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Como funciona a ansiedade? Psicanálise na prática

A ansiedade para a psicanálise

A ansiedade é um desconforto físico e psíquico, uma angústia ou aflição. Segundo Freud, é resultado de um conflito mental e tem uma base biológica que nos ajuda a lidar com perigos.

No entanto, é importante lembrar que a ansiedade em excesso pode se manifestar como um transtorno de ansiedade, conhecido como Transtorno de Ansiedade Generalizada, que é considerado uma doença. Quando Freud apresentou seus estudos para a sociedade, ele identificou três tipos de ansiedade: neurótica, moralista e realista. Vamos entender um pouco mais sobre cada uma delas.

É bem sabido que a ansiedade envolve uma expectativa de uma ameaça futura e é importante diferenciá-la do medo, pois o medo está associado a uma ameaça real ou percebida. Entre os três tipos de ansiedade identificados por Freud, a ansiedade emerge como uma espécie de medo que os indivíduos carregam consigo, às vezes até mesmo de forma inconsciente.

Como a Psicanálise vê a ansiedade

Vejamos como cada tipo de ansiedade pode ser compreendido de acordo com a perspectiva de Freud.

Ansiedade Neurótica: Este é o medo ou apreensão de que nossos pensamentos possam se tornar realidade, ou que nossos instintos possam sair do controle e se manifestar. Esse medo acontece devido à natureza assustadora desses pensamentos, que são inconscientes, já que nossa mente consciente não possui as ferramentas necessárias para lidar com seu conteúdo.

No entanto, quando esse tipo de ansiedade vai para a análise, ele passa a ser consciente e passa a ser chamado de ansiedade moralista ou ansiedade realista.

Ansiedade Moralista: nesse tipo de ansiedade, a pessoa tem muito medo de ser castigada. As pessoas começam a sentir culpa por mesmo considerar certos pensamentos ou ações. É quando sentimos que estamos “sofrendo antes do tempo.”

Ansiedade Realista: A ansiedade realista, também conhecida como ansiedade adaptativa, refere-se a um tipo de ansiedade que é considerada natural e até mesmo benéfica em certas situações. Ao contrário da ansiedade patológica, que é excessiva e prejudicial, a ansiedade realista é uma resposta normal do organismo diante de desafios ou situações ameaçadoras.

Psicanálise e ansiedade

Importante dizer que a ansiedade é um estado que pode nos proteger de problemas, inclusive, no cuidado de nossa vida. O grande problema é quando existe o excesso da ansiedade, ou quando os motivos da existência dessa ansiedade não forem realistas.

É importante estar ciente dos sintomas da ansiedade, pois eles podem ser sinais de que você está lidando com um nível elevado e desconfortável de ansiedade. Alguns desses sintomas incluem sensação de falta de ar e/ou asfixia, tremores, cansaço, suor excessivo, taquicardia, náuseas, tonturas, boca seca, mãos suadas e frias. Lembre-se de que, em muitos casos, buscar ajuda psicoterapêutica e psiquiátrica pode ser necessário para lidar com essa condição. Estamos aqui para apoiar você durante esse processo.

No âmbito da teoria freudiana, o Ego desenvolve mecanismos de proteção como forma de preservar-se. Essas defesas frequentemente se manifestam como anormalidades, visando proteger o próprio Ego de possíveis danos. É importante reconhecer que essas medidas protetoras envolvem distorções subconscientes da realidade e negações inconscientes.

Tratamento da ansiedade

A longo prazo, os fatores que os indivíduos reprimem através de distorções e negações podem levar a doenças, sendo a depressão a mais comum nesses casos. É importante reconhecer que, ao diagnosticar e tratar a depressão, devemos considerar os fatores ansiosos que permeiam o ser, bem como suas causas subjacentes.

É importante se familiarizar com os transtornos de ansiedade mais comuns documentados na literatura e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Entre eles estão:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) – uma sensação persistente de preocupação, preocupação constante, inquietação e dificuldade de concentração.
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – caracterizado por pensamentos e medos irracionais, conhecidos como obsessões, que levam a comportamentos repetitivos ou rituais mentais, conhecidos como compulsões.
  • Fobias Específicas – um medo intenso ou ansiedade desencadeada por uma situação ou objeto específico.
  • Fobia Social – medo avassalador de julgamentos, preocupações com humilhação e uma sensação intensificada de ofender os outros inadvertidamente.
  • Agorafobia – medo de lugares ou situações que podem causar pânico, aprisionamento ou uma sensação de impotência.
  • Transtorno do Pânico – episódios recorrentes de ansiedade súbita e intensa, acompanhados de sintomas físicos.

Concluindo

De acordo com o Ministério da Saúde, um estudo abrangente realizado em um grupo de mais de 17.000 indivíduos revelou que impressionantes 86,5% dos entrevistados relataram sintomas consistentes com ansiedade patológica. Embora esses dados sejam alarmantes, é importante enfatizar que, com orientação adequada e tratamento, essas condições podem ser efetivamente gerenciadas e até mesmo revertidas.

Antes da pandemia do Coronavírus, que afetou o Brasil a partir de fevereiro de 2020, muitos brasileiros já enfrentavam desafios em relação à sua qualidade de vida e lidavam com a ansiedade. Infelizmente, esse cenário se intensificou durante a pandemia, afetando também aqueles que já conviviam com outras condições de saúde. É importante oferecer apoio e compreensão a todos os que enfrentam essas dificuldades.

O diagnóstico e instalação de tratamento tanto da ansiedade quanto para os variados tipos de transtorno de ansiedade são importantes para a manutenção e recuperação da saúde mental de cada indivíduo acometido. A ansiedade é um sentimento comum a todos os seres humanos, sendo uma reação natural do organismo diante de situações de estresse ou perigo. No entanto, quando essa ansiedade se torna excessiva, persistente e interfere significativamente na vida cotidiana, pode ser considerada um transtorno de ansiedade.

Existem vários tipos de transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do pânico, fobia social, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno de ansiedade específica. Cada um possui características e sintomas específicos, mas compartilham a presença de ansiedade excessiva e desproporcional em relação à situação vivenciada.

O diagnóstico correto é fundamental para que o tratamento adequado seja aplicado. Geralmente, é realizado por profissionais da área de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, por meio de entrevistas clínicas, questionários e observação do comportamento do indivíduo. É importante ressaltar que apenas um profissional qualificado pode realizar o diagnóstico e prescrever o tratamento mais adequado.

O tratamento da ansiedade e dos transtornos de ansiedade pode ser feito de forma combinada, envolvendo psicoterapia e, em alguns casos, uso de medicamentos. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem comumente utilizada, que auxilia o indivíduo a identificar pensamentos disfuncionais e modificar comportamentos desadaptativos. Além disso, técnicas de relaxamento, mindfulness e exercícios físicos também são recomendados como complemento ao tratamento.

É importante destacar que cada caso é único e o tratamento deve ser individualizado. O acompanhamento profissional adequado é essencial para o sucesso do tratamento e melhoria da qualidade de vida do indivíduo.

Portanto, tanto o diagnóstico quanto o tratamento dos diferentes tipos de transtorno de ansiedade são fundamentais para que cada indivíduo possa desenvolver seu potencial intelectual, bem como contribuir para o desenvolvimento coletivo da sociedade como um todo. Não hesite em buscar ajuda especializada caso esteja enfrentando problemas relacionados à ansiedade.

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Ansiedade: qual a visão da Psicanálise?

Entendimento psicanalítico da ansiedade

A ansiedade é um dos problemas mais comuns de saúde mental encontrados atualmente na prática clínica e, provavelmente, um dos mais mal compreendidos, frequentemente negligenciados e minimizados. Basta visitar qualquer site de psicoterapia e é quase certo que você encontrará menções à ansiedade. Mas o que a psicanálise tem a dizer sobre a ansiedade? Como ela a compreende do ponto de vista psicanalítico e o que podemos fazer para superá-la?

Definição de ansiedade…

Todos nós experimentamos ansiedade em algum grau. Na verdade, na área da psicologia, é amplamente comprovado que níveis moderados de ansiedade são realmente benéficos e promovem aprendizagem, resolução de problemas e produtividade. No entanto, quando a ansiedade se torna excessivamente alta em relação aos nossos recursos e habilidades para lidar com estresses e mudanças no ambiente, ela se torna avassaladora e pode desencadear uma das três respostas: lutar, fugir ou congelar.

A ansiedade é uma resposta natural e normal do organismo diante de situações percebidas como ameaçadoras, estressantes ou desafiadoras. É uma emoção que todos experimentamos em algum momento da vida. No entanto, quando a ansiedade se torna excessiva, persistente e começa a interferir no funcionamento diário e no bem-estar de uma pessoa, pode ser considerada um transtorno de ansiedade.

Os transtornos de ansiedade são condições de saúde mental caracterizadas por uma sensação constante de apreensão, preocupação e medo intenso, que vão além do que seria considerado normal em determinadas situações. Esses transtornos podem se manifestar de diferentes formas, como transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobias específicas, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros.

A ansiedade pode desencadear uma série de sintomas físicos, cognitivos e emocionais. Fisicamente, pode causar sensações de tensão muscular, palpitações, falta de ar, tremores, sudorese e desconforto gastrointestinal. No nível cognitivo, pode levar a pensamentos negativos, preocupações excessivas, dificuldade de concentração e de tomar decisões. Emocionalmente, a ansiedade pode resultar em irritabilidade, inquietação, medo intenso, sensação de perigo iminente e dificuldade em relaxar.

Manifestações da ansiedade

A ansiedade se manifesta de várias maneiras, algumas das quais são classificadas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), enquanto outras não. Pense no que você faz quando está “nervoso” ou “preocupado”, que são apenas outras maneiras de dizer que você está ansioso. Algumas pessoas roem as unhas, brincam com os dedos ou se mantêm ocupadas; outras recorrem ao álcool ou a substâncias, enquanto outras tentam meditar ou escrever em diários.

Todos nós desenvolvemos métodos para nos defender ou lidar com a sensação de ansiedade, mas, às vezes, esses métodos não são suficientes e, nesses momentos, a ansiedade se manifesta como sintomas. Aqui estão vários exemplos:

Ataques de pânico

Uma das manifestações mais óbvias e diretas da ansiedade é quando se tem um ataque de pânico: o coração começa a acelerar, a respiração fica difícil, o corpo começa a suar, as mãos tremem, pensamentos começam a correr pela mente, há uma sensação de estar tendo um ataque cardíaco ou prestes a morrer, e um medo absoluto toma conta.

Desatenção e dificuldade de concentração

Outra manifestação da ansiedade é a dificuldade de se concentrar e manter o foco nas tarefas no trabalho, na escola ou em casa. Pode haver dificuldade em iniciar ou concluir projetos, além de distração fácil, falta de motivação e dificuldade em se organizar.

Problemas de sono

Lutar para adormecer e ter dificuldade em permanecer dormindo é outra manifestação comum da ansiedade. Pode ser que você fique deitado na cama, pensando e se preocupando com vários aspectos da vida, responsabilidades, prazos, questões financeiras, românticas, familiares, ou qualquer coisa que seja motivo de preocupação no momento.

Sintomas físicos e queixas somáticas

Às vezes, a ansiedade se manifesta no corpo na forma de problemas estomacais, desconforto geral, queixas gastrointestinais, dores de cabeça, fadiga, entre outros. Em crianças e adolescentes, além de queixas físicas, a ansiedade pode se manifestar em comportamentos em casa, dificuldades na escola ou problemas de interação social, entre outros.

Outros transtornos de ansiedade diagnosticáveis

Para algumas pessoas, a ansiedade pode se tornar tão grave a ponto de se desenvolverem transtornos como tricotilomania (compulsão de arrancar os cabelos, cílios ou sobrancelhas), síndrome do pânico, fobias (medo de objetos, animais, pessoas ou situações específicas, que é comum em crianças pequenas) ou transtorno obsessivo-compulsivo, que são formas que a psique e o corpo encontram para lidar, infelizmente, de maneira inadequada.

Compreensão psicanalítica da ansiedade

Dependendo da escola de pensamento psicanalítica à qual você recorrer, encontrará diferentes perspectivas sobre o assunto. No entanto, algo em comum é que, assim como qualquer outro sintoma na psicanálise, o sintoma da ansiedade é compreendido como tendo um significado inconsciente, específico e único para o indivíduo que o apresenta.

Na psicoterapia, é possível discutir sua ansiedade e como ela se manifesta. Do ponto de vista psicanalítico, é apenas no contexto da relação entre você e seu analista/terapeuta, e levando em consideração sua história pessoal, que você poderá começar a compreender o significado da ansiedade e encontrar formas de superá-la.

É importante ressaltar que a ansiedade é uma condição tratável. Existem diversas abordagens terapêuticas, como a psicoterapia, incluindo a psicanálise, e a utilização de medicamentos, quando necessário. O tratamento adequado pode ajudar a pessoa a lidar com a ansiedade, a reduzir seus sintomas e a retomar uma vida mais equilibrada e satisfatória.

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