perspectiva de Freud.

Ansiedade Neurótica: Este é o medo ou apreensão de que nossos pensamentos possam se tornar realidade, ou que nossos instintos possam sair do controle e se manifestar. Esse medo acontece devido à natureza assustadora desses pensamentos, que são inconscientes, já que nossa mente consciente não possui as ferramentas necessárias para lidar com seu conteúdo.

No entanto, quando esse tipo de ansiedade vai para a análise, ele passa a ser consciente e passa a ser chamado de ansiedade moralista ou ansiedade realista.

Ansiedade Moralista: nesse tipo de ansiedade, a pessoa tem muito medo de ser castigada. As pessoas começam a sentir culpa por mesmo considerar certos pensamentos ou ações. É quando sentimos que estamos “sofrendo antes do tempo.”

Ansiedade Realista: A ansiedade realista, também conhecida como ansiedade adaptativa, refere-se a um tipo de ansiedade que é considerada natural e até mesmo benéfica em certas situações. Ao contrário da ansiedade patológica, que é excessiva e prejudicial, a ansiedade realista é uma resposta normal do organismo diante de desafios ou situações ameaçadoras.

Psicanálise e ansiedade

Importante dizer que a ansiedade é um estado que pode nos proteger de problemas, inclusive, no cuidado de nossa vida. O grande problema é quando existe o excesso da ansiedade, ou quando os motivos da existência dessa ansiedade não forem realistas.

É importante estar ciente dos sintomas da ansiedade, pois eles podem ser sinais de que você está lidando com um nível elevado e desconfortável de ansiedade. Alguns desses sintomas incluem sensação de falta de ar e/ou asfixia, tremores, cansaço, suor excessivo, taquicardia, náuseas, tonturas, boca seca, mãos suadas e frias. Lembre-se de que, em muitos casos, buscar ajuda psicoterapêutica e psiquiátrica pode ser necessário para lidar com essa condição. Estamos aqui para apoiar você durante esse processo.

No âmbito da teoria freudiana, o Ego desenvolve mecanismos de proteção como forma de preservar-se. Essas defesas frequentemente se manifestam como anormalidades, visando proteger o próprio Ego de possíveis danos. É importante reconhecer que essas medidas protetoras envolvem distorções subconscientes da realidade e negações inconscientes.

Tratamento da ansiedade

A longo prazo, os fatores que os indivíduos reprimem através de distorções e negações podem levar a doenças, sendo a depressão a mais comum nesses casos. É importante reconhecer que, ao diagnosticar e tratar a depressão, devemos considerar os fatores ansiosos que permeiam o ser, bem como suas causas subjacentes.

É importante se familiarizar com os transtornos de ansiedade mais comuns documentados na literatura e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Entre eles estão:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) – uma sensação persistente de preocupação, preocupação constante, inquietação e dificuldade de concentração.
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – caracterizado por pensamentos e medos irracionais, conhecidos como obsessões, que levam a comportamentos repetitivos ou rituais mentais, conhecidos como compulsões.
  • Fobias Específicas – um medo intenso ou ansiedade desencadeada por uma situação ou objeto específico.
  • Fobia Social – medo avassalador de julgamentos, preocupações com humilhação e uma sensação intensificada de ofender os outros inadvertidamente.
  • Agorafobia – medo de lugares ou situações que podem causar pânico, aprisionamento ou uma sensação de impotência.
  • Transtorno do Pânico – episódios recorrentes de ansiedade súbita e intensa, acompanhados de sintomas físicos.

Concluindo

De acordo com o Ministério da Saúde, um estudo abrangente realizado em um grupo de mais de 17.000 indivíduos revelou que impressionantes 86,5% dos entrevistados relataram sintomas consistentes com ansiedade patológica. Embora esses dados sejam alarmantes, é importante enfatizar que, com orientação adequada e tratamento, essas condições podem ser efetivamente gerenciadas e até mesmo revertidas.

Antes da pandemia do Coronavírus, que afetou o Brasil a partir de fevereiro de 2020, muitos brasileiros já enfrentavam desafios em relação à sua qualidade de vida e lidavam com a ansiedade. Infelizmente, esse cenário se intensificou durante a pandemia, afetando também aqueles que já conviviam com outras condições de saúde. É importante oferecer apoio e compreensão a todos os que enfrentam essas dificuldades.

O diagnóstico e instalação de tratamento tanto da ansiedade quanto para os variados tipos de transtorno de ansiedade são importantes para a manutenção e recuperação da saúde mental de cada indivíduo acometido. A ansiedade é um sentimento comum a todos os seres humanos, sendo uma reação natural do organismo diante de situações de estresse ou perigo. No entanto, quando essa ansiedade se torna excessiva, persistente e interfere significativamente na vida cotidiana, pode ser considerada um transtorno de ansiedade.

Existem vários tipos de transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do pânico, fobia social, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno de ansiedade específica. Cada um possui características e sintomas específicos, mas compartilham a presença de ansiedade excessiva e desproporcional em relação à situação vivenciada.

O diagnóstico correto é fundamental para que o tratamento adequado seja aplicado. Geralmente, é realizado por profissionais da área de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, por meio de entrevistas clínicas, questionários e observação do comportamento do indivíduo. É importante ressaltar que apenas um profissional qualificado pode realizar o diagnóstico e prescrever o tratamento mais adequado.

O tratamento da ansiedade e dos transtornos de ansiedade pode ser feito de forma combinada, envolvendo psicoterapia e, em alguns casos, uso de medicamentos. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem comumente utilizada, que auxilia o indivíduo a identificar pensamentos disfuncionais e modificar comportamentos desadaptativos. Além disso, técnicas de relaxamento, mindfulness e exercícios físicos também são recomendados como complemento ao tratamento.

É importante destacar que cada caso é único e o tratamento deve ser individualizado. O acompanhamento profissional adequado é essencial para o sucesso do tratamento e melhoria da qualidade de vida do indivíduo.

Portanto, tanto o diagnóstico quanto o tratamento dos diferentes tipos de transtorno de ansiedade são fundamentais para que cada indivíduo possa desenvolver seu potencial intelectual, bem como contribuir para o desenvolvimento coletivo da sociedade como um todo. Não hesite em buscar ajuda especializada caso esteja enfrentando problemas relacionados à ansiedade.

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