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Por que inventamos desculpas? Como nossa mente justifica o injustificável – Psicanálise Aplicada

Como justificar o que talvez seja “injustificável”? Por que motivo inventamos desculpas?

Quando se trata de compreender o funcionamento da mente humana, a psicanálise oferece um olhar fascinante sobre os mecanismos de defesa que usamos para lidar com conflitos internos e emoções desconfortáveis. Um desses mecanismos é a “racionalização”, uma estratégia psicológica que todos nós empregamos em algum momento de nossas vidas, muitas vezes sem perceber. Neste artigo, exploraremos a racionalização, como ela opera em nossa mente e como podemos reconhecê-la em nós mesmos.

O Que É Racionalização?

A racionalização (o que na Psicologia é chamado de “dissonância cognitiva”) é um mecanismo de defesa do ego que consiste em criar justificativas lógicas ou razoáveis para comportamentos, pensamentos ou eventos que, em sua essência, são motivados por razões emocionais. Em outras palavras, é a maneira pela qual nossa mente tenta dar uma aparência de lógica e aceitabilidade a ações que, de outra forma, seriam difíceis de aceitar.

Exemplos Comuns de Racionalização

Para entender melhor a racionalização, vejamos alguns exemplos do dia a dia:

  1. A dieta adiada: Imagine alguém que está tentando perder peso, mas se pega comendo um pedaço de bolo. Em vez de admitir que está quebrando a dieta, essa pessoa pode racionalizar dizendo: “Eu mereço um pequeno agrado de vez em quando, e um pedaço de bolo não vai fazer diferença.”
  2. Procrastinação justificada: Muitos de nós procrastinam em nossas responsabilidades. Em vez de encarar a verdade, podemos nos enganar dizendo: “Eu trabalho melhor sob pressão, então vou fazer isso mais tarde.”
  3. Despesas impulsivas: Ao gastar dinheiro de forma impulsiva, podemos racionalizar compras dizendo: “Isso é um investimento em minha felicidade, e eu mereço me dar esse presente.”

Por Que Racionalizamos?

A racionalização surge como uma forma de lidar com emoções desconfortáveis, como culpa, vergonha ou ansiedade. Ao criar justificativas que parecem lógicas, nossa mente tenta proteger nossa autoimagem e evitar o confronto direto com nossos impulsos emocionais.

Reconhecendo a Racionalização em Nossas Vidas

Reconhecer a racionalização em nossas próprias vidas é um passo crucial para um maior autoconhecimento. Aqui estão algumas dicas para identificá-la:

  1. Autoquestionamento: Pergunte a si mesmo por que está tomando uma determinada decisão ou justificando um comportamento. Se a resposta envolver uma explicação excessivamente lógica para algo emocional, pode ser uma pista de racionalização.
  2. Feedback de terceiros: Às vezes, amigos ou familiares podem perceber nossas racionalizações quando não conseguimos. Esteja aberto ao feedback de pessoas próximas.
  3. Reflexão pós-decisão: Após tomar uma decisão importante, reflita sobre suas razões. Isso pode ajudar a identificar se você estava racionalizando ou agindo com base em motivos emocionais.

A Psicanálise e a Racionalização

A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, explora os mecanismos de defesa do ego, incluindo a racionalização, como uma forma de ajudar as pessoas a entenderem melhor a si mesmas e seus comportamentos. O processo terapêutico pode auxiliar na identificação e na resolução desses padrões de defesa disfuncionais, promovendo uma maior autoconsciência e crescimento pessoal.

A racionalização é um mecanismo de defesa do ego que todos nós usamos em diferentes graus. Reconhecê-la em nossas vidas é o primeiro passo para um maior autoconhecimento e crescimento pessoal. Ao entender como nossa mente justifica o injustificável, podemos começar a tomar decisões mais conscientes e alinhar nossas ações com nossos verdadeiros valores e objetivos.

Lembrando que a psicanálise é uma ferramenta valiosa para explorar esses mecanismos de defesa e buscar um maior entendimento de nós mesmos, auxiliando-nos no caminho para uma vida mais plena e satisfatória.

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