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Gordofobia e Obesidade: Uma Análise Psicanalítica sobre o Conflito entre Estigma e Saúde

A gordofobia é um termo que ganhou destaque nas discussões contemporâneas sobre saúde, beleza e preconceito. Este artigo busca analisar o conceito de gordofobia à luz da psicanálise, considerando o problema de saúde da obesidade, enquanto enfatiza a importância de valorizar a vida e promover um ambiente respeitoso para todos.

Faz tempo que quero abordar esse tema, então decidi publicar esse artigo hoje, 11 de outubro, que é considerado o dia nacional (no Brasil) de combate à obesidade e comentar alguns pontos que considero importantes.

Gordofobia e Estigma Social

Gordofobia, também conhecida como obesofobia, é um tema complexo que merece uma análise mais detalhada. Embora a sociedade tenha feito alguns avanços na luta contra a discriminação de peso, ainda há muito trabalho a ser feito para desconstruir os estereótipos prejudiciais e promover a aceitação de todos os corpos.

A questão da gordofobia está inserida em um contexto mais amplo de discriminação e preconceito. Ela tem suas raízes no ideal de beleza imposto pela mídia e pela sociedade, que valoriza a magreza como o padrão a ser seguido. Esse ideal de corpo perfeito é perpetuado constantemente por meio de propagandas, filmes, programas de televisão e até mesmo pelas redes sociais.

É importante mencionar que a chamada gordofobia basicamente é o preconceito, a discriminação e o desrespeito à pessoas obesas. Situações comuns de gordofobia por exemplo, acontecem quando uma pessoa obesa é ridicularizada por outros, quando é excluída do convívio de algum grupo, quando é evitada por pessoas ou empresas. Tudo pelo fato de estar obesa.

A gordofobia não apenas afeta a autoestima e a saúde mental das pessoas que estão acima do peso, mas também tem consequências físicas e emocionais. A discriminação baseada no peso pode levar ao isolamento social, à falta de oportunidades de emprego e a cuidados de saúde inadequados. Além disso, a pressão para se adequarem aos estereótipos de beleza pode levar algumas pessoas à adoção de comportamentos alimentares desordenados, como dietas restritivas ou transtornos alimentares.

É importante destacar que a saúde não pode ser determinada apenas pelo peso ou pela aparência física. A saúde engloba diversos aspectos, como o equilíbrio emocional, a atividade física regular e uma alimentação balanceada. Rotular e estigmatizar as pessoas com base em seu peso é uma forma de discriminação que prejudica a qualidade de vida e o bem-estar geral.

É sim, algo terrível a gordofobia.

Obesidade como Problema de Saúde versus militância

É essencial reconhecer que a obesidade é, de fato, um problema de saúde significativo, associado a várias complicações, como diabetes, doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos. A obesidade é considerada oficialmente uma doença e devemos encarar isso com seriedade.

Muitos militantes que afirmam ser “anti-gordofobia” acabam fazendo um desserviço, quando pregam de maneira enfática, que SEM IMPORTAR as circunstâncias, todos devemos “aceitar” nossos corpos. E isso envolve simplesmente ignorar tratamentos para obesidade e “abraçar” a vida que a pessoa tem.

Veja o que Salma Ali El Chab Parolin, médica endocrinologista, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-PR) e professora da Escola de Medicina da PUC-PR disse sobre esse assunto:

“A conclusão a que se chega é que a obesidade, por si só, independente dos exames bioquímicos apresentados pelo indivíduo, é uma ameaça para o desenvolvimento de doenças que geram uma diminuição de qualidade de vida e aumento da mortalidade da população mundial. Portanto não existe obeso saudável. Essa condição pode mudar a qualquer momento, assim o excesso de peso corporal tem de ser evitado e tratado sempre.”

Salma Ali El Chab Parolin, endocrinologista

Portanto, apesar do que dizem influenciadores e militantes, não existe nenhum nível de obesidade “saudável”. No mundo, morrem cerca de 20 milhões de pessoas por causa de comorbidades vindas de problemas relacionados à obesidade.

Quem acredita em militante que fala em “obesidade saudável” pode estar colocando sua vida em risco ou a vida de outras pessoas.

O que está envolvido na questão “gordofobia”

Tem muita coisa envolvida quando se fala em alguma fobia. Vamos comentar brevemente alguns pontos:

  • Discriminação
  • Desejo de ser aceito pela comunidade
  • Sentimento de frustração
  • Isolamento social
  • Outros fatores envolvendo o bem-estar

Todos nós queremos ser aceitos dentro da coletividade em que vivemos, sem importar como somos. E isso é perfeitamente normal. E esse desejar é merecedor de, outra vez vou usar essa palavra, merecedor de respeito.

Compreendendo a Importância de Valorizar a Vida

Em nossa busca pela compreensão da relação entre gordofobia e obesidade, não podemos deixar de enfatizar a importância de valorizar a vida. Cada ser humano é único, e a diversidade de corpos é algo a ser respeitado, não ridicularizado. O autoconhecimento e a aceitação são essenciais para o bem-estar mental e emocional. A busca pela saúde deve ser encorajada, mas nunca às custas da dignidade e respeito por aqueles que enfrentam desafios de peso.

É triste, mas existe um ideal de beleza que é aclamado como “corretamente belo”. E, querendo essa perfeição idealizada, muitas pessoas acabam fazendo coisas que também as põem em perigo, como dietas extremas, excesso de exercícios, práticas obsessivas diversas que podem também, levar à morte.

Afinal, o que é beleza? A resposta a essa pergunta muda com o passar do tempo e da localização de quem pergunta. Não vou tentar responder a isso aqui, pois apesar de existirem fatores que podem determinar “beleza”, no fim das contas, é algo subjetivo, que depende da cultura e da visão da pessoa que está opinando.

Em busca da beleza perfeita, hoje temos pessoas magras e obesas tristes. E isso precisa ser tratado.

Respeite a vida!

Em última análise, a gordofobia é uma manifestação prejudicial da sociedade que precisa ser confrontada e superada. Ao mesmo tempo, a obesidade deve ser tratada com seriedade e empatia, reconhecendo as complexas razões por trás dela. Valorizar a vida é essencial, e isso inclui valorizar a diversidade de corpos e respeitar a jornada de cada indivíduo em busca da saúde e do bem-estar.

Peço a você, que está lendo esse texto, que por favor, em lugar de acreditar em influenciadores militantes, consulte um profissional da medicina quando o assunto for seu corpo e sua saúde.

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Referências Bibliográficas

  1. Freud, S. (1922). Group Psychology and the Analysis of the Ego.
  2. Puhl, R. M., & Heuer, C. A. (2009). The stigma of obesity: A review and update. Obesity, 17(5), 941-964.
  3. Fairburn, C. G., & Brownell, K. D. (2002). Eating disorders and obesity: A comprehensive handbook. Guilford Press.
  4. Notícias, Obesidade saudável existe? Org.br. Recuperado el 11 de octubre de 2023, de https://www.sbempr.org.br/noticia/obesidade-saudavel-existe/49

Nota: Este artigo é uma análise pessoal e não substitui o aconselhamento médico ou psicológico profissional. Consulte sempre um profissional de saúde para obter orientações sobre sua saúde física e mental.