diverse women fighting in room

A Projeção: Quando Enxergamos em Outros o que Não Queremos Ver em Nós – Psicanálise Aplicada

Você já se viu apontando o dedo para alguém, acusando-o de algo que, mais tarde, percebeu ser um reflexo de seus próprios sentimentos? Ou talvez já tenha sido alvo de acusações infundadas, nas quais outra pessoa atribuiu a você emoções ou intenções que simplesmente não fazem sentido? Se a resposta for sim, você já experimentou a intrigante e muitas vezes confusa dinâmica da projeção.

A projeção é um fenômeno psicológico fascinante que permeia nossas vidas de maneiras sutis e surpreendentes. É um mecanismo de defesa do ego que nos permite evitar o confronto com aspectos desconfortáveis de nós mesmos, transferindo-os para os outros. Neste artigo, exploraremos profundamente o conceito de projeção, desvendando suas raízes, exemplos cotidianos e, mais importante, como o entendimento desse processo pode nos ajudar a crescer como indivíduos e a melhorar nossos relacionamentos interpessoais. Portanto, embarque nesta jornada de autoexploração e descoberta, enquanto desvendamos os segredos da projeção e suas implicações em nossa vida cotidiana.

O Que é a Projeção?

A projeção é um processo pelo qual atribuímos a outras pessoas sentimentos, desejos, impulsos ou características que, na verdade, são nossos. Isso ocorre quando estamos desconfortáveis com esses sentimentos ou traços e, em vez de enfrentá-los, os “projetamos” em outras pessoas. Em outras palavras, enxergamos no mundo exterior o que não queremos reconhecer em nós mesmos.

Por exemplo, alguém que tem dificuldade em lidar com raiva pode projetar sua própria raiva em outra pessoa, acreditando erroneamente que a outra pessoa é a culpada por seus sentimentos. Em vez de admitir sua própria raiva, essa pessoa a vê refletida no comportamento dos outros.

Exemplos Comuns de Projeção

A projeção pode se manifestar de diversas formas e em várias áreas da vida. Aqui estão alguns exemplos comuns:

  1. Projeção de Culpa: Quando alguém se sente culpado por algo, pode projetar essa culpa em outra pessoa, acusando-a injustamente.
  2. Projeção de Insegurança: Pessoas inseguras podem projetar sua própria insegurança, vendo nos outros um julgamento constante, mesmo quando isso não é o caso.
  3. Projeção de Desejos Repressos: Às vezes, desejos ou fantasias que consideramos socialmente inaceitáveis são projetados em outras pessoas, criando uma ilusão de que são os outros que têm esses desejos.

Por que Usamos a Projeção?

A projeção é uma forma de autopreservação psicológica. Ao transferir nossos sentimentos e traços indesejados para outras pessoas, evitamos confrontar o desconforto que eles nos causam. É uma maneira de nos protegermos da ansiedade e da angústia que a autoconsciência completa desses aspectos poderia gerar.

A Importância do Reconhecimento

Reconhecer a projeção em nossos próprios comportamentos e pensamentos é um passo importante para o crescimento pessoal. Quando começamos a perceber que estamos projetando, podemos investigar por que estamos fazendo isso e o que estamos evitando enfrentar em nós mesmos.

A psicanálise nos ensina que a autorreflexão e a aceitação de nossos próprios sentimentos e traços são cruciais para o desenvolvimento pessoal e para uma vida mais saudável e plena. Portanto, reconhecer a projeção é uma oportunidade de crescer emocionalmente e melhorar nossos relacionamentos.

Embora seja uma estratégia de proteção psicológica, também pode ser uma barreira para o crescimento pessoal. Reconhecer a projeção em nossas vidas e trabalhar para aceitar nossos próprios aspectos é um passo fundamental em direção ao autoconhecimento e ao bem-estar emocional.

Lembre-se de que a projeção é um fenômeno humano comum, e todos nós podemos nos beneficiar ao examinar nossos próprios comportamentos em busca dela. Isso nos permite crescer como indivíduos e construir relacionamentos mais autênticos e saudáveis com os outros.

Quer agendar uma sessão? CLIQUE AQUI.

young woman using laptop in bed and resting

Por que inventamos desculpas? Como nossa mente justifica o injustificável – Psicanálise Aplicada

Como justificar o que talvez seja “injustificável”? Por que motivo inventamos desculpas?

Quando se trata de compreender o funcionamento da mente humana, a psicanálise oferece um olhar fascinante sobre os mecanismos de defesa que usamos para lidar com conflitos internos e emoções desconfortáveis. Um desses mecanismos é a “racionalização”, uma estratégia psicológica que todos nós empregamos em algum momento de nossas vidas, muitas vezes sem perceber. Neste artigo, exploraremos a racionalização, como ela opera em nossa mente e como podemos reconhecê-la em nós mesmos.

O Que É Racionalização?

A racionalização (o que na Psicologia é chamado de “dissonância cognitiva”) é um mecanismo de defesa do ego que consiste em criar justificativas lógicas ou razoáveis para comportamentos, pensamentos ou eventos que, em sua essência, são motivados por razões emocionais. Em outras palavras, é a maneira pela qual nossa mente tenta dar uma aparência de lógica e aceitabilidade a ações que, de outra forma, seriam difíceis de aceitar.

Exemplos Comuns de Racionalização

Para entender melhor a racionalização, vejamos alguns exemplos do dia a dia:

  1. A dieta adiada: Imagine alguém que está tentando perder peso, mas se pega comendo um pedaço de bolo. Em vez de admitir que está quebrando a dieta, essa pessoa pode racionalizar dizendo: “Eu mereço um pequeno agrado de vez em quando, e um pedaço de bolo não vai fazer diferença.”
  2. Procrastinação justificada: Muitos de nós procrastinam em nossas responsabilidades. Em vez de encarar a verdade, podemos nos enganar dizendo: “Eu trabalho melhor sob pressão, então vou fazer isso mais tarde.”
  3. Despesas impulsivas: Ao gastar dinheiro de forma impulsiva, podemos racionalizar compras dizendo: “Isso é um investimento em minha felicidade, e eu mereço me dar esse presente.”

Por Que Racionalizamos?

A racionalização surge como uma forma de lidar com emoções desconfortáveis, como culpa, vergonha ou ansiedade. Ao criar justificativas que parecem lógicas, nossa mente tenta proteger nossa autoimagem e evitar o confronto direto com nossos impulsos emocionais.

Reconhecendo a Racionalização em Nossas Vidas

Reconhecer a racionalização em nossas próprias vidas é um passo crucial para um maior autoconhecimento. Aqui estão algumas dicas para identificá-la:

  1. Autoquestionamento: Pergunte a si mesmo por que está tomando uma determinada decisão ou justificando um comportamento. Se a resposta envolver uma explicação excessivamente lógica para algo emocional, pode ser uma pista de racionalização.
  2. Feedback de terceiros: Às vezes, amigos ou familiares podem perceber nossas racionalizações quando não conseguimos. Esteja aberto ao feedback de pessoas próximas.
  3. Reflexão pós-decisão: Após tomar uma decisão importante, reflita sobre suas razões. Isso pode ajudar a identificar se você estava racionalizando ou agindo com base em motivos emocionais.

A Psicanálise e a Racionalização

A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, explora os mecanismos de defesa do ego, incluindo a racionalização, como uma forma de ajudar as pessoas a entenderem melhor a si mesmas e seus comportamentos. O processo terapêutico pode auxiliar na identificação e na resolução desses padrões de defesa disfuncionais, promovendo uma maior autoconsciência e crescimento pessoal.

A racionalização é um mecanismo de defesa do ego que todos nós usamos em diferentes graus. Reconhecê-la em nossas vidas é o primeiro passo para um maior autoconhecimento e crescimento pessoal. Ao entender como nossa mente justifica o injustificável, podemos começar a tomar decisões mais conscientes e alinhar nossas ações com nossos verdadeiros valores e objetivos.

Lembrando que a psicanálise é uma ferramenta valiosa para explorar esses mecanismos de defesa e buscar um maior entendimento de nós mesmos, auxiliando-nos no caminho para uma vida mais plena e satisfatória.

Quer falar comigo? CLIQUE AQUI.

demo-attachment-576-Zoom-CTA-Image

Você é uma pessoa “normal”? Que tão loucos somos?

Tá louco?

Já te perguntaram isso? O que você respondeu?

Parece fácil, mas na verdade, o conceito de loucura não é simples de explicar, se é que pode ser explicado corretamente. De acordo com a psicanálise, a loucura não é vista como uma condição separada ou distinta da saúde mental, mas sim como uma expressão particular de conflitos, traumas e mecanismos de defesa que afetam a psique de uma pessoa. A psicanálise considera que todos os indivíduos possuem uma estrutura psíquica complexa, onde conflitos inconscientes podem surgir e influenciar o comportamento e as experiências pessoais.

Mas o ponto é que a própria normalidade é bem discutível. O que é normal para você?

Como as pessoas veem a normalidade

Geralmente, o que é considerado “normal” é o que é aceito socialmente em uma coletividade. Para uma comunidade, certas atitudes podem ser consideradas aceitáveis, enquanto outras podem considerar o mesmo gesto uma “loucura”.

Pense por exemplo, em algumas tribos amazônicas. Em algumas delas, as pessoas praticamente andam nuas. Completamente. Em outras, se usam apenas pequenas peças de roupa que parecem mais adornos do que roupas propriamente dito. Se um membro dessas comunidades se apresenta assim em um centro urbano qualquer do Brasil, certamente ele ou ela terá problemas com a polícia, isso para dizer o mínimo. Essa enorme diferença cultural pode fazer com que alguém pense ao ver tal indivíduo sem roupas na rua, como sendo um “louco”.

Eu dei um exemplo meio extremo, mas vamos a um mais simples. Imagine que você está caminhando com alguns amigos de volta de um churrasco na casa de um amigo. Seu grupo vai conversando tranquilamente, até que em um ponto do trajeto, vocês passam por um local onde uma música bem movimentada está tocando. Um de seus amigos então, que gosta muito da música, começa a cantarolar a letra enquanto faz alguns passos da coreografia da música.

Como vocês estão em público, alguns de seus amigos pedem para que ele pare com isso. Afinal, vão pensar que ele é “louco”. Agora eu pergunto: se você visse uma pessoa na rua dançando e cantando, pensaria que ela tem algum tipo de transtorno mental? Ou que ela está simplesmente comemorando algo bom? Ou até mesmo, simplesmente se sentindo feliz e sem medo de expressar isso?

Comum versus normal

É preciso entender a diferença entre o que é comum e o que é normal. Muita gente confunde os dois conceitos. Eu já comentei aqui no blog sobre essa diferença e vou reforçar nesse artigo.

Comum: algo que acontece, que é costumeiro. Por exemplo, é comum no Brasil, que a temporada de chuvas seja no verão. É comum que as pessoas queiram beber café durante a manhã.

Normal: é normal que um carro se mova com um motor. Também é normal que uma pessoa beba água.

Como você vê, nem tudo o que é comum é normal. Um assalto pode ser comum em algumas regiões, mas certamente não é algo normal. É uma anormalidade.

E é aí onde entra o conceito comum de loucura: as pessoas classificam pessoas como loucas pelo simples fato de não serem pessoas comuns. Dessa forma, autistas podem ser classificados como loucos, já que não se comportam sempre como um neurotípico. Ver uma pessoa dançando enquanto caminha na calçada não é comum, mas também não quer dizer que ela seja “louca”.

Distúrbios mentais versus loucura

Sim, há distúrbios mentais de diferentes níveis. Doenças sérias que complicam a vida de quem é afetado por elas, tanto direta como indiretamente. E esses distúrbios devem sim, ser tratados com muita responsabilidade.

Mas nesse artigo, quero contestar o que chamamos de loucura. Muitas vezes, a loucura é apenas o pensar diferente do comum. A pessoa tem um pensamento normal, porém incomum. E isso é chamado de loucura. Num passado triste e frio recente, muitos hospícios continham pessoas que não exatamente tinham distúrbios mentais. Por exemplo, em Barbacena havia um hospício que segundo a autora deste livro podem ter morrido mais de 60.000 pessoas, muitas delas inclusive que eram apenas “indesejados” que foram confinados em condições absurdas em um local que era como um campo de concentração nazista.

Se você tem ideias fora do que é comum, diferentes do que sua comunidade “aceita”, saiba que você não é nenhum louco. Você é apenas diferente, incomum.

Desafie a normalidade! Questione o conceito de loucura!

Psicanalista é terapeuta de loucos?

Mas, que “loucura” é essa?

Pelo simples fato de que você procurou ajuda profissional, você mostrou que não tem nada de louco. Principalmente se você procurou e aceitou a ajuda. A Psicanálise é um processo que vai ajudar quem passa por ele a se conhecer melhor, a saber lidar com os porquês de sua vida, a saber se questionar, questionar suas atitudes e pensamentos. Se você acha que quem procura isso é louco, louco é você.

Se você quer ser ouvido e quer se ouvir melhor, procure um psicanalista.

Eu quero te ouvir, me procure.

CLIQUE AQUI para fazer isso.

Quanto tempo dura uma sessão de terapia na Psicanálise?

Muitas pessoas se perguntam quanto tempo deve durar uma sessão de Psicanálise. Geralmente, quem está pensando em fazer esse tipo de terapia pela primeira vez, com certeza deve ter essa dúvida. E para ser sincero, não existe uma resposta única para essa questão.

Antes de comentar esse ponto, quero comentar tudo o que está envolvido em uma sessão de terapia psicanalítica.

O que acontece em uma sessão de terapia psicanalítica?

Bem, na primeira ou até nas primeiras sessões, se faz o que é conhecido como “sessões preliminares” que são as sessões em que você irá comentar com seu analista detalhes sobre seu perfil e as angústias que o trouxeram até ele (ou ela).

Na primeira sessão, o analista irá pegar alguns dados básicos com você. Isso é chamado de “ficha anamnésica”. Apesar desse nome feio, trata-se de uma ficha em que o analista irá colocar seus dados pessoais e familiares, vai perguntar se você já fez algum tipo de terapia, se toma algum medicamento, sobre estado civil, filhos entre outras coisas. Cada analista tem seus critérios quanto ao que irá pedir de informação.

Essas informações servem para que o analista tenha uma base para ir construindo sua análise. As já mencionadas “sessões preliminares” servem como uma introdução da sua história de vida e de seu caso específico. Alguns analistas utilizam apenas as primeiras sessões como sendo preliminares, enquanto outros podem extender essa fase por mais tempo. Tudo vai depender do que o analista considerar importante para cuidar de você da melhor forma possível.

O objetivo principal de cada sessão é acessar seu inconsciente, uma parte de sua mente que muitas vezes é difícil de acessar. O principal recurso usado nas sessões é chamado de associação livre, que basicamente é um processo em que você irá falar de maneira aberta e sem nenhum tipo de censura sobre o que estiver em sua mente, durante as sessões. Eventualmente, o analista irá fazer alguma pergunta pontual, para esclarecer algo que você tenha dito. E, aos poucos, partes de sua mente vai liberando pequenas frações do inconsciente, que são percebidas pelo analista.

Tá, mas então, quanto dura uma sessão de terapia psicanalítica?

Como você viu, o processo de acessar ideias e pensamentos inconscientes não é tão simples assim. E obviamente é preciso um tempo razoável para se fazer um bom trabalho.

Nesse sentido, apesar do argumento anterior, existem digamos, pontos de vista divergentes na Psicanálise sobre a duração.

Uma sessão de Psicanálise “clássica” digamos assim, dura entre 45, 50 minutos a 1 hora. A maioria dos terapeutas atualmente trabalha com 50 minutos de sessão. Mas, Lacan, um famoso psicanalista francês promoveu um tempo de sessão não constante e ganhou muitos seguidores.

Segundo Lacan, o tempo de duração de uma sessão não necessariamente precisa estar fixo. Ele pregava o uso de “tempo lógico” em lugar de um tempo cronológico, que é o mais comum. Dessa forma, quando um cliente dele em análise mencionasse algo que, digamos, fosse considerado estratégico ou que fosse uma informação intrigante o suficiente para que o cliente quisesse continuar o assunto numa próxima sessão. Assim, uma sessão “lacaniana” pode durar os 50 minutos, mas também pode durar 15 minutos, uma hora e meia…Isso vai depender da estratégia do psicanalista. Essa técnica é utilizada em alguns casos para que certa declaração do cliente fique “no ar” e possa ser material de meditação por parte dele, que pode querer voltar ao assunto numa sessão seguinte. Há outros argumentos a favor dessa técnica que não irei abordar nesse artigo.

Mas creio que você já percebeu que uma sessão de terapia varia bastante, de psicanalista para psicanalista. Como saber a duração de sua sessão? Muito fácil, pergunte a ele ou ela. Veja qual é o tipo de técnica que ele gosta de utilizar. Isso tudo você pode perguntar na sua primeira sessão. Aliás, use sua primeira sessão para perguntar tudo o que sua curiosidade tem vontade de saber!

Quer conversar comigo? CLIQUE AQUI.