Parceiro controlador, conjuge controlador. Apesar de que em um relacionamento amoroso sempre há um certo sentido de pertencimento, alguns casais têm problemas por causa de comportamentos controladores de um dos dois, ou até mesmo dos dois. Falta de confiaça, medo de traição, medo do fim do relacionamento…Há muitos fatores que podem contribuir para um comportamento controlador.
Este artigo vai comentar um pouco sobre alguns fatores que contribuem para que uma pessoa se torne controladora em seus relacionamentos amorosos e analisa a origem desse comportamento.
Compreendendo as Raízes do Controle
Diversos estudos apontam para uma multiplicidade de fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de atitudes controladoras em relacionamentos amorosos. Segundo Baumeister & Vohs, (2007) a busca por segurança e previsibilidade pode ser um motivador central. Indivíduos com baixa autoestima ou que sofreram traumas no passado podem se sentir ameaçados pela incerteza e buscar controlar o parceiro como forma de minimizar a ansiedade e a sensação de vulnerabilidade.
O fator autoestima baixa é importante nesse sentido. Uma pessoa pode se sentir inferior ou talvez “não merecedora” de estar com aquela pessoa que é seu par romântico. E por isso, teme que o relacionamento, se não for controlado, pode acabar.
O medo de abandono também pode ser um fator determinante. De acordo com Bowlby (1988), a teoria do apego, indivíduos que experimentaram vínculos inseguros na infância podem desenvolver um padrão de comportamento hipervigilante e possessivo nos relacionamentos adultos. A crença de que apenas através do controle se pode garantir o amor e a permanência do parceiro os leva a agir de forma sufocante e manipuladora.
Para uma pessoa manipuladora, pensar que tem controle sobre o relacionamento e, por extensão, controle sobre seu parceiro, lhe dá uma sensação de que ela pode controlar as coisas caso alguma situação se apresente que possa de alguma forma, por em risco o relacionamento.
Esse “controle” é imaginário, já que muitas vezes, o simples fato de estar vigilando o que o parceiro faz ou deixa de fazer, quais mensagens recebe no celular ou redes sociais, não significa que há algum tipo de controle. Afinal, não há como impedir que a outra pessoa se comporte bem ou mal.
Fatores Sociais e Culturais
É importante ressaltar que o contexto social e cultural também exerce um papel importante na manifestação de atitudes controladoras. Em sociedades com forte ênfase em papéis de gênero tradicionais, por exemplo, a expectativa de que o homem seja dominante e a mulher submissa pode alimentar comportamentos controladores. Além disso, normas sociais que romantizam o ciúme e a possessividade podem mascarar comportamentos abusivos e dificultar a identificação do problema. Alguns grupos chamam esse hábito de “pessoas que amam demais”. Definem como uma expressão do amor que sentem pelo outro.
As Consequências do Controle
As consequências de atitudes controladoras em relacionamentos amorosos são devastadoras para ambos os parceiros. A pessoa controlada experimenta perda de autonomia, autoestima e liberdade, além de viver em constante estado de tensão e medo, afinal, ela tem a impressão de que qualquer movimento que faça poderá ser encarado de uma maneira negativa pelo parceiro. O parceiro controlador, por sua vez, perpetua um ciclo de frustração, ressentimento e culpa, afastando-se cada vez mais daquilo que buscava: um relacionamento genuíno e saudável.
Rompendo o Ciclo: Caminhos para a Cura
Lidar com atitudes controladoras em relacionamentos amorosos exige um esforço conjunto de ambos os parceiros. A comunicação honesta e aberta é fundamental para que o parceiro controlador tome consciência do impacto negativo de suas ações. Buscar ajuda profissional de um terapeuta especializado em relacionamentos pode ser crucial para o desenvolvimento de ferramentas saudáveis de comunicação e resolução de conflitos.
No caso da pessoa controlada, estabelecer limites claros e aprender a dizer “não” de forma assertiva é essencial para retomar o controle de sua vida. Buscar apoio social de amigos, familiares ou grupos de apoio também pode ser um importante passo na jornada de recuperação da autoestima e da autonomia.
Atitudes controladoras em relacionamentos amorosos representam um desafio complexo com raízes profundas na psicologia individual e no contexto social. Através da compreensão das motivações por trás desse comportamento e da busca por ajuda profissional, é possível romper o ciclo de sofrimento e construir relacionamentos mais saudáveis e gratificantes.
Referências Bibliográficas
- Baumeister, R. F., & Vohs, K. D. (2007). Self-regulation, goal setting, and positive self-change. Social and Personality Compass, 1(1), 420-437. https://compass.onlinelibrary.wiley.com/journal/17519004
- Bowlby, J. (1988). A Secure Base: Parent-Child Attachment and Human Development. London: Routledge. https://psycnet.apa.org/record/1988-98501-000
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