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Eu preciso de análise? Como saber se preciso de atendimento psicanalítico?

Muitas pessoas em algum momento se fazem uma dessas perguntas do título deste artigo: Será que eu preciso fazer análise?

Então decidi comentar com você “quando” uma pessoa deve pensar em fazer análise, procurar um psicanalista. Primeiro, quero comentar alguns conceitos que alguns têm e que não são corretos. Vejamos

Mitos sobre procurar um Psicanalista

1-“Não estou louco”.

Em primeiro lugar, tem certeza? Ok, agora falando sério. O conceito de “loucura” é muito discutível atualmente. Costumo dizer que loucos são os que não conseguem esconder sua loucura. Do ponto de vista da Psicanálise, todos nós temos características que a julgar pelo nome, poderia ser interpretado como uma dose de “loucura”. Afinal, todos temos algo ou muito de neurose, psicose ou perversão. E não se assuste com esses nomes, são traços que compõem quem somos. Em outro artigo, vou comentar com calma o que é cada um desses termos, neurose, psicose e perversão. Mas vamos nos concentrar na “loucura” agora.

Quem disse que uma pessoa precisa estar em um surto mental para procurar ajuda? Muitas vezes, a ajuda que precisamos tem a ver com conhecer melhor quem somos, entender o motivo de agir como agimos e com isso saber o que podemos fazer para viver melhor. E um psicanalista pode te ajudar a conseguir isso.

2- “Psicanalista só me escuta e não fala nada”

Uma frase famosa em Psicanálise: A Psicanálise é a cura pela fala. Essa fala é a fala sua, como analisando (essa é uma forma em que nos referimos a nossos clientes). Não é exatamente a fala do analista que vai “curar” e sim a sua. Como assim?

Muitas vezes, quando escutamos o que falamos e prestamos atenção no que foi dito, percebemos coisas que não imaginávamos que estavam em nossa mente. A técnica que usamos como psicanalistas nas sessões se chama “associação livre”. Significa que o analisando deve falar livremente, o que vier à sua mente, livre de qualquer tipo de censura ou repressão. E claro, isso nem sempre é fácil de fazer. Primeiro que geralmente iremos ter vergonha de comentar o que realmente está acontecendo em nossa mente, depois que por causa disso, iremos ter a tendência de criar uma barreira mental, para filtrar coisas que a princípio não queremos dizer a nosso analista. Outros acreditam ser necessário ter que se “concentrar” para poder falar, o que é um erro. Para que se concentrar se o que queremos é ouvir o que está acontecendo na mente do analisando, sem censura?

Inclusive, aproveito para dizer a você que, durante uma sessão de Psicanálise, dê renda solta para sua mente! Se o que estiver em sua cabeça for um comercial de uma margarina, mencione isso. Se for a recordação de uma situação que aconteceu no recente fim de semana, diga! E principalmente, não importa o conteúdo do que contar, diga sem medo de receber um julgamento ou uma repressão de seu analista, não importa o que quer que você tenha que dizer.

E para que essa escuta ativa funcione, é preciso que você tenha o total protagonismo durante as sessões. O analista irá sim, fazer comentários breves sobre algo que você mencionar, principalmente irá fazer algumas perguntas em alguns momentos. Também irá, em certo momento, comentar algo que ele pôde analisar do conteúdo que recebeu até o momento. Não será um “veredito” sobre o que você tem. Será sim, uma análise, uma visão dele sobre algo que você comentou.

Lembre-se, o processo de análise é como estar numa sala escura com várias portas. O analista apenas acende a luz, para que você possa escolher qual porta abrir e passar.

3- “Psicanálise é caro”

Bem, vamos pensar no que significa caro. O que é caro para você? Um valor pode ser caro? Por exemplo, se eu disse um valor aleatório, por exemplo: R$500 reais. É caro ou barato? Claro, depende. Quinhentos reais por uma garrafa de água de 1 litro pode ser muito caro realmente, se a água for apenas “água”. Mas se R$500 for o preço de carro, aí seria extremamente barato, não é mesmo? Sabe o motivo de ser assim?

É porque além do conceito de “caro” existe o conceito de valor, que é muito mais importante, inclusive. O valor de algo é quanto vemos aquilo como importante para a função que tal coisa se propõe a atender. Quanto maior for o valor percebido por algo, menos “preço” vamos ver nisso. É por isso que se um carro fosse vendido por R$500 iríamos com certeza até desconfiar desse preço, já que um carro VALE muito mais do que isso.

Agora, qual o valor do autoconhecimento? Qual o valor de você saber lidar com sentimentos que talvez você nem consiga descrever nesse momento? Qual o valor de viver melhor consigo mesmo e com outros?

Além disso, muitos profissionais atualmente estão dispostos a conversar com você e chegar a um bom acordo. Nem todo psicanalista cobra valores altos pelas sessões. E, quer uma dica? Quando for procurar um analista, veja com esse profissional sobre a possibilidade de contratar um pacote de sessões, em lugar de pensar no valor de uma única sessão. Com certeza, você irá conseguir um bom acordo!

4- “Psicanalista não se importa com você, são frios.”

Bem, devo dizer a você que em todos os lugares, vamos encontrar pessoas “frias” ou que não demonstram sentimentos facilmente. Freud comentou que um analista deve ser “opaco como um espelho” para que o analisando possa se enxergar nesse espelho. Na verdade a frase completa que ele disse foi assim:

O analista deve ser opaco para seu próprio inconsciente e, como um espelho, mostrar ao paciente o que é reprimido nele próprio, para assim, através da comunicação do afeto, pôr fim à resistência e levá-lo a conscientizar-se do reprimido

Sigmund Freud – A interpretação dos sonhos, 1899

Essa citação é uma referência à técnica psicanalítica em que o analista não projeta seus próprios sentimentos ou opiniões sobre o paciente, mas age como um espelho neutro, refletindo os conteúdos inconscientes do paciente para ajudá-lo a se tornar consciente de seus próprios processos mentais. Mas você percebeu que Freud também fala “da comunicação do afeto”?

Principalmente atualmente, cada vez mais psicanalistas têm uma disposição e postura de acolhimento, de receber o analisando. Obviamente que temos também sentimentos e não somos indiferentes ao sofrimento de um analisando que nos está contando algo terrível que lhe aconteceu. Mas nossa missão é fazer com que nosso analisando(a) veja por si só, pontos em sua fala que irão fazer com que ele ou ela veja o que está reprimido, ou escondido, digamos assim, em sua mente.

Como profissionais, obviamente que nos preocupamos sim com nossos clientes. Queremos que eles se sintam bem, que o processo psicanalítico seja algo significativo e transformador.

Então, quando eu preciso procurar um Psicanalista?

Realmente, não há uma resposta exata para isso. Há pessoas que gostam de estar sempre em análise. Mas vou listar alguns motivos aqui, afinal, quero responder ao tópico proposto.

  1. Questões emocionais: Uma pessoa pode procurar um psicanalista quando enfrenta dificuldades emocionais, como ansiedade, depressão, estresse, medos, fobias, traumas ou conflitos internos.
  2. Autoconhecimento: A busca por autoconhecimento e compreensão de si mesmo pode ser um motivo para procurar um psicanalista. A psicanálise pode ajudar a pessoa a explorar sua própria mente, emoções, comportamentos e padrões de pensamento para ganhar uma compreensão mais profunda de si mesma.
  3. Relacionamentos interpessoais: Problemas nos relacionamentos interpessoais, como dificuldades de comunicação, conflitos familiares, problemas conjugais ou dificuldades nas relações de trabalho, podem ser motivos para buscar a ajuda de um psicanalista.
  4. Transições de vida: Mudanças significativas na vida, como divórcio, perda de emprego, aposentadoria, luto ou paternidade/maternidade, podem ser momentos em que uma pessoa procura apoio psicanalítico para lidar com as emoções e desafios associados a essas transições.
  5. Desenvolvimento pessoal: A busca por crescimento pessoal e desenvolvimento é outro motivo para procurar um psicanalista. A psicanálise pode ajudar a pessoa a explorar suas potencialidades, a lidar com questões de identidade, autoestima e autoaceitação, e a alcançar um maior desenvolvimento emocional e pessoal.
  6. Comportamentos autodestrutivos: Comportamentos autodestrutivos, como dependência química, comportamentos compulsivos, transtornos alimentares, automutilação ou outros comportamentos destrutivos, podem ser indicativos de questões psicológicas subjacentes que podem ser exploradas na psicanálise.
  7. Busca por sentido e propósito: A busca por sentido e propósito na vida, questões existenciais e espirituais, e questionamentos sobre o significado da vida e da própria existência podem ser abordados na psicanálise, auxiliando a pessoa a encontrar respostas e compreensão.
  8. Traumas passados: Traumas do passado, como abuso, violência, acidentes, perdas traumáticas ou outros eventos traumáticos podem deixar marcas psicológicas e emocionais. A psicanálise pode auxiliar na compreensão e no processamento dessas experiências traumáticas.
  9. Sintomas psicossomáticos: Sintomas psicossomáticos, como dores crônicas, distúrbios gastrointestinais, doenças de pele, entre outros, podem ter origem em questões psicológicas não resolvidas. A psicanálise pode ajudar a identificar e abordar as causas emocionais desses sintomas.
  10. Interesse pessoal na psicanálise: Além dos motivos mencionados acima, uma pessoa pode simplesmente ter um interesse pessoal na psicanálise como uma abordagem terapêutica única e profunda, buscando um entendimento mais profundo de si mesma e de sua mente.

É importante lembrar que a decisão de procurar um psicanalista é pessoal e individual, e pode ser baseada em uma variedade de motivos. Cada pessoa é única e pode ter suas próprias razões pessoais para buscar a psicanálise como uma forma de terapia. É fundamental encontrar um profissional qualificado e de confiança para trabalhar com você nesse processo, e discutir abertamente seus motivos e expectativas com o psicanalista para que possa ser oferecido um tratamento adequado às suas necessidades.

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