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Gordofobia e Obesidade: Uma Análise Psicanalítica sobre o Conflito entre Estigma e Saúde

A gordofobia é um termo que ganhou destaque nas discussões contemporâneas sobre saúde, beleza e preconceito. Este artigo busca analisar o conceito de gordofobia à luz da psicanálise, considerando o problema de saúde da obesidade, enquanto enfatiza a importância de valorizar a vida e promover um ambiente respeitoso para todos.

Faz tempo que quero abordar esse tema, então decidi publicar esse artigo hoje, 11 de outubro, que é considerado o dia nacional (no Brasil) de combate à obesidade e comentar alguns pontos que considero importantes.

Gordofobia e Estigma Social

Gordofobia, também conhecida como obesofobia, é um tema complexo que merece uma análise mais detalhada. Embora a sociedade tenha feito alguns avanços na luta contra a discriminação de peso, ainda há muito trabalho a ser feito para desconstruir os estereótipos prejudiciais e promover a aceitação de todos os corpos.

A questão da gordofobia está inserida em um contexto mais amplo de discriminação e preconceito. Ela tem suas raízes no ideal de beleza imposto pela mídia e pela sociedade, que valoriza a magreza como o padrão a ser seguido. Esse ideal de corpo perfeito é perpetuado constantemente por meio de propagandas, filmes, programas de televisão e até mesmo pelas redes sociais.

É importante mencionar que a chamada gordofobia basicamente é o preconceito, a discriminação e o desrespeito à pessoas obesas. Situações comuns de gordofobia por exemplo, acontecem quando uma pessoa obesa é ridicularizada por outros, quando é excluída do convívio de algum grupo, quando é evitada por pessoas ou empresas. Tudo pelo fato de estar obesa.

A gordofobia não apenas afeta a autoestima e a saúde mental das pessoas que estão acima do peso, mas também tem consequências físicas e emocionais. A discriminação baseada no peso pode levar ao isolamento social, à falta de oportunidades de emprego e a cuidados de saúde inadequados. Além disso, a pressão para se adequarem aos estereótipos de beleza pode levar algumas pessoas à adoção de comportamentos alimentares desordenados, como dietas restritivas ou transtornos alimentares.

É importante destacar que a saúde não pode ser determinada apenas pelo peso ou pela aparência física. A saúde engloba diversos aspectos, como o equilíbrio emocional, a atividade física regular e uma alimentação balanceada. Rotular e estigmatizar as pessoas com base em seu peso é uma forma de discriminação que prejudica a qualidade de vida e o bem-estar geral.

É sim, algo terrível a gordofobia.

Obesidade como Problema de Saúde versus militância

É essencial reconhecer que a obesidade é, de fato, um problema de saúde significativo, associado a várias complicações, como diabetes, doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos. A obesidade é considerada oficialmente uma doença e devemos encarar isso com seriedade.

Muitos militantes que afirmam ser “anti-gordofobia” acabam fazendo um desserviço, quando pregam de maneira enfática, que SEM IMPORTAR as circunstâncias, todos devemos “aceitar” nossos corpos. E isso envolve simplesmente ignorar tratamentos para obesidade e “abraçar” a vida que a pessoa tem.

Veja o que Salma Ali El Chab Parolin, médica endocrinologista, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-PR) e professora da Escola de Medicina da PUC-PR disse sobre esse assunto:

“A conclusão a que se chega é que a obesidade, por si só, independente dos exames bioquímicos apresentados pelo indivíduo, é uma ameaça para o desenvolvimento de doenças que geram uma diminuição de qualidade de vida e aumento da mortalidade da população mundial. Portanto não existe obeso saudável. Essa condição pode mudar a qualquer momento, assim o excesso de peso corporal tem de ser evitado e tratado sempre.”

Salma Ali El Chab Parolin, endocrinologista

Portanto, apesar do que dizem influenciadores e militantes, não existe nenhum nível de obesidade “saudável”. No mundo, morrem cerca de 20 milhões de pessoas por causa de comorbidades vindas de problemas relacionados à obesidade.

Quem acredita em militante que fala em “obesidade saudável” pode estar colocando sua vida em risco ou a vida de outras pessoas.

O que está envolvido na questão “gordofobia”

Tem muita coisa envolvida quando se fala em alguma fobia. Vamos comentar brevemente alguns pontos:

  • Discriminação
  • Desejo de ser aceito pela comunidade
  • Sentimento de frustração
  • Isolamento social
  • Outros fatores envolvendo o bem-estar

Todos nós queremos ser aceitos dentro da coletividade em que vivemos, sem importar como somos. E isso é perfeitamente normal. E esse desejar é merecedor de, outra vez vou usar essa palavra, merecedor de respeito.

Compreendendo a Importância de Valorizar a Vida

Em nossa busca pela compreensão da relação entre gordofobia e obesidade, não podemos deixar de enfatizar a importância de valorizar a vida. Cada ser humano é único, e a diversidade de corpos é algo a ser respeitado, não ridicularizado. O autoconhecimento e a aceitação são essenciais para o bem-estar mental e emocional. A busca pela saúde deve ser encorajada, mas nunca às custas da dignidade e respeito por aqueles que enfrentam desafios de peso.

É triste, mas existe um ideal de beleza que é aclamado como “corretamente belo”. E, querendo essa perfeição idealizada, muitas pessoas acabam fazendo coisas que também as põem em perigo, como dietas extremas, excesso de exercícios, práticas obsessivas diversas que podem também, levar à morte.

Afinal, o que é beleza? A resposta a essa pergunta muda com o passar do tempo e da localização de quem pergunta. Não vou tentar responder a isso aqui, pois apesar de existirem fatores que podem determinar “beleza”, no fim das contas, é algo subjetivo, que depende da cultura e da visão da pessoa que está opinando.

Em busca da beleza perfeita, hoje temos pessoas magras e obesas tristes. E isso precisa ser tratado.

Respeite a vida!

Em última análise, a gordofobia é uma manifestação prejudicial da sociedade que precisa ser confrontada e superada. Ao mesmo tempo, a obesidade deve ser tratada com seriedade e empatia, reconhecendo as complexas razões por trás dela. Valorizar a vida é essencial, e isso inclui valorizar a diversidade de corpos e respeitar a jornada de cada indivíduo em busca da saúde e do bem-estar.

Peço a você, que está lendo esse texto, que por favor, em lugar de acreditar em influenciadores militantes, consulte um profissional da medicina quando o assunto for seu corpo e sua saúde.

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Referências Bibliográficas

  1. Freud, S. (1922). Group Psychology and the Analysis of the Ego.
  2. Puhl, R. M., & Heuer, C. A. (2009). The stigma of obesity: A review and update. Obesity, 17(5), 941-964.
  3. Fairburn, C. G., & Brownell, K. D. (2002). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook. Guilford Press.
  4. Notícias, Obesidade saudável existe? Org.br. Recuperado el 11 de octubre de 2023, de https://www.sbempr.org.br/noticia/obesidade-saudavel-existe/49

Nota: Este artigo é uma análise pessoal e não substitui o aconselhamento médico ou psicológico profissional. Consulte sempre um profissional de saúde para obter orientações sobre sua saúde física e mental.

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5 Maneiras de criar um filho com dependência emocional

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Criar um filho com dependência emocional pode parecer uma tarefa desafiadora, mas com as estratégias adequadas, podemos garantir que eles se tornem adultos inseguros e incapazes de lidar com suas próprias emoções. Neste artigo, de maneira irônica, vamos explorar cinco maneiras de criar um filho com dependência emocional, com o objetivo de conscientizar os pais sobre as atitudes que devem ser evitadas a todo custo.

Observação: note que o tom deste artigo é irônico. É claro que não quero que você crie filhos com dependência emocional, mas sim, quero mostrar como esse processo acontece, para que você possa evitar esses comportamentos.

1. Proteja-os de tudo e de todos

A primeira e mais importante maneira de criar um filho com dependência emocional é protegê-lo de todas as experiências desafiadoras e desconfortáveis. Certifique-se de que eles nunca enfrentem situações difíceis ou sejam expostos a qualquer tipo de frustração. Evite que eles desafiem a si mesmos e sempre esteja disponível para resolver todos os problemas por eles.

Seu filho quer brincar na terra? Não deixe, afinal ele vai se sujar e na terra há muitos “micróbios”. De preferência evite permitir também que ele brinque com outras crianças, invente um defeito para toda e qualquer criança que queira brincar com seu filho. Se ele quiser brincar, que seja com VOCÊ, SEMPRE.

2. Nunca deixe-os tomar decisões

Para criar uma dependência emocional sólida, é essencial que os pais tomem todas as decisões por seus filhos. Não dê espaço para que eles exerçam sua autonomia e aprendam com seus erros. Lembre-se de que eles são incapazes de tomar suas próprias decisões, mesmo quando se trata de assuntos simples.

E isso vale mesmo quando eles se tornarem adolescentes, afinal, você é quem manda! Por isso, não permita que eles escolham suas roupas, dê palpite em tudo, se puder, defina que roupas e até mesmo as cores das roupas que eles devem usar.

Não permita que eles façam nenhum tipo de escolha, isso vai ser perfeito para que eles sempre sintam que suas decisões não valem nada e que eles dependem de você para tudo.

3. Suprima suas emoções

Outra maneira eficaz de criar um filho com dependência emocional é nunca permitir que eles expressem suas emoções livremente. Ignore seus sentimentos e insista para que eles sejam sempre agradáveis e felizes, mas nunca diga como. Evite discutir assuntos emocionais e nunca lhes dê espaço para que expressem tristeza, raiva ou frustração.

Se sua criança começar a chorar, diga a ela para calar a boca. Se algum dia outra criança a agredir, diga que foi culpa do seu filho. E se sua criança ficar com raiva, diga pra ela que ela não entende nada, que ficar com raiva é inútil e que se acalme, afinal, VOCÊ merece ficar em paz!

4. Seja superprotetor

Ser superprotetor é uma estratégia infalível para criar um filho dependente emocionalmente. Esteja constantemente ao lado deles, evitando que enfrentem qualquer tipo de desafio ou risco. Jamais permita que saiam de sua zona de conforto, pois isso poderia fortalecer sua autonomia e independência emocional.

Você precisa estar do lado de sua filha/filho em tudo. Se ela ou ele, adolescente, quiser ir ao cinema com os amigos, você TEM QUE ir junto.

Ah, e se perceber que seu filho está começando a ter ideias próprias, diga a ele que essas ideias são péssimas e VOCÊ vai pensar em algo muito melhor.

5. Desencoraje a busca por ajuda

Por fim, desencoraje a busca por ajuda profissional ou apoio emocional externo. Certifique-se de que seu filho acredite que você é a única fonte de segurança e apoio. Isso garantirá que eles sempre dependam exclusivamente de você para lidar com suas emoções, mesmo quando se tornarem adolescentes.

Faça sua filha ou filha pensar que VOCÊ é a única salvação para a vida dela/dele. Além disso, sabote todos os planos dela/dele, para que sua criança tenha a ideia de que realmente precisa de você para tudo.

Por fim, mostre a todos o quanto VOCÊ é um pai/mãe excelente, vitaminado e poderoso e como você mostra um amor invejável e inigualável a sua filha/filho.

Quando alguém falar a seu filho que ele precisa de ajuda terapêutica para se livrar da dependência emocional que VOCÊ causou nela/nele, diga a sua filha/filho que isso é mentira, que são na verdade pessoas que querem atacar VOCÊ e que não sabem nada sobre a vida de vocês em família. Use bem esse argumento, porque é muito poderoso. Coloque os amigos de sua filha/filho como inimigos dele, isso é ótimo para fortalecer a dependência emocional que você tanto quer.

Assim, sua filha/filho vai crescer sempre dependendo de você para tudo e com isso você vai realizar seu sonho de mantê-la(o) com você, quem sabe para sempre!

A verdade sobre dependência emocional

É importante ressaltar que criar um filho com dependência emocional pode ter consequências negativas para seu desenvolvimento psicológico e emocional. Crianças e adolescentes que não aprendem a lidar com suas próprias emoções podem enfrentar dificuldades na vida adulta, como baixa autoestima, problemas de relacionamento e ansiedade.

É triste, mas infelizmente, muitos pais seguem à risca, esse pequeno manual que comentei neste artigo, para a desgraça de seus filhos e a alegria deles, os pais. E aí, quando esse filho ou filha caem em algum problema mental sério, sofrem com ansiedade ou depressão, o culpado será qualquer outra pessoa, coisa, governo, clima ou o que quer que seja, menos a criação EXTREMAMENTE tóxica que essa criança teve.

Por favor, NÃO SEJA ESSE TIPO DE CUIDADOR!

Para uma abordagem séria e positiva na criação dos filhos, é essencial promover a autonomia emocional, encorajando-os a expressar e gerenciar suas emoções, enquanto fornecemos apoio adequado.

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Referências Bibliográficas:

  • Freud, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. Obras completas de Sigmund Freud, volume 14.
  • Anna Freud (1936). O ego e os mecanismos de defesa. Londres: Imago Publishing.
  • Klein, M. (1984). A Psicanálise da Criança. São Paulo: Editora Mestre Jou.

Conscientizar-se sobre as atitudes prejudiciais que podem levar à dependência emocional é um passo importante para promover a saúde mental e emocional de nossos filhos. Lembre-se de que nosso objetivo como pais é criar crianças independentes, capazes de enfrentar os desafios da vida com confiança e resiliência.

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Por que repetimos os mesmos erros? Uma análise psicanalítica

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Você já se perguntou por que tendemos a repetir os mesmos erros, mesmo quando sabemos que não são benéficos para nós? Esse é um fenômeno intrigante que pode ser compreendido através de uma lente psicanalítica. Neste artigo, mergulharemos nos motivos por trás desse padrão repetitivo e exploraremos exemplos concretos de situações em que isso ocorre. Além disso, forneceremos algumas dicas para evitar esse ciclo vicioso. Portanto, prepare-se para uma jornada de autoconhecimento e reflexão.

A repetição como mecanismo de defesa

A psicanálise nos ensina que a repetição dos mesmos erros pode ser um mecanismo de defesa inconsciente. Quando nos encontramos em situações desafiadoras ou desconfortáveis, é natural buscarmos formas de nos proteger psicologicamente. Repetir padrões conhecidos, mesmo que sejam prejudiciais, pode proporcionar uma sensação de segurança e familiaridade, evitando um confronto direto com nossos medos e traumas.

Exemplos de repetição de erros

Relacionamentos tóxicos

Um exemplo clássico de repetição de erros ocorre nos relacionamentos. Muitas vezes, uma pessoa que tenha crescido em um ambiente familiar conturbado, marcado por relacionamentos abusivos, pode acabar internalizando esses padrões negativos e replicando-os em sua vida adulta. É como se os comportamentos disfuncionais se tornassem uma espécie de “padrão de relacionamento” em sua mente.

Essa pessoa pode se sentir atraída por parceiros que apresentam características semelhantes aos de sua infância, mesmo que de forma inconsciente. Ela pode se sentir mais confortável em um relacionamento tóxico ou abusivo, pois, de certa forma, esses padrões negativos lhe são familiares. Pode parecer paradoxal, mas é algo que acontece com mais frequência do que imaginamos.

Quando essa pessoa se vê diante de um relacionamento saudável, baseado no respeito, cuidado e comunicação saudável, ela pode sentir-se desconfortável e até mesmo desconfiada. Não está acostumada com essa dinâmica positiva e pode questionar as intenções do parceiro, criando conflitos desnecessários ou sabotando a relação de forma inconsciente.

Esse ciclo de repetição de erros nos relacionamentos pode se tornar uma armadilha difícil de escapar. É importante que a pessoa reconheça esses padrões e se esforce para quebrá-los, buscando ajuda terapêutica caso necessário. Com autoconhecimento, trabalho emocional e desenvolvimento de habilidades de relacionamento saudáveis, é possível romper esse ciclo e construir relacionamentos mais equilibrados e felizes.

Portanto, é fundamental darmos atenção a essa questão para evitarmos a repetição de erros nos relacionamentos. É necessário buscar o autoconhecimento, trabalhar na cura das feridas emocionais do passado e buscar o desenvolvimento de habilidades saudáveis de relacionamento. Dessa forma, poderemos nos libertar dos padrões negativos e construir relacionamentos mais satisfatórios em nosso futuro.

Comportamentos autodestrutivos

Claro! Vamos expandir um pouco mais o último exemplo. A repetição de comportamentos autodestrutivos pode ser um desafio complexo. Algumas pessoas podem enfrentar vícios, como o consumo excessivo de álcool, drogas ou tabaco, enquanto outras podem ter padrões destrutivos de pensamento, como a autosabotagem constante ou a persistência em relacionamentos abusivos.

É importante entender que esses comportamentos não surgem do nada. Eles podem ter raízes em experiências passadas, traumas não resolvidos, pressões sociais ou até mesmo questões relacionadas à saúde mental. Por exemplo, uma pessoa que passou por situações traumáticas pode recorrer a comportamentos autodestrutivos como uma forma de lidar com a dor emocional.

No entanto, apesar de proporcionar um alívio temporário, esse tipo de comportamento acaba agravando ainda mais os problemas. O indivíduo pode se sentir preso em um ciclo vicioso, encontrando conforto no familiar, mesmo que seja prejudicial a longo prazo. Consequentemente, torna-se um desafio quebrar esse padrão autodestrutivo.

É fundamental buscar apoio e ajuda profissional nesses casos. Terapeutas, conselheiros ou grupos de apoio podem ser fontes valiosas de suporte e orientação. O processo de superação e cura pode exigir tempo, paciência e um compromisso pessoal sério, mas é possível alcançar uma vida mais saudável e feliz.

Lembre-se, se você se sentir sobrecarregado ou precisar de ajuda, não hesite em procurar profissionais ou recorrer a redes de apoio. Você nunca está sozinho em sua jornada em busca de cura e crescimento.

Dicas para quebrar o ciclo

Agora que entendemos por que repetimos os mesmos erros, vamos explorar algumas estratégias para evitar esse ciclo vicioso:

  1. Autoconhecimento: Busque compreender suas motivações e padrões de comportamento. Tente identificar as origens desses padrões em sua história de vida e relacionamentos passados.
  2. Terapia psicanalítica: A psicanálise pode ser uma ferramenta poderosa para explorar questões inconscientes e trabalhar na resolução de traumas e conflitos internos. Considere buscar a ajuda de um psicanalista qualificado.
  3. Desenvolvimento de habilidades emocionais: Aprenda a lidar com emoções negativas de forma saudável. Pratique a autoaceitação, a empatia e a gestão das emoções, para que você possa enfrentar os desafios de forma construtiva, sem recorrer a antigos padrões.
  4. Estabeleça limites saudáveis: Aprenda a reconhecer e estabelecer limites em seus relacionamentos. Isso ajudará a evitar situações tóxicas e permitirá que você se envolva em relacionamentos mais saudáveis.

Lembrando sempre que cada pessoa é única e o processo de quebrar o ciclo de repetição dos mesmos erros pode exigir tempo e esforço. Se necessário, procure a orientação de um profissional da área.

Se você está disposto(a) a transformar sua vida e evitar repetir os mesmos erros, conheça mais sobre psicanálise e agende uma sessão de terapia. Clique aqui para falar comigo.

Conclusão

A repetição dos mesmos erros é um desafio que muitos de nós enfrentamos em nossas vidas. No entanto, compreender as raízes psicológicas desse padrão e adotar medidas para quebrá-lo pode nos ajudar a crescer e evoluir. Lembre-se de que você não está sozinho nessa jornada. Com a ajuda adequada e um compromisso consigo mesmo, é possível interromper esse ciclo e trilhar um caminho mais saudável e gratificante.

Referências:

  1. Freud, S. (1914). “Recuerdos encubridores”. [Obras completas, Vol. III].
  2. Jung, C. G. (1933). “Tipos Psicológicos”. [Obras completas, Vol. VI].

Disclaimer: Este artigo é apenas para fins informativos e não substitui a consulta a um profissional qualificado em psicanálise
Marco Assis – Psicanalista

Este artigo foi publicado originalmente em marcoassis.net.br.

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Mães Narcisistas: a Maternidade Distorcida

As mães desempenham um papel fundamental na formação e desenvolvimento dos seus filhos. No entanto, quando uma mãe apresenta traços narcisistas, a dinâmica familiar pode se tornar extremamente desafiadora. Neste artigo, exploraremos o tema das mães narcisistas, os impactos que podem ter sobre seus filhos e algumas estratégias para lidar com essa situação delicada.

Entendendo o Narcisismo Materno

O narcisismo é um transtorno de personalidade caracterizado por um senso exagerado de autoimportância, falta de empatia e necessidade constante de admiração. Quando uma mãe apresenta traços narcisistas, sua preocupação principal é consigo mesma, em detrimento das necessidades emocionais e psicológicas dos filhos. Essas mães podem se envolver em comportamentos manipuladores, competitivos e até mesmo abusivos.

Impacto nos Filhos

O impacto de ter uma mãe narcisista pode ser profundo e duradouro. As crianças que crescem com uma mãe narcisista muitas vezes enfrentam desafios emocionais e psicológicos significativos ao longo de suas vidas.

Uma mãe narcisista é alguém que apresenta um comportamento egocêntrico excessivo e demonstra falta de empatia em relação aos outros, incluindo seus próprios filhos. Elas têm uma necessidade constante de atenção e admiração, e sua prioridade é sempre a promoção de seu próprio interesse e imagem.

As crianças que crescem com uma mãe narcisista podem se sentir negligenciadas, desvalorizadas e constantemente em busca de aprovação. Elas podem ter dificuldade em expressar suas próprias necessidades e emoções, pois são frequentemente ignoradas ou invalidadas pela mãe narcisista. Isso pode afetar negativamente sua autoestima e autoconfiança, levando a problemas de saúde mental como ansiedade e depressão.

Além disso, as mães narcisistas podem usar seus filhos como uma extensão de si mesmas, projetando suas próprias expectativas e ambições neles. Elas podem exigir que seus filhos alcancem sucessos e conquistas que as engrandeçam, sem considerar as verdadeiras necessidades e desejos das crianças. Essa pressão excessiva pode ser extremamente prejudicial para o desenvolvimento saudável e autêntico dos filhos, minando sua individualidade e autonomia.

Os efeitos de ter uma mãe narcisista podem ser profundos e duradouros, afetando todos os aspectos da vida dos filhos. No entanto, é importante ressaltar que nem todas as mães narcisistas são completamente desprovidas de amor ou intenção de fazer o melhor para seus filhos. Algumas podem até mesmo exibir momentos de afeto e cuidado genuínos. No entanto, o padrão geral de comportamento narcisista pode ter um impacto significativo no bem-estar e no crescimento emocional das crianças.

Para aqueles que tiveram uma mãe narcisista, é importante procurar apoio emocional e, se necessário, terapia, para processar suas experiências e buscar o caminho da cura. Cuidar de si mesmo e desenvolver estratégias saudáveis ​​de relacionamento e autocuidado é fundamental para superar os desafios causados ​​pela presença de uma mãe narcisista na vida.

Estratégias para lidar com uma Mãe Narcisista

Enfrentar uma mãe narcisista não é uma tarefa fácil, mas existem algumas estratégias que podem ajudar:

  1. Estabeleça limites saudáveis: Defina limites claros sobre o que é aceitável e o que não é. Proteja a sua própria saúde mental e emocional estabelecendo limites, mesmo que isso signifique afastar-se temporariamente.
  2. Busque apoio: É importante encontrar um suporte externo confiável, como um terapeuta, grupo de apoio ou amigos próximos. Ter alguém com quem compartilhar suas experiências e emoções pode ser extremamente útil.
  3. Priorize sua própria saúde: Cuide de si mesmo, desenvolvendo hobbies, praticando atividades físicas ou encontrando momentos para relaxar e recarregar as energias. Foque em desenvolver sua própria identidade independente da relação com sua mãe.
  4. Seja resiliente: Lembre-se de que você é mais do que as palavras e ações da sua mãe. Cultive sua resiliência interna, estabelecendo metas, praticando a autocompaixão e buscando crescimento pessoal.

Lidar com uma mãe narcisista é uma jornada desafiadora, mas não invencível. Buscar apoio, estabelecer limites e cuidar de si mesmo são etapas fundamentais nesse processo. Lembre-se de que seu valor vai além das expectativas e necessidades da sua mãe. Com paciência e autocuidado, é possível construir uma vida plena e saudável, mesmo na presença de uma mãe narcisista.

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Vício em exercício: quando algo saudável se torna nocivo para a saúde

Experiências traumatizantes podem deixar cicatrizes profundas na alma, mergulhando os indivíduos num mar de emoções avassaladoras. E enquanto todos buscam maneiras de se curar dessas feridas, alguns podem acabar se perdendo em caminhos obscuros. Um desses caminhos é o exercício excessivo. Sim, você leu certo! O exercício, normalmente associado à saúde e ao bem-estar, pode se tornar uma obsessão doentia. Neste artigo, mergulharemos fundo nos sinais de que alguém está usando o exercício como uma fuga perigosa para lidar com o trauma. Prepare-se para descobrir os segredos ocultos por trás dessas práticas extremas e aprenda como as pessoas próximas podem reconhecer os sinais reveladores. Abra os olhos para essa realidade perturbadora e descubra como ajudar quem atravessa essas águas turbulentas.

Quero deixar claro que fazer exercícios regularmente é sim, muito saudável. O que irei abordar nesse artigo é o vício nessa atividade, seus motivos e consequências.

Determinar quando o exercício é excessivo

Sabe, é meio complicadinho diferenciar entre exercício saudável e exercício em excesso. Depende muito de cada pessoa, sabe? Mas eu posso dar umas dicas pra você conseguir fazer essa avaliação:

  • Frequência: Se você se encontrar se exercitando diariamente, muitas vezes várias vezes ao dia, pode ser um sinal de exercício excessivo. Mas perceba que eu comentei “várias vezes ao dia” e não uma vez ao dia, ok?
  • Intensidade: Treinos excessivamente extenuantes que o deixam exausto ou com dor podem indicar exercício excessivo. É verdade que depois de treinar, podemos nos sentir um pouco doloridos, em especial as partes do corpo que foram alvo do treinamento. Mas se o cansaço for extremo e as dores forem muito frequentes, isso pode indicar que algo anda mal.
  • Inflexibilidade: Se você não consegue pular um treino ou adaptar sua rotina quando necessário, pode ser um sinal de exercício compulsivo.
  • Negligenciando outras responsabilidades: Se o exercício começar a interferir no trabalho, nas atividades sociais ou no autocuidado, é um sinal de alerta, um sinal muito forte!
  • Impacto emocional: Se o exercício se torna uma fonte de ansiedade, culpa ou obsessão, pode ser excessivo.

Compreendendo o exercício excessivo como mecanismo de enfrentamento

Malhar é realmente maravilhoso, não é? Não apenas oferece uma ampla gama de benefícios para a saúde física e mental, mas também serve como uma maneira fantástica de aliviar o estresse, melhorar o humor e aumentar o bem-estar geral. No entanto, é importante lembrar que às vezes nosso entusiasmo pelo exercício pode se transformar em obsessão, o que pode ter efeitos negativos em nossa saúde. É crucial encontrar um equilíbrio e ouvir nosso corpo para garantir que estejamos cuidando de nós mesmos tanto mentalmente quanto fisicamente.

O exercício excessivo muitas vezes surge como uma forma de lidar com o sofrimento emocional decorrente de um relacionamento traumático, em alguns casos. As pessoas podem recorrer ao exercício como um meio de se distrair de emoções dolorosas, alcançar uma sensação de realização ou restabelecer o controle sobre seus corpos quando se sentem impotentes em outras áreas da vida.

Em alguns casos, a pessoa acaba viciando em exercícios porque entende que se tiver um corpo “perfeito” isso pode compensar alguma outra suposta falha que ela tenha (real ou não). Em psicanálise, chamamos isso de “compensação” um dos muitos mecanismos de defesa do ego.


Reconhecimento de sinais de exercício excessivo

O exercício excessivo pode se manifestar de várias maneiras:

  • Comportamento compulsivo: Os indivíduos podem exibir uma necessidade imperiosa de se exercitar excessivamente, mesmo quando estão cansados ou lesionados. A pessoa pode começar a colocar fazer exercícios por cima de outras atividades importantes como o trabalho, família ou até mesmo se alimentar corretamente.
  • Problemas de saúde física: O excesso de exercício pode levar a lesões por uso excessivo, fadiga crônica e um sistema imunológico comprometido. Os entes queridos podem notar lesões recorrentes ou queixas persistentes sobre desconforto físico, devido à uma atividade física intensa e constante.
  • Humor: Aqueles que lidam com exercícios excessivos podem experimentar mudanças de humor, ansiedade ou irritabilidade, especialmente quando perdem um treino ou não puderam seguir o programa de exercícios que tinham planejado.
  • Negligenciar relacionamentos: Os entes queridos podem observar afastamento de conexões sociais ou interações tensas devido a compromissos com exercícios excessivos. A pessoa agora sente que precisa estar sempre treinando e não percebe que agora seu tempo disponível vai principalmente para atividades de treinamento físico.
  • Rotina rígida: Um horário de exercícios inflexível pode se tornar aparente, com os indivíduos achando difícil adaptar sua rotina às circunstâncias em mudança. Nada pode mudar no dia e na rotina, afinal, uma mudança poderia significar uma suposta “perca” nas atividades físicas.
  • Pensamentos obsessivos: As conversas podem frequentemente girar em torno de exercícios, dieta ou imagem corporal, e os pensamentos podem se tornar onipresentes.

Abordando o assunto com um ente querido

Se você suspeita que um ente querido pode estar lutando com exercícios excessivos, abordar o assunto com cuidado e empatia é essencial. Aqui estão alguns passos a serem considerados:

  • Escolha a hora e o local certos: Separe um espaço confortável e privado para a conversa. Certifique-se de que você e seu ente querido tenham tempo adequado para discutir o assunto sem interrupções.
  • Use uma linguagem não acusatória: Expresse suas preocupações com declarações que mostrem o que você sente, para evitar soar que você está apenas acusando a pessoa. Por exemplo, diga: “Percebi mudanças em sua rotina de exercícios e estou preocupado com seu bem-estar”.
  • Ouça ativamente: Incentive seu ente querido a compartilhar sua perspectiva sem interrupção. Deixe claro que sua intenção é oferecer apoio, não julgamento.
  • Sugira ajuda profissional: Recomende procurar orientação de um profissional de saúde mental, como um terapeuta que pode ajudar a resolver questões emocionais subjacentes e desenvolver estratégias de enfrentamento mais saudáveis.

Saiba identificar o exercício excessivo em você mesmo

Se você suspeita que seus próprios hábitos de exercícios podem ter escalado para níveis excessivos, o autoconhecimento é fundamental. Veja como avaliar seu comportamento:

  • Ouça o seu corpo: Preste atenção aos sinais físicos, como fadiga persistente, dor ou lesões, que podem indicar excesso de exercício.
  • Monitore suas emoções: Esteja atento ao seu estado emocional e esteja atento a qualquer mudança de humor, ansiedade ou irritabilidade que possa estar ligada à sua rotina de exercícios.
  • Busque informações de pessoas confiáveis: Consulte amigos ou familiares que possam fornecer uma perspectiva externa sobre seus hábitos e comportamento de exercício.
  • Considere a ajuda profissional: Se você suspeitar que está lutando com exercícios excessivos, procure um profissional de saúde mental para obter orientação e apoio.

Conclui-se que, embora o exercício possa ser um componente valioso do autocuidado, ele deve ser equilibrado com outros mecanismos de enfrentamento e orientado por um profissional de saúde mental quando necessário.

Tudo o que é bom, em excesso, é ruim para nós. E isso inclui o excesso de exercícios físicos. Procure ajuda, se perceber que isso pode estar acontecendo com você.

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Filhocentrismo: quando cuidar dos filhos se torna uma obsessão

Mais que “criar” filhos, cuidar deles com amor é algo importante, afinal todos merecemos ser amados e nos sentir amados. E uma pessoa, principalmente em sua primeira etapa de vida, deve crescer em um ambiente de amor. Isso é um fato.

Mas às vezes, esse cuidado vai além da criança. Sem que os pais ou cuidadores percebam, o cuidar da criança se torna um hábito obsessivo, que exige uma dedicação praticamente exclusiva, excluindo com isso outros aspectos da vida, como por exemplo sua vida conjugal.

A boa sintonia, digamos assim, entre o casal é essencial para a manutenção do relacionamento. Já escrevi sobre os problemas do filhocentrismo aqui. E você também vai encontrar na internet a variação do termo, chamada de “filholatria” que creio ser um termo também bem acertado.

O que é filhocentrismo?

Apenas para repassar o conceito e que o artigo fique mais claro, quero comentar com você que filhocentrismo é quando uma família acaba por colocar todos seus interesses para girar em torno da criança. Parece bom? Parece natural ou uma forma de amor? Bem, quero recordar também as consequências comuns quando tudo, absolutamente tudo gira em torno dos filhos:

1- Problemas conjugais: os pais da criança, que agora vivem para satisfazer as necessidades dela, deixam de ter seus momentos como casal. As necessidades de cada membro do casal podem não só serem negligenciadas, como totalmente deixadas de lado. Isso pode causar gravíssimos problemas no matrimônio, que podem inclusive, ser irreversíveis.

O triste deste problema é que em geral, um casal só percebe que se distanciou, que a relação já não é mais a mesma, muitos anos depois, quando os filhos já estão grandes. E nem sempre esse casal consegue se recuperar. Enquanto a criança é pequena, “tudo é lindo” tudo é para ela. O resto a família vê depois, segundo o casal. Infelizmente esse depois pode nunca mais chegar.

2- Criação de crianças narcisistas: é bom lembrar que certa dose de narcisismo é importante para nossa autoestima. Mas, se a criança cresce em um ambiente em que tudo gira em torno dela, suas vontades, ambições e tudo o mais forem “ordem” para que seus pais a atendam, ela vai crescer pensando que ela deve ser atendida, pelas pessoas que a amam, o tempo todo. E aí, quando essa criança, agora crescida, descobrir que a vida não é assim, ela vai tanto sofrer, como fazer outros sofrerem também.

3- Dependência constante, ou “cordão umbilical infinito”: do dia anterior ao que eu estou escrevendo este artigo, eu vi uma publicação no Instagram em que vi milhares de comentários de pais dizendo o quanto eles se sentem bem em dormir com seus filhos. Uma mãe reclamou, dizendo que sua filha de TREZE ANOS já não queria dormir com ela. Imagine!

E o motivo disso é o que vem em seguida.

Desejo narcísico dos pais

Na publicação que comentei anteriormente, havia muitos comentários de pessoas que se expressavam mais ou menos assim:

“Foi horrível PRA MIM, deixar meu filho dormir em outro quarto.”

“Quando minha filha chegou aos TREZE ANOS, me disse que queria dormir em seu quarto, EU SOFRI muito.”

“QUERO APROVEITAR ao máximo essa fase, que dura tão pouco, por isso meu filho de 11 anos dorme comigo.”

Você percebeu que nessas frases, o foco do problema não está na criança e sim em quem cuida dela? Muitas vezes, na maioria dos casos, o que a criança sente nem é mencionado, somente o que os pais ou cuidadores sentem. Como se sentem “terríveis” quando a criança “tem” de ir para o quarto dela.

O problema, para esses pais ou cuidadores, não é exatamente o que a criança sente, mas o que ELES sentem. A criação dessa criança é um troféu, algo que depois eles irão usar para mostrar o quanto eles foram bons pais.

Como fica a criança nisso tudo? Duas situações

Muitas crianças acreditam que como essa a única maneira de viver que aprenderam, deve ser a correta. Porém, muitas vezes, o filhocentrismo pode também gerar duas situações:

Primeira possibilidade: Filhos que terminam sendo obrigados a satisfazerem os desejos narcísicos dos pais, que com o tempo irão projetar neles seus desejos frustrados e vontades.

Segunda possibilidade: Filhos “tirânicos” (RIGHI, 2021) que passam a efetivamente ter o poder de mando dentro da família. Suas ordens devem ser obedecidas a todo custo, para evitar o que na cabeça dos pais poderia gerar um trauma em seus filhos. Ou que, de outra forma, se esses desejos não forem atendidos, isso seria um potencial “fracasso” ou “falta de amor” por parte desses pais.

Como fica o casal nisso tudo?

Pais com essas características podem desenvolver um apego tão forte a seus filhos, que irão fazer de tudo para sabotar uma possível saída desses filhos da casa deles e até mesmo tentarão sabotar qualquer projeto que possa por “em risco” essa relação, como alguns empregos, namoros e qualquer coisa que possa dar um nível de independência que esses cuidadores ou pais não estejam dispostos a aceitar.

family lying on bed
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Em certa ocasião, visitando a uma família, quando comentei para a mãe de um jovem de na época 19 anos se ele já tinha habilitação para dirigir, ela me respondeu de maneira enfática, quase que em desespero: “Não! De jeito nenhum!” Esse jovem nessa época ainda andava no banco de trás do carro da família, mesmo quando só havia a mãe e ele no carro. Alguns pais simplesmente se recusam a acreditar que seus filhos cresceram e tentam ao máximo prolongar esse período, para o deleite narcísico deles mesmos.

Por outro lado, já comentado, existe a possibilidade do desgaste do relacionamento do casal. Esse desgaste pode ter um efeito cumulativo, difícil de perceber até que quase seja tarde demais.

Filhos merecem ser amados, não idolatrados

photo of a happy and loving family
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Sei que é um assunto muito sensível para quem tem crianças a seus cuidados. Cuidar de uma criança é com certeza, algo maravilhoso. Mas, assim como outras coisas na vida, não se deve idolatrar os filhos. E eles, os filhos, precisam saber que tudo na vida tem um limite, incluindo os desejos deles.

O post do Instagram que motivou a escrita deste artigo comentava que o cuidador ou os pais podem sim atender a seus bebês, não abandonando eles à seu choro e comentou os efeitos desse abandono. Eu concordo com essa ideia. O que quis expor aqui foi a reação de vários cuidadores e pais que expressaram todo seu narcisismo nos comentários.

E o pior, depois dizem que os filhos cresceram “totalmente normais” e “sem nenhum trauma”. Mas de adultos, esses filhos sofrem com diversos problemas, que comentei anteriormente aqui.

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Referências Bibliográficas

Righi, G. (n.d.). UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO BORJA/RS. Retrieved September 20, 2023, from https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/bitstream/riu/6888/1/Guilherme%20Krause%20Righi%20%E2%80%93%202021.pdf

‌AZEVEDO, T. L. de ., CIA, F., & SPINAZOLA, C. de C.. (2019). Correlação entre o Relacionamento Conjugal, Rotina Familiar, Suporte Social, Necessidades e Qualidade de Vida de Pais e Mães de Crianças com Deficiência. Revista Brasileira De Educação Especial, 25(2), 205–218. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000200002

Caldana, Regina Helena Lima. (1995). A educação de filhos em camadas médias: transformações no ideário e orientação de pais. Temas em Psicologia3(1), 109-121. Recuperado em 20 de setembro de 2023, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1995000100010&lng=pt&tlng=pt.

woman showing paper with prohibition sign

O Mecanismo de Defesa do Ego: Negando a Realidade – Psicanálise aplicada

unrecognizable black man showing no sign with index finger
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O ser humano é complexo e, muitas vezes, enfrenta situações que são difíceis de lidar emocionalmente. Diante disso, nosso ego entra em ação e utiliza diferentes mecanismos de defesa para proteger-nos do desconforto e da ansiedade que algumas situações podem causar. Um dos mecanismos mais comuns é a negação.

A negação é uma estratégia psicológica que envolve rejeitar ou recusar-se a aceitar uma realidade dolorosa ou ameaçadora. É como se criássemos uma barreira mental que impede o reconhecimento consciente da situação em questão. Podemos negar fatos, sentimentos, pensamentos ou até mesmo nossa própria responsabilidade em determinadas circunstâncias.

Veja alguns exemplos práticos de como a negação pode se manifestar em nossa vida cotidiana:

A negação em ação:

Exemplo 1: Negando a Perda

Um exemplo comum de negação é quando uma pessoa enfrenta a perda de um ente querido. É natural sentir uma profunda tristeza nesse momento, mas alguns indivíduos podem negar essa dor como uma forma de autoproteção emocional. Eles podem se convencer de que a pessoa falecida ainda está viva, evitando assim a difícil realidade da morte. É verdade que nesse caso, esse mecanismo pode ser usado de maneira temporária, somente até que a pessoa consiga processar a informação do luto. Em outros casos, uma pessoa pode viver em negação, situação em que deve procurar ajuda terapêutica para lidar com essa situação.

Exemplo 2: Negando um Problema de Saúde

Outro exemplo pode ser observado em indivíduos que são diagnosticados com uma doença grave. Em vez de enfrentar a realidade e buscar tratamento adequado, algumas pessoas podem negar o diagnóstico. Elas podem recusar-se a acreditar na gravidade da situação e, consequentemente, adiar o início de um tratamento que poderia salvar suas vidas.

Infelizmente, esse tipo de negação é muito comum. Muitas pessoas morrem porque nunca quiseram procurar tratamento para problemas que tinham. Alguns desses tratamentos poderiam ter permitido que elas tivessem uma vida muito melhor.

Você talvez já tenha se deparado com uma pessoa dizendo que o que ela tem “não é nada”.

Exemplo 3: Negando um Trauma

Traumas emocionais também podem ser negados como um mecanismo de defesa do ego. Por exemplo, um indivíduo que sofreu abuso na infância pode reprimir as memórias dolorosas e negar completamente a existência desse evento traumático. Essa negação permite que a pessoa evite o sofrimento associado ao trauma, mas também pode dificultar o processo de cura e recuperação.

Claro, nesse caso essa negação é muito mais inconsciente e fortalecida por outro mecanismo de defesa do ego, o recalque.

Em alguns casos, a pessoa é consciente do que lhe aconteceu, mas prefere interpretar o abuso (que pode ter sido de qualquer tipo) como outra coisa, algo que não foi tão importante ou até “normal”. Isso acontece também quando uma pessoa sofre abusos de seu cônjuge, mas prefere pensar que esses abusos são na verdade normais e que até mesmo ela os “mereceu.”

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A Negação e as Consequências

Embora a negação possa fornecer algum alívio temporário, é importante entender que essa estratégia de defesa tem consequências a longo prazo. Negar a realidade pode levar à estagnação emocional e impedir o crescimento pessoal. Além disso, pode prejudicar relacionamentos e criar um ciclo de negação contínua.

Ao utilizar a negação como mecanismo de defesa, estamos evitando enfrentar e lidar com nossas emoções e problemas de forma saudável. Isso pode resultar em ansiedade, depressão e até mesmo em problemas de saúde física. É crucial buscar apoio e orientação de profissionais, como psicólogos e psiquiatras, para trabalhar no desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento.

Superando a Negação

Embora seja desafiador, é possível superar a negação e enfrentar a realidade de maneira construtiva. Veja algumas sugestões que podem ajudar nesse processo:

  1. Reconhecer a negação: O primeiro passo é tomar consciência de que estamos negando uma realidade. Autoavaliação é fundamental nesse processo.
  2. Buscar apoio: Contar com o suporte de amigos, familiares ou profissionais de saúde pode ajudar a enfrentar e processar emoções difíceis.
  3. Praticar a autocompaixão: Ser gentil consigo mesmo durante esse processo é essencial. Aceitar que haverá momentos de vulnerabilidade e dificuldade é importante para a cura emocional.
  4. Aceitar a realidade: Permitir-se reconhecer a verdade e lidar com as emoções que surgem com ela, é um passo fundamental para o crescimento e para encontrar soluções efetivas.

Lembrando que cada indivíduo tem sua própria jornada emocional, é importante buscar ajuda profissional, quando necessário. A negação é uma estratégia de defesa comumente utilizada, mas devemos estar atentos para não nos fecharmos às possibilidades de enfrentamento e crescimento pessoal.

A negação é um mecanismo de defesa do ego que nos permite enfrentar situações difíceis, ignorando ou rejeitando a realidade. Embora possa parecer reconfortante em um primeiro momento, é importante lembrar que a negação tem consequências a longo prazo. Ao buscar apoio e trabalhar no desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento, podemos superar a negação e encontrar caminhos mais positivos para lidar com desafios emocionais.

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worried woman during session with therapist

Preocupação: a comida favorita da ansiedade

A preocupação é o principal ingrediente, ou até mesmo a “comida favorita” da ansiedade. Foi demonstrado que estar preocupado é tão negativo quanto estar com raiva, é uma emoção que nos desgasta e paralisa, tem impacto direto na nossa saúde, gera tensão muscular e inquietação e se altera.

Está diretamente relacionada à nossa forma de perceber e avaliar as situações e à nossa capacidade de enfrentá-las e resolvê-las.

A Preocupação pode criar pensamentos que ficam martelando na cabeça e parece que você simplesmente não consegue sair deles, mesmo sabendo que em alguns casos, são pensamentos que nem sequer fazem muito sentido.

Relação Ansiedade e Preocupação

A relação entre ansiedade e preocupação sob a perspectiva da psicanálise é um tema de grande interesse e complexidade. A psicanálise entende a ansiedade como uma manifestação de conflitos internos e de defesas psíquicas para lidar com esses conflitos.

Segundo essa abordagem, a ansiedade surge como uma resposta emocional diante de ameaças percebidas, tanto reais quanto imaginárias. Essas ameaças podem estar relacionadas a desejos não realizados, traumas não resolvidos, medos inconscientes ou conflitos internos. A ansiedade é considerada uma emoção básica que ativa mecanismos de defesa para proteger o indivíduo do desconforto emocional.

Nesse contexto, a preocupação pode ser vista como uma forma de defesa contra a ansiedade. A pessoa se ocupa antecipando e imaginando cenários futuros para evitar entrar em contato com as emoções ansiosas subjacentes. A preocupação excessiva pode ser uma estratégia inconsciente para manter a ansiedade sob controle, evitando que pensamentos ou sentimentos perturbadores aflorem à consciência. Uma estratégia que não é muito eficiente, na verdade.

Na psicanálise, procura-se identificar as origens inconscientes da ansiedade e da preocupação, investigando o histórico pessoal, as experiências de vida, os desejos reprimidos e os conflitos internos. O trabalho terapêutico busca trazer à luz os conteúdos inconscientes que alimentam a ansiedade e a preocupação excessiva, permitindo que o indivíduo compreenda e integre essas questões em seu processo psíquico.

O objetivo final do tratamento psicanalítico é fornecer ao paciente uma maior consciência de si mesmo, do seu mundo interior e das causas subjacentes à sua ansiedade e preocupação. Ao explorar os conteúdos inconscientes e os mecanismos de defesa, é possível encontrar caminhos para trabalhar esses conflitos e buscar uma maior harmonia emocional.

As preocupações parecem surgir do nada, começam a gerar um grande murmúrio, nos impedem de raciocinar e se tornam incontroláveis.

É uma narrativa dirigida a si mesmo, que salta de preocupação em preocupação e muitas vezes é seguida de catástrofes imaginadas.

Em vez de encontrar soluções para esses problemas, as pessoas que se preocupam excessivamente mergulham no medo, veem perigos na vida que os outros nunca percebem e permanecem na mesma rotina de pensamento, fixando sua atenção nas situações temidas.

No nosso dia a dia as preocupações se tornaram algo natural, elas estão lá só porque estamos vivos. Aprendemos que a vida é sinônimo de preocupação, mas preocupação não é sinônimo de responsabilidade.

É assim que a ansiedade surge de duas formas: COGNITIVA ou pensamentos preocupados, e SOMATICA, sintomas fisiológicos da ansiedade, como tontura, sudorese, frequência cardíaca acelerada, falta de ar ou tensão muscular.

Isso é o resultado de como lidamos com as situações e, acima de tudo, das ideias que temos sobre esses problemas, como acreditar, que se pensarmos constantemente sobre a situação, de alguma forma controlaremos o que acontece.

De certa forma, a preocupação é um ensaio do que pode dar errado. Está associada ao medo, principalmente a não ter controle do resultado, a falta de clareza ou a incapacidade de prever o resultado do que nos preocupa.

A missão das preocupações é encontrar soluções positivas para enfrentar possíveis ameaças, e a melhor maneira de fazer isso é descartar o que é provável do real.

Você acha que o problema será resolvido mais rápido quanto mais você se preocupar? A preocupação fará com que você encontre uma solução eficaz? Se você respondeu “não” às duas perguntas, use esse tempo e energia para encontrar a solução. Lembre-se que “preocupar-se” implica em pré-ocupação, ou seja, é uma fase anterior à tomada de uma atitude. Pense neles como um desafio para testar suas habilidades e habilidades.

Às vezes, já realizamos todas as soluções possíveis, não há mais o que fazer, é hora de criar alternativas para resolver os problemas.

Uma possibilidade é mudar nosso ponto de vista sobre o problema, a partir de uma nova perspectiva podemos avançar e não ficar ancorados sem resolver o que nos preocupa.

Aqui estão algumas etapas que você pode seguir para começar:

– Anote o que te preocupa.

– Pergunte-se se está em suas mãos resolvê-lo.

– Quais passos você deve tomar para alcançá-lo.

– Que coisas você poderia fazer hoje.

– Quem poderia te ajudar.

– Quais são as vantagens que você terá ao resolvê-lo.

lembre-se, é melhor Ocupar do que preocupar.

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diverse women fighting in room

A Projeção: Quando Enxergamos em Outros o que Não Queremos Ver em Nós – Psicanálise Aplicada

Você já se viu apontando o dedo para alguém, acusando-o de algo que, mais tarde, percebeu ser um reflexo de seus próprios sentimentos? Ou talvez já tenha sido alvo de acusações infundadas, nas quais outra pessoa atribuiu a você emoções ou intenções que simplesmente não fazem sentido? Se a resposta for sim, você já experimentou a intrigante e muitas vezes confusa dinâmica da projeção.

A projeção é um fenômeno psicológico fascinante que permeia nossas vidas de maneiras sutis e surpreendentes. É um mecanismo de defesa do ego que nos permite evitar o confronto com aspectos desconfortáveis de nós mesmos, transferindo-os para os outros. Neste artigo, exploraremos profundamente o conceito de projeção, desvendando suas raízes, exemplos cotidianos e, mais importante, como o entendimento desse processo pode nos ajudar a crescer como indivíduos e a melhorar nossos relacionamentos interpessoais. Portanto, embarque nesta jornada de autoexploração e descoberta, enquanto desvendamos os segredos da projeção e suas implicações em nossa vida cotidiana.

O Que é a Projeção?

A projeção é um processo pelo qual atribuímos a outras pessoas sentimentos, desejos, impulsos ou características que, na verdade, são nossos. Isso ocorre quando estamos desconfortáveis com esses sentimentos ou traços e, em vez de enfrentá-los, os “projetamos” em outras pessoas. Em outras palavras, enxergamos no mundo exterior o que não queremos reconhecer em nós mesmos.

Por exemplo, alguém que tem dificuldade em lidar com raiva pode projetar sua própria raiva em outra pessoa, acreditando erroneamente que a outra pessoa é a culpada por seus sentimentos. Em vez de admitir sua própria raiva, essa pessoa a vê refletida no comportamento dos outros.

Exemplos Comuns de Projeção

A projeção pode se manifestar de diversas formas e em várias áreas da vida. Aqui estão alguns exemplos comuns:

  1. Projeção de Culpa: Quando alguém se sente culpado por algo, pode projetar essa culpa em outra pessoa, acusando-a injustamente.
  2. Projeção de Insegurança: Pessoas inseguras podem projetar sua própria insegurança, vendo nos outros um julgamento constante, mesmo quando isso não é o caso.
  3. Projeção de Desejos Repressos: Às vezes, desejos ou fantasias que consideramos socialmente inaceitáveis são projetados em outras pessoas, criando uma ilusão de que são os outros que têm esses desejos.

Por que Usamos a Projeção?

A projeção é uma forma de autopreservação psicológica. Ao transferir nossos sentimentos e traços indesejados para outras pessoas, evitamos confrontar o desconforto que eles nos causam. É uma maneira de nos protegermos da ansiedade e da angústia que a autoconsciência completa desses aspectos poderia gerar.

A Importância do Reconhecimento

Reconhecer a projeção em nossos próprios comportamentos e pensamentos é um passo importante para o crescimento pessoal. Quando começamos a perceber que estamos projetando, podemos investigar por que estamos fazendo isso e o que estamos evitando enfrentar em nós mesmos.

A psicanálise nos ensina que a autorreflexão e a aceitação de nossos próprios sentimentos e traços são cruciais para o desenvolvimento pessoal e para uma vida mais saudável e plena. Portanto, reconhecer a projeção é uma oportunidade de crescer emocionalmente e melhorar nossos relacionamentos.

Embora seja uma estratégia de proteção psicológica, também pode ser uma barreira para o crescimento pessoal. Reconhecer a projeção em nossas vidas e trabalhar para aceitar nossos próprios aspectos é um passo fundamental em direção ao autoconhecimento e ao bem-estar emocional.

Lembre-se de que a projeção é um fenômeno humano comum, e todos nós podemos nos beneficiar ao examinar nossos próprios comportamentos em busca dela. Isso nos permite crescer como indivíduos e construir relacionamentos mais autênticos e saudáveis com os outros.

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