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5 Erros que você comete com seus filhos sem perceber. Psicanálise Aplicada

A jornada da parentalidade é uma das mais desafiadoras e gratificantes da vida. No entanto, muitas vezes, cometemos erros sem perceber, que podem afetar o bem-estar emocional dos filhos da família. Neste artigo, exploraremos cinco erros comuns à luz da psicanálise, uma abordagem que nos ajuda a compreender melhor a mente humana e as relações interpessoais. Vamos analisar cada erro e como a psicanálise pode nos fornecer insights valiosos.

1. Falta de Comunicação Efetiva

Um erro comum que os pais cometem é não comunicar de forma eficaz com seus filhos. A psicanálise nos ensina que a comunicação é crucial para o desenvolvimento emocional. Quando pais não ouvem atentamente seus filhos, podem criar barreiras que dificultam a expressão de seus sentimentos e pensamentos.

Isso acontece muito quando uma criança quer contar algo e seus pais simplesmente dizem que não podem ouvir naquele momento. É verdade que nem sempre as crianças perguntam ou querem comentar algo em horários em que os pais estão disponíveis.

Mas em lugar de dizer para sua criança coisas como: “estou ocupado, outra hora, ok?” Há algumas saídas que podem amenizar o desejo da criança que quer se expressar num momento em que você está ocupada/o. Você pode dizer para sua criança algo como: “Olha, nesse momento exato estou ocupado com algo, mas quero muito ouvir o que você quer me dizer, podemos conversar em x minutos?” Dessa forma, seu filho ou filha sabe que será ouvido. E, cumpra sua promessa. Se prometeu que dentro de meia hora iria ouvir sua filha ou filho, faça isso. As crianças precisam saber que os adultos responsáveis por elas são confiáveis. Fazendo isso, você está ensinando seus filhos.

As crianças precisam sentir que podem conversar com seus pais ou responsáveis de maneira livre e aberta, de preferência sem fazer julgamentos. O maior medo geralmente é “levar uma bronca” e acabar sendo castigado por algo que quis dizer.

Por mais absurdo que seja o que sua criança tenha te contado, é preciso manter uma postura de respeito para a situação e procurar entender os motivos de sua filha ou filho ter te contado algo que pode parecer chocante para você. Se você perder a confiança de sua filha ou filho, vai ser muito difícil que ele ou ela queira te contar outras coisas no futuro.

2. Superproteção

A superproteção é um erro comum que muitos pais cometem com a melhor das intenções. Eles acreditam que, ao manter seus filhos afastados de qualquer dor, dificuldade ou desafio, estão criando um ambiente seguro e amoroso. No entanto, a psicanálise nos alerta sobre os perigos subjacentes a essa abordagem.

Quando os pais superprotegem seus filhos, estão, de certa forma, impedindo que essas crianças experimentem e enfrentem desafios comuns da vida. Isso pode criar uma dinâmica de dependência emocional, na qual os filhos passam a contar com seus pais para resolver todos os problemas e enfrentar todas as dificuldades. Eles podem ver os pais como uma espécie de “salvadores” que protegem de tudo.

Os pais, por sua vez, podem sentir-se constantemente responsáveis por proteger seus filhos de qualquer desconforto, físico ou emocional. Isso pode criar uma dinâmica onde os filhos não desenvolvem as habilidades necessárias para lidar com as adversidades e os desafios da vida, uma vez que estão acostumados a depender de seus pais para tudo.

A longo prazo, essa dependência emocional pode levar a dificuldades de autonomia, autoestima e autoconfiança. As crianças podem se sentir inseguras ao tomar decisões por si mesmas, resolver conflitos ou enfrentar situações desafiadoras. Além disso, à medida que crescem, podem se esforçar para criar relações interpessoais saudáveis, pois não aprenderam a lidar com a autonomia e a independência.

Em vez de superproteger, os pais devem se esforçar para equilibrar o amor e o apoio com a capacidade de permitir que seus filhos enfrentem desafios, aprendam com suas experiências e desenvolvam as habilidades necessárias para uma vida emocionalmente saudável e autônoma. Essa abordagem contribui para o desenvolvimento de crianças capazes de lidar com as complexidades da vida e, ao mesmo tempo, fortalece a relação entre pais e filhos.

3. Falta de Limites Claros

A falta de limites claros na educação de nossos filhos é um erro que muitos pais frequentemente cometem. Muitas vezes, isso ocorre devido a uma falsa compreensão do que significa criar um ambiente de amor e liberdade. No entanto, a psicanálise nos ensina que limites são essenciais para o desenvolvimento saudável da personalidade.

De acordo com os princípios psicanalíticos, o estabelecimento de limites é fundamental para o processo de socialização e amadurecimento da criança. Quando não estabelecemos limites, os filhos podem sentir-se inseguros e desorientados. Vamos explorar como isso acontece.

  1. Segurança e Orientação: Os limites fornecem às crianças um senso de segurança e orientação em suas vidas. Quando as regras são claras e consistentes, os pequenos sabem o que esperar e como se comportar em diversas situações. Isso cria um ambiente previsível, onde as crianças se sentem mais à vontade para explorar o mundo ao seu redor.
  2. Desenvolvimento de Valores e Ética: Através dos limites, as crianças aprendem sobre valores, ética e respeito pelos outros. Por exemplo, quando os pais estabelecem o limite de não mentir, estão ensinando a importância da honestidade. Isso ajuda as crianças a desenvolver um senso de moralidade e responsabilidade.
  3. Prevenção de Conflitos Futuros: A falta de limites pode levar a conflitos emocionais no futuro. Sem orientação adequada, as crianças podem não entender os limites sociais e os princípios éticos, o que pode resultar em dificuldades interpessoais e problemas de comportamento. Elas podem achar desafiador lidar com as expectativas da sociedade e até mesmo experienciar um sentimento de deslocamento.

Na perspectiva psicanalítica, o desenvolvimento da personalidade de uma criança é moldado, em parte, pela forma como ela lida com a estrutura e as regras estabelecidas por seus pais. Limites saudáveis criam um equilíbrio entre liberdade e responsabilidade, permitindo que as crianças explorem seu ambiente e desenvolvam um senso de autonomia enquanto entendem as consequências de suas ações.

Portanto, ao estabelecer limites claros e consistentes, os pais estão desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento emocional e social de seus filhos. A psicanálise destaca a importância de compreender como os limites desempenham um papel vital na formação da personalidade e na promoção de um ambiente emocionalmente saudável. Dessa forma, os pais podem ajudar seus filhos a crescer com confiança, respeito pelos outros e a capacidade de enfrentar desafios com resiliência.

4. Ignorar as Emoções das Crianças

Negar ou ignorar as emoções de nossos filhos é um erro comum que pode ter implicações profundas no desenvolvimento emocional deles. A psicanálise, com seu conceito de “inconsciente”, nos alerta sobre os perigos de reprimir emoções e destaca a importância de validar as emoções das crianças. Vamos explorar mais a fundo essa questão.

  1. Repressão de Emoções e o Inconsciente: A psicanálise nos ensina que as emoções reprimidas, especialmente na infância, não desaparecem, mas são armazenadas no inconsciente. Quando as emoções não são reconhecidas ou são ignoradas, elas não são processadas de maneira saudável. Isso pode levar a conflitos internos e, com o tempo, essas emoções reprimidas podem emergir de maneiras não saudáveis, como transtornos emocionais, problemas de relacionamento e comportamentos autodestrutivos.
  2. Validação Emocional: Validar as emoções de nossos filhos significa reconhecer e respeitar o que eles estão sentindo, mesmo que não concordemos com a intensidade da emoção ou a razão por trás dela. Validar não é o mesmo que concordar, mas é um ato de empatia e compreensão. Quando validamos as emoções de nossos filhos, estamos dizendo a eles que suas emoções são legítimas e importantes.
  3. Aprendizado Emocional: Além de evitar problemas futuros, validar as emoções das crianças é uma oportunidade de ensinar a elas como lidar com suas emoções de maneira saudável. Quando os pais ajudam seus filhos a identificar, nomear e expressar suas emoções, estão capacitando-os a desenvolver habilidades emocionais essenciais. Isso permite que as crianças aprendam a lidar com o estresse, frustração e tristeza de maneira construtiva, em vez de reprimir ou externalizar suas emoções de forma negativa.
  4. Fortalecimento do Vínculo: Validar as emoções de seus filhos fortalece o vínculo entre pais e filhos. Quando as crianças se sentem ouvidas e compreendidas, desenvolvem uma sensação de segurança emocional. Isso promove uma comunicação aberta e a construção de confiança, permitindo que os pais desempenhem um papel mais ativo na vida emocional de seus filhos.

Portanto, negar ou ignorar as emoções das crianças pode ter implicações profundas e duradouras. Validar as emoções dos filhos não apenas evita problemas futuros, mas também os ajuda a desenvolver habilidades emocionais saudáveis e fortalece o relacionamento entre pais e filhos.

5. Comparar as Crianças

Comparar nossos filhos com outros é um erro que muitos pais cometem inadvertidamente, frequentemente com a intenção de motivar ou incentivar o desenvolvimento de seus filhos. No entanto, a psicanálise nos lembra da importância de desenvolver uma identidade única e individual para cada criança. Comparar, muitas vezes, pode minar a autoestima e criar sentimentos de inadequação. Vamos explorar mais profundamente esse tópico.

  1. Identidade Única e Desenvolvimento Pessoal: A psicanálise enfatiza a importância de desenvolver uma identidade única e individual. Cada criança é única, com seus próprios talentos, interesses e desafios. Quando os pais comparam seus filhos com outras crianças, estão, de certa forma, negando a singularidade de cada um. Isso pode levar a uma sensação de falta de identidade e dificuldades no desenvolvimento de uma autoimagem saudável.
  2. Criando Ansiedade e Inadequação: As comparações podem levar as crianças a se sentirem ansiosas e inadequadas. Elas podem sentir que nunca estão à altura das expectativas impostas pelos pais, o que pode prejudicar sua autoestima e confiança. A ansiedade e a sensação de inadequação podem persistir na vida adulta, afetando o bem-estar emocional e as relações interpessoais.
  3. Valorização da Individualidade: A psicanálise valoriza a individualidade e autenticidade. Encorajar a individualidade significa permitir que as crianças sigam seus próprios interesses, sonhos e objetivos, em vez de tentar encaixá-las em um molde predefinido. Isso promove o desenvolvimento de uma autoimagem saudável e permite que as crianças cresçam com autoestima e confiança em suas habilidades.
  4. Promovendo Autonomia: A ênfase na individualidade também está relacionada à promoção da autonomia. Quando as crianças são encorajadas a explorar e desenvolver suas próprias identidades, tornam-se mais independentes e capazes de tomar decisões por si mesmas. Isso é crucial para o desenvolvimento saudável da personalidade e a capacidade de enfrentar os desafios da vida de maneira eficaz.

É essencial respeitar e valorizar a individualidade de cada criança. Comparar os filhos com outros pode minar a autoestima, criar ansiedade e minar o desenvolvimento da identidade única deles.

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5 Maneiras de criar um filho com dependência emocional

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Criar um filho com dependência emocional pode parecer uma tarefa desafiadora, mas com as estratégias adequadas, podemos garantir que eles se tornem adultos inseguros e incapazes de lidar com suas próprias emoções. Neste artigo, de maneira irônica, vamos explorar cinco maneiras de criar um filho com dependência emocional, com o objetivo de conscientizar os pais sobre as atitudes que devem ser evitadas a todo custo.

Observação: note que o tom deste artigo é irônico. É claro que não quero que você crie filhos com dependência emocional, mas sim, quero mostrar como esse processo acontece, para que você possa evitar esses comportamentos.

1. Proteja-os de tudo e de todos

A primeira e mais importante maneira de criar um filho com dependência emocional é protegê-lo de todas as experiências desafiadoras e desconfortáveis. Certifique-se de que eles nunca enfrentem situações difíceis ou sejam expostos a qualquer tipo de frustração. Evite que eles desafiem a si mesmos e sempre esteja disponível para resolver todos os problemas por eles.

Seu filho quer brincar na terra? Não deixe, afinal ele vai se sujar e na terra há muitos “micróbios”. De preferência evite permitir também que ele brinque com outras crianças, invente um defeito para toda e qualquer criança que queira brincar com seu filho. Se ele quiser brincar, que seja com VOCÊ, SEMPRE.

2. Nunca deixe-os tomar decisões

Para criar uma dependência emocional sólida, é essencial que os pais tomem todas as decisões por seus filhos. Não dê espaço para que eles exerçam sua autonomia e aprendam com seus erros. Lembre-se de que eles são incapazes de tomar suas próprias decisões, mesmo quando se trata de assuntos simples.

E isso vale mesmo quando eles se tornarem adolescentes, afinal, você é quem manda! Por isso, não permita que eles escolham suas roupas, dê palpite em tudo, se puder, defina que roupas e até mesmo as cores das roupas que eles devem usar.

Não permita que eles façam nenhum tipo de escolha, isso vai ser perfeito para que eles sempre sintam que suas decisões não valem nada e que eles dependem de você para tudo.

3. Suprima suas emoções

Outra maneira eficaz de criar um filho com dependência emocional é nunca permitir que eles expressem suas emoções livremente. Ignore seus sentimentos e insista para que eles sejam sempre agradáveis e felizes, mas nunca diga como. Evite discutir assuntos emocionais e nunca lhes dê espaço para que expressem tristeza, raiva ou frustração.

Se sua criança começar a chorar, diga a ela para calar a boca. Se algum dia outra criança a agredir, diga que foi culpa do seu filho. E se sua criança ficar com raiva, diga pra ela que ela não entende nada, que ficar com raiva é inútil e que se acalme, afinal, VOCÊ merece ficar em paz!

4. Seja superprotetor

Ser superprotetor é uma estratégia infalível para criar um filho dependente emocionalmente. Esteja constantemente ao lado deles, evitando que enfrentem qualquer tipo de desafio ou risco. Jamais permita que saiam de sua zona de conforto, pois isso poderia fortalecer sua autonomia e independência emocional.

Você precisa estar do lado de sua filha/filho em tudo. Se ela ou ele, adolescente, quiser ir ao cinema com os amigos, você TEM QUE ir junto.

Ah, e se perceber que seu filho está começando a ter ideias próprias, diga a ele que essas ideias são péssimas e VOCÊ vai pensar em algo muito melhor.

5. Desencoraje a busca por ajuda

Por fim, desencoraje a busca por ajuda profissional ou apoio emocional externo. Certifique-se de que seu filho acredite que você é a única fonte de segurança e apoio. Isso garantirá que eles sempre dependam exclusivamente de você para lidar com suas emoções, mesmo quando se tornarem adolescentes.

Faça sua filha ou filha pensar que VOCÊ é a única salvação para a vida dela/dele. Além disso, sabote todos os planos dela/dele, para que sua criança tenha a ideia de que realmente precisa de você para tudo.

Por fim, mostre a todos o quanto VOCÊ é um pai/mãe excelente, vitaminado e poderoso e como você mostra um amor invejável e inigualável a sua filha/filho.

Quando alguém falar a seu filho que ele precisa de ajuda terapêutica para se livrar da dependência emocional que VOCÊ causou nela/nele, diga a sua filha/filho que isso é mentira, que são na verdade pessoas que querem atacar VOCÊ e que não sabem nada sobre a vida de vocês em família. Use bem esse argumento, porque é muito poderoso. Coloque os amigos de sua filha/filho como inimigos dele, isso é ótimo para fortalecer a dependência emocional que você tanto quer.

Assim, sua filha/filho vai crescer sempre dependendo de você para tudo e com isso você vai realizar seu sonho de mantê-la(o) com você, quem sabe para sempre!

A verdade sobre dependência emocional

É importante ressaltar que criar um filho com dependência emocional pode ter consequências negativas para seu desenvolvimento psicológico e emocional. Crianças e adolescentes que não aprendem a lidar com suas próprias emoções podem enfrentar dificuldades na vida adulta, como baixa autoestima, problemas de relacionamento e ansiedade.

É triste, mas infelizmente, muitos pais seguem à risca, esse pequeno manual que comentei neste artigo, para a desgraça de seus filhos e a alegria deles, os pais. E aí, quando esse filho ou filha caem em algum problema mental sério, sofrem com ansiedade ou depressão, o culpado será qualquer outra pessoa, coisa, governo, clima ou o que quer que seja, menos a criação EXTREMAMENTE tóxica que essa criança teve.

Por favor, NÃO SEJA ESSE TIPO DE CUIDADOR!

Para uma abordagem séria e positiva na criação dos filhos, é essencial promover a autonomia emocional, encorajando-os a expressar e gerenciar suas emoções, enquanto fornecemos apoio adequado.

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Referências Bibliográficas:

  • Freud, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. Obras completas de Sigmund Freud, volume 14.
  • Anna Freud (1936). O ego e os mecanismos de defesa. Londres: Imago Publishing.
  • Klein, M. (1984). A Psicanálise da Criança. São Paulo: Editora Mestre Jou.

Conscientizar-se sobre as atitudes prejudiciais que podem levar à dependência emocional é um passo importante para promover a saúde mental e emocional de nossos filhos. Lembre-se de que nosso objetivo como pais é criar crianças independentes, capazes de enfrentar os desafios da vida com confiança e resiliência.