man doing boxing

Por que ALGUNS psicólogos não gostam de coaches? (de psicanalistas também, de tecnólogos…) #misteriosdocoaching

Faz um tempo que eu vejo um “advento” bem curioso: o que leva a um profissional que tem uma profissão regulamentada, reconhecida e apreciada pelas pessoas se sentir atacado e ameaçado por grupos que não estão diretamente relacionados com sua profissão?

Em primeiro lugar, quero deixar claro que não sou contra psicólogos, muito pelo contrário. Já fui tratado por psicólogos em mais de uma ocasião e com certeza faria ou farei novamente. Sei da importância dessa profissão. E em parte, por isso quis escrever esse texto, para fazer raciocinar a alguns psicólogos que tem um pensamento equivocado sobre outras ocupações.

O que faz com que um psicólogo, que muitas vezes se jacta dos “longos, cansativos, torturantes, cinco anos” de formação acadêmica, segundo o comentário de alguns deles, sentir que seu trabalho está ameaçado por “meros terapeutas, tecnólogos e coaches” que segundo eles, não sabem nada nem tem qualificação profissional? Bem, este artigo que tenho certeza, vai incomodar alguns, vai abordar um pouco essas questões.

Primeiro, falemos de algumas rixas começadas pelos psicólogos: o desdém aos psicanalistas que não são psicólogos também.

Psicólogos X Psicanalistas

Essa briga, começada pelos psicólogos é antiga. Quero deixar claro aqui que ainda bem, uma grande parte dos psicólogos são sensatos e entendem que a psicanálise é outra abordagem terapêutica e pode perfeitamente existir separada da Psicologia.

Porém há um grupo grande de psicólogos que nas redes sociais ou em vídeos no YouTube, ao falarem sobre a psicanálise expressam de maneira direta ou velada, certo desdém, certo desprezo. Muitas vezes alguns usam expressões como “um psicólogo estuda 5 anos e um psicanalista estuda bem menos” ou coisas assim, para dar a entender que quantidade é melhor que qualidade.

Outros não atacam a psicanálise, porém afirmam que o exercício da psicanálise deveria ser PRIVATIVO dos formados em Psicologia. Ou seja, que essa abordagem terapêutica deveria ser exercida somente por psicólogos e quem não é psicólogo praticamente é uma fraude se exercer a psicanálise.

Não vou usar esse espaço pra mostrar as diferenças (que são gritantes) entre Psicanálise e Psicologia, isso quero deixar a você, leitor, como tarefa. Procure aí no senhor Google sobre isso e você mesmo vai ver. O ponto aqui é que são abordagens muito diferentes e no caso da Psicanálise existe um histórico sobre a formação desses profissionais e já te adianto que ela não está ligada à algum curso superior específico.

Então, continua minha interrogativa. Por que? Para quê ter essa “raiva” da Psicanálise? Mas infelizmente isso não para nesse assunto. Veja só agora a questão dos tecnólogos.

Psicólogos X Tecnólogos

Mas aí você pode dizer: como assim? Até com tecnólogos? Pois é…

Muitos psicólogos opinam que principalmente os tecnólogos em gestão de Recursos Humanos, “roubam” ou usurpam uma função que, segundo eles, deveria ser PRIVATIVA dos psicólogos. Vi faz algum tempo em uma live de um conselho de classe comentários de psicólogos mais ou menos assim:

“Como se já não bastasse que os tecnólogos em Recursos Humanos aparecem nas empresas e tiram nossas oportunidades de trabalho.”

“Daqui a pouco não haverá nenhuma ocupação PRIVATIVA para psicólogos”

Calma, psicólogos! Os cursos superiores de tecnologia surgiram para dar oportunidades para que surgissem profissionais focados em uma área específica do conhecimento, dentro de uma área maior. Um psicólogo por exemplo, pode fazer uma quantidade enorme de coisas, como clinicar, fazer testes psicológicos, trabalhar para o governo como concursados, trabalhar como consultores especializados, em departamentos de RH e muito mais. Um tecnólogo em RH trabalha unicamente nessa área. Ele não faz testes, clinica ou faz outras coisas que sim, são mesmo privativas dos psicólogos. Não há necessidade e choro!

Nenhum tecnólogo substitui um psicólogo. E se em uma fila de emprego para um cargo de Recursos Humanos houver um tecnólogo e um psicólogo, quem tiver a melhor preparação irá ficar com o emprego. E um psicólogo pelo seu currículo acadêmico tem uma vantagem!

Psicólogos X Coaches

Ai, ai…Essa briga talvez seja a mais polêmica de todas!

Muitos psicólogos sustentam duas coisas sobre o coaching:

  • Coaching é um processo que não funciona
  • Coaching é um processo que deve ser executado de maneira PRIVATIVA por psicólogos.

Parece contraditório? Porque realmente é. Ao mesmo tempo que querem ser os ÚNICOS a poderem aplicar técnicas de coaching, ao mesmo tempo, dizem que essas técnicas não funcionam. Ah, já entendi, não funcionam se for feita pelas mãos de um psicólogo, não é isso? Interessante.

Como eu já falei em outro artigo, coach não cura, não faz terapia, não é falar frases motivacionais. Um processo de coaching não é sessão de psicanálise, nem de psicologia e também não é terapia. Um processo de coaching não substitui exames de personalidade corporativos ou não, gerenciamento de Recursos Humanos e qualquer atribuição de um profissional de Recursos Humanos (seja tecnólogo ou não) ou de Psicologia .

O Argumento usado geralmente é que há coaches que prometem cura a problemas psíquicos. Bem, como também já comentei, um processo de coaching não é terapia. Portanto, qualquer um que se diga coach e prometa “curas” não está realmente oferecendo coaching.

O coaching obedece a um método e ferramentas específicas, que são ensinadas em muitas capacitações existentes no mercado. E sim, é verdade que existe muito curso “chulé” de coaching, mas também existem cursos maravilhosos e completos, além de muita literatura boa nessa área para se estudar. A metodologia de um processo de coaching NÃO é ensinada na faculdade de psicologia. Para que um psicólogo possa atuar como coach ele primeiro precisa se qualificar como tal, estudar o método, as ferramentas e aí sim, poderá oferecer esse serviço. E claro, lembrando sempre que no momento em que um psicólogo está aplicando um processo de coaching, ele NÃO está sendo psicólogo. Naquele momento ele é um coach.

Como comentei antes, os psicólogos são profissionais extremamente importantes para a saúde mental das pessoas e dentro das organizações. Não há necessidade de brigar para ganhar atribuições que vocês não precisam e principalmente, atribuições QUE NÃO LHES CORRESPONDEM.

E sempre vou dizer isso: respeite o coaching!

Team of people in the office chatting

O que NÃO É coaching – Destruindo mitos parte 01

Faz uns anos, quando alguém dizia que era coach em alguma área, a maioria das pessoas ficava admirado, queriam saber de quê se tratava e na maioria das vezes, depois de ouvirem as respostas (corretas), elas começavam a admirar o coach e o coaching.

Me lembro bem quando em 2009, um colega de trabalho me falou que queria estudar coaching (inclusive ele pronunciou “coaching” de maneira equivocada no dia, achei engraçado, hehe). Era o começo de uma popularização do termo coach em todas as partes. Por um lado, isso foi muito bom, por outro, gerou o que chamo de “coacherização” do mercado. Eu até escrevi um artigo sobre isso, você pode ler depois de terminar esse aqui.

Com a “coacherização” do mercado, com vários terapeutas, religiosos e profissionais das mais diversas áreas querendo ser reconhecidos como coaches, o termo começou a ser banalizado. Entre os problemas que isso gerou, está a mancha na ocupação do coach realmente profissional, que agora é visto por muitos como um charlatão, que promete coisas absurdas por meio de técnicas de eficácia duvidosa.

Tem até sugestão de lei rolando por aí tentando criminalizar o coaching. Veja só o ponto em que o coaching chegou!

Pensando nisso, decidi escrever essa série de artigos em que vamos destruir mitos diversos. Nesse aqui, vamos falar sobre os mitos sobre o coaching e o que não é coaching. Vamos lá.

Cura para alguma patologia não é coaching

Qualquer que seja a doença, se você ver um suposto coach dizendo que em suas sessões ele vai curar alguma coisa, tenha a certeza de que esse serviço, sem importar a eficácia, NÃO É coaching. Um coaching não promete curas, o serviço é completamente outro.

Se você é um terapeuta, sem importar a abordagem terapêutica que utiliza e se intitula coach, saiba que em uma sessão de coaching não se cura nenhuma patologia. No momento em que você realizar qualquer ritual, preparação de alguma bebida, de alguma postura ou qualquer outra ação relacionada à sua terapia, você nesse momento não está oferecendo uma sessão de coaching de maneira alguma.

Claro, terapeutas podem sim, ser coaches, porém é necessário separar as atividades. Sua atividade como terapeuta é uma, como coach é outra completamente diferente. E se você não consegue imaginar como separar as coisas (a terapia do coaching), provavelmente você precisa se preparar mais para trabalhar como coaching.

Palestras motivacionais não são coaching

Muita gente imagina exatamente isso. Há muito conteúdo “anti-coaching” na internet que utiliza esse argumento. Dizem que os coaches são os que fazem palestras motivacionais e ficam incentivando seus clientes (não vou usar a palavra “coachee” aqui) a fazerem isso ou aquilo para terem sucesso na vida. Bom, o ponto é que estão bem equivocados!

Um coach de verdade não diz a seu coachee o que ele deve ou não fazer. No momento em que ele diz, ele deixa de atuar como coach, para ser mentor. Um processo de coaching usa ferramentas para que o próprio cliente, o coachee possa chegar às respostas, orientações e conclusões que precisa. O coach organiza as ideias de seu cliente, as coloca dentro de uma metodologia para que seu coachee possa conseguir os resultados desejados.

Então pare de chamar palestrante motivacional de coach! Mesmo que alguns até sejam TAMBÉM coaches, enquanto estiverem investindo em motivar as pessoas, ele não estará atuando como um coach. Simples assim.

Coaching não é nem é concorrente da Psicanálise nem da Psicologia

Bem, não vou dar muitos detalhes aqui, mas a abordagem psicanalítica é completamente diferente da abordagem do coaching. O Psicanalista analisa principalmente o inconsciente de seu paciente e analisa fatos e informações sobre a vida de seu paciente que podem dar a ele ferramentas para orientar a seu cliente a se autoconhecer e assim se recuperar. A abordagem psicanalítica é conhecida como “a cura pela palavra, ou fala”. Como comentamos, um coach orienta as ideias de seu coachee, fazendo com que ele mesmo possa atingir seus resultados. O coach não faz uma análise do consciente, inconsciente ou qualquer análise psíquica de seu coachee.

Já a abordagem da Psicologia trabalha bastante com o consciente da pessoa tratada. Um psicólogo efetivamente orienta a seus pacientes, depois de conversar com ele sobre seus problemas relacionados à mente. Infelizmente, muitos psicólogos, que inclusive atualmente são o tipo de profissionais mais críticos à pratica do coaching, são também os que pregam que um processo de coaching deve ser realizado UNICAMENTE por psicólogos.

Há um pensamento (equivocado) de que as técnicas usadas num processo de coaching seriam da Psicologia e portanto, quem as utilizar estará fazendo o exercício ilegal da profissão de Psicólogo, já que a profissão é regulamentada no Brasil e possui um conselho de Classe.

No entanto, quem estuda detidamente como funciona um processo de coaching de verdade sabe que o um coach não precisa ser um psicólogo, de maneira nenhuma. E há sim, psicólogos que são coaches!

Tanto o Coaching, a Psicanálise e a Psicologia cuidam das pessoas, porém de maneiras diferentes. São abordagens bem diferentes e tenho inclusive planejado escrever mais sobre esse assunto por aqui. Muito se fala sobre “apropriação cultural” quando uma pessoa ou um grupo assume elementos de outro, principalmente de uma forma a diminuir o valor original daqueles elementos. Bem, eu acredito que estamos diante de uma “apropriação profissional” ou uma tentativa dela, por parte de alguns psicólogos, que quem sabe se por medo de perderem espaço no mercado de trabalho, quem sabe por puro “recalque”(não o recalque do Freud, o recalque do funk brasileiro mesmo) que até mesmo mantém grupos em redes sociais para zombar de maneira indiscriminada, a todos os coaches, colocando os falsos coaches, os amadores, os charlatães, no mesmo balaio que os coaches de verdade, profissionais.

Como o bullying pode parecer divertido, principalmente quando não é você o atacado e ainda há um grupo grande de pessoas reforçando o pensamento de ataque, então esses grupos florescem livres por aí.

Você tem uma patologia mental? Procure um profissional da saúde mental. Se o que você quer é alcançar resultados melhores em algum aspecto de sua vida profissional ou até pessoal, um coach pode sim ser uma boa ideia. E um coach com ética, se perceber que o que você precisa é de tratamento, ele deverá indicar que você procure um psicoterapeuta. Inclusive, um processo de coaching pode funcionar perfeitamente bem se for combinado com sessões com um psicoterapeuta.

Coach profissional merece respeito! Vamos derrubar as baboseiras que são espalhadas, um pouquinho a cada dia! #respeiteocoaching