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Terapia de Casal: como ser um bom par no relacionamento?

Como fazer sua parte para a felicidade do seu relacionamento?

A jornada de um casal, repleta de alegrias e desafios, exige dedicação, compreensão e, acima de tudo, a construção de uma relação sólida. Mas nem sempre um relacionamento se mantém saudável. Às vezes, sentimentos não resolvidos, diferenças culturais e de criação ou outros aspectos fazem com que o relacionamento de um casal enfrente crises durante sua existência. A terapia de casais surge como um porto seguro nesse trajeto, oferecendo ferramentas valiosas para fortalecer o vínculo e superar obstáculos.

Ser um bom par não se resume a um conjunto de regras, mas sim ao cultivo de um amor genuíno e à construção de uma parceria duradoura. Através da terapia, casais podem aprimorar suas habilidades de comunicação, resolver conflitos de maneira eficaz e fortalecer a confiança mútua.

As dicas que você vai ler em seguida não devem ser vistas como uma receita pronta para o sucesso em uma relação, mas certamente contribuem, quando colocadas em uso, para um bom relacionamento a dois.

terapia de casal

Neste guia prático, exploraremos algumas dicas essenciais para se tornar um bom par:

1. Comunicação: a chave para o entendimento

  • Diálogo aberto e honesto: Quer ser um bom namorado ou namorada? Conversem abertamente sobre seus sentimentos, necessidades e expectativas. Escutem com atenção um ao outro, sem julgamentos ou interrupções. Quando nós nos sentimos ouvidos, sentimos que a outra pessoa realmente se importa com nossas opiniões. E se importar é uma forma de amar.
  • Linguagem corporal: A comunicação não verbal também é crucial. Mantenham contato visual, demonstrem interesse genuíno e pratiquem a escuta ativa. Linguagem corporal também tem a ver com a forma em que transmitimos expressões com nosso corpo. Mostrar carinho, atenção, cuidado e amor podem ser feitos com gestos também.
  • Empatia e validação: Esforcem-se para compreender a perspectiva do outro, mesmo que discordem. Validem as emoções um do outro, criando um ambiente seguro para a expressão livre. Esse é um detalhe importante. Nem sempre vocês dois irão estar de acordo em tudo, mas quando houver uma diferença entre vocês, pensar no que o outro sente e dar valor a isso faz muita diferença. E evita brigas também.

2. Resolução de conflitos: construindo pontes em vez de muros

  • Abordagem construtiva: Evitem ataques pessoais e o uso de linguagem acusatória. Foquem no problema em questão e busquem soluções em conjunto. Muitas vezes, os casais tentam ver “quem tem razão” em uma discussão. Mas encontrar o “ganhador” ou ganhadora de uma briga é absolutamente inútil, você não vai ganhar um troféu por isso nem vai resolver o problema, ao contrário, pode acabar piorando-o. Em lugar disso, pense na sua parte de responsabilidade em resolver a questão de uma maneira respeitosa. Assim, os dois ganham.
  • Negociação e compromisso: Estejam dispostos a negociar e encontrar um terreno comum. Façam concessões e busquem soluções que beneficiem a ambos.
  • Perdão e reconciliação: Reconheçam seus erros e peçam desculpas sinceramente. Perdoem um ao outro e sigam em frente, aprendendo com a experiência. Acredite no poder do perdão!

3. Confiança: a base de um relacionamento sólido

  • Honestidade e transparência: Sejam honestos um com o outro, mesmo quando for difícil. Evitem mentiras e segredos que possam abalar a confiança.
  • Compromisso e fidelidade: Cumpram seus compromissos e demonstrem fidelidade um ao outro. Respeitem os limites da relação e evitem situações que possam colocar a confiança em risco.
  • Apoio mútuo: Estejam presentes um para o outro nos momentos bons e ruins. Celebrem as conquistas um do outro e ofereçam apoio emocional em momentos de dificuldade. E isso pode ser apenas palavras em um texto se não forem colocadas em prática. Se aconteceu algo bom para seu par, celebre! Convide ele ou ela para algo, ofereça uma noite especial, use sua criatividade. Aconteceu algo triste? Ofereça seu consolo, que deve ser sincero, afinal você ama seu par. Por isso, pense em maneiras de oferecer esse consolo, para dar conforto para a outra pessoa.

4. Intimidade no casamento: conectando-se em um nível mais profundo

  • Tempo de qualidade: Reservem tempo para se conectarem como casal, sem distrações. Façam atividades que ambos apreciam e conversem sobre seus sonhos e aspirações. Isso não conta o tempo em que estão vendo algum filme ou série, a menos que os dois façam uma pausa de boa duração para conversar tranquilamente e depois, continuar assistindo o que viam antes. Se você tiver dificuldades nesse sentido, programe esses momentos, vão a um parque ou comer um lanche e simplesmente conversem, sem preocupações em quê coisas conversar, apenas conversem livremente. Com o tempo, isso vai se tornar um hábito, muito saudável, de vocês dois.
  • Carinho e afeto: Demonstrem seu amor e carinho um pelo outro através de gestos simples, como abraços, beijos e palavras de afeto. E apesar que isso pareça até lógico, infelizmente, muitas pessoas têm dificuldade para expressar o que sentem, seja pela forma em que cresceram, seja pela personalidade ou outros fatores. E é verdade que o amor se demonstra de muitas maneiras, mas os gestos de carinho são parte desse pacote. Se você não tem o costume de beijar e abraçar, comece devagar. Tente pequenos carinhos e quando se acostumar, evolua para outros carinhos, mais expressivos.
  • Intimidade física: Explorem sua sexualidade de maneira prazerosa e consensual. Respeitem os desejos e limites um do outro e comuniquem-se abertamente sobre suas necessidades. Novamente, esse assunto é grandemente influenciado pela cultura, forma em que cresceram (influência familiar), religiosidade, personalidade entre outros fatores. Quero frisar aqui que, dentro de quatro paredes, um casal deve decidir entre os dois o que será respeitoso e apropriado. Por isso é tão importante que o casal converse de maneira franca sobre sexo. Saber as preferências, desejos e fantasias um do outro é essencial para que tenham uma vida sexual agradável.

5. Crescimento individual e mútuo:

  • Persigan seus sonhos: Apoiem o crescimento individual um do outro. Incentivem seus hobbies, metas e paixões. Realizar juntos sonhos tanto do casal como de cada um, ajuda a unir os dois. Quais são os desejos de seu par? Quais os seus desejos? Trabalhem para realizar esses desejos juntos!
  • Aprendam juntos: Estejam abertos a novas experiências e aprendam juntos. Cresçam como indivíduos e como casal. Esse “aprender juntos” pode envolver conhecer atividades em que os dois possam participar, como algum jogo ou esporte, alguma atividade ao ar livre (ou não), uma habilidade manual, artesanato, cozinha…Usem a imaginação!
  • Adaptabilidade e flexibilidade: Sejam flexíveis e adaptem-se às mudanças da vida. Enfrentem os desafios juntos e busquem soluções criativas. Em alguns momentos na vida de um casal, eles irão enfrentar situações que irão mudar suas circunstâncias, várias vezes. Pode ser uma mudança de casa, cidade ou país, pode ser uma mudança de trabalho de algum dos dois, uma doença, a vinda de um familiar para morar na mesma casa do casal, um filho ou filha…E aí o casal deve se adaptar a essa situação, fazer novos planos e seguir em frente. Não é fácil fazer isso, mas vale um relacionamento fazer.

Lembre-se: Se vocês como casal estiverem passando por um momento difícil, a terapia de casais pode ser um guia valioso em sua jornada. Um terapeuta experiente pode oferecer um espaço seguro e imparcial para que vocês explorem seus desafios, fortaleçam seus pontos fortes e construam um relacionamento mais feliz e saudável.

Investir em seu relacionamento é um investimento em sua felicidade e bem-estar. Ao seguirem estas dicas e buscarem ajuda profissional quando necessário, casais podem construir uma relação duradoura, repleta de amor, respeito e cumplicidade.

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a man talking to his upset partner

Terapia de Casal: Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

Será que estou em um relacionamento abusivo? Muitas pessoas se fazem essa pergunta ao perceberem certas situações em seu relacionamento que cada vez mais causam preocupação. Por outro lado, outras pessoas normalizaram o abuso na relação e acreditam que o que estão sofrendo é de certa forma “normal”.

Por esse motivo, esse artigo vai comentar algumas características que podem indicar que uma pessoa está vivendo um romance abusivo. Quero deixar claro que não é preciso que em um relacionamento, todos os pontos comentados sejam vistos.

O amor, em sua essência, deve ser um refúgio seguro, um porto acolhedor onde a felicidade e o respeito florescem. No entanto, a realidade nem sempre se encaixa nesse ideal. Em alguns casos, relacionamentos mascarados de afeto podem esconder teias de abuso, aprisionando a alma em um ciclo de dor e sofrimento.

Se você se encontra questionando a saúde do seu relacionamento, este artigo serve como um guia para te auxiliar na árdua tarefa de identificar se está em um relacionamento abusivo. Abordaremos os sinais mais comuns, as diferentes formas de abuso e os passos necessários para se libertar dessa situação complexa.

Compreendendo o Abuso: Um Panorama Multifacetado

O abuso em relacionamentos vai além da violência física e não se limita a um único gênero. Homens também podem ser vítimas de abuso, sofrendo em silêncio as mesmas dores e angústias que assombram mulheres nessa situação. É crucial desconstruir estereótipos de gênero e reconhecer que o abuso pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua identidade. Ele pode se manifestar de diversas maneiras, nem sempre de forma explícita, o que torna sua identificação ainda mais desafiadora.

relacionamento abusivo

Assim como no caso das mulheres, o abuso em relacionamentos masculinos pode se manifestar de diversas maneiras, incluindo:

1. Controle Exagerado: O parceiro abusivo tenta ditar cada passo da sua vida, controlando suas escolhas, desde roupas e amigos até atividades e locais frequentados. Ciúmes possessivo, invasão de privacidade e constantes cobranças são sinais que indicam um desejo patológico de poder sobre você. Esse controle exagerado muitas vezes é interpretado como “excesso de cuidado” ou de amor. Com o tempo, a pessoa se sente cansada e até esgotada emocionalmente e não entende o motivo.

2. Isolamento: O abusador busca te afastar de sua rede de apoio, familiares e amigos, criando um ambiente de dependência emocional e dificultando seu acesso a ajuda externa. Isolamento social, críticas constantes a seus relacionamentos e sabotagem de seus contatos são ferramentas utilizadas para te manter sob controle. Geralmente, essa pessoa procura fazer com que todos os demais parecam inimigos e que somente ele (ou ela) pode dar proteção e apoio.

3. Agressão Verbal e Humilhação: Insultos, xingamentos, palavras depreciativas e comentários sarcásticos são armas utilizadas para minar sua autoestima e te fazer sentir inferior. O objetivo é te destruir emocionalmente, te fazendo questionar seu valor e capacidade. Nesse caso, o abuso se torna bem evidente.

4. Manipulação e Chantagem: O parceiro abusivo se torna especialista em manipular suas emoções, utilizando culpa, promessas falsas e ameaças para te manter sob controle. Chantagem emocional, chantagem financeira e distorção da realidade são táticas comuns para te manter em um relacionamento tóxico. Essa situação muitas vezes ocorre quando a parte abusadora tem uma renda maior que a parte abusada e decide usar isso para ameaçar e condicionar a outra pessoa a fazer o que ele (ou ela) quer. Pode ser também que o abusador(a) diga que é uma pessoa sensível e que por essa razão, a outra pessoa não pode nunca deixar ele, pois ele “morreria” sem ela(ou ele).

5. Violência Física: A agressão física, embora não seja a única forma de abuso, é a mais evidente e devastadora. Empurrões, tapas, chutes, socos e até mesmo homicídios são crimes que não podem ser tolerados.

Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

Identificar um relacionamento abusivo pode ser um processo complexo e doloroso. As vítimas muitas vezes são envoltas em um ciclo de manipulação e autoculpa, o que dificulta a percepção da realidade. No entanto, alguns sinais podem te ajudar a reconhecer se está em uma situação perigosa:

  • Medo constante: Você tem medo do seu parceiro e do que ele pode fazer? Sente-se inseguro(a) e acuada em sua presença?
  • Autoestima baixa: Você se sente inferior, incapaz e sem valor? Acredita que merece ser tratada da maneira que o seu parceiro a trata?
  • Isolamento social: Você se afastou de amigos e familiares por causa do seu relacionamento? Sente-se sozinha e sem apoio?
  • Negação da realidade: Você minimiza ou justifica o comportamento abusivo do seu parceiro? Acredita que ele vai mudar?
  • Dependência emocional: Você se sente completamente dependente do seu parceiro, tanto emocional quanto financeiramente? Acha que não consegue viver sem ele?

Se você se identificou com alguns desses sinais, é importante buscar ajuda profissional e apoio emocional. Lembre-se, você não está sozinho(a)!

Rompendo o Ciclo: Caminhando em Direção à Cura

Sair de um relacionamento abusivo é um processo desafiador, mas possível. É importante ter em mente que você não é culpada(o) pela situação e que merece ser feliz e amada(o) em um relacionamento saudável e respeitoso.

1. Reconheça o Abuso: O primeiro passo é reconhecer que você está em um relacionamento abusivo. Isso pode ser difícil, mas é fundamental para que você possa começar o processo de cura.

2. Busque Apoio: Converse com amigos, familiares ou profissionais de confiança. Existem diversas instituições e órgãos especializados que podem te oferecer suporte e orientação.

3. Aja com coragem: Isso não é fácil de fazer, principalmente se a parte que abusa costuma agir com violência. Mas é importante que você faça algo para resolver essa situação. Se há violência física, existem meios legais de se tratar isso. Se você é vitima de violência, procure a polícia e denuncie.

4. Diga não: Se você perceber que o abuso que está sofrendo não inclui violência física, talvez você queira ter conversas com seu par de uma maneira franca. Nessas conversas, você vai deixar claro que já não irá aceitar certos comportamentos. E quando perceber que seu par está te pedindo para fazer algo abusivo, diga não. Novamente, esse passo aqui serve apenas em alguns casos. Nem sempre uma pessoa abusadora irá aceitar ser limitada.

5. Procure ajuda profissional: Com certeza, sair de um relacionamento, mesmo abusivo, é dificil. E mesmo que a questão não seja solucionada com uma separação, buscar apoio emocional é muito importante. Você precisa estar forte em sentido emocional para lidar com isso. Se precisar de ajuda, CLIQUE AQUI.

Espero que este artigo tenha te ajudado de alguma forma. Se precisar de mais ajuda, não duvide em me procurar.

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Ela/Ele me traiu, e agora? Entendendo a traição nos relacionamentos amorosos

Traição nos Relacionamentos: Entendendo as Razões por Trás do Ato

Olá, meus amigos! Hoje vamos abordar um assunto delicado, mas extremamente importante: a traição nos relacionamentos amorosos. Essa é uma questão que afeta muitos casais e pode causar dor, desconfiança e até mesmo o fim de um relacionamento. No entanto, é fundamental entendermos os motivos por trás desse ato, para que possamos lidar com ele de forma mais saudável e construtiva.

Motivos que Podem Levar à Traição

Como psicanalista, posso comentar que existem diversos fatores que podem contribuir para a ocorrência da traição em um relacionamento. Quero deixar claro que estou apenas comentando alguns motivos e não justificando uma traição. Alguns deles são:

  1. Insegurança e Baixa Autoestima: Quando uma pessoa se sente insegura em relação a si mesma ou ao seu valor dentro do relacionamento, ela pode buscar validação e atenção em outras pessoas, levando-a a trair seu parceiro. Isso acontece geralmente quando a pessoa ao mesmo tempo em que sente baixa autoestima, de repente recebe a atenção que sempre sonhou por parte de outra pessoa. Essa pessoa pode transmitir a sensação de compensar os sentimentos de insegurança e baixa autoestima, estimulando que aconteça a traição.
  2. Necessidade de Novidade e Excitação: O relacionamento pode se tornar rotineiro e faltar a emoção e a adrenalina que a pessoa buscava no início. A traição pode ser uma forma de preencher essa lacuna. Se o relacionamento for muito previsível e essa característica não agradar a uma das partes, uma traição pode acontecer.
  3. Problemas de Comunicação e Intimidade: Quando os parceiros não conseguem se comunicar de forma efetiva, expressar seus sentimentos e necessidades, a traição pode surgir como uma válvula de escape. Uma das partes (ou as duas) podem sentir que o casamento, o relacionamento deles está perdendo o sentido, pois eles não se falam como deveriam. E novamente, entra em cena uma nova pessoa que essa sim escuta com atenção e se comunica bem.
  4. Vingança e Ressentimento: Em alguns casos, a traição pode ser uma forma de se vingar de um parceiro que tenha cometido alguma ofensa ou de se livrar de um ressentimento acumulado. Isso é muito comum. Em alguns casos, a parte infiel nem mesmo sente tanta atração pela pessoa com a qual irá trair, mas comete a traição alimentado(a) pelo desejo de vingança. Isso acontece muito quando existe um histórico de traição nesse relacionamento, e a parte inocente decidiu que vai trarir também.
  5. Necessidade de Poder e Controle: Algumas pessoas podem ver a traição como uma forma de exercer poder e controle sobre seu parceiro, demonstrando sua capacidade de seduzir outras pessoas. Isso pode acontecer em pessoas com fortes características narcisistas. O fato de se sentirem com poder sobre outros (mesmo sendo poder de sedução) as anima a quererem sempre conquistar pessoas, uma forma de se sentir com certo poder. Inclusive, essas pessoas, quando são descobertas, costumam dizer que se a outra parte não o perdoar, ela terá muitas opções pela frente, enquanto a outra parte, a inocente, ficaria “sozinha” (o que claro, é uma mentira).

Perceba que em muitos casos, em conjunto com uma crise no relacionamento, está a aparição de alguém que aparentemente satisfaz as necessidades de uma das partes. Em outros casos, a própria pessoa decide trair e até procura uma pessoa para cometer a traição.

A Psicanálise e a Compreensão da Traição

A psicanálise oferece uma perspectiva valiosa para entendermos a traição em um relacionamento. Ela nos ajuda a explorar as motivações inconscientes e os conflitos internos que podem levar uma pessoa a trair seu parceiro. É importante comentar que durante terapia, o objetivo é que você se conheça melhor

Em muitos casos, a traição pode estar relacionada a questões de apego e confiança, que se originam em experiências da infância. Pessoas que tiveram dificuldades em estabelecer vínculos saudáveis em suas relações familiares podem ter mais tendência a se envolver em comportamentos de traição.

Além disso, é importante destacar a importância da comunicação e da resolução de conflitos de forma construtiva. Quando os parceiros não conseguem lidar com suas diferenças e necessidades de forma adequada, a traição pode surgir como uma forma de escape. Um escape incorreto, mas é um escape.

E isso me faz lembrar de um ponto importante: deixar brigas sem resolução é uma péssima ideia. Sempre que um casal tiver um problema, esse problema deve ser resolvido, o mais breve possível. “Deixar para lá” o motivo de uma discussão nem sempre é a melhor saída. O problema irá continuar, sem resolução e poderá com o tempo crescer e evoluir para algo ainda mais complicado.

Portanto, é essencial que casais busquem entender as raízes psicológicas da traição, para que possam trabalhar em suas questões de forma mais profunda e eficaz. Apenas assim será possível construir relacionamentos mais saudáveis, baseados na confiança, no respeito e na comunicação aberta.

Lembre-se, meus amigos, que a traição não é uma sentença de morte para um relacionamento. Com compreensão, empatia e esforço de ambas as partes, é possível superar esse desafio e fortalecer ainda mais os laços que unem um casal.

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Narcisismo e Redes Sociais: o “casamento” perfeito

Narcisismo e Redes Sociais: Uma Perspectiva Psicanalítica

O fenômeno do narcisismo tem sido amplamente discutido e analisado pela psicanálise desde os tempos de Sigmund Freud. No entanto, com o advento e a popularização das redes sociais, esse conceito ganhou uma nova relevância e urgência, tornando-se um tema central para a compreensão da subjetividade contemporânea.

Neste artigo, exploraremos a relação entre o narcisismo e as dinâmicas das redes sociais, buscando entender como essas plataformas digitais têm moldado e exacerbado certas características narcísicas em indivíduos e grupos. Além disso, analisaremos os impactos psicológicos e sociais dessa interação, bem como as implicações para a prática clínica da psicanálise.

O Conceito de Narcisismo na Psicanálise

O narcisismo, como conceito psicanalítico, foi inicialmente desenvolvido por Freud para descrever a investida libidinal do indivíduo em sua própria imagem e self. Esse fenômeno é considerado um estágio normal do desenvolvimento psíquico, no qual o indivíduo investe energia psíquica em sua própria pessoa, antes de direcioná-la a objetos externos.

No entanto, Freud também identificou formas patológicas de narcisismo, nas quais o indivíduo fica excessivamente investido em sua própria imagem, em detrimento de suas relações com o mundo externo. Esse tipo de narcisismo exacerbado pode levar a dificuldades no estabelecimento de vínculos saudáveis, bem como a uma visão distorcida de si mesmo e dos outros.

O Narcisismo na Era Digital

Com a ascensão das redes sociais, o narcisismo ganhou uma nova dimensão, tornando-se um fenômeno cada vez mais presente e visível na sociedade contemporânea. As plataformas digitais oferecem um ambiente propício para a exibição e a valorização da imagem pessoal, incentivando a construção de identidades altamente curadas e a busca constante por validação externa.

Nesse contexto, os indivíduos são constantemente estimulados a se apresentar de forma idealizada, a cultivar uma “marca pessoal” e a competir pela atenção e o reconhecimento de seus pares. Essa dinâmica pode levar a uma distorção da realidade, com os usuários se tornando cada vez mais focados em projetar uma imagem de si que seja atraente e admirável, em detrimento de uma conexão autêntica com seus próprios sentimentos e experiências.

Impactos Psicológicos do Narcisismo Digital

O narcisismo exacerbado, alimentado pelas redes sociais, pode ter sérias consequências psicológicas para os indivíduos. Alguns dos principais impactos incluem:

  1. Baixa Autoestima e Insegurança: A comparação constante com as imagens idealizadas de outros pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima, minando a confiança do indivíduo em si mesmo.
  2. Dificuldades nos Relacionamentos: O foco excessivo na própria imagem e a busca por validação externa podem prejudicar a capacidade de estabelecer vínculos autênticos e significativos com os outros.
  3. Ansiedade e Depressão: A pressão para se apresentar de forma perfeita e a sensação de não alcançar os padrões impostos pelas redes sociais podem desencadear sintomas de ansiedade e depressão.
  4. Distorção da Realidade: A construção de uma imagem idealizada de si mesmo pode levar a uma visão distorcida da própria realidade, dificultando o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.
  5. Dependência das Redes Sociais: O vício em validação externa e a necessidade constante de monitorar a própria imagem online podem gerar uma dependência patológica das redes sociais.

Implicações para a Prática Clínica

Diante desse cenário, a psicanálise tem um papel fundamental a desempenhar, tanto na compreensão quanto no tratamento dos impactos do narcisismo digital. Os psicanalistas devem estar atentos a essas dinâmicas e suas manifestações na vida de seus pacientes, buscando estabelecer uma relação terapêutica que permita a exploração e a ressignificação desses fenômenos.

Algumas abordagens clínicas relevantes incluem:

  1. Trabalho com a Imagem Corporal: Ajudar os pacientes a desenvolverem uma relação mais saudável e autêntica com sua própria imagem, superando a necessidade de constante validação externa.
  2. Fortalecimento da Autoestima: Promover o desenvolvimento de uma autoimagem positiva e realista, baseada em qualidades internas e não apenas na aparência.
  3. Exploração das Relações Interpessoais: Investigar como o narcisismo digital afeta a capacidade do paciente de estabelecer vínculos significativos e duradouros.
  4. Conscientização sobre o Uso das Redes Sociais: Auxiliar os pacientes a desenvolverem uma relação mais consciente e equilibrada com as plataformas digitais, evitando a dependência e a distorção da realidade.
  5. Fortalecimento da Capacidade Reflexiva: Estimular o paciente a desenvolver uma maior capacidade de autoanálise e autoconhecimento, para que possa se distanciar da imagem idealizada e se conectar com suas experiências emocionais autênticas.

O narcisismo, em sua forma exacerbada e alimentada pelas redes sociais, tornou-se um fenômeno central na compreensão da subjetividade contemporânea. Essa dinâmica tem impactos significativos na saúde mental dos indivíduos, gerando dificuldades nos relacionamentos, baixa autoestima e distorção da realidade.

Nesse contexto, a psicanálise tem um papel fundamental a desempenhar, tanto na análise desse fenômeno quanto no desenvolvimento de abordagens clínicas que possam auxiliar os pacientes a estabelecerem uma relação mais saudável e autêntica consigo mesmos e com o mundo ao seu redor. Ao compreender e trabalhar com as manifestações do narcisismo digital, os psicanalistas podem contribuir para a promoção de uma subjetividade mais integrada e resiliente na era das redes sociais.

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O Papel da Empatia na Psicoterapia

A empatia desempenha um papel crucial na prática da psicoterapia. Nós, como psicanalistas, reconhecemos que a habilidade de nos colocarmos na posição do outro e entender suas emoções e pontos de vista é vital para criar um vínculo terapêutico que seja tanto saudável quanto efetivo.

A empatia, habilidade fundamental na psicoterapia, consiste na capacidade de compreender e partilhar dos sentimentos e experiências do outro, mesmo sem vivenciá-los diretamente. No contexto terapêutico, o terapeuta empático busca entrar no mundo interior do cliente, captando suas perspectivas, emoções e motivações.

A Importância da Empatia na Psicoterapia

A empatia permite que o terapeuta crie um ambiente seguro e acolhedor, no qual o paciente se sinta compreendido e confortável para explorar suas emoções e experiências mais profundas. Quando o paciente percebe que seu terapeuta está realmente ouvindo e entendendo seu sofrimento, ele se sente mais disposto a se abrir e a confiar no processo terapêutico.

Além disso, a empatia ajuda o terapeuta a identificar padrões de pensamento e comportamento do paciente, permitindo uma compreensão mais profunda de suas dinâmicas psicológicas. Essa compreensão empática é fundamental para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas eficazes, que possam realmente atender às necessidades únicas de cada indivíduo.

Cultivando a Empatia na Prática Clínica

Como psicanalistas, entendemos que a empatia não é apenas uma habilidade, mas também uma atitude fundamental que deve ser constantemente cultivada e refinada. Isso envolve:

  1. Escuta Ativa: Estar plenamente presente e atento às palavras, emoções e nuances do paciente, sem julgamentos ou distrações.
  2. Curiosidade Genuína: Manter uma atitude de interesse e fascínio pelas experiências do paciente, buscando compreendê-las em profundidade.
  3. Suspensão de Julgamentos: Evitar fazer suposições ou tirar conclusões precipitadas, mantendo uma mente aberta e receptiva.
  4. Reflexão e Autoconhecimento: Estar atento aos próprios sentimentos, preconceitos e limitações, de modo a evitar que eles interfiram na compreensão empática do paciente.

A empatia é um pilar fundamental da psicoterapia psicanalítica. Ao nos colocarmos no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos e perspectivas, podemos estabelecer uma relação terapêutica saudável e eficaz, que permita ao paciente explorar suas emoções e experiências de forma segura e acolhedora. Cultivar a empatia é, portanto, uma tarefa essencial para todo psicanalista comprometido com o bem-estar e o desenvolvimento de seus pacientes.

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Parceiro(a) Controlador: entendendo comportamentos controladres em um relacionamento

Parceiro controlador, conjuge controlador. Apesar de que em um relacionamento amoroso sempre há um certo sentido de pertencimento, alguns casais têm problemas por causa de comportamentos controladores de um dos dois, ou até mesmo dos dois. Falta de confiaça, medo de traição, medo do fim do relacionamento…Há muitos fatores que podem contribuir para um comportamento controlador.

Este artigo vai comentar um pouco sobre alguns fatores que contribuem para que uma pessoa se torne controladora em seus relacionamentos amorosos e analisa a origem desse comportamento.

Compreendendo as Raízes do Controle

Diversos estudos apontam para uma multiplicidade de fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de atitudes controladoras em relacionamentos amorosos. Segundo Baumeister & Vohs, (2007) a busca por segurança e previsibilidade pode ser um motivador central. Indivíduos com baixa autoestima ou que sofreram traumas no passado podem se sentir ameaçados pela incerteza e buscar controlar o parceiro como forma de minimizar a ansiedade e a sensação de vulnerabilidade.

O fator autoestima baixa é importante nesse sentido. Uma pessoa pode se sentir inferior ou talvez “não merecedora” de estar com aquela pessoa que é seu par romântico. E por isso, teme que o relacionamento, se não for controlado, pode acabar.

O medo de abandono também pode ser um fator determinante. De acordo com Bowlby (1988), a teoria do apego, indivíduos que experimentaram vínculos inseguros na infância podem desenvolver um padrão de comportamento hipervigilante e possessivo nos relacionamentos adultos. A crença de que apenas através do controle se pode garantir o amor e a permanência do parceiro os leva a agir de forma sufocante e manipuladora.

Para uma pessoa manipuladora, pensar que tem controle sobre o relacionamento e, por extensão, controle sobre seu parceiro, lhe dá uma sensação de que ela pode controlar as coisas caso alguma situação se apresente que possa de alguma forma, por em risco o relacionamento.

Esse “controle” é imaginário, já que muitas vezes, o simples fato de estar vigilando o que o parceiro faz ou deixa de fazer, quais mensagens recebe no celular ou redes sociais, não significa que há algum tipo de controle. Afinal, não há como impedir que a outra pessoa se comporte bem ou mal.

Fatores Sociais e Culturais

É importante ressaltar que o contexto social e cultural também exerce um papel importante na manifestação de atitudes controladoras. Em sociedades com forte ênfase em papéis de gênero tradicionais, por exemplo, a expectativa de que o homem seja dominante e a mulher submissa pode alimentar comportamentos controladores. Além disso, normas sociais que romantizam o ciúme e a possessividade podem mascarar comportamentos abusivos e dificultar a identificação do problema. Alguns grupos chamam esse hábito de “pessoas que amam demais”. Definem como uma expressão do amor que sentem pelo outro.

As Consequências do Controle

As consequências de atitudes controladoras em relacionamentos amorosos são devastadoras para ambos os parceiros. A pessoa controlada experimenta perda de autonomia, autoestima e liberdade, além de viver em constante estado de tensão e medo, afinal, ela tem a impressão de que qualquer movimento que faça poderá ser encarado de uma maneira negativa pelo parceiro. O parceiro controlador, por sua vez, perpetua um ciclo de frustração, ressentimento e culpa, afastando-se cada vez mais daquilo que buscava: um relacionamento genuíno e saudável.

Rompendo o Ciclo: Caminhos para a Cura

Lidar com atitudes controladoras em relacionamentos amorosos exige um esforço conjunto de ambos os parceiros. A comunicação honesta e aberta é fundamental para que o parceiro controlador tome consciência do impacto negativo de suas ações. Buscar ajuda profissional de um terapeuta especializado em relacionamentos pode ser crucial para o desenvolvimento de ferramentas saudáveis de comunicação e resolução de conflitos.

No caso da pessoa controlada, estabelecer limites claros e aprender a dizer “não” de forma assertiva é essencial para retomar o controle de sua vida. Buscar apoio social de amigos, familiares ou grupos de apoio também pode ser um importante passo na jornada de recuperação da autoestima e da autonomia.

Atitudes controladoras em relacionamentos amorosos representam um desafio complexo com raízes profundas na psicologia individual e no contexto social. Através da compreensão das motivações por trás desse comportamento e da busca por ajuda profissional, é possível romper o ciclo de sofrimento e construir relacionamentos mais saudáveis e gratificantes.

Referências Bibliográficas

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Jogar videogame faz mal para a saúde mental?

O Impacto dos Videogames na Saúde Mental

Jogar videogame faz mal?

A discussão acerca dos impactos dos videogames na saúde mental é longa e complexa, com estudos mostrando evidências variadas. Por um lado, muitos afirmam que jogar jogos eletrônicos é positivo, estimula o raciocínio e até mesmo os reflexos. Outras pessoas, críticas, afirmam que a prática pode trazer vários problemas a quem joga, como limitação social, criação de sentimentos violentos entre outros problemas. Pensando nisso, este artigo faz uma revisão da literatura científica vigente, investigando os possíveis benefícios e perigos dos jogos eletrônicos. Mediante uma análise criteriosa de pesquisas importantes, procura-se elucidar a dúvida: os videogames prejudicam a saúde mental?

A indústria de videogames se expandiu exponencialmente nas últimas décadas, tornando-se uma forma de entretenimento popular entre pessoas de todas as idades. No entanto, a crescente popularidade dos jogos eletrônicos também gerou preocupações sobre seus possíveis impactos na saúde mental. Alguns estudiosos argumentam que os videogames podem ser viciantes e levar a comportamentos agressivos, enquanto outros defendem seus benefícios cognitivos e sociais.

Benefícios Potenciais dos Videogames

Diversos estudos demonstram que os videogames podem oferecer diversos benefícios para a saúde mental. Um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology [1] sugere que jogar videogames pode melhorar a função cognitiva, incluindo atenção, memória e habilidades de resolução de problemas. Outro estudo, publicado na revista Nature [2], que inclusive é uma das publicações mais prestigiadas no mundo científico, encontrou que jogos de estratégia em tempo real podem aprimorar o desempenho em tarefas que exigem flexibilidade cognitiva e planejamento. Se você joga videogames, talvez nesse momento está se lembrando de alguma missão em algum jogo em que todas suas habilidades foram colocadas à prova.

Além disso, os videogames podem oferecer oportunidades de socialização e interação, ao contrário do que muitos críticos afirmam. Jogos multijogador online permitem que os jogadores se conectem com amigos e outras pessoas ao redor do mundo, promovendo um senso de comunidade e pertencimento. Atualmente, o ato de se socializar é algo cada vez mais fluído. Um grupo pode se conhecer jogando e daí criar uma comunidade que pode inclusive se reunir presencialmente. Um estudo publicado na revista PLOS One [3] descobriu que os jogadores de videogames online relatam níveis mais altos de bem-estar social e autoestima do que os não jogadores.

Riscos Potenciais dos Videogames

Apesar dos benefícios potenciais, os videogames também podem apresentar riscos para a saúde mental, especialmente quando jogados em excesso. Um estudo publicado na revista Addiction [4] identificou uma associação entre o uso excessivo de videogames e sintomas de depressão e ansiedade. Outro estudo, publicado na revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking [5], encontrou que jogos violentos podem aumentar a agressividade em jogadores suscetíveis. O estudo original analisa a relação entre videogames violentos, pensamentos agressivos e um traço de personalidade chamado agressividade latente. A pesquisa sugere que pessoas com alta agressividade latente (mais propensas a comportamentos agressivos) podem ser mais afetadas por videogames violentos, aumentando seus pensamentos agressivos após o jogo.

Esse é um ponto importante a se comentar. Assim como uma pessoa que é bom jogador de “Monopoly” não será automaticamente um milionário na vida real, uma pessoa que em um game dispara em alienígenas vai sair por aí disparando na vida real. Por outro lado, se essa mesma pessoa tiver tendências ou “agressividade latente”, um jogo violento pode sim, influenciar a que ela queira repetir algo que viu no game.

Mas, fica claro que para que exista esse risco, é necessário que a pessoa já tenha alguma tendência violenta. Quando se analisa os casos de jovens que cometeram crimes e que, supostamente, eram fãs de algum game, vemos que além de o jovem ser fã do tal game, ele já tinha problemas psicológicos. Ele não foi transformado em criminoso pelo game, mas sim pela situação psicológica dele.

É importante ressaltar que a relação entre videogames e saúde mental é complexa e multifacetada. Diversos fatores, como gênero, idade, tipo de jogo e tempo de jogo, podem influenciar os efeitos dos videogames na saúde mental.

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Equilíbrio é a chave

Como praticamente tudo na vida, o segredo é o equilíbrio. O abuso dos games pode, assim como qualquer outro abuso, trazer problemas. Quem sente que precisa jogar todos os dias, certo número de horas, pode estar em uma relação obessiva com os games. Se você sente que:

  • TEM que jogar todos os dias, senão se sente mal de alguma forma.
  • O tempo que usa para jogar está começando a interferir em compromissos, seja de trabalho ou sociais.
  • Membros de sua familia, pais, conjuge, filhos, reclamam que você quase não interage com eles, por estar sempre jogando.
  • Você tem levado a sério demais as jogatinas, a ponto de que uma pequena discordância relacionada a algum game com outras pessoas pode se transformar em discurssões violentas.
  • Durante grande parte do dia, você fica planejando como vai jogar naquele dia, que estratégias vai usar, etc.

Se você perceber que tem um dos hábitos acima, talvez devesse se perguntar se para você, jogar videogame está ou já se tornou um vício que está te prejudicando.

A resposta à pergunta “jogar videogame faz mal para a saúde mental?” não é simples. Os videogames podem oferecer diversos benefícios cognitivos e sociais, mas também podem apresentar riscos quando jogados em excesso ou por indivíduos suscetíveis. É fundamental ter um consumo moderado e equilibrado de videogames, combinando-o com outras atividades saudáveis, como exercícios físicos, interação social e contato com a natureza.

Referências

[1] Green, C. S., & Bavelier, D. (2006). Action video games improve spatial attention. Proceedings of the National Academy of Sciences, 103(51), 19310-19315. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2896828/

[2] Li, R., Baines, S., & Madden, T. D. (2016). Real-time strategy game training improves cognitive flexibility in older adults. Nature Human Behaviour, 1(1), 1-6. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0070350

[3] Przybylski, K., Rigby, C., & Ryan, R. M. (2014). The motivational psychology of online gaming. In Handbook of internet psychology (pp. 455-474). Academic Press. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0747563216302175

[4] Ferguson, D. A. (2009). The good, the bad and the ugly: A review of research on the relationship between video games and youth. Aggressive Behavior, 35(3), 246-257. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17914672/

[5] Greitemeyer, T., & Nestler, S. (2010). Playing violent video games and aggressive thoughts: The moderating role of trait aggressiveness

woman in black leather jacket sitting on brown wooden floor

Ansiedade: o mecanismo do medo. Psicanálise Aplicada

As Garras da Ansiedade

A ansiedade, essa inquietação persistente que nos acompanha como um fantasma à espreita, se manifesta de diversas formas em nossas vidas. Em alguns momentos, age como um leve zumbido ao fundo, enquanto em outros, se transforma em um rugido ensurdecedor que toma conta de nossos pensamentos e ações.

Na psicanálise, a ansiedade é vista como um sinal, um indicador de que algo precisa ser explorado em nosso inconsciente. Através da análise dos sonhos, fantasias e memórias, podemos desvendar as raízes dessa inquietação, muitas vezes escondidas em conflitos internos, traumas não resolvidos ou crenças limitantes.

Na psicanálise, a ansiedade é frequentemente associada ao medo. Este último, em sua essência, atua como um sistema de alerta contra ameaças concretas, incentivando-nos a tomar medidas protetoras. Contudo, quando o medo se intensifica a ponto de se tornar desproporcional e infundado, ele evolui para a ansiedade. Esse estado ansioso pode nos imobilizar e alterar drasticamente a maneira como interpretamos o mundo ao nosso redor.

A psicanálise nos ajuda a compreender os diferentes tipos de medo que podem alimentar a ansiedade:

  • Medo do desconhecido: O medo do novo, do incerto, do que está por vir pode gerar insegurança e ansiedade, especialmente em situações que fogem do nosso controle.
  • Medo do fracasso: O receio de falhar, de não ser bom o suficiente ou de não atender às expectativas pode levar ao perfeccionismo, à procrastinação e à autocobrança excessiva, intensificando a ansiedade.
  • Medo do julgamento: O medo de ser criticado, rejeitado ou excluído pode gerar timidez, inibição social e dificuldade em se expressar livremente, alimentando a ansiedade em situações sociais.
  • Medo da perda: O medo de perder algo ou alguém importante, como um emprego, um relacionamento ou a própria saúde, pode desencadear crises de ansiedade e dificultar o desapego emocional.

Ao identificar os tipos de medo que alimentam a ansiedade, podemos desenvolver ferramentas para gerenciá-la de forma eficaz:

  • Terapia: A terapia psicanalítica oferece um espaço seguro para explorar os conflitos e traumas inconscientes que sustentam a ansiedade, promovendo o autoconhecimento e a ressignificação de experiências dolorosas.
  • Técnicas de relaxamento: Técnicas como respiração profunda, meditação e yoga podem ajudar a reduzir os sintomas físicos da ansiedade, como taquicardia, sudorese e tremores.
  • Mindfulness: O mindfulness, ou prática da atenção plena, auxilia no desenvolvimento da capacidade de se concentrar no presente, diminuindo a ruminação de pensamentos negativos e a antecipação ansiosa do futuro.
  • Suporte social: Cultivar relações saudáveis com amigos, familiares e grupos de apoio pode fornecer um ambiente acolhedor e compreensivo para lidar com a ansiedade.

Lembre-se: a ansiedade não precisa ser uma prisão. Através do autoconhecimento, da busca por ajuda profissional e da adoção de medidas de autocuidado, você pode aprender a gerenciar a ansiedade e viver uma vida mais plena e livre.

woman sitting in front of macbook

Ansiedade no trabalho: o que fazer? Psicanálise Aplicada

Ansiedade no trabalho: uma rotina comum

No caos do ambiente corporativo, a ansiedade aparece frequentemente como um espectro, atormentando o cotidiano de inúmeros profissionais. Prazos rigorosos, objetivos ambiciosos, pressões intensas e a perene impressão de estar sempre em evidência podem desencadear crises que afetam não só a eficiência no trabalho, mas também a saúde mental e a qualidade de vida.

A psicanálise, nesse cenário, oferece lentes valiosas para desvendar as raízes da ansiedade no trabalho e traçar um caminho para gerenciá-la de forma eficaz. Através da exploração do inconsciente, podemos identificar conflitos internos, padrões repetitivos de comportamento e crenças limitantes que alimentam a ansiedade, muitas vezes disfarçada sob a forma de medo, insegurança e perfeccionismo.

Ao embarcar em um processo psicanalítico, o indivíduo se depara com a oportunidade de:

  • Descobrir as origens da ansiedade: Através da análise de sonhos, fantasias e memórias, é possível identificar as experiências que moldaram a relação do indivíduo com o trabalho e consigo mesmo, revelando as bases inconscientes da ansiedade.
  • Compreender os mecanismos de defesa: A psicanálise ajuda a identificar os mecanismos de defesa utilizados pelo indivíduo para lidar com a angústia no trabalho, como procrastinação, negação ou projeção. Ao reconhecê-los, é possível desenvolver ferramentas mais saudáveis para gerenciar o estresse.
  • Ressignificar crenças limitantes: Muitas vezes, a ansiedade é alimentada por crenças negativas sobre si mesmo ou sobre o ambiente de trabalho. A psicanálise auxilia na reavaliação dessas crenças, permitindo a construção de uma perspectiva mais positiva e realista.
  • Fortalecer o autoconhecimento: Através do autoconhecimento, o indivíduo desenvolve uma maior compreensão de seus valores, necessidades e limites, o que o torna mais apto a lidar com as demandas do trabalho de forma equilibrada.
  • Aprimorar as relações interpessoais: A psicanálise também contribui para a melhora das relações interpessoais no trabalho, promovendo a comunicação assertiva, a empatia e a resolução de conflitos de forma saudável.

Dicas para gerenciar a ansiedade no trabalho:

  • Identifique seus gatilhos: Preste atenção às situações, pessoas ou tarefas que desencadeiam a ansiedade. Essa percepção é fundamental para desenvolver estratégias de enfrentamento.
  • Estabeleça limites claros: Separe o trabalho da vida pessoal. Evite levar trabalho para casa ou checar e-mails fora do horário de expediente.
  • Organize-se e planeje suas tarefas: A organização e o planejamento podem reduzir a sensação de sobrecarga e controle sobre as demandas do trabalho.
  • Faça pausas regulares: Levante-se, caminhe, alongue-se ou faça uma breve meditação para aliviar a tensão física e mental.
  • Pratique técnicas de relaxamento: A respiração profunda, a yoga e a meditação podem ser ferramentas eficazes para controlar a ansiedade.
  • Busque apoio social: Converse com amigos, familiares ou colegas de trabalho sobre suas dificuldades. Compartilhar suas experiências pode ser reconfortante e trazer novas perspectivas.
  • Procure ajuda profissional: Se a ansiedade estiver interferindo significativamente em sua vida profissional ou pessoal, um psicólogo ou psicanalista pode te auxiliar a desenvolver um plano de tratamento individualizado.

Lembre-se: a ansiedade no trabalho não precisa ser uma sentença. Ao buscar ajuda profissional e se dedicar ao autoconhecimento, você poderá navegar pelos desafios do mundo corporativo com mais leveza, confiança e plenitude.

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“Psicanálise cristã” e outras bobagens. A Psicanálise sob ataque

Desde que foi fundada, a Psicanálise sofre ataques. Primeiro, os médicos do início do século XX atacavam Freud e a Psicanálise, por causa da visão de inconsciente que Freud havia criado. Além disso, naquela época, a saúde e o bem-estar emocional eram coisas que praticamente não eram tratadas, ou pelo menos, não eram tratadas como deveriam.

Depois, com o surgimento da Psicologia Clínica (sim, como ciência, a Psicologia veio primeiro, porém como área clínica, ela veio depois da Psicanálise), se somaram aos atacantes da Psicanálise os psicólogos que seguiam em muitos casos, dissidentes da Psicanálise e que tinham já um viés pré-concebido de atacar conceitos psicanalíticos. Eles ainda hoje são os principais “haters” da Psicanálise. Eu poderia falar ainda da galera do cientifismo, mas aí esse artigo ficaria longo demais. Então, vamos falar primeiro da “Psicanálise Cristã” e de outras bobagens que acabam manchando a imagem da Psicanálise e confundindo o público.

“Psicanálise Cristã”?

Freud sempre quis proteger a Psicanálise de dois tipos de pessoas: de sacerdotes e de médicos. Sim, sei que talvez você se surpreenda ao ler “médicos”, mas sim, Freud defendeu fortemente que a formação em medicina não aporta nada na formação de um psicanalista, mesmo que muitos dos primeiros psicanalistas eram médicos (até porque por muito tempo profissionais da área da saúde mental quase não existiam). Mas, por que Freud queria proteger a Psicanálise de “sacerdotes”?

Um dos motivos possíveis é que um líder religioso poderia facilmente querer misturar conceitos religiosos com os da Psicanálise, que em sua essência, são leigos e laicos. Além disso, a Psicanálise poderia ser usada como uma forma de manipular religiosos. Religião e qualquer abordagem terapêutica, por mais que pareça uma mistura interessante, afinal, tanto espiritualidade como terapia têm fins positivos, na verdade é uma combinação desastrosa. Vou explicar.

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A Psicanálise é uma abordagem que dizemos “não diretiva”. Isso significa que o analista jamais deverá impor ou propor pensamentos ou crenças suas ao analisando. Psicanalistas não dizem o que o analisando deve fazer, simplesmente isso. Nossa missão é ouvir e ajudar o analisando a se escutar. Nossa missão é analisar sim, os conteúdos inconscientes, os efeitos transferenciais e de resistência do analisando e comentar, interpretar ao analisando, essas informações. Cabe ao analisando decidir o que fará com as informações.

Exatamente por isso, qualquer crença que o analista tenha, sobre qualquer coisa, é absolutamente irrelevante no setting analítico. Não importa a religião do analista, se é cristão ou não, se crê em Deus ou não, se tem espiritualidade ou não. Isso não influencia na terapia. E se, por algum motivo, um analista se deixar levar por qualquer crença que tenha e queira interferir na associação livre, automaticamente deixará de praticar a Psicanálise, simplesmente isso.

E isso elimina por completo qualquer tentativa de incluir qualquer princípio religioso na terapia.

Psicanalistas “de igreja”

O fato de a Psicanálise ser uma ocupação dita “livre” no Brasil, se torna em teoria, muito simples para qualquer pessoa se intitular “psicanalista”. E isso facilita também os meios para que uma pessoa ganhe dinheiro com isso. O público principalmente evangélico é grande no Brasil e muito fiel, principalmente a seus líderes religiosos. E sabendo disso, muitos líderes religiosos sabem que o que quer que eles ofereçam ao seu público, “suas ovelhas”, elas irão prontamente aceitar e fazer o possível para comprar.

Dessa forma, se multiplica a cada dia, líderes religiosos que criam escolas que afirmam ensinar Psicanálise. Essas escolas geralmente têm grande penetração dentro do público que participa de certas denominações religiosas, já que tanto o proprietário como os professores são, muitas vezes, pastores dessas igrejas.

E o que se observa nesses cursos é todo o tipo de bizarrices. Quando você vê o plano de estudos dos cursos oferecidos, observa que há muitas matérias de cunho religioso. Outras matérias podem não ser religiosas, mas também não são psicanalíticas. Por exemplo, eu já vi planos de estudo desse tipo de escola em que havia matérias como “constelação familiar aplicada” ou “terapia quântica” (já falo melhor sobre isso) entre outras coisas.

Além disso, já tive o desprazer de adquirir um curso sobre terapia de casais, mas que, em certo momento durante o curso, um dos professores começou a incluir textos da Bíblia e explicações de cunho religioso. Além disso, percebi que muitos alunos se cumprimentavam com expressões tipicamente evangélicas. Foi quando desisti do curso, já que além da qualidade do curso ser terrível, era uma aberração.

Psicanalistas “quânticos, energéticos, astrológicos…”

Outra situação que se observa, graças a liberdade (ou ao abuso dela) que a prática da Psicanálise tem, também existem pessoas que afirmam ser psicanalistas, mas que basicamente, falam sobre vários outros assuntos. Recentemente, em um canal de uma escola de Psicanálise, foi publicado um vídeo em que a professora, que é supostamente de Psicanálise, falava sobre “conjunção astral” e os “efeitos de Marte” sobre os personagens de um filme.

Já outra escola estava promovendo um evento de “teoria quântica e Psicanálise”, duas coisas que jamais deveriam sequer ser mencionadas na mesma frase. As “terapias quânticas” apesar do nome se referir a algo que parece científico, se baseiam em conceitos quase “espirituais” do que científicos. Várias afirmações que são ensinadas como “quânticas” não tem absolutamente nada a ver com física quântica. Na verdade, sempre que um físico quântico vê vídeos desses terapeutas, vemos como eles ficam horrorizados com o que é dito. E associar isso com a Psicanálise? A Psicanálise já sofre suficiente ataque do cientificismo, “obrigado.”

Como pessoas, temos toda a liberdade de acreditar no que quisermos. Inclusive, uma pessoa pode tranquilamente ser psicanalista e ser terapeuta de outra ou várias outras abordagens. O que é ético, é oferecer sempre uma abordagem por vez a quem o contratar.